Análise: Manhunt 2 (Wii)

Desenvolvido pela Rockstar Games, Manhunt 2 é a sequência de um dos jogos mais polêmicos e violentos lançado originalmente para o PlayStation 2. O game apela para assassinatos, sangue e um enredo que merece ser apreciado para aqueles que tem a cabeça no lugar.

Tire as crianças da sala

Quando você leu as palavras “Desenvolvido pela Rockstar”, já deve ter pensado em um bom game, com violência à beça e guerras judiciais devido ao tema pesado. Pois bem, acertou em cheio. Manhunt 2 enfrentou uma rejeição imensa por causa das ações realizadas pelo personagem principal e pelos “assassinatos explícitos”. A Rockstar teve de modificar o jogo diversas vezes, enfrentando entidades reguladoras de classificações etárias e causando um atraso em seu lançamento. O jogo chegou a ser proibido em diversos países da Europa e é classificado apenas para adultos.

Para quem não ouviu falar, o game é uma mesclagem do mundo de Grand Theft Auto, do modo stealth de Splinter Cell e dos fatalities de Mortal Kombat (mas de uma maneira realista). Seu personagem é Daniel Lamb, um ex-médico que desperta em um hospital psiquiátrico, que aparenta haver uma espécie de rebelião. Durante as animações, você é acompanhado por Leo, que sempre conversa com Daniel e o força a fazer atrocidades para descobrir toda a verdade por trás do “Projeto”.

Use o Wii Serrote… ops, Wii Remote

Mas antes você recebe um tutorial interessante. Você precisa realizar os movimentos mostrados na tela e ao fazê-los, escuta o som de golpear uma pessoa. Após o vídeo introdutório, você começa a aprender os esquemas do jogo. Há um radar que mostra onde está o seu objetivo e inimigos. Mover o Wii Remote e o Nunchuk para frente, faz Daniel dar socos; o Z faz o personagem correr e o C para arremessar objetos. A primeira arma que você encontra é uma injeção e deve usá-la no primeiro inimigo à frente. Segure o botão A – quanto mais tempo segurá-lo, mais cruel é a morte –, caminhe sorrateiramente em direção à ele e realize o movimento demonstrado no canto superior esquerdo da tela. Para trocar as armas, você pode usar o botão + ou o direcional para baixo e Daniel pode carregar até três tipos diferentes. O direcional para cima faz o personagem encostar nas paredes e o 1 permite uma visualização em primeira pessoa.

E é aí que está o detalhe na versão do Wii: reproduzir os movimentos como se fosse realidade. Durante a jogatina, você encontrará marretas, ganchos, pedras, pedaços de garrafas, vidros, sacolas plásticas, serra-elétricas, machados e outros objetos que na mão de Lamb virão armas mortais. Por mais que seja interessante, em algumas poucas vezes, o seu movimento não é reconhecido ou o jogo dá um desconto e realiza o seu golpe mesmo se tiver errado na movimentação. Ah, mas quem quer reclamar quando as coisas erradas dão certas? Nós é que não. E a roupa de Daniel vai ficando mais manchada de sangue conforme vai assassinando inimigos.

Inclinações com o Nunchuk fazem Daniel espiar para o lado em que o controle está virado. Porém, Manhunt 2 fica mais parecido com GTA quando Lamb encontra armas de fogo. O típico detalhe de apontar fácil e atirar na cabeça, lembra a grande franquia da Rockstar. O cursor do Wii é a mira e o B atira; mire na cabeça, dispare e pedaços da massa cinzenta dos inimigos ficam espalhados pelo cenário. Nojento e incrível! Mas a mudança da primeira versão de Manhunt 2 para a que foi liberada pelas entidades regulamentadoras está na hora dos golpes finais. Na versão original, os golpes eram mostrados sem frescuras e o da versão atual, uma tela cheia de rabiscos tenta ocultar a ação. Mas se você tiver bons olhos, vai conseguir ver todo o ataque.

Veja, ouça e sobreviva!

Manhunt 2 não é incrível visualmente, mas os cenários são totalmente detalhados e o destaque vai para a última fase. Mais interessante ainda são as mecânicas realistas: esbarre em caixas, latinhas ou outros itens do cenário e elas caem, atraindo a atenção dos inimigos; pegue algum objeto e arremesse em vidros ou bata na parede e eles ficam em alerta; ou use detalhes do cenário para jogar inimigos contra eles, como por exemplo, uma cápsula cheia de pregos.

O esquema é usar as sombras ao seu favor, fazendo com que a sua barra de vida que está no canto inferior direito fique azul e impedindo que os adversários te vejam. A ideia é se esconder nas áreas escuras e os oponentes só desconfiarão se trombarem com Daniel ou chegarem próximos demais (nesses momentos, aparece um círculo na tela e você deve manter o cursor imóvel no centro para se livrar). As sombras também podem ser usadas para ocultar corpos para não atrair desconfianças. Mesmo com gráficos bem modelados, as animações são feias e poligonais demais, além de certas áreas terem alguns bugs como enroscar em algum canto da fase ou passar por tubulações e cair num buraco preto.

O áudio se destaca em todos os sentidos. Passos, barulhos, o coração de Daniel batendo e sons que te deixam tenso o jogo inteiro. O game ainda é dublado competentemente e você pode ouvir gritos, gemidos, além de momentos em que o personagem começa a relembrar o passado ou ver coisas. Tudo pelo instinto de sobrevivência.

Para quem tem consciência e estômago forte

Se você é curioso, deve ter se interessado pelo jogo, provavelmente já deu uma bisbilhotada na nota abaixo e deve estar se perguntando “E a nota de diversão?” ou “É divertido matar os outros?”. Pois bem, a diversão está na imersão do jogo ao usar os controles da maneira como pensamos e com um enredo sensacional. Mas apesar de ter no total 14 fases, não há nada de novo que te force a jogá-lo novamente, a não ser por você poder jogar qualquer fase após terminar o jogo uma vez. E se você não for muito fã de stealth ou violência, jogue-os em doses homeopáticas, pois os objetivos não fogem muito da regra de se esconder, matar inimigos - em alguns momentos de uma forma específica e com a arma correta para avançar - ou escapar até encontrar a saída. E mesmo se falhar, os checkpoints estarão lá para te ajudar.

Para aqueles que dizem que o Wii é infantil ou só tem jogos bobinhos, ter um game do nível de Manhunt 2 é surpreendente. Você pode ter jogado outros games violentos, mas nada como essa obra da Rockstar. Apenas tenha consciência de que tudo é uma história e que não passa de gráficos digitalizados. A Rockstar teve muita coragem ao lançar Manhunt 2 no console branco da respeitosamente correta Nintendo, e você vai precisar de muita coragem também e estômago forte para terminar o jogo, mas vai se impressionar do início ao fim.

Manhunt 2 – Nintendo Wii – Nota Final: 8,0

Gráficos: 7,5 | Som: 9,0 | Jogabilidade: 8,5 | Diversão: 7,5