Discussão

Discussão: O valor dos games

Todo mundo sabe que comprar video-games não é a coisa mais fácil do mundo, especialmente no Brasil. Ele não é o tipo de coisa que compram... (por Rafael Neves em 21/06/2011, via Nintendo Blast)

mario-party-8-20070206111716473_640w copyTodo mundo sabe que comprar video-games não é a coisa mais fácil do mundo, especialmente no Brasil. Ele não é o tipo de coisa que compramos todos os dias, mas que merece uma certa economia. A indústria dos games cresce, disputa o entretenimento até mesmo com o cinema e abrange muitos públicos e plataformas . Desse jogo financeiro, surge aquela pergunta: Qual o valor dos games que jogamos? É o preço que vem na embalagem ou algo mais?

Há games, hoje em dia, que são verdadeiras super-produções, com um custo de produção altíssimo e que exige que se tornem sucessos comerciais para trazer lucros. No entanto, games simples e práticos e abertos aos desenvolvedores com os da AppStore ou das redes sociais proliferam ainda mais. Com as diferenças de preço aumentando (games de PS3 são mais caros do que os de Wii, que são mais caros do que os de iPod), isso afeta o valor que cada game tem para nós e em como lidamos com ele. Será que continuaremos a guardar nossos cartuchos antigos na estante com símbolo daqueles momento prazerosos de jogatina ou passaremos a consumir e descartar os jogos comprados online?

Coin_Spinning_NSMBA evolução dos preços

1289 copyDesde a época do NES à atual situação dos consoles, o preço dos jogos é um dos fatores mais determinantes no lucro das empresas, especialmente para as third-parties, já que elas lucram apenas com a venda de software. O que faz uma pessoa comprar um aparelho voltado para jogos são os seus jogos, logo, é importante que daí seja tirado o lucro. Games para Xbox 360 e PlayStation 3 variam de U$ 40,00 a U$ 60,00, jogos para o Wii vão de U$ 20,00 a U$ 50,00. Este é o valor que se tem para pagar os funcionários que trabalham no desenvolvimento dos jogos, o transporte, a embalagem e ainda sobrar dinheiro (o lucro).

metroid-prime-trilogy-20090522005211311Este tipo de jogo tem os preços altos em relação aos games mais antigos, pois necessitam de uma equipe grande. Os consoles HD, por exemplo, tem efeitos visuais dignos de uma produção cinematográfica. A música antes era monofônica e era improvisada por alguém da produção que tinha um pouco de aptidão. Hoje, games como Super Mario Galaxy 2 tem dezenas de faixas orquestradas e sua trilha sonora é vendida separadamente como qualquer outro CD de uma banda famosa. Jogos como Rockband ou Guitar Hero possuem músicas licenciadas das mais populares bandas de pop e rock.  Hoje, temos muitas pessoas trabalhando em um jogo e várias para uma única função. Dê uma olhada no encerramento de Super Mario World e veja que menos de 20 pessoas trabalharam no jogo (o Special Thanks não conta), agora assista aos créditos de Super Mario Galaxy 2 e veja a infinidade de nomes que aparecerão. Mais empregados, mais cargos e um maior custo de produção inevitavelmente aumentam o preço dos games.

doodle-jumpJá na AppStore (loja virtual do iPhone, iPod e iPad), os preços podem ser poucos centavos e até mesmo U$20,00, existe também uma imensidão de jogos totalmente gratuitos. Mas como esses jogos conseguem ser tão baratos a ponto de custarem o troco do pão? Primeiramente, não é preciso ter um grande estúdio para produzir jogos para as plataformas da Apple, então uma equipe consegue criar jogos em casa mesmo. Segundo que os jogos são vendidos digitalmente, o que dispensa custo com a embalagem, manual, transporte e os custos da loja física. Terceiro que o aparelho não é voltado apenas para jogos (mas música, vídeo, trabalho e internet também), logo, o lucro pode ser dividido entre outras coisas que não sejam apenas games, o que diminui o preço. Para finalizar, os jogos baratos são quase sempre bem simples e com um princípio básico semelhante ao de vários outros, logo, bem fácil de ser programado.

ocarina-of-time-3d-screenshot5De certa forma, as grandes empresas de jogos físicos não estão ignorando a ameaça de iniciativas como a da Apple. Todos os sistemas atuais da Nintendo, Microsoft e Sony possuem lojas online com uma aparência cada vez mais próxima das físicas (já que as vitrines são fatores de compra). Muitas empresas como a Ubisoft usam manuais em preto e branco na caixa do jogo, e muitas nem querem mais imprimir um.

No Nintendo 3DS, por exemplo, a Nintendo retirou quadradinhos de plástico das caixas de jogos para diminuir o consumo de plástico. Além disso o uso de DLCs também configura-se como uma forma de aumentar os lucros. Jogar games comprados em caixas ainda é realidade, mas o potencial online não pode ser ignorado

Coin_Spinning_NSMB[3]Simplicidade e Complexidade

200px-Zelda_FS_rupee_grabHá questão é: games descartáveis e simples são a evolução natural dos video-games? Constantemente, tendências dos eletrônicos esmagam outras. Quem, hoje em dia, vai usar fitas de video-cassete com um DVD em casa? Na verdade, até o Blu-ray já é uma ameaça para o querido DVD. A evolução é rápida, e será que ela acontecerá com os games? Os preços baixos das lojas online da Apple e Android facilitam a vida de muita gente, e esse tipo de loja só tende a crescer. Para os gamers mais tradicionais, a coisa é mais complicada.

Games_eShopAlguns reclamam da falta de botões nos smartphones que dizem ser plataformas de game, mas outros reclamam do “valor” do jogo. Não falo dos preços, mas do poder que o game tem de marcar a sua vida. Por exemplo, você pode conseguir um score altíssimo em Angry Birds (sucesso para smartphones) e pagar poucos centavos (ou nenhum tostão) para jogar, mas não é o tipo de jogo que te deixa encantado como a primeira vez que você zerou The Legend of Zelda: Ocarina of Time, mesmo que o jogo custe mais caro.

É mais confortável comprar jogos sem precisar sair de casa e usando apenas uma conexão à internet (para nós, brasileiros, os impostos também não pesam tanto no serviço online), mas há um limite de conteúdo. Não é a toa que games vendidos para WiiWare são mais simples do que os comercializados em caixas, e a mesma lógica aplica-se à AppStore. É difícil colocar um conteúdo maior do que 1 ou 2 GB em um serviço digital. O iPhone 4, por exemplo, é mais potente que um DS e bate de frente com um 3DS, mas seus games não tem o mesmo nível de complexidade, em sua maioria. Com menos espaço, não é possível explorar tanto o game.

110px-Treasure_Chest_3Sabemos que existem muitos jogos complexos na AppStore e em outros serviços, mas a grande maioria é descartável. Você baixa, joga por algumas vezes, bate um recorde e algum tempo depois já foi esquecido, não passam de um prático passa-tempo apenas. Não falo de todos os jogos, mas é sob essa lógica que a maioria das produtoras para este tipo de plataforma trabalha. O “valor” que o jogo tem para nós é perdido nesse processo, apesar dos preços baixos serem provocantes.

163785-one-billion-apps-iphone_originalEsse é o grande entrave dessa “evolução natural do mundo dos games”. Video-games são regidos por tecnologia e lógica de mercado, mas o epicentro desse sistema são os games. Games estes que criam fãs. Games que alcançam o patamar de arte e símbolo de uma geração, logo, não é fácil definir um rumo para eles. Essa disputa entre aparelhos e suas formas de jogar pode ser vista por outra ótica através da Discussão: Precisamos de Uma Plataforma Faz-tudo? do Bruno Grisci

 

200px-Link-Opening-TreasureE para você, qual o valor que os jogos tem em sua vida? Você consegue se sentir realizado ao terminar games simples e baratos, ou vale a pena pagar um pouco mais por algo mais completo?

Afinal, os games são jogados ou consumidos?


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Ótimo texto! Bacana mesmo e muito bem explorado! Parabéns!

    Acredito que para responder sua pergunta, devemos analisar a seguinte questão: jogamos para passar o tempo ou porque realmente gostamos de jogos e consideramos isto como um hobby?

    Nos dias de hoje, com a quantidade de informações cada vez maiores e o ritmo caotico de nossas vidas, torna-se mais difícil encontrar algum espaço em nosso cotidiano para nos dedicarmos a jogatina. Devido a este fator, fica muito mais simples baixarmos um jogo casual como o Angry Birds, jogarmos por alguns min. e depois voltarmos a rotina. Simples assim. Sem muito envolvimento, sem stress, passando um espaço do tempo que encontramos para relaxar e descontrair um pouco.

    Este caso que citei acima, aplica-se a um número cada vez maior de pessoas e, por isso o enorme sucesso deste tipo de jogo. A informação está ali; acessível a todos, de uma forma muito simples, barata e funcional. Você leva, joga onde quiser e como quiser.

    Por outro lado, temos o pessoal hardcore (meu caso) que curte um envolvimento maior com um game, sabe do valor de produção, a arte que ele representa e da influência do mesmo em nossas vidas.

    Realmente não posso afirmar o que estaremos jogando daqui a alguns anos mas, seguindo as atuais tendências, provavelmente a onda de games casuais só tende a aumentar e, aquelas obras-primas que víamos nos antigos jogos e que raramente presenciamos nos dias de hoje, ficarão ainda mais em segundo plano.

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  2. problema é que no país há uma exploração dos infernos em coisas qe eles julgam futil... enqunto dizem que o arroz e eijã, que é caro para kcte, é mais importante... eu acho que há uma exploração do carvalho nesta bimboca de país, mas fazer o que... Acho um absurdo pgar R$ 1200 em um console que em dois anos saí de linha....

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  3. Bom texto, mais tava muito puxado para a Apple, sendo que tem celulares muito melhores do que o Iphone.

    Para mim qualquer valor eu pago, fazendo umas parcelas sem juros dá para se comprar muitos jogos, mais o que mais me intriga é que os politicos brasileiros não dão uma atenção maior a este povo, pois como o Johnny disse a onda dos casuais só tende a aumentar, como por exemplo os jogos do Wii, eu não vejo este valor tão barato aqui.

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  4. Excelente texto Rafael, realmente os jogos fazem parte da minha vida e adoro jogar-los seja pra salvar princesas, resolver puzzles, resgatar bananas, Treinar monstrinhos... É isso.
    Ah e só uma curiosidade o que são aqueles "Special Thnanks" que aparece nos Games?

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  5. O DS tem mais de 5000 jogos. A grande maioria dispensável. Diria que mais de 80%. São normalmente

    compilações de minigames, jogos infantis que não rendem mais tempo de diversão que um jogo de US2,00 no

    iPhone. Ainda assim custando US$20,00.

    E no iPhone o que falta de recursos é substituido com criatividade. A mesma criativadade que tantos

    reclama que falta nas superproduçoes de hoje em dia. Um iPhone não é mais barato que um videogame, e

    certamente oferece diversão e qualidade a quem sabe procurar.

    O maior golpe na Nintendo, Microsoft e Sony é a distribuição digital em si. Pra que comprar por

    US$50,00 um jogo que custará US$5,00 numa promoção na Steam daqui a seis meses?

    Eles tem sistemas digitais, mas limitados. A PSN tem poucos jogos, já que surgiu no meio do ciclo de

    vida dos consoles. A Microsoft não parece incentivar muito. E a Nintendo tem um sistema de vendas

    virtuais que é uma merda. Você nem conta tem. Roubaram o aparelho? Compre tudo novamente e se foda. Vários jogos indies não foram lançados pra Wii pelo limite ridículo de tamanho. E olha que o console aceita cartão SD e HD.

    Qualidade vai ter em jogos de quaisquer plataformas. Se as empresas não se tocarem que promoções atraem clientes e que respeito é melhor do que ganância elas vão continuar perdendo terreno pra áreas de teefonia e principalmente PC. A ganância está prejudicando mais estas empresas do que qualquer outro fator. Enquanto estas empresas reclamam do mercado Steam e produtoras que vendem lá faturam. Em tempos de crise uns choram, outros vendem lenços.

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  6. Parabéns pelo texto, estava bom. Esqueci de dizer no post anterior. Não entendi porque meu post ficou com esta formatação estranha ¬¬

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  7. De fato, nenhum joguinho de celular supera altas horas d Zelda, Metroid e Fire Emblem! Pra mim, os jogos tem que ser cada vez mais difíceis!

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  8. zerei zelda oocarina of time no emulador a uns dois anos quase chorei

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  9. Parabéns pelo texto, Rafael!

    Eu acho que sim, vale a pena pagar bem mais por um jogo que realmente me faça sentir satisfação ao completar, do que por um desses "joguinhos" em que a jogatina se resume a bater recordes. Acho meio difícil daqui há alguns anos alguuem dizer "nossa, como Plants vs Zombies marcou a minha vida".

    Esses jogos são bons pra determinadas situações, onde a pessoa não tá com cabeça pra resolver puzzles, derrotar bosses, etc (como o Johnny mencionou). Mas nem se comparam a títulos como Zelda, Pokémon, entre outros.

    Pra finalizar, eu acho que os dois tipos de games podem coexistir.

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  10. Eu também acho que o atrativo desses joguinhos são o tempo. Muita gente não tem tempo de se comprometer a um jogo (mesmo os portáteis), ai acaba jogando games de celular na fila do banco, no ônibus e tal.

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  11. Muito bom texto. Acho que os gamers não se importam de pagar o preço que for pelo jogo, todos valorizam muito o trabalho realizado pelas produtoras e fabricantes. Mas o que é lamentável no Brasil é que o preço por aqui é muito alto, passando muito do valor em outros países. Tudo devido a impostos injustos e abusivos.

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  12. cara isso realmente muito tenso,essa exploração toda pra ganhar dinheiro sem fazer nada a nossas custas e não recebemos NADA em troca tem isso também,e isso acaba fazendo que as pessoas prefiram o caminho da pirataria e sinceramente eu prefiro a pirataria do que ser roubado,não quero saber se no momento devo comprar original pelo preço que é caro pra carai já vi varias pessoas dizerem:é pra comprar o original,compra só os melhores.Blz no forum perguntaram quais jogos as pessoas tinham cada um tinha no maximo 4 jogos e estavam desistindo do console.Negócio é o seguinte se abaixar o preço até onde espero ai sim.

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