Game Music

Video Games Live em Porto Alegre, veja como foi

Finalmente aconteceu. Depois de seis anos aguardando, os gaúchos puderam conferir ao vivo e em cores a Video Games Live, no dia 12 de... (por Bruno Grisci em 18/10/2011, via Nintendo Blast)

Laura Intravia homenageando The Legend of Zelda no show em Porto Alegre.

Finalmente aconteceu. Depois de seis anos aguardando, os gaúchos puderam conferir ao vivo e em cores a Video Games Live, no dia 12 de outubro, no Teatro do Sesi. Confira agora tudo que aconteceu, do tema de Mario tocado em flauta a estreia de Pokémon, passando pela homenagem aos 25 anos de The Legend of Zelda.

 

Nota: os links desse texto levam para vídeos dos momentos correspondentes do show em Porto Alegre. Não deixe de ler ouvindo as músicas que serão comentadas! Todas as fotos também são dessa apresentação.

Video Games Live...

Finalmente em POA!Se você veio parar aqui por acidente e não sabe o que é a VGL, aí vai uma breve explicação. Criada pelos veteranos da composição de músicas para games, Tommy Tallarico e Jack Wall, a VGL é um concerto interativo, com convidados especiais, telões, show de luzes, uma orquestra e o objetivo de popularizar as músicas dos jogos.

O show, que já possui um repertório de cerca de 50 jogos, se alterando a cada temporada, estreou em 2005 e desde então tem feito apresentações em todo o mundo. Essa foi a sexta vez que a VGL vem ao Brasil.

...em Porto Alegre

Pela primeira vez o espetáculo aconteceu em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, que inclusive foi a primeira cidade confirmada para a turnê brasileira de 2011. A apresentação ocorreu na última quarta-feira (12), às 19 horas, no Teatro do Sesi. A escolha do local foi ótima, pois embora o teatro seja distante do centro da cidade, trata-se de um bom espaço. Dividido entre Platéia Baixa, Platéia Alta e Mezanino, a capacidade é de 1684 pessoas. A sala não chegou a estar lotada, mas estava bem cheia.

O Teatro do SESIOs preços talvez tenham assustado algumas pessoas, o mais caro, na Platéia Baixa, estava custando R$160,00, salgado mesmo. Mas agora cabe um elogio a organização do evento. A meia-entrada para estudantes só foi liberada após o começo da venda dos ingressos, mas qualquer um que já tivesse comprado poderia pedir um reembolso de 50% sem problemas. Ou melhor, quase sem problemas, já que a bilheteria do Teatro do Bourbon Country, apontada como ponto de reembolso pela organização da VGL Brasil, só aceitava fazer a operação depois de muita insistência e negar várias vezes que pudessem fazer isso. No meu caso, foi necessário chamar o gerente e explicar toda a situação, mas no fim eles devolveram o dinheiro. Acredito, contudo, ter sido falha do Bourbon, e não da VGL Brasil.

Um dos problemas que notei foi a falta de divulgação na mídia local. Enquanto o trabalho na internet, especialmente em redes sociais como o Facebook, estava a todo o vapor, se viu muito pouco do evento nos jornais de grande circulação, apenas pequenas notas, muito aquém do que o evento merece. Rio e São Paulo já estão acostumados com a VGL, mas por ser a primeira vez aqui acho que faltou essa propaganda extra. Se um grande número de pessoas já compareceu assim mesmo, imaginem com mais apoio.

É hora do show!

Tá, Bruno, para de enrolar e fala logo como é que estava! - Leitor que não foi à VGL

Logo que se chegava ao Teatro do Sesi, percebia-se que algo diferente aconteceria ali, pelo número de pessoas vestidas com roupas de jogos e a presença de alguns cosplayers. Se engana, entretanto, quem acha que apenas fãs de videogames foram conferir o evento, já que o número de pais, mães, namoradas, etc., trazidas parecia substancial.

Hadouken!Antes do grande momento, a maioria das pessoas estava na fila da lojinha de itens como camisetas e DVDs, ou apenas conversando enquanto esperavam. Alguns ainda compravam ingressos no local. Havia um jogo de captura de movimentos baseado nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, no qual você controlava um atleta contra algumas pessoas fantasiadas que estavam cuidando disso, mas o público não pareceu muito interessado.

Um pouco antes das 19 horas, as portas foram abertas para que todos pudessem tomar os seus assentos, e enquanto aguardávamos a Orquestra da Mansão Musical e os demais convidados se arrumarem, foi passado no telão o vídeo “And I think to myself... Super Mario World”, uma paródia da famosa canção de Louie Armstrong. Depois, apareceu na tela um poema bem humorado: “Roses are #FF0000, violets are #0000FF. All your base are belong to us.” Antes de começar, mais um vídeo, dessa vez um clipe musical do grupo “The Go! Team” que mostrava Ms. Pacman fugindo de fantasmas pelas ruas de Nova York.

Pouco após as 19 horas, o show finalmente começou, diretamente com a orquestra tocando o Medley de Street Fighter, enquanto no telão várias lutas eram exibidas, com foco no personagem Blanka, representante do Brasil. Finalizada essa primeira apresentação, Tommy Tallarico entrou no palco e fez a apresentação da VGL, de como muita gente vê os games apenas como “coisa de criança” e que música de jogo são apenas “bips e bops”, e como o objetivo deles é mudar isso. Também comentou como já faz seis anos que eles vêm ao Brasil, que é o país onde ele mais gosta de se apresentar, e que desde o começo suplicavam para que viessem a Porto Alegre. Ainda brincou que quando perguntava como era o lugar, respondiam que era onde as mulheres mais bonitas do país viviam.

O medley de Street Fighter foi a primeira música da noite.

Nota: o show inteiro é em inglês, mas todos falavam de uma maneira muito compreensível e calma, quem sabe um pouco do idioma não tem dificuldades. Só é um pouco estranho os vídeos não serem legendados.

Tommy então apresentou o primeiro convidado, que seria o maestro de várias músicas da noite: o japonês Wataru Hokoyama, compositor das músicas de Resident Evil, que começou com duas obras de sua autoria. A primeira é do game Afrika, de PS3, e ele até brincou que nós não a conheceríamos porque o jogo não vendeu bem. A trilha, contudo, era muito bonita e os efeitos luminosos nas paredes ficaram realmente muito bons. Na sequência, uma música de Resident Evil 5.

Wataru Hokoyama executando sua composição para o jogo Afrika.

Tommy voltou ao palco para introduzir Laura Intravia, que ficou famosa como “Flute Link” na internet, por tocar músicas da série The Legend of Zelda numa flauta transversal vestida de Link. Mas, dessa vez, ela iria fazer algo diferente, uma “Flute Mario”. Sem medo de mostrar seu lado nintendista, ela apareceu vestida como o encanador italiano e apresentou uma sequência das músicas tema da série principal de jogos do Mario, de Super Mario Bros. até New Super Mario Bros. Wii, confirmando realmente saber tocar com maestria e bom humor, como quando um boo apareceu no telão e “se escondia” quando ela virava para trás. Só foi uma pena Super Mario Galaxy 2 não estar junto com os demais, mas enfim, não se pode ter tudo.

Laura “Flute Mario” tocando as principais músicas da série Super Mario.

Tallarico retornou ao palco e disse que apresentariam um jogo que define o Xbox, e por toda a plateia começam os cochichos: “é Halo, é Halo”. Como não poderia deixar de ser, Halo: Reach, do Xbox 360, estava no palco da VGL.

A presença de Russel Brower, compositor da Blizzard, indicava que a noite seria dedicada a vários clássicos da empresa. Dito e feito. Quando ele entrou no palco para substituir o Wataru Hokoyama, muitos fãs se manifestaram com gritos referentes à Horda e à Aliança, equipes de World of Warcraft. Alguns fãs também gritaram por Diablo III, tanto que Russel, já de costas, virou a cabeça para a plateia e perguntou “Do you want Diablo III...?” (Vocês querem Diablo III...?) e em seguida acrescentou, com uma voz profunda: “Soon” (Logo).

Russel Brower, compositor da Blizzard

A interação da equipe do evento com o público realmente é ótima, são todos muito simpáticos e os fãs respondem a isso.

Bem, Russel começou falando sobre a nova dublagem brasileira de World of Warcraft e apresentou, segundo ele, uma cena inédita do jogo dublada, acompanhada pela orquestra. Na sequência executou o tema de Star Craft II: Wings of Liberty e uma canção meio triste, dada como premiação de uma das quests de WoW: Lament of Hightborne, cantada pela Laura Intravia, que mostrou ter muito talento também como cantora (dessa vez ela estava com um vestido, sem cosplay, hehe). Essa última, Brower dedicou à hospedeira dele aqui no Brasil.

Terminada essa parte do show, Tommy aproveitou para comentar que algumas canções eram criadas especialmente para a abertura de jogos, e agora mostrariam uma delas. Wataru então volta ao comando da orquestra e, com a voz de Laura Intravia, foi apresentada a música tema de Metal Gear Solid 3: Snake Eater, um dos principais momentos da primeira parte do show.

Ralph Baer, ao vivo via Skype.

Depois, as trilhas tiveram uma pausa e Tallarico aproveitou para falar sobre Ralph H. Baer, considerado o inventor dos videogames. Contou sobre como ele já tem quase 90 anos, que até ganhou a National Medal of Technology, pela sua criação, do então presidente George W. Bush. Um vídeo de Ralph ainda jovem, chamado “Father of Videogames”, onde ele e um colega demonstram Pong no “The Brown Box”, protótipo do Odyssey, é exibido. Tommy então pergunta se não seria legal conversar com o Ralph, e liga seu notebook para uma conversa ao vivo com ele via Skype! Não foi nada muito longo, Baer foi aplaudido por bastante tempo, e respondeu que nunca imaginaria que sua criação se tornaria tão popular.

Antes de encerrar a primeira parte, Tallarico disse que o objetivo da VGL não é apenas promover a música de games, mas também outras formas de música clássica. Pensando nisso, eles fizeram a experiência de misturar Ópera com Tetris, e assim surgiu a Tetris Opera (nome não muito criativo). Um vídeo de Alexey Pajitnov, russo criador de Tetris, introduzindo o número passou no telão e mais uma vez Laura Intravia mostrou seu talento cantando uma ópera sobre a música tema do tradicional game, enquanto as inúmeras versões do jogo de encaixar blocos se alternavam no telão, encerrando, justamente, com a versão original para Game Boy.

O número Tetris Opera

Hora do intervalo, 20 minutos de descanso. Enquanto isso, algumas pessoas aproveitavam para tocar músicas no saguão principal, e pequenas filas para o bar e os banheiros se formaram. Interessante é que durante esse tempo, no telão, ficou sendo exibida uma barra de loading, tipo de detalhe muito legal.

Assim que o tempo passou, Tommy Tallarico surgiu tocando a música tema de Castlevania na guitarra, acompanhado por Wataru e a orquestra, num momento de muita animação. Depois foi a vez de Mass Effect ser prestigiado no palco.

A seguir, Tallarico começou a contar sobre uma grande série, que sempre estava presente na VGL, cujos fãs sempre pediam músicas dos seus diversos jogos. Mas como ela estava de aniversário, completando 25 anos (entregou a resposta), dessa vez foi preparado algo diferente. Então Laura Intravia voltou ao palco, dessa vez devidamente caracterizada como Flute Link, e tocou uma composição de sua autoria, que juntava vários dos medleys da série, com várias fanworks passando nos telões, num dos momentos mais bonitos do show.

Laura Intravia tocando uma composição especial para os 25 anos de The Legend of Zelda.

O próximo número, contudo, foi o que realmente emocionou o público. Tallarico disse que desde o começo, havia uma música que era sempre implorada, “por favor, apenas toque esse jogo, não precisa mais nada”, segundo ele, e que pela primeira vez, logo nessa turnê brasileira 2011, ela seria apresentada pela VGL. Quando Pokémon começou, o público se manifestou, e a música foi muito comemorada. Um detalhe curioso contado pelo Tommy é que na apresentação anterior, no Rio de Janeiro, havia sido colocada a cena da Equipe Rocket falando em inglês, mas os fãs reclamaram e eles rapidamente mudaram para a versão em português brasileiro do anime para o show em Porto Alegre.

Pokémon, pela primeira vez numa turnê da VGL.

Depois desses dois clássicos que emocionariam qualquer nintendista, Russel Brower retornou ao palco e confirmou que a festa era especial para a Blizzard, executando o terceiro número de WoW, a música Wrath of The Lich King Ending, acompanhada pela voz da Laura.

Com o maestro brasileiro Adriano Machado regendo a orquestra, foi executada a música do game Bodycount, que não chegou a empolgar muito o público. Entretanto, o próprio compositor irlandês da peça, Mick Kiely, entrou no meio da execução (usando roupas brancas que renderam piadinhas infames) tocando teclado e pulando pelo palco, o que animou um pouco as coisas.

A tradicional apresentação de Guitar Hero aconteceu em seguida. Na primeira parte do show, Tommy havia anunciado o vencedor do concurso de GH, Bernardo Smith, porto-alegrense de 13 anos. Ele tocou no modo expert a música The Pretenders, do Foo Fighters, acompanhado pelo Tallarico com uma guitarra de verdade, e alcançou os 250.000 pontos necessários para vencer o desafio logo na metade. Foi muito aplaudido no fim, aos gritos de “Ah! Eu sou gaúcho!” da platéia.

Bernardo Smith e Tommy Tallarico após uma partida de Guitar Hero.

Tallarico comentou que para encerrar, tocariam uma música da Square, e os gritos se dividiram entre Chrono Trigger e Final Fantasy. O último se deu melhor e a canção One Winged Angel, de Final Fantasy VII, foi tocada, acompanhada por fotos homenageando os todos os fãs cosplayers.

No fim, os músicos receberam os aplausos e se retiraram. O público se levantou e começou a pedir o bis óbvio. Tallarico então voltou e perguntou se queríamos ouvir mais uma. Para alegria dos fãs de antes, Chrono Trigger e Chrono Cross foram tocadas em sequência, num dos pontos mais altos do show.

Chrono Trigger e Chrono Cross no show da VGL em Porto Alegre.

Quando todos estavam em pé aplaudindo e se preparando para sair, uma última surpresa. Tommy comentou que gostaria de tocar uma última música, e ele e Laura (que estava tocando flauta na música anterior), sentaram-se. Tallarico pediu que todos erguessem seus celulares, iPods e Game Boys e cantassem junto. Um bolo apareceu no telão, o que para qualquer fã de Portal só poderia significar uma coisa: Still Alive. Laura cantou, junto com toda a platéia, a música dos créditos do game da Valve, com direito a uma piada com Duke Nukem Forever durante os versos “And we're out of beta. We're releasing on time.”, encerrando essa incrível primeira passagem da Video Games Live por Porto Alegre.

Foto do público de Porto Alegre tirada por Tallarico no final do show.

Depois que o Tommy tirou uma foto para o Facebook e o show terminou, os fãs formaram uma fila para ter a oportunidade de pedir autógrafos, tirar fotos e conversar um pouco com o Tallarico, a Laura Intravia, o Wataru Hokoyama, o Russel Brower e o Mick Kiely. Diversas vezes foi pedido que deixássemos sugestões de quais músicas gostaríamos de ouvir nas próximas turnês, e pelo que estava sendo comentado, Baba Yetu (Civilization IV), que até ganhou um Grammy, Top Gear, Mega Man e Sonic estavam entre as mais requisitadas.

Se depender da promessa do Tommy durante o show e da vontade de quem esteve no Teatro do Sesi nesse dia 12 de outubro, podemos esperar ouvir essas e muitas outras músicas na turnê brasileira de 2012.

Não deixe de conferir como foi a apresentação da VGL 2011 no Rio de Janeiro.

Da esquerda para a direita, Adriano Machado, Tommy Tallarico, Laura Intravia, Wataru Hokoyama, Russel Brower e Mick Kiely recebendo os merecidos aplausos no fim da VGL.

Revisão: Alveni Lisboa

Fotos: Facebook da VGL Brasil


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Bah, eu tinha me programado pra ir e tudo mais, mas não consegui. Agora dei uma olhada nos vídeos aqui, me correu uns arrepios pela espinha... Hahahahahaha... BAh, bem bacana. Espero que volte, pra eu poder assistir.

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  2. Puts... Pokémon emocionou mesmo!

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  3. Pq os abobados gritam durante a apresentação? Aplaude depois, caralho!

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  4. Aliás... tudo lindo. Uma pena q nao fui. T.T

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  5. Orraaaaaaaaa... Midna's Theme... @@

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  6. Porque os retardados ficam batendo palmas, mew?! Não dá pra ouvir nada. #AngryModeOn

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  7. Zelda me deu uns arrepios de emoção !!
    Todas músicas postadas foram maravilhosas e me fizeram me sentir muito feliz !!

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  8. Douglas Fernandes, o próprio Tommy Tallarico faz questão, no começo do show, de pedir aos fãs que se manifestem, gritem, aplaudam, riam o quanto quiserem durante o espetáculo.

    Há um lado bom, de promover uma maior interatividade com a platéia, e um ruim, que é esse que você disse, de atrapalhar a música. Mas, pelo menos em Porto Alegre, estavam mais comportados e acredito que quem estava lá ouviu tudo sem problemas (meu caso, pelo menos).

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  9. Dalhe POA!
    Queria estar lá... T-T

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  10. No video do chrono cross/trigger foi massa aquela parte em que entravam os woooooooooooooooooouuuuuuuuuuooooooooowwwwwwlllllll.

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  11. Fiquei emocionado quando vii as músicas temas do Zelda e do Mario bros.. gostei muitoo.. espero q aja muito mais eventos assim.. mas em todo o Brasil se possivel.. hehe

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