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Análise: Pokémon Black 2 & White 2 (DS)

É curioso como a série Pokémon sobrevive bem aos efeitos do tempo. Já se passaram mais de 15 anos desde que o primeiro game dos monstrinhos... (por Gustavo Assumpção em 06/10/2012, via Nintendo Blast)

0É curioso como a série Pokémon sobrevive bem aos efeitos do tempo. Já se passaram mais de 15 anos desde que o primeiro game dos monstrinhos de bolso foi lançado e a gente continua sendo fisgado pelo Gotta Catch’ em All como se esta fosse a primeira vez. Provavelmente nem Satoshi Tajiri em seus momentos de maior empolgação conseguia imaginar que a franquia se manteria tão cheia de vida - e de fãs - por tanto tempo. Mas, mesmo com tamanha vivacidade, a série enfrenta um desafio complicado: ao mesmo tempo em que os jogadores que conheceram a franquia quando eram crianças estão envelhecendo, novos jogadores se interessam hoje em dia por outros gêneros e procuram outras experiências. É preciso - e não há segredo nisso - renovar e fornecer uma experiência que seja inovadora, mas, ao mesmo tempo, conservadora no que faz a série ser aquilo que é.

Foi justamente desse pensamento que saiu Pokémon Black & White, um título que conseguiu refrescar a fórmula existente sem perder a identidade que é inerente ao próprio modo de ser da franquia. B&W trouxeram boas mudanças no que era necessário mexer: batalhas mais ágeis, visual mais dinâmico, trama mais envolvente, personagens mais carismáticos. O resultado não veio apenas nos números expressivos nas vendas ou nas críticas positivas publicadas pela mídia especializada. O principal legado do título é mostrar aos criadores que os jogadores não são avessos completamente às mudanças – e, mais [do] que isso, quando bem executadas elas fortalecem a base de fãs já existente e aumentam o interesse de um possível novo público.

Se B&W conseguiu cumprir esse objetivo perfeitamente, Black 2 & White 2 parecem ter sido desenvolvidos com um objetivo um pouco diferente: fidelizar os jogadores que começaram suas jornadas na quinta geração. E qual foi o caminho escolhido? Conteúdo. Nenhum outro game da série apresenta tanta coisa pra ser feita e tanta variedade de localidades para serem visitadas.

Unova, dois anos depois

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cheren-e-biancaApesar de estar tão diferente, apenas dois anos se passaram em Unova desde os eventos de B&W. Na história, pouco mudou: você ainda é o obstinado menino que quer se tornar um mestre Pokémon. E você ainda vai ter que enfrentar oito ginásios para isso, exatamente como da primeira vez. Só que agora Unova está muito mais movimentada: todas as cidades ganharam novidades, seja ela um redesenho, sejam novos locais para se visitar. Há novos personagens entrando na história, novos rivais, uma nova cidade inicial e um enredo praticamente diferente do original.

É claro que a história ainda apresenta o padrão Pokémon e o jeito Nintendo de ser. Assim como em B&W, há uma evolução com relação às outras gerações – como a presença de discussões filosóficas e diálogos mais afiados. Mas, é fato, da metade para o fim o enredo se torna apenas a eterna luta maniqueísta do bem contra o mal. E a gente parece não se importar muito com isso: o enredo pode ser menos cativante do que antes e previsível em certos pontos, mas é adequado ao público da série.

As mudanças de Unova vão além das localidades novas. As cidades agora estão muito mais vivas e cheias de detalhes. O visual está um degrau acima do game anterior, com vários efeitos bacanas, lugares de encher os olhos e pequenas mudanças que deram um aspecto mais bem acabado às cidades. As cenas que ilustram a história também foram bem feitas, levando o DS ao seu limite. O mais bacana é que B2&W2 flui com uma leveza impressionante: as batalhas fluem de maneira natural e sem atropelos, os Pokémon apresentam movimentos convincentes e as cidades sempre apresentam pequenos detalhes inesperados. É claro que o visual das batalhas ainda deixa um pouco a desejar, já que os monstrinhos ainda tem uma resolução muito baixa, o que dá uma cara meio “velha” ao conjunto visual como um todo.

Muita coisa pra fazer (mesmo)

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Como já foi dito, há uma quantidade absurda de conteúdo em B2&W2 e elas vão além de completar a Pokédex ou derrotar a Elite Four. Aliás, capturar todos os monstrinhos ficou muito mais interessante com a implantação de um recurso simples, mas muito bem pensado: a Habitat List. Quando estiver em uma rota, basta acessar a Pokédex e verificar quais monstrinhos podem ser encontrados naquele local. Assim que capturar todos, o símbolo de uma Pokébola no canto inferior indica que não há mais o que fazer por ali – uma mão na roda quando você não sabe mais onde procurar os monstrinhos que estão faltando.

E isso é só o começo. Ainda é possível transferir seus monstrinhos de Pearl, Diamond, Platinum, HeartGold, SoulSilver; batalhar horas e horas no Pokémon World Tournament – e enfrentar alguns dos oponentes mais difíceis de toda a jornada; ser desafiado para dezenas de missões no Entralink e até mesmo transferir informações de Black & White para enriquecer a história.

Outro recurso bem implantado é o Key Link, que permite que o jogador adapte o game ao seu gosto, permitindo que ele customize o nível de dificuldade e acesse novas localidades. Mas nenhuma novidade é tão bacana quanto o sistema de conquistas que a Game Freak implantou: conforme o jogador realiza pequenos feitos, ele é presenteado com medalhas que são armazenadas em uma case específica. São dezenas diferentes, que vão obrigar você a realizar tarefas bizarras como comprar dez bebidas diferentes em uma máquina ou salvar o game 100 vezes. Acredite: você vai querer capturar todas, pode apostar.

É preciso frisar: nunca antes um game Pokémon pareceu tão duradouro, rico e digno de compra. E é fácil entender porquê: ao mesmo tempo que oferece conteúdo inédito, ele recicla o que de melhor a franquia tem, como as disputas entre os jogadores via wireless ou Wi-Fi e as trocas e torneios online – que certamente virão. Some isso à integração com o Pokémon Dream Radar e a Pokédex 3D Pro e temos o game definitivo da franquia até o momento.

Mas nem tudo são vitórias

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Apesar da jornada longa e recompensadora, Black 2 & White 2 tem lá seus problemas, a começar pelo novo minigame, o PokéStar Studio. Sucessor do Pokémon Musical, de Black & White, ele é, assim como seu antecessor, repetitivo e pouco interessante. No cerne da ideia está a possibilidade de se criar pequenos curta-metragens com roteiros pré-determinados, mas o que vemos é uma série de escolhas óbvias que resultam em filmes sempre mais-do-mesmo.

Outro ponto negativo são os ginásios. Apesar de mais bonitos e megalomaníacos que antes, os desafios não parecem mais tão épicos ou desafiadores. Derrotar os líderes pareceu uma tarefa simples e sem emoção, algo como uma corriqueira batalha contra um Hiker qualquer em uma rota aleatória. Talvez isso seja reflexo da baixa dificuldade do título como um todo: é fácil ganhar níveis e ser competitivo, mesmo para aqueles que pouco dominam das estratégias de jogo.

Fato é que, apesar do conteúdo gigantesco, o game não consegue em momento algum parecer um produto dissociado do seu anterior. Ok, sabemos que a fórmula básica da série sempre foi ampliada e renovada, mas nunca drasticamente alterada. Mas nem mesmo essas evoluções exponenciais estão presentes aqui. A maior novidade nas batalhas não passa de um redesenho nos menus e nas barras de HP. Precisamos de mais da próxima vez, sem dúvidas.

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Mas não tem jeito, ainda temos que pegar. Todos.

De forma geral, essa nova entrada na série dos monstrinhos de bolso mostra que a fórmula Pokémon envelheceu muito bem. Mesmo que a base seja a mesma há anos, a aventura ainda consegue prender você do início ao fim, ainda consegue te fazer gastar horas e horas enfrentando tudo aquilo que você já sabe que vai enfrentar.

Pokémon Black 2 & White 2 é centrado na maturidade do seu personagem, em como ele descobre seu potencial próprio, aquilo do que é capaz. É a mesma mensagem de otimismo e perseverança que qualquer produto Pokémon traz em si. E esta é uma mensagem que talvez explique porque a gente permaneça capturando monstrinhos, derrotando líderes de ginásio e elaborando estratégias mesmo 14 anos após o lançamento do primeiro game da série por aqui. No fundo, todos queremos ser um mestre e superar todos os desafios. E, acredite, tem uma bela quantidade de desafios por aqui.

Pontos positivos

  • O visual foi melhorado, com cidades mais vivas e personagens mais bem animados;
  • Há muita (muita mesmo) coisa pra se fazer;
  • As medals são uma adição bem interessante e desafiadora;
  • O Pokémon World Tournament é divertido e acrescenta grande valor à experiência.

Pontos negativos

  • O feeling é praticamente o mesmo de B&W;
  • O game está um pouco mais fácil.

Pokémon Black 2 & White 2 – Nota Final – 9,0

Gráficos: 8,0 Som: 8,5 Jogabilidade: 8,5 Diversão: 9,5

*Para esta análise jogamos a versão Pokémon White 2. Este redator jogou 24 horas do game em quatro dias. O resultado são olheiras (muitas olheiras) e uma leve irritação causada pela falta de sono. Obrigado aos amigos pacientes nos últimos dias.

Revisão: Alan Murilo e Thyago Cabral


Uma bagunça
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Genesect vem no level 15, pelo menos o meu que peguei antes mesmo de iniciar o game.

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