Analógico

Analógico: O mundo dos games também é cor-de-rosa

Mulheres estão ocupando espaços da sociedade que tradicionalmente eram somente preenchidos por homens. Elas são líderes de grandes corporaçõ... (por Aurelio em 27/10/2012, via Nintendo Blast)

Mulheres_gamersMulheres estão ocupando espaços da sociedade que tradicionalmente eram somente preenchidos por homens. Elas são líderes de grandes corporações, engenheiras e até mesmo demonstram seu vigor físico em obras, na área da construção cívil como pedreiras. As mulheres não ganharam espaço somente no âmbito profissional, é crescente o interesse delas por games. Como elas e eles se veem nesse contexto?

O pontapé inicial

gamegirlUma das primeiras coisas que deve se levar em consideração é o fator da influência masculina sobre a mulher. Muitas mulheres iniciam suas vidas como gamers a partir do empurrãozinho do seu parceiro, o que é uma boa desculpa para estar sempre ao lado do namorado delas.

No início, elas ficam meio perdidas, mas com o tempo vão se adaptando e ficando cada vez melhores. Em alguns tipos de games, as mulheres têm ampla vantagem, pois possuem uma percepção de simultaneidade muito mais aguçada que os marmanjos, o que a permite realizar múltiplas ações ao mesmo tempo sem se perder.

dgn_girl_gamers_03Perceber, de forma inusitada, a aptidão que tem com jogos incentiva a mulher. O fato de poder aproveitar melhor o tempo com alguém que elas gostam também é uma grande motivação.

Elas também apreciam games, pois é um remédio para o estresse. Algumas descontam toda a carga emocional dos períodos de TPM em jogos de luta, rítmicos ou de esporte, esse último com ênfase em games como Wii Fit, com baterias de exercício.

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Nem Balzac poderia prever

anamariabragamadonnaNão pense que só as mais jovens que aderiram aos videogames. Recentemente a apresentadora Madonna… ops! Quer dizer, Ana Maria Braga com seus já 63 anos, afirmou ser apaixonada por games. Revelou que gosta de jogar, pois pode se desligar do mundo. Disse, em matéria para o Jornal Folha de São Paulo, que seu game favorito, no momento da entrevista era Ratchet & Clank (PS3).

Engana-se aquele que diz que games tem idade entre as mulheres, além da apresentadora global, outro caso muito marcante, foi o da senhora de 99 anos, Umeji Narisawa, que se mantém firme e forte jogando NES.

As mulheres dos games

Vamos pensar um pouco nas personagens femininas do mundo dos games:

  • Samus Aran

metroid-port-u-201009270832115Samus era vista até Other M, como uma caçadora de recompensa extremamente profissional e segura. Uma figura feminina aparentemente inabalável. Porém, quando olhamos mais afundo, podemos perceber certo machismo por parte da Nintendo. Quem não se lembra da clássica cena de Samus em um biquíni sensual?

Em Other M, o fato da Samus profissional ser trocada por uma melancólica e emotiva, foi visto como uma forma de enfraquecer a personalidade da personagem.

  • Princesa Peach

A frágil princesa que não sabe se defender sozinha e que precisa sempre da ajuda de um homem (Mario), e sempre sofre dos mesmos maus, aparenta ser o tipo de pessoa que não aprende com os erros. Ama cozinhar e é delicada e angelical. Parece ter saído de um fábrica de bonecas.

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  • Lara Croft

Apesar de ser forte e destemida, a heroína na maioria das vezes aparece em imagens bastante sensuais. Apesar de que a Square Enix está tentando torná-la mais verossímil no novo Tomb Raider (PS3/X360).

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Agora é padrão que games como Elder Scrolls disponibilizem opções de avatares femininos. Mas no geral, as personagens mulheres não têm muitas figuras que realmente as representem bem.

Elas são gamers e hardcores!

Os homens ficam divididos: uns acham o máximo mulheres gamers, já outros acham ridículo. O fato é que 63% das mulheres já sofreram insultos de homens durante uma jogatina online. Outras 9,6% dessas mulheres deixaram de jogar completamente um game por esse motivo! É simplesmente inaceitável!

Portanto, são justificáveis movimentos e manifestos como esse:

Protesto inteligentíssimo protagonizado pelas garotas gamers!

Os homens veem como motivo de chacota o companheiro que perde para mulher. É uma questão de honra (cega e imatura) manter-se soberano na jogatina. Porém, nada justifica insultos contra mulheres. Para alguns homens, ainda está bem enraizado o estereotipo de que mulheres que jogam videogames são “barangas”, socialmente frustradas ou lésbicas.

O que as garotas gamers pensam?

“Uma das memórias mais antigas e marcantes que eu tenho relacionada ao videogame era fugir para a casa da vizinha e jogar Super Mario World no nosso queridinho SNES. Desde então fui acompanhando os novos consoles e seus jogos, cada vez mais tridimensionais, mas nem sempre tão bons quanto os jogos antigos. Atualmente ser uma garota gamer é como na minha infância, ir à casa dos amigos tirar uma lasquinha dos jogos novos que eles compraram e ver se são tão bons quanto as reviews afirmam.

 

Ser gamer é passar um tempo conversando, bebendo uma cerveja e disputando Tekken, às vezes “fazendo a roda” e às vezes apanhando feio, porém não é apenas socialmente que se joga, há aqueles momentos em que compramos um jogo novo e temos o prazer de virar em um domingo à tarde ou durante a madrugada. Infelizmente eu não tenho muito acesso ao Xbox 360 e PS3, em casa eu tenho apenas um Wii, então se tratando de jogos atuais eu fico presa aos que meus amigos têm a bondade de me mostrar, tendo isso em conta meu jogo favorito atualmente é Tekken 6 (PS3/X360), pois sou fã e acompanho a evolução da série. Sou obrigada a me considerar uma casual gamer, gostaria de ser hardcore, mas com a correria do dia a dia fica difícil ter um tempo de qualidade para sentar na frente da TV e apreciar um bom game.”

 

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Aline Sobierajski – Gamer

“Para mim, uma garota gamer é aquela que, além de gostar (muito) de jogar, está sempre procurando se informar sobre as novidades nesse sentido e tem um interesse verdadeiro por tudo que é relacionado aos games que ela gosta. É difícil escolher um jogo favorito; tenho muitos gêneros preferidos, como RPGs, de corrida, luta, puzzles... Das "antigas" um game que me marcou bastante foi 007 GoldenEye, do Nintendo 64. Dos mais recentes, um que eu posso mencionar é Zelda: Skyward Sword.

 

Eu me considero uma casual gamer pelo fato de que, embora passe boa parte do meu tempo de lazer jogando (e em qualquer oportunidade que surja) e procure estar sempre bem informada sobre o assunto, eu não me dedico tanto a sempre buscar e experimentar novos jogos, portáteis e consoles como acredito que uma "hardcore" faria. Às vezes sai um novo jogo, ou console, e todo mundo fica mega empolgado querendo testá-lo... E só depois de um bom tempo do lançamento é que eu vou atrás, pra experimentar, dependendo da repercussão que ele teve... Acho que mais por falta de acessibilidade mesmo que de interesse, enfim.”

 

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Bruna Lima – Revisora do Nintendo Blast

“Ainda chama um pouco de atenção (ser uma garota gamer), mas eu não costumo me diferenciar tipo ‘sou mulher jogando videogame’, porque sempre foi uma coisa natural pra mim. Volta e meia alguém gosta de zoar 'perdeu pra uma menina' mas não é algo que me incomode, sou meio adepta ao machismo. Normalmente as mulheres gostam de se vangloriar porque jogam videogame com o namorado e etc. Eu acho que é pra aparecer, fazer papel de boazinha e querida. Adoro Mario, Zelda, LittleBigPlanet e The Sims. A coisa mais hardcore que eu jogo é Uncharted. Tenho preferência por jogos mais simples, de ar infantil.”

 

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Tiffany Bittencourt – Diagramadora da Nintendo Blast e PlayStation Blast

“Em tempos atuais, por mais que quase metade do público gamer seja feminino, ainda é estranho as pessoas acharem que ser mulher e gamer ao mesmo tempo é coisa de outro mundo. Cabe tanto na mesma frase, como na vida real! E gosto, não de levantar a bandeira de que sou "mulher gamer", mas sim de que sou uma mulher. Sem feminismo ou qualquer ismo aqui, pois se jogo videogame ou não, já é um gosto pessoal e/ou hobbie meu e não precisa ser rotulado junto ao meu gênero.


O meu jogo favorito é Resident Evil, que conheci quando tinha meros oito anos de idade e desde então acompanho a série, coleciono itens da franquia e sempre debato saudavelmente a respeito com grandes amigos, que inclusive conheci por causa do game.

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Por conta disso e diversos outros fatores, não saberia dizer se sou hardcore ou casual. Para mim isso é muito subjetivo até, pois outros jogos favoritos meus incluem Just Dance, Kirby... Que para a massa, são jogos "casuais". Neste ponto, prefiro dizer apenas que me divirto com quase qualquer tipo de gênero gamístico. Afinal, videogame é num geral, isso aí: diversão!”

 

Jéssica Pinheiro – Colaboradora do blog Girls Of War

“Acredito que ser uma garota gamer é gostar de qualquer tipo de jogo, desde os de aventura até os “fofinhos”, de se divertir. Apesar de ser uma jogadora casual, sempre que tenho algum tempo jogo games como: Pokémon, Mario Kart, Halo, Tekken e Crash Bandicoot.”

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Catarine Aurora – Revisora do Nintendo, Xbox e PlayStation Blast

Girl Power

O Nintendo Blast apóia a causa das mulheres gamers, e acredita que elas têm tanto potencial quanto os homens. Apesar de algumas derrapadas, o mercado de games tem dado um destaque especial para esse público que apesar de ser quase 50% do mercado consumidor brasileiro de games ainda é considerado nicho.

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É inegável o preconceito dos homens, porém a realidade é que os preconceituosos já devem se conformar, pois com a tecnologia, cada vez mais, sendo criada para as massas, mais e mais garotas serão atraídas por games.

Elas, em sua maioria, preferem interfaces mais limpas e simples, porém existem garotas que realmente se dedicam aos games e disputam jogos “hardcore” de forma extremamente competitiva.

Depois do lar, do trabalho e dos filhos, ainda fazem o Joystick ferver! Desconstruíram a saudosa Amélia por completo!

Gostaríamos de agradecer as gamers participantes que se mostraram extremamente dispostas a participar dessa matéria.

Revisão: Catarine Aurora


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Ñ acho que mulher que é gamer é uma baranga até acho legal uma gamers pra jogar ao seu lado isso é um bando de babacas que acham que as mulheres são inferiores idiotisse
    eu sou homem e quero igualdade entre os gamers e as gamers

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  2. "Samus era vista até Other M, como uma caçadora de recompensa extremamente profissional e segura." Em Other M ela continua sendo isso tudo, apenas vemos um lado mais humano da Samus, como uma pessoa com fraquezas também.

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  3. Esse preconceito é pura imaturidade mesmo. Até mesmo homens que defendem mulheres gamers sofrem com isso.

    @Müller Lira, a imagem que todos tínhamos de Samus já havia sendo construída desde o primeiro Metroid, mais de 25 anos atrás. Mesmo não sendo nada oficial, a imagem que os fãs tinham (e alguns ainda tem, como eu) é a de uma caçadora durona e independente. Entretanto, a Nintendo resolveu torná-la em mais uma "princesina", tornando-a totalmente dependente de Malkovich. E, sinceramente, isso não mostra um lado humano, mas sim um estereótipo de que mulheres são fracas.

    E não, em Other M ela não continua sendo profissional e segura. A caçadora que conhecemos não pensaria duas vezes antes de se atirar na boca do Ridley se isso fosse causar mesmo que o mpinimo de dano, entretanto, em Other M, a reação dela foi de ficar paralisada de medo (sim, qualquer um se assustaria se seu pterodáctilo-espacial-nêmesis ressurgisse dos mortos em uma entrada triunfal como aquela, mas a reação dela foi de um trauma de infância, que ela já havia superado com a ajuda dos Chozo antes do primeiro Metroid/Zero Mission começar).

    Uma das "fraquezas" de Samus é ser não-profissional em algumas partes (como salvar a larva Metroid em Return of Samus, quando sua missão era exterminá-los, ou quando desobedeceu ordens diretas da Federação para exterminar todos os X Parasites em Fusion). Entretanto, resolveram atribuir à Samus uma personagem extremamente obediente, que não ativou a Varia Suit ou Gravity Suit nem mesmo para se defender sem que Adam autorizasse!

    Falando de Malkovich, o comandante suicida, gostaria de mencionar que achei sua morte foi em vão. A única pessoa que tem chances de enfrentar Metroids e sair viva no universo é Samus! Não importa se os Metroids podem ou não ser congelados, Samus já provou ser capaz de derrotá-los (Omega e Queen Metroids também não podem ser congelados, e Samus já os eliminou antes). Mesmo assim, Malkovich caminha em direção à própria morte (em vão) para salvar Samus de ter que enfrentar Metroids, algo que ela vem fazendo desde 1980! E muito melhor do que qualquer um!

    Outra cena que não faz sentido, é quando Adam atira em Samus pelas costas. A resposta de Malkovich quando Samus pergunta por que ele fez isso é que "os Metroids do Sector Zero provavelmente não podem ser congelados!", ou seja, aparentemente isso lhe confere o direito de atirar nas pessoas pelas costas.

    Enfim, você pode até achar natural a Samus de Other M, mas tenho minhas razões para desacreditar nisso.

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  4. Por um instante achei que quem tava narrando era mulher

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