Blast from the Past

Antes de dizer adeus ao mais famoso gentleman britânico, vamos recordar sua estreia em Professor Layton and the Curious Village (DS)

“Se existe alguém entre nós que apareceu pela primeira vez em um despretensioso jogo nos idos 2007 e já se tornou uma franquia ícone dos ... (por HugoH2P em 26/01/2014, via Nintendo Blast)


“Se existe alguém entre nós que apareceu pela primeira vez em um despretensioso jogo nos idos 2007 e já se tornou uma franquia ícone dos portáteis da Nintendo, ele - ou ela - seria o mais indicado a receber um Blast from the Past de sua primeira instalação. E tal pessoa é VOCÊ, Professor Layton!”. Caso não tenha reconhecido a estrutura, o diálogo acima escrito faz referência à animação sempre presente nos jogos da franquia - o clímax, por assim dizer - onde Layton aponta seu indicador para quem está por trás da trama principal. É dificil relembrar essas cenas e não ficar emocionado ao se dar conta que ao final de fevereiro estaremos vendo a última delas. Mas para nos prepararmos para esta despedida do professor de sobretudo e cartola gigante, nada melhor que rememorarmos suas origens, no jogo de DS “Professor Layton and the Curious Village”.

Seres Caricatos, Lugar Curioso e Jogo Incomum

Uma franquia nova, com personagens que ninguém conhecia e produzida por uma empresa também pouco popular, Professor Layton aportou no Japão em 2007 com suas animações lindíssimas (complementada com dublagem de atores nipônicos famosos) e quebra-cabeças baseados em uma coletânea de livros já de grande fama na terra do sol nascente. Desnecessário dizer que foi um sucesso


instantâneo, fazendo a série - que originalmente seria uma trilogia - render seis jogos. Mais curioso que o vilarejo onde a trama se passa, foi o fato do game, cujo apelo era voltado para o Japão, ter sido lançado na Europa e Américas no ano seguinte.

Caso você ainda não seja familiarizado com a série, Professor Layton and the Curious Village é um jogo com dinâmica de apontar e clicar. Clique no cenário para interagir com objetos, falar com pessoas,se locomover, encontrar segredos etc. Para progredir com a história, entretanto, é necessário resolver uma série de enigmas apresentados aos montes ao jogador, as vezes até fora de contexto. Não é raro você estar em um dos pontos cruciais da trama, clicar em, por exemplo, um relógio no cenário, e o Professor quebrar todo o clima pois aquilo o lembrou de um quebra-cabeça - que deverá ser resolvido imediatamente.

Longe de ser algo ruim, os diversos quebra-cabeças são um dos principais atrativos da franquia e uma das coisas que mais chamaram a atenção em Curious Village. Depois da estreia de Brain Age, Brain Academy e outros jogos que visavam estimular nossa massa cinzenta, Professor Layton conseguiu - teoricamente - fazer o mesmo através dos seus enigmas, mas de uma forma muito mais agradável e menos “agressiva”. O charme dos quebra-cabeças era complementado pelos personagens que lhes apresentavam ao professor. Desde um jovem comilão até um mordomo esquisito, não só os personagens principais como também todos os demais habitantes de St. Mystery (a cidade fictícia na qual a aventura se passa) esbanjavam carisma e permaneciam na memória do jogador, mesmo após o fim da história


Começando com o Pé Direito. Ou Melhor, com o Pé na Estrada

A animação de abertura, seguida pelo
diálogo dublado são inesquecíveis!
Aliás, junto aos puzzles que compõem os desafios do jogo, um de seus maiores atrativos é  sua história e as regalias que vêm agregadas à mesma. Iniciando o jogo somos agraciados com algo incomum no
DS: uma cutscene animada de altíssima qualidade na qual o protagonista - típico estereótipo de um gentleman britânico, o Professor Layton - e seu aprendiz se dirigem à cidade de St. Mystery. Na sequência, nos deparamos com outra coisa fora do normal: embora não mais em animação, interagimos com o Professor e seu ajudante, Luke Triton, num diálogo com dublagem digna de filmes. Após sermos apresentados à mecânica dos puzzles, a dupla chega na cidade e a aventura se desenrola.

O Professor, que é arqueólogo e dá aula na Universidade Gressenheller, ficou famoso por seu intelecto e capacidade de desvendar os mais difíceis mistérios. E é exatamente por isso que Lady Dhalia, uma recém-viúva, chamou-o à sua casa. Seu falecido marido deixou no testamento toda a fortuna para quem encontrasse um item escondido na cidade: a “Maçã Dourada”. A trama fica ainda mais densa quando ocorre um aparente assassinato e pessoas começam a desaparecer do vilarejo na calada da noite. Isso para não mencionar a estranha torre que se ergue no centro da cidade. Uma estrutura capenga e tão alta quanto um arranha-céu compõe a silhueta do local e ninguém tem a menor noção do que ocorre lá dentro. Boatos são vários: um monstro, máquinas de tortura… mas nada se sabe ao certo. Caberá ao Professor e seu aprendiz descobrirem os vários mistérios que rondam St. Mystery.
"Um pobre cachorro foi atropelado por um carro. Movendo apenas dois palits, mostre como o cachorro ficou depois de ser atropelado". Enigmas de palito saturaram tanto o primeiro jogo que nunca mais deram as caras na franquia.

Sinfonia para os Ouvidos e Colírio para os Olhos

Conforme o jogador avança na história, desbravando mais de uma centena de enigmas, ele é constantemente agraciado com animações nos pontos-chave da trama e revelações e viradas no enredo que nem Sir Arthur Connan Doyle poderia ter escrito. Embora a dublagem fique restrita a poucas ocasiões (sendo expandida em títulos futuros), somos compensados com uma belíssima trilha sonora regada a pianos, violinos e acordeões, invocando o que há de melhor na cultura inglesa em sua fase vitoriana. As composições não poderiam ser mais adequadas. Desde minimalistas, simulando caixinhas de música, passando por momentos tristes, até quarteto de acordeões que compõe o caótico tema de Don Paolo.

O Tema do Professor resume a personalidade deste grande personagem usando apenas instrumentos musicais. Mais adequado, impossível!
Além dos cenários e animações, várias
ilustrações permeiam a história
Quando seus ouvidos não se encontram no nirvana, os olhos é que são elevados ao paraíso. Não, não estou falando -mais uma vez- das excelentes animações entrelaçadas no enredo, mas sim dos cenários e design dos personagens. Com artes belíssimas compondo os cenários que foram transportadas para a pixelada tela do DS de baixa resolução, as mesmas mantiveram-se bonitas e infinitamente detalhadas. Cada tijolo desenhado em uma parede, cada musgo tomando conta de um prédio abandonado, cada árvore no parque, cada fonte de luz após o cair da noite… cada um desses elementos tornam as duas pequenas telas do portátil da Nintendo uma obra de arte que muda a todo instante.


Onde Tudo Começou

E foi nesse contexto de quebra cabeças misturados com point & click, história rica e animações soberbas, que o mundo foi apresentado a um dos personagens mais carismáticos que a indústria dos games viu na última década. Professor Layton and the Curious Village foi um daqueles jogos que servem para nos lembrar que as produtoras ainda podem nos surpreender. Ele foi um dos poucos títulos que aparecem em uma geração e fazem um sucesso estrondoso, deixando sua marca para a posteridade. Com sete horas de campanha, diversos puzzles opcionais, extras destraváveis e o final que deixa um “gostinho de quero mais”, em 2007-2008 o Professor embarcou numa aventura - quer ele soubesse ou não - da qual não teria mais volta. Entrando não só nos DS’s mas nos corações de jogadores ao redor do globo, o professor arrebatou uma legião de fãs fervorosos e já conta com seis títulos principais, um filme e alguns spin-offs debaixo do seu chapéu; e tudo começou com a visita àquele curioso vilarejo.

Quem diria que este curioso vilarejo criaria
uma série de tanto sucesso?
Se você nunca viu essa pérola que reformulou o gênero de Puzzles e estabeleceu diversos parâmetros de qualidade para a indústria de jogos em geral, ainda está lendo este texto por quê? Vá experimentar esse drama londrino pitoresco e treinar seu córtex pré-frontal agora! Já você que é fã de longa data desse cavalheiro, enquanto esperamos ansiosamente o lançamento de Azran Legacies, é válido honrarmos a profissão original do Professor, arqueólogo, e desenterrar nossa cópia de Curious Village para relembrar onde tudo começou. Afinal de contas, não é isso que um cavalheiro faz?



Com história soberba e criativos enigmas, Layton conquistou uma legião de fãs!

Capa: André Perez Segato
Revisão: Bruna Lima

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Só seis jogos :'( esperava q fossem mais, que o azran legacy n atrase na america

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