Blast from Japan

Matar titãs em Attack on Titan: The Last Wings of Mankind (3DS) é realmente emocionante

No primeiro semestre do ano passado, no começo de abril, o mundo conheceu a adaptação animada do mangá Attack on Titan ( Shingeki no Kyouj... (por Unknown em 09/01/2014, via Nintendo Blast)

No primeiro semestre do ano passado, no começo de abril, o mundo conheceu a adaptação animada do mangá Attack on Titan (Shingeki no Kyoujin, no original). Apesar do mangá não ter conseguido muito destaque no ocidente, bastou o anime para tantas e tantas pessoas despertarem o interesse pela história. E aqui estou eu com um 3DS japonês em mãos e com o título baseado na série que foi lançado semanas atrás: Attack on Titan: The Last Wings of Mankind. Posso dizer que um ano atrás eu não esperava que no fim daquele ano eu estaria tão empolgado pelo o lançamento de um jogo adaptado de uma história assim, pois adaptações para jogos quase nunca dão certo. E será que dessa vez deu certo? Vamos discutir isso hoje.

Um anime sobre mechas de carne

Sim, mechas de carne. Não literalmente, mas essa é a ideia que Shingeki no Kyoujin (ou Attack on Titan) me passou nos primeiros dez episódios. A história começa focando em Eren, um garoto que vive uma vida comum dentro de uma das três grandes muralhas, nas quais a humanidade vive. Não sei se classificaria a ambientação da história como uma "Dark Fantasy", pois é uma fantasia medieval bem bizarra e perturbadora. E essa perturbação que digo, vem da aparência dos tão temidos titãs: as criaturas entre 3 e10 metros que em sua maioria vivem no mundo. Devido ao seu tamanho, eles são mais fortes e rápidos que os humanos (apesar de parecem humanos pelados) e se alimentam de... humanos. Um ponto curioso é que descobrimos com o passar da história que eles não precisam se alimentar de pessoas, eles não têm alguns órgãos internos ou reprodutores, o que nos leva a afirmar que eles não precisam se alimentar de maneira alguma. Parece que a energia deles vem do sol, já que geralmente não costumam aparecer pela noite.

Certo, vamos voltar ao Eren. Por causa desses gigantes bizarros vivendo pelo mundo, a humanidade foi forçada a morar dentro de muralhas gigantes (cerca de 50 metros) que os protegem desses titãs (que têm até, em média, uns 10 ou 15 metros, nada muito acima disso),  a humanidade mora nessas muralhas há séculos. A grande maioria das pessoas nunca foram para fora dos muros e só sabem sobre os desertos e florestas através dos livros. Há religiões baseadas nas muralhas: louvando-as por os proteger. E a humanidade vive em paz assim há séculos, mas Eren discorda dessa situação: ele acredita que nós, humanos, devemos sair daquelas muralhas e combater os titãs lá fora, pois esse mundo é nosso por direito. Particularmente, eu teria o mesmo tipo de pensamento que o protagonista. Até porque, ele não conhece o medo, nunca viu um titã pessoalmente, pois, já que as muralhas são enormes e protegem a humanidade por séculos, pessoas entraram em uma zona de conforto e meio que esqueceram aquela ameaça que está lá fora aceitando morar ali.

A história começa a desenrolar ao fim do primeiro episódio, quando um titã aparece olhando a muralha por cima. Bem, ele não escalou a muralha: ele realmente é um pouco mais alto que a muralha, um titã de aproximadamente 50 metros de altura. Ao ver a cena, alguns humanos ficam perplexos, sem reação, silêncio é o que domina a cidade. Ao que parece, muitos não conseguem acreditar no que seus olhos estão vendo, e tanto seu corpo, quanto mente se recusam acreditar naquela simples imagem: um gigante que é maior que a muralha. Para evitar spoilers, não vou avançar muito além disso no enredo (e esse é o primeiro episódio do anime), mas somos introduzidos a esse mundo que está mudando e acompanhamos a mudança dele. Quem são os titãs? Eles são racionais como os humanos? Há alguém comandando eles? Qual objetivo deles, por qual razão se alimentam de humanos mesmo sem precisar? Quando e por que isso começou? Muitas dúvidas ficam em aberto e outras podem ser entendidas ao ler o mangá (já disponível no Brasil pela Panini) ou assistir o anime (encerrou a primeira temporada em setembro com 25 episódios) e toda essa ação e aventura está envolvida por uma critica social bem discreta (especialmente a situação atual do Japão).

Se titãs existissem, eu seria habilidoso como Levi ou Mikasa

Ou ao menos, essa é a ideia que o jogo me passa. Caso você não conheça o mangá ou sua adaptação animada, recomendo que conheça a história antes de iniciar esse título em seu Nintendo 3DS. O enredo do jogo é basicamente a história que conhecemos no anime, então, se você fizer o caminho inverso, começar pelo jogo, pode ter spoilers bem sérios sobre a história do anime. Por exemplo, uma das missões de Mikasa é proteger Eren para que ele feche a entrada da cidade. Para quem assistiu o anime, já sabe de que tipo de spoiler estou falando, sobre como Eren consegue fechar a entrada da cidade (algo que não pode ser imaginado no primeiro episódio do anime). Mas enquanto o anime foca em suspense e tensão, o jogo foca em ação e combate (felizmente). A narrativa do anime precisa terminar cada episódio com o suspense que traga o espectador para assistir na próxima semana. Algumas reflexões simples dos personagens, que levam um ou dois quadros do mangá, pode ser visto como dez minutos de um episódio do anime e essa extensão, esticar tanto isso, consegue manter a tensão. Isso é bom para o anime, mas seria horrível no jogo. Ainda bem que eles sabem disso.
Para matar titãs, usamos um equipamento diferente de qualquer coisa que eu me lembre. São dois acessórios anexados na cintura e combinados a diversas cintas pelo corpo que servirão para seu equilíbrio durante as manobras. Como podem ver no vídeo acima, esse equipamento usa ar comprimido para lançar o usuário no ar, enquanto pode lançar ganchos para anexar em alguma parede e usando seu equilíbrio ele pode lançar seu corpo para cá e para lá até chegar a nuca do titã, o único ponto fraco deles, onde ao serem acertados ali, morrem. O funcionamento desse equipamento é muito bem explicado em algumas páginas do mangá ou nos intervalos do anime: todo o design e a lógica por trás daquilo te fazem acreditar que é possível fazer um equipamento assim de verdade (e não é?). Ah, esqueci de citar, mas esses acessórios que ficam na cintura e guardam o ar comprimido também guardam laminas (espadas?) que são usadas para fazer o corte na nuca.

E aí vai uma crítica (se é que esse é um problema pra vocês): você pode se sentir como um Spiderman no jogo lançando cabos pra cá e pra lá, se prendendo e se pendurando entre prédios para eliminar titãs, mas percebi em alguns momentos você pode lançar o cabo em lugar algum (por exemplo, no céu). E ainda assim funciona. Jogando com um amigo, ele viu isso como algo muito negativo, que não é realista (?) e quebra o ritmo. Eu, pessoalmente, não vi como um problema e até digo que seria muito chato se fosse "tão realista". Imaginem que horrível vocês fazendo aquela manobra "irada" e do nada ela é interrompida pois você não teve onde lançar o cabo. Claro, não é possível "voar eternamente pra cima" fazendo isso, é coisa de uma vez ou outra que você acaba por lançar o cabo no céu e pode ser que algumas pessoas nem percebam ao assistir alguém jogando. No mais, fazer tantas manobras sem errar e matar titãs como um ninja, fez eu me sentir tão habilidoso quanto Mikasa ou Levi.

Somos incríveis por matar gigantes

O jogo é bem curto. Você tem pouco mais que dez missões com Mikasa, Armin e Eren, e missões em equipe. Eu finalizei esse modo história em pouco menos de seis horas. Então temos o World Mode que é apenas uma sequência de desafios para conseguir mais dinheiro e itens para melhorar seu equipamento. Jogar em co-op é uma experiência semelhante ao que você pode ter em Monster Hunter. Em suma, o jogo é muito mais divertido depois da história: a história serve mais como um tutorial gigante para você não fazer feio no co-op e World Mode, podendo aproveitar ao máximo esses dois modos. Infelizmente o game não conseguiu se salvar de alguns bugs. Nenhum que me incomode, mas já perceberam como ainda estou empolgado com o jogo? Talvez daqui alguns meses eu olhe para hoje e pense "fui muito movido por empolgação naquela época, esse bug realmente é horrível".

Vejo que o jogo tem potencial não apenas para uma continuação como também tem espaço para muitas melhorias. Uma adição interessante, em minha opinião, seria você poder criar seu próprio personagem com mais detalhes como Mikasa ou Eren. Juntando isso a um co-op online regido por um lobby para encontrar parceiros seria um jogo muito bom. Não que já não seja, mas poderia ser melhor. Ainda assim, o jogo deixa você se sentir tão incrível quanto Mikasa, não por estar na pele de Mikasa (ou de seu próprio personagem), mas por conseguir realizar manobras com tanta facilidade: vendo um titã, basta apertar Y para lançar seu cabo, focar em um olho ou calcanhar e apertar X (então temos um quicktime event para você conseguir cortar). É bem simples, mas do jeito que é exibido, parece ser algo bem complexo e fantástico.
Attack on Titan: The Last Wings of Mankind foi lançado para Nintendo 3DS em 5 de dezembro no Japão e não tem previsão para lançamento ocidental. O jogo conta com cerca de seis horas de diversão além dos modos extras que podem render por semanas. A história do jogo é um resumo da história apresentada no anime, mas focada nos momentos de ação. Infelizmente, devido a trava de região do 3DS, não é possível jogá-lo em um portátil de outra região que não seja o Japão. Devo dizer que como adaptação do anime pro jogo, o game foi um sucesso, e se eu pudesse dar uma nota pra ele, chutaria um 8.0.
Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Felipe Araujo

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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