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Gohma e suas múltiplas patas e faces

Um dos primeiros e mais icônicos adversários de Link em suas aventuras, essa rainha artrópode tem muita história para contar

Asquerosa, gigantesca e ameaçadora, Gohma é conhecida por seus numerosos membros e único olho. Este perigoso inimigo percorreu diversos jogos da série Zelda, atuando como chefe e minichefe em muitos dos calabouços enfrentados por Link. Desde sua estreia em The Legend of Zelda (NES) à sua colossal participação em Hyrule Warriors (Wii U), Gohma assumiu muitas formas, e agora é a hora de conhecê-las!

Um artrópode incomoda muita gente

Em suas múltiplas aparições, Gohma é sempre uma versão monstruosa de um artrópode, um filo de animais ao qual pertencem os insetos, aracnídeos e crustáceos. E a diferença não está apenas no número de patas, mas em toda a estrutura do corpo de Gohma, já que já o vimos em formato de aranha, escorpião e até caranguejo.
Via de regra, Gohma é caracterizada por seu exoesqueleto muito resistente — capaz de protegê-la de todo o arsenal de Link e até de lava vulcânica —, por seu único olho, que funciona como seu ponto fraco e pelos pares de chifres em seu dorso. Geralmente, os combates com o monstro envolvem acertá-lo no olho com alguma arma de longa distância, como flechas ou bumerangue. Como opções ofensivas, Gohma pode usar suas garras, disparar raios lasers e bolas de fogo, além de executar investidas com seu corpo.

Gohma em duas dimensões

A primeira aparição de Gohma foi no original The Legend of Zelda, como chefe da dungeon do dragão e minichefe do calabouço do leão. Desde então, suas características básicas estavam presentes: uma couraça resistente a ataques e um olho que, quando aberto, revelava um letal ponto fraco. O jogador deveria esperar que Gohma abrisse seu olho para atirar flechas enquanto mantinha distância de seus raios laser. Apenas uma flecha era necessária para abater a Gohma vermelha, mas sua variação azul, encontrada na campanha Second Quest, só era derrotada no terceiro ataque.
O início de uma longa história de amor e ódio
A versão de Gohma em Link's Awakening (GB) era bem semelhante à original, tendo como maior diferença o fato de ser enfrentada em dupla. Apesar de confrontar dois aracnídeos de uma vez na dungeon Catfish's Maw, Link não precisava se preocupar com raios lasers, substituídos por fortes investidas com o corpo. Esperar que Gohma abra o olho poderia ser facilitado caso o jogador tocasse a música Ballad of Wind Fish na Ocarina, o que fazia o monstro abrir o olho imediatamente. Diferentemente do primeiro Zelda, A Link's Awakening coloriu Gohma de verde.
Encrenca em dobro!
Já Oracle of Seasons (GBC) trouxe uma Gohma azul com, de brinde, uma garra semelhante à de escorpião ou caranguejo. A coloração azul e a grande garra já haviam sido incluídas no design de Gohma no desenho animado e no mangá oficial da série Zelda. Terá sido a representação de Gohma em Oracle of Seasons uma homenagem ou inspiração nesses design anteriores?
Que garras grandes você tem

Apesar da couraça resistente, a garra poderia ser destruída por espadadas, deixando seu olho vulnerável ao estilingue de Link. Essa Gohma foi a primeira, entre as versões bidimensionais do monstro, a invocar larvas de si própria para distrair Link durante a luta. O aracnídeo é o desafio final da Dancing Dragon Dungeon, protegendo a Essência da Natureza.
Menos aranha e mais caranguejo
Apesar da inovação trazida por Oracle of Seasons, Four Swords Adventures (GC) decidiu retornar ao esquema clássico de uma aranha capaz de disparar projéteis pelo seu único olho. Dessa vez, Gohma disparava bolas de fogo em direção a Link. Talvez essa seja a versão menos ameaçadora de Gohma entre os Zelda 2D, tanto é que sua participação chega apenas à de um minichefe, tendo ainda uma variação que funciona apenas como inimigo comum.
Um Link para cada pata

Mais dimensões, mais patas

Embora tenha se consolidado como um dos chefes e minichefes mais recorrentes da franquia Zelda desde o primeiro game da série, Gohma ficou ainda mais conhecida pela sua participação nos jogos tridimensionais. Neles, Gohma é também o primeiro chefe enfrentado por Link, marcando de maneira mais especial os jogadores. Os contextos em que se dão as lutas com Gohma, nestes games, também são muito icônicos.

O primeiro confronto que temos com Gohma no universo tridimensional de Zelda foi justamente no jogo de estreia dessa nova dimensão da franquia: Ocarina of Time (N64). E, como Gohma é o primeiro chefão do jogo, podemos considerar o artrópode também como primeiro chefe tridimensional de toda a franquia! Adentrando-se nos confins de Great Deku Tree, o jovem Link se vê numa sala escura, tomada por uma densa névoa. Após alguns segundos vagando perdidamente pelo local, o herói olha para cima e vê o brilhante olho de Gohma a observá-lo. A rainha aracnídea desce do teto, preparando-se para o combate.
Essa versão de Gohma não conta com a habilidade de disparar projéteis, porém só o seu tamanho já é o suficiente para amedrontar o jogador. O ponto fraco, mais uma vez, é seu grande olho, que, quando acertado por um disparo do estilingue de Link, atordoa completamente o monstro. Aí, basta aproximar-se de seu olho para massacrá-la com a Kokiri Sword. Apesar de derrotada, Gohma deixou em seu rastro de destruição a querida Deku Tree.
Quando alguém cutuca sua ferida

The Wind Waker (GC) deu continuidade ao legado de Gohma nos Zeldas 3D elevando o artóprode a outro nível. Muito maior do que a versão de Ocarina of Time, inspirada desta vez em um escorpião e capaz de resistir até a lava vulcânica, esta Gohma, até por também ser o primeiro chefe do jogo, serve para mostrar a evolução da franquia do N64 para o GC. Desta vez, Gohma estava causando problemas a Valoo, a entidade protetora da ilha Dragon Roost. O sofrimento do dragão, por sua vez, colocava a ilha e seu povo, os Rito, em grande perigo. Numa missão desesperada, Medli e Link sobem ao topo da montanha para livrar Valoo de sua dor, enfrentando esta temível Gohma como último desafio.

De todas as Gohmas, esta certamente é a mais resistente, visto que suporta tranquilamente a lava vulcânica de Dragon Roost. Interessante notar que até mesmo após ter seu exoesqueleto destruído, Gohma ainda é resistente ao magma. E é justamente destruir a sua couraça a estratégia que o jogador deve tomar para derrotar Gohma nesta luta. Mirando o rabo de Valoo com o Grappling Hook, Link faz com que o teto da câmara onde a luta se passa caia sob Gohma, trincando aos poucos seu exoesqueleto. Uma vez derrubado o teto, Gohma cai atordada, permitindo a Link fatiar seu precioso olho. Isso, é claro, se o herói conseguir evitar suas perigosas garras, que estão maiores do que nunca!

Em Hyrule Warriors, temos uma representação de Gohma mais próxima do que havíamos visto nos jogos bidimensionais: inspirada em uma aranha de quatro patas e capaz de disparar raios de seu olho. O globo ocular, mais uma vez, é o ponto fraco do monstro, que deve ser atingido com uma flecha. Esta Gohma também recebeu um aumento em sua capacidade de salto, podendo pular além da visão do jogador e aterrissar com todo o seu peso em quem estiver embaixo.


Filha de Gohma, Gohminha é

A partir de Ocarina of Time, tornou-se comum Gohma mostrar um elevado e útil potencial reprodutivo. Depositando ovos aqui e ali, o monstro consegue invocar crias suas, que atacam e distraem Link fora e dentro dos combates com Gohma. Normalmente, o design das crias de Gohma são versões reduzidas e simplificadas da aparência da Gohma daquele jogo, incluindo a presença do icônico olho único. Ele, por sinal, não é o ponto fraco das larvas, que podem ser derrotadas com uma espadada em qualquer parte do seu corpo.
As larvas de Gohma vistas em Oracle of Seasons são as mais estranhas, pois sua aparência é de apenas bolinhas coloridas com rostinhos, que incluem não um, mas dois olhos! Já em Twilight Princess (Wii/GC), não temos Gohma, mas, sim, Armogohma, embora as larvas do monstro se chamem, ainda assim, “Baby Gohma”. Nesse jogo, as larvas têm dois estágios de vida: uma em que são pequenas aranhas de patas finas e outra em que são aracnídeos maiores, com membros mais fortes.
Gohmas jovens estão entre as larvas e a versão final
Em The Wind Waker, embora não tenhamos um inimigo diretamente envolvido com Gohma, o adversário Magtail é bem semelhante à Gohma dessa jogo. Resistente a lava, semelhante a um escorpião, dotado de um único olho e duas presas, Magtail pode ser considerado o equivalente a uma larva de Gohma em WW.
O ponto fraco deve ser...

Quase Gohmas

Até aqui, já vimos que Gohma é um chefe e mini chefe bem recorrente nos jogos da série Zelda. Porém, mesmo nos títulos em que a artrópode não está presente, há inimigos muito semelhantes. O primeiro deles é o já citado Armogohma, de Twilight Princess. Essa gigantesca aranha, além de invocar larvas de Gohma para distrair Link, pode lançar raios de seu olho nas costas. Vencê-lo requer, assim como em Wind Waker, romper sua resistente couraça. Armogohma, mesmo após ter seu corpo destruído, tenta escapar através de seu olho, que é, por si só, uma outra aranha. Link, por sua vez, termina o combate destruindo esse último pedaço de Armogohma.

O único outro momento em que vimos Armogohma foi nesse pequeno teaser de um Zelda realista mostrado como demo técnica do Wii U na E3 2011, o Zelda HD Experience. Em Skyward Sword (Wii), o minichefe Moldarach compartilha algumas características com Gohma: ambos são artrópodes, possuem grandes olhos como pontos fracos e têm versões larvais. Moldarach é um escorpião que chega a ser enfrentado duas vezes durante o jogo. Em cada uma de suas duas garras, um brilhante olho funciona como ponto fraco. Suas larvas, chamadas Aracha, demoram um milênio para chegarem à forma final.

Em The Legend of Link

Além de redator aqui no Blast, também construo uma história em quadrinhos virtual que mistura todo o universo de Zelda ao roteiro do mangá One Piece. A obra, chamada The Legend of Link, busca reunir todos os elementos da série Zelda, desde personagens e itens a inimigos e localidades. E Gohma, é claro, não poderia ficar de fora dessa aventura! Vou mostrar a vocês como imaginei e construí a versão pirata de Gohma!
Gohma (esquerda) ao lado de outros perigosos vilões de The Legend of Link
Quando Gohma foi introduzida, The Legend of Link estava trocando de desenhista. Era, na verdade, o início de minha carreira como ilustrador da obra! Por conta da minha menor experiência naquele época, fiz um design mais simplista de Gohma. Tentei capturar seus aspectos mais importantes, como o olho único e a couraça resistente, ao mesmo tempo em que inspirei a rainha em outro artrópode: uma barata! Ou ao menos é assim que Link se refere a ela... Já que Gohma dessa vez é uma pirata, imaginei que um animal asqueroso e odiado combinaria.


Como Gohma é uma rainha, tornei-a capitã de seu próprio bando pirata. A tripulação de Gohma é repleta de suas larvas, semelhantes às de Ocarina of Time, e Peahats, parecidos com os de Wind Waker. A ideia era unir um tipo de inimigo diretamente ligado a Gohma (sua cria) com um monstro enfrentado aos montes em Forbidden Woods (Peahats), calabouço de Wind Waker em que Gohma é enfrentada em The Legend of Link. Os subordinados de Gohma de maior patente são Mothula e Big Deku Baba, outra tentativa de unir The Wind Waker e Ocarina of Time.

Coloquei Gohma também como um dos primeiros desafios de Link na obra para homenagear as batalhas icônicas contra Gohma em The Wind Waker e Ocarina of Time, que acontecem no início desses jogos. Em The Legend of Link, Gohma também causa muitos males à Grande Árvore Deku. Gohma constantemente utiliza Morths para imobilizar seus adversários e pode, inclusive, induzir seus inimigos a trair o restante de seus aliados. Quem está acompanhando a série deve saber que o destino não foi muito feliz com ela na ilha Windfall!
E assim encerramos nosso material de Gohma! Durante as próximas semanas, trarei mais conteúdo relacionado às pesquisas que tenho feito sobre Zelda para a HQ The Legend of Link. Vejo vocês na próxima matéria!
Revisão: Vitor Tibério 
Capa: Rafael Neves


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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