Entrevista

"Nintendo World não acabou", diz André Martins sobre futuro da revista em entrevista exclusiva

CEO da 4see/Tambor e proprietário da marca responde as principais dúvidas sobre a situação atual da NW.



Não existe nintendista que não conheça a revista Nintendo World. A publicação oficial da Big N começou a ser publicada em 1998, e acompanhou os brasileiros por toda a fase "by Gradiente" e até mesmo depois de a Nintendo sair oficialmente do Brasil em 2015. Porém, após mais de 200 edições, novas linhas como a "Collection" e prestes a completar 20 anos no mercado, a revista desapareceu das bancas e parou de lançar novas edições — sendo a última, número 201, de abril deste ano —, deixando seus assinantes sem nenhum esclarecimento. Como o Nintendo Blast sempre foi parceiro da publicação, inclusive trazendo seu conteúdo original para as páginas da revista, muitos de nossos leitores entraram em contato perguntando se a mesma havia sido cancelada. Por isso, entrevistamos com exclusividade André Martins, CEO da 4see/Tambor e proprietário da marca, para responder todas as suas questões.


Nintendo Blast — Qual a atual situação da revista? Ela acabou?
André Martins — Não, a revista não acabou. Apenas estamos reestruturando os processos operacionais e sobretudo logísticos para dar conta da nova situação de distribuição que se apresenta. Nosso objetivo é voltar no começo de 2018 com a produção normal.

Nintendo Blast — A equipe que produzia a revista até a última edição publicada permanece a mesma? Podemos esperar mudanças nesse sentido?
André Martins — A equipe não será a mesma. Estamos montando uma nova equipe para essa nova fase. Inclusive, quem tiver interesse em ajudar de alguma forma, pode entrar em contato.

NW 201, última edição foi
publicada em abril de 2017
Nintendo Blast — Recentemente, a página no Facebook da Nintendo World informou que problemas com a distribuição eram o real motivo da ausência da revista. O que, de fato, aconteceu nesse sentido?
André Martins — Sem dúvida o principal motivo da ausência da NW nos últimos meses é realmente a distribuição, que passa por um período crítico de reposicionamento e reestruturação. Estamos também nos organizando internamente para atender o nosso leitor de outras formas. Nosso objetivo é que nosso leitor tenha muitas opções para adquirir a revista e seus especiais.

Nintendo Blast — Depois que a Nintendo deixou o Brasil, houve alguma alteração de interesse do público pela revista?
André Martins — Muito pelo contrário. É incrível como o interesse pela revista e pelos assuntos Nintendo continua sempre muito vivo.

Nintendo Blast — A revista ainda é oficial Nintendo?
André Martins — Sim, a revista Nintendo World é oficial desde 1998 e assim deverá continuar por ainda muito tempo.

Nintendo Blast — Houve alguma interferência por parte da Nintendo of America que tenha contribuído para a ausência da revista?
André Martins — Absolutamente nenhuma interferência. Nosso relacionamente com a NOA é e sempre foi muito bom e muito profissional. Afinal, somos licenciados oficialmente desde 1998.

Nintendo Blast — A falta de representação da Nintendo no Brasil, de alguma maneira, dificultou a produção da revista? Por exemplo, no recebimento de jogos para análises?
André Martins — Na verdade, nossa relação de conteúdo é com a NOA, que sempre nos abasteceu com tudo de melhor que poderiam. A estrutura no Brasil através da Gaming era para efeitos comerciais, marketing, logística, etc. Nunca houve nenhum problema conosco neste sentido.

Nintendo Blast — É difícil para qualquer publicação física competir com a internet nos dias de hoje. Esse foi um dos fatores que provocaram ausência da Nintendo World?
André Martins — Olha, escutamos essa história de que a internet atrapalha as vendas de revistas físicas há muito tempo. É claro que no princípio, até poderia ter alguma contribuição. Mas a gente pelo menos foi conseguindo se adaptar ao novo modelo de negócio e aí a internet até ajudou. Nos últimos 3 anos a Revista Nintendo World cresceu bastante, a ponto de criarmos novos filhotes da revista mãe, como a Nintendo Collection, a Nintendo Pocket Guide, vários especiais e etc. Se compararmos os resultados da marca Nintendo World com o mercado geral de revistas, os números são muito bons. Enquanto o mercado de revista caiu mais de 60% nos últimos 3 anos, nós crescemos 15%. Infelizmente existem 2 motivos importantes que interferiram muito na nossa decisão de dar um tempo nas nossas publicações. Notem, não demos um tempo apenas na Nintendo World. Demos um tempo também na EGW, nos especiais da Herói e em toda a linha de quadrinhos Minecraft. O primeiro e talvez o mais importante é a real crise econômica que o Brasil vem passando. O segundo, a crise severa do mercado editorial, onde a cadeia toda (gráfica, papel, distribuição, assinaturas, publicidade, bancas, livrarias, etc) está com problemas. As pessoas com menos dinheiro no bolso e o mercado editorial em profunda reestruturação é a combinação perfeita para que editoras tenham problemas.

Nintendo Blast — O site da Nintendo World não está mais disponível. Existem planos para voltar a produzir conteúdo online?
André Martins — Ótimo que tenha perguntado sobre isso. O fato do site da Nintendo World não estar no ar nada tem a ver com o fato de a revista ter dado um tempo. A verdade é que as pessoas mudaram muito a forma de receber e acessar conteúdo online. Hoje, temos uma penetração muito forte das redes sociais , sobretudo nas versões mobile e dos canais de vídeo do YouTube. Estamos nos reestruturando internamente para dar conta de atender nossos leitores online onde quer que eles estejam.

Nintendo Blast — De alguma maneira, as edições Collection atrapalharam a produção da revista mensal? Veremos mais edições especiais da Nintendo World?
André Martins — De forma alguma. Tanto a Nintendo Collection quando a Pocket Guide e os outros especiais ajudaram demais a revista mãe. Tanto do ponto de vista de produção quando do ponto de vista da cobertura temática. E sim, veremos mais especiais da Nintendo no ano que vem.

Nintendo Blast — Em algum momento, a Tambor pensou em vender a revista para outra editora?
André Martins — Nunca pensamos em vender a revista para outra editora. Inclusive pelo fato dela ser uma licença oficial da NOA.
Das revistas prometidas para os assinantes em 2017, boa parte não foi entregue.

Nintendo Blast — Recebemos e-mails de leitores informando que não receberam as revistas prometidas quando fizeram a assinatura e também nenhum esclarecimento por parte da Tambor. Como está a situação dos assinantes da revista? 
André Martins — Ainda estamos devendo aos nossos leitores algumas edições especiais que foram prometidas e ainda não saíram. Estaremos acertando essa questão agora entre novembro e dezembro. Antecipando aqui para vocês, a decisão é que não podemos mais deixar nossos leitores esperando. Vamos acertar de 2 formas. A primeira, estaremos oferecendo o valor pago pelas assinaturas com as devidas correções em crédito para compras na nossa loja Popster. A segunda, quem preferir seu dinheiro de volta, faremos a devolução do valor em conta corrente. Pedimos desculpas à todos os leitores que adquiriram nossos pacotes.

Nintendo Blast — Quais as perspectivas para o futuro da Nintendo World?
André Martins — Estamos empenhando nossos máximos esforços para voltarmos ainda mais fortes. Até dezembro teremos novidades.  Agradeço à todos pela compreensão e pelo apoio nesses anos todos. E além do meu muito obrigado, fico a disposição para quem quiser maiores informações, bater um papo, criticar, elogiar, etc. É só entrar em contato.

E você, leitor? O que acha desta possível nova fase da revista Nintendo World? Se ainda tiver alguma dúvida, deixe nos comentários.

Colaboraram: Vinícius Veloso, Alexandre Galvão, Luigi Santana, Nivaldo Cavalcante, João Pedro Boaventura e Ailton Lucena Filho.

É o criador do GameBlast e está escrevendo, moderando, administrando e tantos mais 'andos' por aqui desde 2008, mas ainda tem muito o que aprender.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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