O Primor Visual e fácil jogabilidade tornam Musamasa: The Demon Blade um dos títulos mais atraentes – e um tanto enfadonhos – do Nintendo Wii
Musamasa é um RPG de ação lançado em setembro de 2009 aqui nas terras ocidentais, mas que deve ser muito mais interessante para os japoneses. Por quê? Simples: sua história é baseada no misticismo feudal nipônico. Mais especificamente, na era Genroku (de 1688 a 1704). Por isso, pra quem não é um profundo conhecedor das fábulas, mitos e lendas japonesas achará a história do jogo, no mínimo, monótona. Inclusive seu ritmo possui elementos do teatro Kabuki, misturando narrativa com ritmo e ação, o que casa muito bem e complementa o visual fantástico do game.
Nele, seguimos duas histórias paralelas. Kisuke é um ninja fugitivo sem memórias, enquanto Momohime é uma ronin possuída pelo espírito de um poderoso espadachim. Cada um segue seu caminho enfrentando muitos inimigos, achando e forjando muitas, mas muitas espadas. A trama se desenvolve repleta de falatório que você provavelmente não terá paciência de ler e um excessivo vai-e-vem nos cenários à medida que o universo do jogo – inicialmente pequeno – se expande consideravelmente. Isso se torna um dos elementos que contribuem negativamente na diversão, pois ter de voltar pelos mesmos cenários e matar novamente os inimigos, por mais belo que seja, visualmente falando, cansa. O fato de os cenários serem repetitivos não incomoda tanto nesse caso, apenas atravessar tantas áreas é algo que poderia ser evitado se houvesse algum sistema de atalhos.
Andando e cortando
A jogabilidade é consideravelmente fácil, tanto no Wiimote + Nunchuck, como no Classic ou no controle de GameCube. O próprio botão de ataque é o de defesa (isso mesmo), sendo os demais comandos para mudar de espada, ataque especial ou usar itens de recuperação. Isso pode incomodar os gamers mais hardcore, mas não torna fácil e nem diminui a diversão das Boss Battles, que são um show à parte no jogo, enquanto as batalhas normais contra vários inimigos também têm sua dose de diversão, repleta de saltos e cortes super ágeis dos protagonistas. Ou seja, mesmo com o botão A fazendo 90% da ação, isso não tira o mérito de Muramasa como um grande título do Wii.
Há três modos de jogo: Muso, Shura e Shigurui. O Muso é o mais “fácil”, por ser focado em aumentar o nível do personagem, enquanto Shura dá mais ênfase à ação, exigindo consideravelmente mais habilidade, principalmente para enfrentar os chefes. E é nesse modo que a alegria dos hardcorers irá acontecer em Muramasa. Pior ainda no modo Shigurui (liberado após fechar o jogo em Shura), que propicia a mesma dificuldade de Shura, porém com o HP limitado.
As armas
O que desempenha um papel central no jogo são as espadas. Funcionam como chaves para adquirir acesso a novas áreas, fazendo a história progredir. Assim, é possível ter 108 armas ao longo do jogo, que se dividem entre “blades” e “long blades”, sendo uma mais veloz e a outra mais lenta, por motivos óbvios. As espadas são obtidas matando-se chefes e vencendo desafios do tipo “mate 80 samurais raivosos”, do mesmo modo que se obtêm itens secretos. Também é possível forjá-las usando as souls coletadas no jogo, o que, basicamente é um sistema de compra. Cada arma tem seu estilo próprio, sendo uma combinação de elementos que afeta o combate, permitindo ataques giratórios, ataques longos, proteção elemental, entre outros atributos.
O deleite visual
O que há de mais marcante em Muramasa: The Demon Blade é, sem sombra de dúvida, o visual. Isso o torna um dos 2D mais belos da história dos games, e um dos jogos com visual mais rico no Wii. São cenários belíssimos, que agradam mesmo aos olhos, apesar de serem um tanto repetitivos. Os personagens são bem estilizados, mas os vilões são um show à parte. Além de difíceis e proporcionarem batalhas razoavelmente duradouras (pra quem joga no modo Shura), possuem os visuais mais bizarros do jogo, indo de insetos gigantes, animais marinhos exóticos, até demônios amedrontadores – e loucamente feios. E tudo isso casa bem com a trilha sonora tipicamente japonesa feudal, que fecha de vez a construção do clima de folclore nipônico de Muramasa.
Fora isso tudo, não há muito mais que o jogo ofereça. São as duas histórias principais e só, o que lhe manterá ocupado se tiver paciência de ir e voltar nos cenários. Entretanto, as lutas (mesmo com os controles simples) principalmente contra os chefes, somadas ao visual belíssimo do jogo, unem-se para tornar Muramasa: The Demon Blade um jogo único, do estilo “ame ou odeie”.
Muramasa: The Demon Blade (Wii) - Nota final: 7,75
Gráficos: 8,5 | Som: 8,0 | Jogabilidade: 7,0 | Diversão: 7,5