Análise: GoldenEye 007 (Wii)

em 23/12/2010

Há quanto tempo você provavelmente não joga um bom jogo do agente secreto mais famoso dos cinemas? No meu caso, o último que tive a oport... (por Rafael Neves em 23/12/2010, via Nintendo Blast)

Goldeneye_US_ESRB_WIIboxart_160wHá quanto tempo você provavelmente não joga um bom jogo do agente secreto mais famoso dos cinemas? No meu caso, o último que tive a oportunidade de jogar foi 007 Night Fire, no GC, mas o que realmente me marcou foi GoldenEye para o N64. Clássico FPS que marcou a geração e implementou muitos conceitos para os futuros jogos de tiro, o GoldenEye da época dos 64-bits recebe uma gloriosa releitura para o Wii. Como sempre, há aquela dúvida se será possível repetir o sucesso, dar uma cara nova ao game ou simplesmente sujar um querido nome. Tive a oportunidade de pôr as mãos neste grande jogo do Wii e digo que não é a mesma coisa que a versão original, mas nem por isso um péssimo jogo – muito pelo contrário.

GoldenEye-WiiA campanha solo de 007 GoldenEye para o Wii é divida em missões, cada uma com seus objetivos. Cada um deles, diferentemente de muitos outros jogos da série 007, são bem divertidos. Apesar dos objetivos não serem tão complexos, a missão como um todo é cheia de detalhes e sempre adiciona um capítulo à trama do jogo, que muda um pouco em relação à do game original. No remake, o foco não é tanto a guerra fria, e o enredo é mais direto, visto que se passa em apenas 6 missões. Quem escreveu o roteiro foi Bruce Feirstein, que também contribuiu para o enredo dos filmes. Para nós, brasileiro, a falta de legendas pode atrapalhar os diálogos, pois algumas falas são rápidas demais para se entender completamente em inglês. A história começa com Bond e Alec, agentes 007 e 006 respectivamente, invadindo uma fonte de armas de terroristas, e daí em diante o jogo lança o jogador numa série de missões em diversos estágios. É tudo muito intenso e frenético, em um momento você está numa boate noturna atirando nos capangas dos mafiosos e em outro instante está se adentrando na selva para descobrir o quão perigosa ela realmente é. E é interessante como GoldenEye mescla muito bem cut-scenes com momentos do jogo  da mesma forma que Metroid: Other M (Wii) fez. A mudança entre um e o outro é sutil e deixa o ritmo de jogo ainda mais fluido. Outro ponto importante é a grande destrutibilidade do cenário; se um inimigo estiver perto de um extintor de incêndio, atire no tanque vermelho e o seu adversário voará pelos ares.

goldeneye-007-20100715063806254_640wAlém de todas essas funcionalidades, o game também apresenta vários elementos que fazem com que o jogador adentre ainda mais na perspectiva de James Bond (agora interpretado por Daniel Craig e não mais Pierce Brosnan). Até mesmo nas cut-scenes, o jogador enxerga os fatos sob a visão do agente secreto, e é interessante ouvir a sua voz como se ela estivesse dentro de sua cabeça. Também é um jogo feito para gregos e troianos, há um leque de opções de controles para se jogar que satisfazem as necessidades e o tamanho das mãos de qualquer um. É possível fuzilar inimigos com o Wiimote + Nunchuk usando o pointer como mira, manusear uma arma através de um Classic Controller/Pro/controle de Game Cube ou ainda sentir-se na pele do agente através do uso do acessório Wii Zapper. Detalhe que o uso de movimentos do controle na opção Wiimote + Nunchuk não é nada abusivo e não se trata apenas de “chacoalhar” eles a todo o instante. Também não há como deixar de falar do Classic Controller Pro douradão que vem junto ao pacote especial do jogo, um verdadeiro item de colecionador!

Um agente (realmente) secreto

goldeneye-007-20100818055417861_640wGoldenEye reforça ainda mais um dos elementos chave do game: você é um agente “secreto”, e esse último adjetivo não está ai por mero acaso. Nesta releitura, você precisa andar agachado, tomar cuidado para que o inimigo não o veja quando você quebrar seu pescoço e se esconder de câmeras de vigilância. Se você for visto, acredite, descobrirá que a que a palavra “reforços inimigos” significa, na verdade, “tropas extras e imensuráveis de soldados muitos bem armados”. Não que tudo isso seja exclusivo de GoldenEye, mas o game definitivamente usa muito bem as características de espionagem da série.

goldeneye-007-20100818055421736_640wHá momentos em que é preciso usar o celular para investigar, um substituto do relógio de pulso do game original, ou também um substituto de um bom cinto de utilidades. O smartphone do agente é capaz de tirar fotos de possíveis armas terroristas, identificar suspeitos, usar programas para hackear sistemas de alarme e computadores. Dá até para virar máquinas de tiro automático contra seus inimigos. Definitivamente, GoldenEye honra o nome de James Bond e coloca-o como um agente secreto e não um simples soldado.

De terno e gravata

goldeneye-007-20100818055429079_640wVisualmente, GoldenEye está muito acima da maioria dos jogos que diariamente saem para o Wii, mas não chega a ser algo estrondosamente belo como Super Mario Galaxy 2 ou Monster Hunter Tri. A baixa capacidade técnica do console não serviu de barreira para a criatividade da Eurocom, desenvolvedora do jogo, no entanto, o problema em GoldenEye é a lapidação. É fato que há uma grande preocupação em detalhes do cenário e personagens, mas tudo isso com uma boa dose dos temíveis “serrilhados”. Os contornos dos elementos do jogo são todos quebradiços, o que incomoda muito os olhos. Não chega a ser um jogo “com cara de Game Cube”, mas não usa todo o potencial do Wii. Mesmo assim, é interessante atentar-se ao trabalho da desenvolvedora Eurocom com o jogo. Por exemplo, na missão da represa, há uma chuva torrencial e uma atmosfera obscura totalmente diferentes da versão de N64, mais uma adição muito bem vinda. Até mesmo a interface do jogo é bonita, mesmo que passear pelos menus do jogo não seja o foco de GoldenEye. Por outro lado, não há quase que irregularidade nenhuma no rosto das personagens, o que dá uma impressão de que eles fizeram umas horas extras de limpeza de pele. Em suma, O visual tem momentos de pico e momentos de descaso por parte dos desenvolvedores.

goldeneye-007-20100913100204014_640wEm se tratando das animações, não há o que se discutir. Cada elemento do jogo flui bem e é muito bem animado. Quando você atira em um inimigo, é fácil perceber que há reações corporais diferentes ao atingir a cabeça, o tronco, os braços ou as pernas do alvo. Só faltava a clássica reação a um tiro certeiro na mão, que, no game original, fazia o inimigo sentir como se tivesse sido picado por um mosquito. Quando os personagens conversam, suas feições também são muito bem representadas, aumentando a sensação de realismo do game. O próprio ator Daniel Craig e seu dublê foram chamados para fazer a captura de movimentos, dublagens e até mesmo dicas para o jogo em si incorporar uma atmosfera mais parecida com os atuais filmes da série 007. Detalhe para estas dublagens, pois todas são muito bem gravadas e interpretadas, completamente convincentes..

goldeneye-007-20100818055420033_640w Quando o assunto é sonoplastia e trilha sonora, GoldenEye brilha dourado (se me permite o trocadilho). As músicas de fundo têm a mesma qualidade das composições de cinema, todas muito bem feitas e combinando perfeitamente com a cena e suas circunstâncias. A música de abertura ao fim da primeira missão também impressiona. Os efeitos sonoros não deixam a desejar, como, por exemplo, quando um inimigo te detecta. Nessa hora, um efeito sonoro sinaliza de forma interessante o descuido, a música torna-se densa e você se prepara para matar adversário antes que ele grite desesperadamente: “Help, we are under attack!” (Socorro, estamos sob ataque!)

4 (ou até 8) em 1

goldeneye-007-20100810023007414_640wTalvez o ponto mais característico do GoldenEye original de N64 seja o seu modo para múltiplos jogadores. No remake, houve um cuidado excepcional com este fator. É certo que, no Wii, o multiplayer assemelha-se muito com a série Call of Duty também. Apesar de diferente, GoldenEye para o Wii tem seus motivos próprios para ter um multiplayer esplêndido. Digo isso por que, ao dividir a minha televisão em quatro telinhas e fuzilar meus melhores amigos, me tornei um escravo do jogo – é realmente viciante e dinâmico. No entanto, toda rosa tem seus espinhos, e aqui o problema, mais uma vez, são os gráficos. Ao partir uma grande tela em outras quatro, a quantidade de detalhes dos cenários e os serrilhados tornam difícil a boa visualização dos tiroteios. O destaque fica para os modificadores e modos de jogo, como Paint Ball, Melee mode e Golden Gun mode, este último é o mais divertido, que permitem as loucuras da versão de N64. Quase tudo pode ser customizado: o tempo das partidas, número de vidas do jogador, score máximo…

goldeneye-007-20101006004847328_640wPara mostrar ainda mais que a versão de Wii não é um port de um game do passado, mas, sim, um remake do futuro, a Eurocom implementou um modo multiplayer online via Nintendo Wi-Fi Connection. Num FPS, a vontade do jogador é de jogar uma partida sem demora, algo mais dinâmico. E essa vontade foi bem saciada, pois não é preciso mais do que um ou dois minutos para o jogo te transportar para uma partida repleta de outros craques. No entanto, disputar com os amigos exige o infernal sistema de Friend Codes, então é bom pegar papel e caneta para anotar o número de seus colegas. Detalhe que, quando jogado online, o número máximo de agentes sobe para 8, o que não é um problema gráfico, já que não é necessário dividir a tela (imagina como seriam 8 telinhas).

goldeneye-007-20100818055426157_640wA jogatina online corre sem muito lag, a não ser quando todos os jogadores se concentram num só lugar e atiram sem parar. É possível sentir uma certa queda na taxa de quadros, mas nada insuportável. O problema do grande número de atiradores é que é um pouco difícil respirar sem já estar na mira de alguém, as batalhas acabam por seguir a seguinte lógica: se você viu o adversário primeiro, você com certeza vai matar ele, e vice-versa. O sistema de experiência também é interessante, ele permite desbloquear funções extras, mas nada que favoreça o desnivelamento de jogadores, como modificar atributos e dar vantagens. O resultado? Uma experiência incrível que envolve dezenas de personagens, armas e cenários. São mais de 40 personagens selecionáveis, dentre os quais não só James Bond, Nathalia, Alec e os agentes do singleplayer, mas também clássicos da série como Jaws, Oddjob, Baron Samedi e Rose Kleeb – até mesmo inimigos aleatórios estão incluídos. Os campos de batalha são variadíssimos e muito bem arquitetados para que os jogadores se encontrem rapidamente e jogatina não perca o ritmo acelerado. Também sinto falta de um cenário transplantado do game original, pois todos aqui são originais, aproveitando apenas a ambientação da versão de N64.

Missão dada é missão cumprida!

Se a tarefa da Eurocom, desenvolvedora, e da Activison, publicadora, era de dar um novo gás ao clássico GoldenEye do N64, é certo que acertaram em cheio. Mas, se a missão era repetir o mesmo jogo, mas com gráficos e controles melhores, o objetivo passa longe do que realmente é o game. Não o leve a mal, mas é algo bem diferente do original. GoldenEye para Wii é um jogo novo, absorve elementos tradicionais, mas segue seu próprio caminho. E que grande caminho, diga-se de passagem! A jogatina solitária é curta, mas altamente viciante (você se pegará tentado a escolher por “Save and Continue” ao invés de “Save and Quit” ao fim das missões). Felizmente, o multiplayer também conta com o mesmo nível de diversão e uma maior durabilidade graças ao suporte a confrontos ao redor do mundo.

O veredicto? Não é o mais bonito, precisa de um polimento aqui e ali, mas é um dos melhores FPS que já vi no Wii, um concorrente de peso para o recém-lançado Call of Duty: Black Ops (Wii) e um futuro rival para The Conduit 2 (Wii)!

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GoldenEye 007  - Wii – Nota Final: 9,0

Gráficos 8,5 | Som 9,5 | Jogabilidade 9,0 | Diversão 9,5


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