Pouco mais de um ano após o lançamento de Mega Man ZX, para Nintendo DS, a Capcom trazia para o ocidente Mega Man ZX Advent, também para o portátil de duas telas da Nintendo. O jogo se passa poucos anos depois dos eventos de ZX, e traz como personagens principais Grey e Ashe, um Reploid sem memória e uma jovem humana membro da Guilda dos Hunters, respectivamente. Os heróis devem combater a ameaça Maverick liderada por outros Mega Men que buscam o poder do Modelo W. Aliados ao Modelo A, Grey e Ashe devem não apenas acabar com os planos de seus inimigos como também devem desvendar os mistérios por trás do Jogo do Destino e sua relação com os três Sábios líderes do governo vigente.
O fim da discriminação
Alguns anos após os eventos relacionados ao Modelo W vistos em Mega Man ZX, o governo, conhecido como Legion, decide diminuir as diferenças entre humanos e Reploids: aos humanos foram dadas melhorias cibernéticas enquanto os Reploids receberam uma espécie de expectativa de vida artificial. Isso facilitou o convívio entre as duas espécies, que passaram a cooperar e conviver em harmonia. Apesar disso, Mavericks ainda existiam e continuavam a ser uma ameaça para as duas populações, que precisavam se refugiar em áreas mais seguras, distantes das ruínas onde viviam as máquinas ferozes e descontroladas. Havia nisso, porém, um fator agravante: grande parte da mais poderosa tecnologia do mundo estava perdida nessas ruínas. E caberia aos Hunters desbravar essas ruínas e trazer essa tecnologia em segurança.
Assim como em Mega Man ZX, em ZX Advent podemos escolher entre um personagem masculino (Grey) e um feminino (Ashe). A grande diferença em relação ao jogo anterior é que dessa vez os personagens têm, além do gênero, atributos diferenciados. O Reploid Grey pode disparar mais rápido, mas seus golpes não causam dano muito alto. Já a humana Ashe causa danos maiores quando ataca, mas sua velocidade de ataque é um pouco mais baixa. Ambos, quando em sua forma original (humano ou Reploid), podem usar uma pistola comum e se agachar para passar por lugares menores, que normalmente não alcançariam quando utilizando alguma de suas transformações.
Reciclagem
Um fato que incomoda um pouco é que a história de Mega Man ZX Advent parece apenas uma reciclagem de seu predecessor. Temos dois personagens, um menino e uma menina, que se aliam a um Biometal e devem lutar contra outros garotos (que também utilizam Biometais), além de combater a ameaça trazida pelo Modelo W. Claro, a história em si é diferente em cada um dos jogos, mas a idéia central é praticamente a mesma. O lado bom é que ZX Advent, diferente de algumas continuações que seguem a mesma fórmula utilizada em seus predecessores, não fica na sombra do título anterior.
Com uma mecânica bem parecida com a dos demais jogos da franquia Mega Man, ZX Advent inova trazendo a possibilidade de se copiar os dados dos chefões de fase. Isso é permitido graças à habilidade do Modelo A, que copia as informações dos adversários derrotados e garante a Grey/Ashe não apenas as habilidades dos inimigos, mas os heróis ganham também a aparência completa dos vilões. Destaque para as transformações baseadas nos Pseudoroids (chefões que não são Mega Man), se transformar no Bifrost ou Chronoforce, por exemplo, e usar suas habilidades é incrível.
A jogabilidade também segue a mesma linha da franquia principal, com a diferença de que agora temos um mundo aberto que lembra muito jogos como Metroid e Castlevania. O jogo nos passa uma sensação de liberdade muito maior, visto que diversas vezes o jogador pode escolher a ordem em que vai visitar determinados locais, além de poder, ainda, simplesmente andar pelos cenários em busca de itens ou para completar sidequests.
Em Mega Man ZX tivemos cutscenes em estilo anime dubladas em japonês e legendadas em inglês, além de belíssimas músicas e cenários muito detalhados. E, em ZX Advent, não foi diferente: as cenas em anime voltaram com tudo, dessa vez totalmente dubladas em inglês e com qualidade de imagem um pouco superior. A dublagem em inglês, inclusive, está presente na maior parte dos diálogos do jogo. Não que a dublagem em si seja boa, mas a adição de vozes ao jogo foi uma sacada interessante. As músicas continuam ótimas, ajudam a manter o clima do jogo e dificilmente se tornam enjoativas. E os cenários (ah!, os cenários) mais uma vez foram muito bem trabalhados. Por vezes o jogo consegue passar uma noção de profundidade sensacional para um jogo de plataforma 2D, principalmente com os muito bem desenhados backgrounds.
Um dos grandes problemas encontrados no jogo anterior e que foi resolvido muito bem em ZX Advent foi em relação à tela de toque. Antes ela passava a maior parte do tempo exibindo apenas um logotipo, salvo quando alguma habilidade de certas transformações exibiam informações na tela de baixo do DS. Agora, em ZXA, quando o Modelo A (ou nenhum modelo) está sendo utilizado, a touchscreen exibe o mapa do jogo. E mais, aproveitando a sensibilidade ao toque proporcionada pela tela, o jogador pode navegar livremente pelo mapa simplesmente deslizando a Stylus na direção desejada. Além disso, com um simples toque é possível voltar imediatamente para a parte do mapa onde o personagem principal se encontra, além de poder, ainda, mudar imediatamente para qualquer transformação desejada.
Durante a aventura o jogador vai liberando, aos poucos, alguns minigames que podem ser acessados a partir da tela de título do jogo. É possível disputar uma partida de Gem Buster contra um amigo, bem como encarar novamente os chefões do jogo. E, para os fãs saudosistas, um elemento curioso foi adicionado: é possível liberar um minigame onde você joga ZX Advent com gráficos, efeitos sonoros e músicas que simulam os da era 8-bit! Simplesmente sensacional! Além disso, é possível usar o Modelo A 8-Bit durante a jogatina principal!
Finalizando
Mega Man ZX Advent é um ótimo jogo. Ele é tudo aquilo que seu predecessor foi e um pouco mais. As melhorias no gameplay, a nova mecânica de “clonagem” de dados, as participações especiais (sim, aguarde boas surpresas!) e as referências aos demais jogos da franquia, além das fases desafiadoras e a dificuldade bastante equilibrada fazem deste um dos melhores jogos de plataforma/shooter para o Nintendo DS. Claro que alguns probleminhas como a dublagem ruim (com atuações fracas e som um tanto quanto abafado) e aquela sensação de “GBA 1.5” podem incomodar, mas no geral Mega Man ZX Advent merece ser jogado e apreciado tanto quanto seu antecessor. Se você é fã de Mega Man e ainda não jogou, dê uma chance para ZX Advent. Você dificilmente irá se arrepender.
Mega Man ZX Advent – Nintendo DS – Nota Final: 8,5Gráficos: 8,0 | Som: 8,0 | Jogabilidade: 9,0 | Diversão: 9,0