Blast from the Past

Blast from the Past: Star Wars Rogue Squadron II: Rogue Leader (GC)

Antes de ser conhecido por um festival de sabres de luz psicodélicos ou bichinhos  fofinhos coloridos, o grande barato de Guerra nas Estre... (por Lucas Palma Mistrello em 14/11/2012, via Nintendo Blast)

Antes de ser conhecido por um festival de sabres de luz psicodélicos ou bichinhos  fofinhos coloridos, o grande barato de Guerra nas Estrelas era a ação espacial. Aqueles que assistiram a trilogia original primeiro ficaram de queixo caído pelos combates no espaço, caças, tiros a laser, cruzadores e destróiers. Essa foi a grande contribuição dos filmes para a história do cinema, e um jogo do lançamento do GameCube se reservou a recriar aquelas cenas tão fascinantes. Star Wars Rogue Squadron II: Rogue Leader não apenas deu continuidade ao antecessor de sucesso do Nintendo 64, como extraiu potencial máximo do console e elevou a um patamar acima jogos baseados diretamente em filmes.

Guerras estelares

primeira cena de Guerra nas Estrelas arrasou os quarteirões do já longínquo 1977. 


Embora o gênero ficção científica espacial já tivesse seus expoentes de relativo sucesso na televisão, no cinema esse estilo ainda era levado pouco a sério e extremamente descreditado. Mas na noite do dia 25 de maio daquele ano os espectadores antes de qualquer conversa eram apresentados a uma corveta espacial tentando escapar de gigantesco destroier imperial, e, dali para frente, o espaço sideral jamais foi um lugar calmo.

No NES e SNES todos os jogos baseados diretamente nos filmes esbanjaram qualidade técnica e de entretenimento (embora com dificuldade alucinante), mas a capacidade desses consoles não permitia que fosse possível recriar satisfatoriamente os combates espaciais, ainda que houvessem alternativas muito interessantes para os limites da época.

O primeiro grande jogo em consoles domésticos focado única e exclusivamente nos combates espaciais de Guerra nas Estrelas foi o universalmente aclamado Rogue Squadron para o Nintendo 64 (portado simultaneamente para PC) que foi apresentado aqui no Nintendo Blast semana passada. Embora contando com algumas missões bônus, o jogo não se propôs a recriar as mesmas batalhas passadas nos filmes.

Guerra nas Estrelas foi o primeiro filme a utilizar em larga escala efeitos visuais pela câmera com controle digital de alta precisão movimento, com um modelo desenvolvido especialmente para ele, o Dykstraflex. Esse método consistia numa complexa atividade de stop-and-motion, onde as miniaturas das naves espaciais ou veículos, além dos cenários, eram filmados separadamente em diversos ângulos e velocidades a partir dessa câmera de alta precisão. Isto é, eram mais as câmeras que os modelos que se movimentavam. Depois os negativos eram analisados para serem sobrepostos, recortados ou editados em conjunto e formarem uma só grande cena. 

Para restaurar a liberdade na galáxia

Star Wars Rogue Squadron II: Rogue Leader já tem como missão inicial (além da fase de treinamento) a Batalha de Yavin IV, a sequência de ação espacial que mudou a história do cinema, assim como estão presentes a Batalha de Hoth (O Império Contra-Ataca) e de Endor (O Retorno de Jedi) , que fecha(va) a saga de Guerra nas Estrelas. Você passará por todas estas etapas em que um pequeno grupo de rebeldes trazia consigo a esperança dos povos da galáxia.

A esquerda, a entrada na trincheira da Estrela da Morte, na Batalha de Yavin e a direita a frota rebelde se preparando para atacar a segunda Estrela da Morte em Endor. Cutscenes acima e filmes embaixo.

Rogue Leader foi capaz de recriar as batalhas dos filmes com precisão milimétrica: cutscenes (nas quais figuram apenas as naves e cruzadores) tal como as cenas reais filmadas por George Lucas, as mesmas falas da trilogia original com uma dublagem competente, embora com alguns altos e baixos, e realização de ações como as feitas pelos protagonistas nas telonas. Mas o grande mérito é que os realizadores da Factor-5 não resumiram o jogo a isso. Ele não se tornou apenas uma pedante e curta repetição de determinadas atividades idênticas às do longa (o que aconteceria com algumas fases de Rogue Squadron III dois anos depois).

Apesar de algumas atuações duvidosas, como a substituta de Carrie Fischer (Princesa Leia), a dublagem de Rogue Leader contou com um dos atores originais, Denis Lawson, que reprisou seu papel do proeminente piloto rebelde Wedge Antiles. O personagem, que você controla em algumas missões, é o xodó dos fãs da trilogia original. Ele foi o único que participou e sobreviveu a todas as grandes batalhas dos filmes, inclusive dando o tiro de misericórdia na segunda Estrela da Morte.  

Nas missões diretas dos filmes (Yavin, Hoth, Endor e missões bônus) as batalhas são retratadas como eventos de grande porte, com várias tarefas a serem realizadas. Indo a partir, todavia além, do apresentado nos cinemas. Da mesma maneira que as demais missões são referentes ou parte também dos eventos dos filmes. Por exemplo, em Ison Corridor Ambush, os rebeldes estão com seus cargueiros por locais inóspitos da galáxia, fugindo do Império em direção a Hoth. Em Prisions of Maw, devemos ajudar a libertação dos presos rebeldes capturados no gélido planeta, assim como em Razor Rendezvous, inicia-se uma luta pelas informações secretas referentes à segunda Estrela da Morte capturada pelos espiões Bothanianos.

Rogue Leader

Como líder do mais notável esquadrão rebelde, na pele ou de Luke Skywalker ou Wedge Antiles, você tem a obrigação neste jogo de dar alguns pequenos comandos aos seus alas. Normalmente pedir para que eles continuem em formação, ao seu lado, se dediquem a abater caças, destruírem as baterias anti-aéreas (anti-espaciais?), ou ainda se retirar da batalha para evitar mais baixas.

Você também tem acesso a um possante computador de mira, que lhe apresenta esquematicamente, a partir de sua visão no momento, quais são as aeronaves inimigas, quais são aliadas, ou o que deve ser destruído de acordo com o objetivo. Para acessá-lo, será necessário estar no modo de visão do cockpit, que é um show a parte! O jogador é capaz de se sentir num dos caças estelares, com detalhes belíssimos por toda a cabine em todas os caças selecionáveis, mesmo as destraváveis, também sendo possível movimentar a câmera por ele através da alavanca C.



Assim como em seu antecessor, cada um dos caças utilizados tem suas características próprias. Não eram apenas visualmente diferentes. A pesada Y-Wing lhe dará nos nervos com sua lentidão, mas suporta muito dano, assim como a sua A-Wing se despedaçará caso seja atingida poucas vezes, e a belíssima Naboo Starfighter continua a ser "apelona". Em alguns estágios você utilizará mais de uma nave, de acordo com as necessidades da missão, em especial a fantástica Vengeance on Kothlis, onde será necessário pilotar uma X-Wing, um Speeder e uma Y-Wing.

Grande responsabilidade

Rogue Squadron II foi um dos títulos de lançamento do Nintendo GameCube no já distante ano de 2001, mas mesmo no início da vida daquele console conseguiu extrair quase todo o potencial do hardware de sexta geração. As texturas são de qualidade incrível - destaque para a neve de Hoth, para o gigante gasoso Yavin e para água de Kothlis - e é possível admirar o visual dos caças de perto graças a uma câmera especial na seleção de aeronaves. Ela nos proporciona uma visão próxima e em primeira pessoa do piloto, para que pudéssemos analisar de perto as belezuras no hangar rebelde.


Reflexos na água do AT-AT e Destróier na água, e até mesmo da luz do laser.


Durante as batalhas a neblina continuou a existir nas missões, todavia muito mais aprimorada, é praticamente imperceptível, exceto em alguns níveis que ela faz parte, como Raid in Bespin, para simular as nuvens. Também foram desenvolvidos níveis diferentes de detalhamento dos modelos 3D para melhorar a emulação de distância, ou seja, ao ver um TIE-Fighter a distância não estamos vendo apenas um modelo padrão de longe, mas sim um propositalmente menos detalhado para simular a limitação da visão (humana?).


Após ter conquistado a maioria dos prêmios da 50ª cerimônia do Oscar, com seis prêmios, todos em categorias técnicas (trilha sonora original, edição de som, mixagem de som, edição de imagem, efeitos visuais e maquiagem/fantasia) Guerra nas Estrelas criou um novo patamar de qualidade na indústrias cinematográfica. Tanto que O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi conquistaram, cada um, uma estatueta de efeitos visuais hours-concours - Special Achievement Award, isto é, sem disputa. A qualidade era tão superior que não haviam outros filmes capazes de competir.
A responsabilidade do jogo era gigantesca, a responsabilidade de recriar cenas que renderam diversos prêmios a todos os filmes da trilogia, em efeitos visuais e sonoros. Embora algumas interpretações não sejam  grandes pérolas, a qualidade do áudio é indiscutível, assim como todos os outros efeitos, fidelíssimos aos dos filmes. E graças ao supremo hardware do GameCube não há lags ou slowdowns durante todo o jogo, mesmo quando há dezenas de TIE-Fighters, cruzadores rebeldes, destroiers imperiais, e todos os tipos de caças rebeldes atirando e explodindo como na Batalha de Endor.

A experiência definitiva

Star Wars Rogue Squadron II: Rogue Leader é uma das obras primas de todos os tempos dos consoles da Nintendo. Apresentou desde o início da vida do Cubo a capacidade que o console possuía, figurando sempre nas listas de melhores jogos do console, e não é por menos. A qualidade técnica e a jogabilidade do título são incríveis. Além de todo o cuidado da recriação das cenas dos filmes, dentro e fora do campo de batalha, vejam por exemplo, que para a primeira missão, o hangar de seleção das naves não é o do cruzador Home One, e sim da base de Yavin IV assim como na Batalha de Hoth, de acordo com a cronologia da trilogia.

Considerado um dos 1001 jogos que devem ser jogados antes de morrer, pela famosa coleção de livros da Universe, e eleito o melhor jogo de ação da E3 de 2001, este jogo merece aclamação geral da nação e receber o título, conforme apontado pela IGN, de experiência definitiva de combates espaciais. Talvez por isso, paradoxalmente, não sobrou muito mais o que ser feito no futuro próximo, e rendeu as discutíveis tentativas de inovação em Rogue Squadron III. Além de ser um título obrigatório para todos os fãs de Guerra nas Estrelas, ficção científica e combates espaciais, Rogue Leader é um exemplo de como um jogo baseado diretamente em filmes deve ser.


Star Wars Rogue Squadron II: Rogue Leader. Lançamento EUA: Novembro de 2001. Desenvolvedora: Factor 5/LucasArts. Sistema: Nintendo GameCube.



Revisão: José Carlos Alves


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Há controvérsias entre o hardware mais potente ser do GC ou Xbox. O Xbox era tecnologia PC, enquanto o GC era Power PC (muito superior). Baste ver os gráficos de alguns jogos multiplataformas (Spider Man: The Movie, por exemplo).

    O que Rogue Squadron fez certamente foi por conta do hardware; isso não desmerece o título, mas reforça que os itens mais apreciados da época (gráficos e sons) puderam fazer diferença por causa da tecnologia, assim como outros jogos como RE Remake, RE4 comprovam isso.

    ResponderExcluir
  2. Um dos melhores jogos de nave em todos os tempos (se não for o melhor).

    ResponderExcluir

Disqus
Facebook
Google