Blast from the Trash

Sonic the Hedgehog Genesis (GBA) é o suprassumo de como não se fazer um port

A versão de Game Boy Advance de um dos maiores ícones dos anos 90 é o exemplo perfeito da expressão “flopar”.














Os nintendistas que me perdoem, mas cresci com o ouriço azul correndo de um lado para o outro na tela — nunca fui fã de Mario, confesso. Minha porta de entrada para o mundo dos videogames foi um Mega Drive e meu jogo favorito, até hoje, é Sonic the Hedgehog (ou Sonic 1 para os mais íntimos).

Correndo e pulando de console em console, Sonic criou vínculos com diversas companhias, até mesmo com a Nintendo — tanto que o port do primeiro jogo para o Sega Ages (Switch) é considerado um dos melhores pelos fãs, isso sem mencionar Sonic Mania (Multi). No entanto, entre diversos erros e acertos, um título em especial deu muito errado: a versão para Game Boy Advance de Sonic the Hedgehog.

Acredite em mim: é muito difícil eu falar mal de um jogo da minha mascote favorita de todos os tempos, muito difícil mesmo. Sonic the Hedgehog Genesis (GBA), no entanto, em vez de ser uma homenagem ao 15º aniversário do ouriço mais rápido do mundo, acabou sendo um presente de amigo da onça.

Quem vê capa não vê conteúdo

Close errado

Nem mesmo as mudanças incluídas, que serão explicadas mais adiante, salvam o port, infelizmente. Com uma física assombrosa, Sonic ora não corre, ora corre em demasia, fazendo com que seus pulos sejam imprecisos e desastrosos, pois a engine usada é a mesma de Sonic Advance. Embora ela seja aplicável nos títulos do ouriço para o Game Boy Advance, não foi uma boa escolha para o jogo em questão.

Tão mal executado quanto a engine é o áudio do jogo. No Mega Drive, ainda tínhamos a desculpa das limitações da época, mas não houve otimização das excelentes músicas para o portátil da Nintendo. O resultado é uma mistura de sons das eras 8-bits (Master System) e 16-bits (Mega Drive), com BGM desta e efeitos sonoros daquela.

Para fechar com chave de ouro a categoria de adaptações mal feitas, gostaria que alguém me explicasse o motivo do zoom excessivo na tela. Entendo que, se comparada com a de um televisor, a área visual do Game Boy Advance é menor, mas isso não justifica a terrível adaptação do visual de Sonic 1. Pelo menos conseguiram a proeza de não estragar os gráficos. Ufa.


Spin Dash direto para a lata de lixo

Sonic the Hedgehog Genesis, como comentado anteriormente, possui algumas melhorias em relação ao jogo original. A primeira delas é o Anniversary Mode: embora a jogabilidade seja a mesma, houve a inclusão do Spin Dash, movimento que fez sua estreia em Sonic the Hedgehog 2 e que, posteriormente, se tornaria o movimento de assinatura de Sonic.

Outra quality of life (do inglês, qualidade de vida) é a função de bateria (battery), que permite que o progresso seja salvo cada vez que uma fase é completada. Isto é, se for possível concluí-la, haja vista a jogabilidade horrível do port.

“Na força do ódio”, é possível passar os estágios. Não querendo me gabar, mas já fazendo-o, tanto no Switch (Sega Ages) quanto no Virtual Console do 3DS, consigo zerar Sonic the Hedgehog com todas as Chaos Emeralds. Amigos meus estão de prova disso e inclusive realizei esse feito na presença de um deles pouco antes de a pandemia começar. Em Sonic the Hedgehog Genesis, por outro lado, se acessar um dos Special Stages é uma tarefa hercúlea, conseguir as esmeraldas já são outros 50 anéis.

Enquanto isso, no Switch...

Por falar nas Chaos Emeralds, só é possível acessar o Jukebox (uma espécie de sound test) ao completar ambos os modos (Original e Anniversary) em posse de todas elas, cada um deles destravando uma metade desse conteúdo extra (efeitos sonoros e músicas, respectivamente). Sinceramente, não me dei o trabalho de encarar os Special Stages, porque se os comandos já não são responsivos nos estágios normais, nos especiais eles são ainda piores.

E ainda há quem diga que a fase do Ice Man em Mega Man (NES) é horrível em termos de jogabilidade, mas aposto um continue que essas pessoas nunca se atreveram a jogar a Labyrinth Zone em Sonic the Hedgehog Genesis. Já imaginou ter que lidar com movimentos em slo-mo e física de gelo debaixo d’água?

É “Gotta go fast!” que fala?


Por mais que seja meu jogo preferido até hoje, Sonic the Hedgehog não é um dos melhores exemplos para sua própria frase temática, devido às diferentes mecânicas apresentadas ao longo dos estágios que acabam desacelerando o ouriço azul. Porém, foi um dos primeiros platformers que realmente desafiaram a velocidade, e o Spin Dash introduzido na continuação ajudou a impulsionar esse lema.

Infelizmente, Sonic the Hedgehog Genesis corre na direção errada, apresentando lag, bugs (especialmente nas hitboxes) e diversos problemas de command input ao longo da jogatina. É com muito pesar no coração que eu digo que este port pode ser um dos motivos para gerar um ódio irremediável por Sonic.


Igualmente, se a Juliana do passado tivesse tido contato com este jogo em vez do clássico de Mega Drive, com certeza ela não seria a fã de Sonic que é hoje. Mas ainda bem que temos o port maravilhoso do Switch e o Sonic Mania, né?

Revisão: Davi Sousa


Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
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  1. Realmente é um joguete pavoroso,nem se compara com a versão do mega drive!!Ótima matéria! !

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