Mais um caso polêmico envolvendo o troca-cartas do 3DS vem à tona no Japão

Quando a Nintendo tomou a decisão de encerrar a função spotpass do aplicativo Troca-Cartas do 3DS no início do mês passado, devido à transmissão de "mau conteúdo", a reação dos fãs não foi das melhores. Como pode ser visto em alguns dos comentários da então novidade, muitos acreditaram ser uma bola fora da Big N. Posteriormente alguns portais conseguiram maiores informações sobre os motivos pelos quais a empresa decidiu desativar o software, em sua maioria relativos a utilização do console como instrumento facilitador de prática de pedofilia virtual e física no Japão. 

Mais um caso envolvendo exposição de menores a partir de um 3DS veio a tona no Japão. Ocorrida na província japonesa de Ibaraki, distante menos de 100 km de Tóquio, a história envolve um garoto da sexta série do equivalente ao Ensino Fundamental no Japão (na faixa etária entre 11 e 12 anos). Em setembro, ele foi convidado para ir até a casa de um colega. Nesta oportunidade, lá estavam mais 6 garotos que, então, despiram a vítima, tiraram fotos dele nu com a câmera do 3DS e divulgaram pela internet afora. Atualmente os 7 colegas e seus pais estão respondendo judicialmente.

Por aqui, a adolescente Júlia, de 16 anos, anuncia seu suicídio após um vídeo íntimo ser divulgado indiscriminadamente.

A atitude da Nintendo de encerrar a função é louvável e extremamente acertada. Em nosso país, a função de compartilhamento de vídeos do Whatsapp ocasionou recentemente - e provavelmente não foi o único - um suicídio de uma adolescente no Piauí após um vídeo íntimo seu ser compartilhado indiscriminadamente. Dentre as milhares de culpas possíveis para casos assim - culpar a má educação dos pais, a falta de descrição dos jovens e assim por diante - está, em primeiro, lugar a omissão das redes sociais nisto tudo.

Desde as redes mais pré-históricas como MySpace, ICQ e Orkut, sempre foram proibidos perfis para menores de determinada idade e isto por um motivo extremamente importante: as redes sociais dão a criança e ao adolescente a capacidade dele divulgar, com amplitude mundial, material e informações sobre si próprios ou de outros jovens suas intimidades sem que eles tenham discernimento moral e legal para fazer isso sozinhos. Lembrem-se que qualquer divulgação de imagem, material ou informação de menores de idade apenas pode ser feita com autorização dos pais ou responsáveis.

O que a Nintendo fez foi não deixar estes termos servirem apenas de enfeite. Ela não se omitiu quando os casos apareceram.

Ao invés de tomar a postura extremamente cômoda de Facebook, YouTube, Twitter e derivados de se omitir completamente deste problema - que deixam rolar soltos uma infinidade de perfis e materiais claramente de menores e repletos de informações que deveriam ser sigilosas sem a menor fiscalização - a Nintendo agiu para impedir, ainda que de forma drástica. Neste caso, a única coisa que ela merece são aplausos.

Fonte: He-MagicBox