Game Music

Música de videogame como produto cultural

Olá pessoal do Nintendo Blast ! A convite do Sérgio e do Gustavo, estou aqui como colunista do blog para falar de game music , ou trilha ... (por Anônimo em 17/02/2009, via Nintendo Blast)

Olá pessoal do Nintendo Blast! A convite do Sérgio e do Gustavo, estou aqui como colunista do blog para falar de game music, ou trilha sonora de jogos. Gostaria de agradecer muito o convite e dizer que começo minha coluna (que será, no máximo, quinzenal), contextualizando sobre a música de videogames e bandas que fazem versões das trilhas, para aquelas pessoas que ainda não conhecem.

Bem, nem preciso dizer o quão importante a música é e foi para os jogos. Desde os primeiros “blips” até as trilhas em MP3, o objetivo sempre foi o de criar a atmosfera ideal, ditar o clima de cada fase ou momento e causar as mais variadas emoções. No início, quem fazia as trilhas eram os programadores, que na maioria das vezes não entendiam nada de música. Mas, com o tempo, as produtoras passaram a contratar pessoas com mais experiência musical para criar as músicas.

Mesmo com algumas limitações, como no caso dos consoles de 8 bits, os compositores conseguiram fazem excelentes trilhas, que servem de base até hoje para jogos da mesma série. O próprio Nobuo Uematsu, criador da maioria das músicas de Final Fantasy e Chrono Trigger, afirmou que não entende como os compositores da época conseguiram criar trilhas tão diferentes com apenas três ou quatro notas.

Sobre a importância da música nos jogos: Matthew Belinkie, no artigo Video game music: not just kid stuff, realizou um estudo com jogadores e constatou que a música (para eles) é importante para a popularidade do jogo, uma vez que ajuda a criar uma atmosfera mais envolvente. Mesmo assim, eles admitem que ela é menos importante que uma boa jogabilidade. Além disso, adivinhem qual foi a trilha mais lembrada nesse estudo? Isso mesmo, a de Super Mario Bros., de 1985.

O sucesso de algumas trilhas fez com que surgissem pessoas e bandas que “remixam” ou adaptam as trilhas dos jogos. Como a música de videogame é feita em computador, para essas pessoas é um desafio adaptá-las a instrumentos musicais. Foi esse desafio que fez surgir bandas como The OneUps (que faz versões em jazz), Minibosses (versões rock), NESkimos (banda de hard rock), Metroid Metal (que faz versões heavy metal da série Metroid) e as brasileiras 8 Bit Instrumental (Banda de Uberlândia – MG que faz releituras de músicas dos consoles de 8 e 16 bits), MegaDriver (que faz versões heavy metal), Metal Heroes (também versões heavy metal) e Smash Bros. (versões rock). Além disso, há também orquestras que tocam as trilhas, como a Vídeo Games Live (show que foi criado por Tommy Tallarico e Jack Wall em 2002, ambos compositores que trabalharam na indústria dos games) e Symphonic Shades (concerto dedicado exclusivamente ao trabalho do compositor Chris Hülsbeck).

Geralmente vejo caras feias e narizes torcidos quando falo em música de videogame. Ou senão, quando falo nas bandas que fazem versões, ouço as célebres frases “que perda de tempo”, “esses caras não têm mais nada pra fazer?” e por aí vai... E aí pergunto o seguinte: por que essas pessoas não fazem essas perguntas para aquelas pessoas que fazem funk (esse tipo de música que qualquer um faz, sem nenhum embasamento musical) e pra quem rebola na televisão praticamente sem roupa? Ora, uma banda que faz versões das músicas de videogame está fazendo o mesmo trabalho de qualquer outra banda e está tentando ganhar seu pão como qualquer brasileiro. Por isso, espero que com esse post as pessoas deem mais valor ao trabalho dessas bandas e à música de videogame em si, que é um produto cultural como qualquer outro. Até a próxima!

Camila Schäfer é a criadora do blog Console Sonoro, que traz novidades sobre trilhas sonoras de games, entrevistas com bandas e muito mais.


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Parabéns pela postagem Camila e seja bem-vinda ao Blast!

    Quanto ao seu texto só posso concordar completamente. Acho que a maioria das pessoas quando ouvem a palavra "videogame" já deixam exacerbar todo o seu preconceito. Me lembrei de quando sugeri algumas canções da ótima trilha de Beyond Good & Evil para as vinhetas do radiojornal que produziamos aqui na universidade. Elas foram rapidamente recusadas, sem mesmo serem ouvidas.

    Felizmente essas bandas só servem para criar um importante meio de divulgação e quebra de preconceito.Tudo o que se populariza se torna mais fácil de ser aceito. Não que isso seja sempre bom (como no Funk já citado por você).

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  2. Pois é, essa questão é f** mesmo.. mas enfim... meu TCC será sobre música de videogame e quando falo as pessoas tbm ficam espantadas. Já meu professor adorou a ideia, inclusive foi ele quem sugeriu o assunto, baseado no meu blog...

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  3. Que sorte encontrar um professor desses einh! Os meus são bem quadradões!

    Não gosto de fazer isso virar chat, mas onde vc estuda?

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  4. Na Unisinos, São Leopoldo, RS

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  5. Eu encaro as trilhas sonoras de jogos da mesma maneira que qualquer outra música, pois não deixa de ter inspiração e criatividade do autor. Eu acho que as melhores trilhas sonoras são de jogos de gênero RPG, pois elas têm que se adequar a situação ao que o jogador passa, sejam elas tristes, felizes ou em uma cena de batalha ;)

    E parabéns pelo post, está muito legal mesmo.

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  6. o tipo dem usica que mais consumo atualmente.

    Detesto a mania americana de usar hip hop e rock de radinhas em nome do jabá

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  7. Parabéns pelo convite e principalmente por ter aceito o desafio! E sobre as bandas, não sei se já te recomendei, mas acho que está faltando você conhecer o material musical da banda The Protomen. Tem algumas coisas publicadas na Benzaiten sobre eles e estamos devendo uma continuidade (ops!). Pesca lá.

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  8. camila, voce faz bacharelado etc em qual area? pretendo fazer mestrado com esse tema e ja estou pesquisando (sou bacharel em musica) poderiamos trocar informaçoes.

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  9. Olá Zek, sou estudante de jornalismo. Meu TCC será sobre a música de videogame como produto autonomo, para além dos videogames, ou seja, atingindo outras mídias. Se quiser, pode me mandar e-mails que trocamos informações. O endereço é kemily_metallica@yahoo.com.br.
    valeu!

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