Blast from Japan

Blast from Japan: Wonder Project J2 (N64)

Sempre quando vou escrever sobre algum game aqui no Blast from Japan, prefiro escolher os mais bizarros. Primeiro, porque games exclus... (por Gustavo Assumpção em 12/11/2009, via Nintendo Blast)

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Sempre quando vou escrever sobre algum game aqui no Blast from Japan, prefiro escolher os mais bizarros. Primeiro, porque games exclusivamente lançados no Japão quase sempre seguem essas características. E segundo porque alguns desses títulos taxados de "bizarro" escondem grandes idéias por trás. É mais ou menos esse o caso de Wonder Project J2, um simulador diferente de tudo o que você já viu, lançado pela Enix para o Nintendo 64 em 1996.

  • Aprendendo a ser gente

summaA Enix – antes da fusão com a Square – sempre foi uma produtora que privilegiou a inovação em seus títulos. Só pra citar games vindos da era 16 bit, temos Star Ocean (com seu sistema de batalha e seus múltiplos finais), EVO: Search for Eden (um bizarro simulador de criação), o RPG steampunk Robotrek, o RPG de enredo inovador Terranigma e tantos outros. Wonder Project vai mais ou menos nessa linha, já que também surgiu no Super Nintendo e teve uma continuação muito melhor para o Nintendo 64, batizada de J2.

Essa segunda versão segue exatamente o mesmo tipo da primeira, ou seja, é um simulador com muito texto, uma história densa, múltiplos caminhos e visual estilo anime. No Japão, o game foi um dos primeiros lançamentos para o Nintendo 64, e foi lançado inclusive em um pacote com um Controller especial.

Apesar de ser uma continuação do primeiro game da série, a história não segue uma linearidade que necessite saber o enredo do primeiro como pressuposto. A trama segue os passos da robô Josette, considerada por muitos como um dos personagens mais cativantes já criados em um game. A história é extremamente complexa e mistura cibernética, valores humanos e morais e uma boa dose de emoção.

  • Descobrindo a vida

josetteandpino A jogabilidade do game segue um esquema pouco convencional, misturando adventures clássicos, elementos de puzzle e de simuladores de encontro. Ao contrário de controlar a própria robô, o jogador controla o passarinho Bird, criado com a função de "ensinar" Josette a se tornar uma humana. O engraçado é que conforme o game avança, Josette se torna tão humana que de certa forma se torna irritante! Engraçado é que os objetivos do game são muito diferentes. Envolvem elementos como ensinar a robô a cumprimentar as pessoas ou conseguir fazer ela entender que é uma garota.

O foco então são nesses ensinamentos na primeira parte, que se ampliam para uma experiência bem rica do meio para o final. Um ponto interessante é que o game te inunda com perguntas a todo momento, mas não há respostas certas ou erradas. O que acontece é que elas influenciam de maneira decisiva no que irá acontecer na seqüência. O avanço no game acaba dependendo do avanço tanto de aprendizado como emocional da robô.

bravejosette1A história é tão intrigante, que você vai se sentir muito tentado para continuar prosseguindo. A trama é uma bela metáfora da descoberta de valores tão normais para a maioria das pessoas mas que pra alguém que não os conhece, se tornam enormes novidades. Amor, morte, depressão, tristeza, alegria são apenas alguns dos sentimentos e emoções que Josset vai aprender a sentir e conviver.

Ruim é observar que a parte técnica – visual e som principalmente – não são lá muito competentes – afinal o game é de 1996, uma época de transição entre o SNES e o N64/ PSX. Mesmo assim, a animação dos personagens, os cenários estáticos em duas dimensões e a interação entre esses personagens e os cenários são muito satisfatórios.

Talvez, WPJ2 seja um dos games mais estranhos que você possa encontrar no N64. Mas é também um dos mais fascinantes. Existe inclusive um patch circulando por aí que traduz o game para o inglês (que eu testei tempos atrás e realmente é bem satisfatório). Esse vale uma jogada!

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Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Lembro que até pouco tempo atrás dava pra comprar o cartucho japonês por um preço módico no site da Play-Asia. Esse merecia ter ido aos EUA!

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  2. Eu tinha esse jogo, só q a fita quebrou... =/

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  3. Tive ele no N64. Deu um trabalhão fazer ele entrar no slot de cartuchos do N64 americano!!!

    O jogo era bem interessante mqas como eu não sacava nada de japonês, eu não entendia muito do q estava acontecendo (lembro q fiquei jogando horas, ate conseguir sair do submarino pela primeira vez).

    Um tempo depois eu encontrei o patch em inglês citado acima e pude desfrutar melhor o jogo. Um tempo atrás eu fiquei preso numa parte e parei de jogar... Talvez retome ele qlq dia desses...

    Alguém sabe se ele jah no VC???

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  4. Esse game é excelente e Josette é sem dúvida uma das mais cativantes personagens já criadas, se não a mais.

    Zerei o game hoje, e confesso que no final do game, chorei como um bezerro novo, vertiam lágrimas dos meus olhos...:(( incrível com o apenas um frase no final do jogo me fez transbordar todo o sentimento armazenado durante a experiência com a Josette.

    Simplesmente magnífico! um dos melhores jogos que eu joguei, em 2009! E isso que o jogo é de 96...

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