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Análise: Blue Dragon Awakened Shadow (DS)

Os JRPGs vivem atualmente uma crise extremamente preocupante. Parece que nos dias atuais, oferecer a mesma experiência e seguir uma fórm... (por Gustavo Assumpção em 12/07/2010, via Nintendo Blast)

bd_t Os JRPGs vivem atualmente uma crise extremamente preocupante. Parece que nos dias atuais, oferecer a mesma experiência e seguir uma fórmula manjada já não é mais garantia de sucesso. Foi-se o tempo em que juntar personagens bem desenhados, uma história bem escrita e um sistema de batalha por turnos era garantia de sucesso. Talvez isso seja reflexo da importância cada vez menor do mercado japonês e a incapacidade das equipes de desenvolvimento para criar elementos novos.

Com isso, muitos dos games acabam oferecendo experiências que deixam muito a desejar. É esse o caso de Blue Dragon: Awakened Shadow, segundo game da franquia a ser lançado para o Nintendo DS. E segunda falha seguida da série.

A história de sempre

4072574530_fbd54dbe46_bDesenvolvido pela Mistwalker em parceria com o estúdio Bird e a tri-Crescendo, Awakened Shadow se passa um ano após Blue Dragon Plus (lançado em 2008, também para o DS), mostrando um lado até então desconhecido da trama. O grande problema é que esse lado acaba sendo desinteressante e pouco inspirado. A trama capenga durante toda a primeira metade do game, repetindo uma grande quantidade de clichês, não alterando nem mesmo detalhes simples como a origem dos personagens e suas motivações. A sensação é que tudo isso já foi visto antes –e em melhor qualidade.

Outro defeito que acaba incomodando, é que a maioria dos personagens parecem não ter personalidade. Tá certo que são vários, mas falta um trabalho individual mais aprofundado. Aliás, esse tem sido um problema grave em alguns games do gênero. Ao invés de investir e contar a história de poucos, a ampliação do universo de jogo e do número de personagens controláveis fez com que eles fiquem cada vez mais inexpressivos.

O mesmo visual de sempre

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Não tem como não elogiar o design de personagens de Akira Toriyama. O pai de Dragon Ball e da série Dragon Quest fez mais uma vez um trabalho impecável. O design dos monstros, dos personagens não controláveis e dos protagonistas é soberbo. Mas é lógico que os traços do mestre tem aquele quê de “já vi isso em algum lugar antes…” – o que é extremamente comum para quem assinou tantos trabalhos diferentes.

Além desse pequeno porém, senti uma falta imensa de cenários mais variados e inovadores. Os ambientes onde o jogo se passa são bonitos e bem construídos, mas carecem de uma maior empatia com o jogador. Em um game onde a exploração é o ponto central, esse é um defeito que acaba se sobressaindo no produto final. Uma inspiração maior ao se criar os locais pelo qual a trama se desenvolve poderia ter tido um efeito grandioso no resultado final.

De fato, a brutalidade da falta de inspiração atinge também a parte sonora do game. Há composições de Nobuo Uematsu, mas apesar de bonitas e de qualidade, elas pouco conseguem se tornar marcantes.  Assim como nos dois Blue Dragon anteriores, não está no nível dos melhores trabalhos do compositor. Atuação de voz e efeitos sonoros também são decepcionantes.

Pequenas inovações, muita tradição

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Há várias decisões acertadas em Awakened Shadow. E curiosamente todas elas estão relacionadas ao seu sistema de jogo. A principal inovação do game é a existência de uma grande possibilidade de customização do personagem principal. São dezenas de itens diferentes, e boa parte deles concedem habilidades especiais para as batalhas. Embora esse elemento seja recorrente, aqui ele aparece bem mais estruturado e com uma quantidade bem grande de itens equipáveis.

Outro elemento que merece elogios (pelo menos em partes) é o sistema de batalha. Vale lembrar para os desavisados que o título perdeu o esquema estratégico de Plus e ganhou ares de ação, num estilo bem parecido com Zelda. O sistema se destaca por não pecar pela complexidade – ao mesmo tempo não sendo exageradamente simples - conseguindo atingiu um ponto interessante de equilíbrio. Os controles podem ser feitos com a tela de toque e funcionam de maneira perfeita, bem como o uso de outros elementos de batalha. No fim, o resultado é satisfatório.

Mas, volto a bater nessa tecla: não há nenhum elemento realmente brilhante em Awakened Shadow – característica extremamente necessária para algum game se destacar no gênero. Seguindo uma fórmula básica e pouco inspirada, sinto que faltou muito para indicar o título como algo realmente digno se perder algumas horas. Nem mesmo o modo para dois jogadores livra o game do fracasso.

Blue Dragon Awakened Shadow – Nintendo DS – Nota: 6,0

Gráficos: 7,0 Som: 6,0 Jogabilidade: 7,5 Diversão: 6,0


Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Não concordei com a nota dos Gráficos, mas a analise ficou bem legal.
    Até gostei de alguns videos que vi, mas não senti a mínima vontade de jogar esse jogo =/

    Muitas vezes, tentar "inovar" em um RPG de tradição, pode ser um tiro no pé (vide Dragon Quest IX, cujo a Level5 foi ameaçada de morte, caso o fizesse um Action-RPG xD).
    Mas concordo que Blue Dragon (sem toda essa tradição) precisa buscar algo novo, para de se destacar entre tantos outros RPGs.
    Posso estar errado, mas Hironobu Sakaguchi também é um dos nomes envolvidos com a série, não?
    É triste ver tantos talentos reunidos para tão pouco T-T

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  2. n sei q tanto reclamam de investir em historia dos personagens...se quer historia vai ler livro.

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  3. Minha nossa quanta bobagem com relação ao mercado Japonês de desenvolvimento de jogos.

    Baseado nisso, péssima análise. O game é um ótimo RPG "Old School". Se conhecesse mesmo o mercado Japonês e a situação atual, ou pelo menos tivesse se informação suficiente saberia o significado disso e porque jogos "Americanos" vendem tão bem por lá.

    É o mesmo caso hoje dos RPGs "tradicionais" depois que desenvolvedoras Ocidentais resolveram colocar elementos desse estilo de jogo em Shooters e chama-los de "Western RPG". Uma queda de braço pra ver "quem faz realmente jogos desse Gênero criando outro".

    Se informe por favor.

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  4. Ghutto


    A crise dos JRPGs é muito grande, mesmo no Japão. A reciclagem de fórmulas consagradas está fazendo com que o gênero perca espaço por lá. Se for levar em consideração o mercado ocidenta, isso é ainda mais grave, meu filho.

    Não disse em nenhum momento que é um erro desenvolver games do tipo. É sim um erro não inovar a fórmula, oferecendo ao jogador uma experiência única, como fez por exemplo o Redemption, que você citou nas entrelinhas. O problema não está no formato e sim na aplicação dele em um produto diferenciado.

    Awakened Shadow fica devendo sim, porque é um emaranhado de elementos já vistos tantas vezes.


    E por favor, explique melhor onde foi que eu me equivoquei, pq seu comentário está confuso.

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  5. é um bom título old school, não ser revolucionário não deveria ser motivo para estes tipos de critica, pois o fato de tecer criticas seja ao que for deve ser pensado co responsabilidade, porque quem as faz quer queira ou não, direta ou indiretamente torna-se um formador de opiniões,e atualmente critica-se muito certas coisas pelo simples fato de a internet propiciar tal espaço, sendo que os meios os quais
    atualmente tecem determinadas criticas, apenas estão contribuindo para distorcer e pregar tendencias de mercado e modas, como esta na moda criticar os JRPG's alimentando e incitamendo apenas palpiteiros do que opinadores realmente.

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  6. eu achei muito legal esse novo jogo do blue dragon ele tem o mesmo grafico de sonic herois

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  7. Falar que esse gênero tá em crise é pra rir.
    Só o ultimo DQ vendeu 4 milhões de cópias lá no Japão.
    Imagina se não tivesse...
    Cara, se não curte o estilo, manda outro fazer a análise...
    Mas falar bobagem, não.

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  8. Eu acho que de forma geral a análise está boa, mas creio que dizer que esse gênero está em crise é um pequeno equivoco. Realmente, está em queda o número de vendas de JRPGs, mas isto se deve principalmente pelo fato da melhora das tecnologias. Um exemplo disso é que antigamente não havia os FPSs pela tecnologia ser menor, tendo maior espaço para os RPGs no passado.

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  9. Pra começar, o que é um JRPG?
    A análise está boa sim.

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  10. JRPG está decaindo sim, está um verdadeiro lixo sim. Repetitivo, tedioso. Os RPGs ocidentais sim têm inovado e mostrado o que é RPG de verdade, vide Dragon Age, Mass Effect e Fallout. Gostei da análise.

    Abraços pros campeões otakus.

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