Análise: Silent Hill: Shattered Memories (Wii)

A série de survival-horror estreia pela primeira vez em um console de mesa da Nintendo e Shattered Memories chega para quebrar paradigmas do game, se adaptando ao Wii para criar uma imersão de possibilidades. Desenvolvido pelo pessoal da Climax Studios e com produção da Konami, sua viagem até Silent Hill será surpreendente.

O jogo da memória

Silent Hill tornou-se conhecido em 1999, quando estreou no PlayStation, apostando em um terror psicológico e não no combate. As sequências, Silent Hill 2 e 3 saiu para Playstation 2 e a partir daí a série desandou. Os três primeiros episódios foram desenvolvidos pelo Team Silent, e muitos fãs afirmam que esses são os melhores da série, pois após o terceiro episódio o Team Silent se quebrou e alguns deixaram a Konami e foram trabalhar na série Siren da Sony. Silent Hill 4: The Room teve uma história incrível, mas que quase não tem relação com a série, SH 5: Origins fez a estreia da Climax na série e trouxe um game razoavelmente bom e o último, antes do game para o Wii, Homecoming tentou introduzir mais ação e não foi muito bem recebido.

Shattered Memories chegou ao Wii para trazer uma nova visão da cidade que agora está congelada. Logo no início, é possível perceber que alguém está assistindo a uma fita de recordação familiar e depois mostra uma cena com Harry Mason sofrendo um acidente de carro. Fãs de longa data irão se recordar de que Harry é o personagem do primeiro Silent Hill e que o jogo para o console de mesa da Nintendo é uma releitura do game que lançou a série, mas adaptado com todas as funções para o Wii. Após o acidente, o jogador é transferido para uma sala, no qual está conversando com o psiquiatra Michael Kaufmann e tudo o que você fizer, disse ou escolher na sala será refletido no game. Então é hora de juntar as "memórias despedaçadas" e procurar por Cheryl, a filha de Mason, que se perdeu pela cidade.

E os fãs zumbis agarram Harry. Isso é que dá ser famoso em Silent Hill.

Welcome to Silent Hill

A grande sacada do jogo está no consultório de Kaufmann. Você deve responder a um questionário que influenciará no desenrolar da jogatina. Além disso, você deve responder diversas perguntas afirmativa ou negativamente movendo o Wii Remote como se fosse sua cabeça, pois na sala do psiquiatra a visão é em primeira pessoa. E como o pessoal da Climax é gentil, após as questões, você está em uma Silent Hill quase abandonada e tem em mãos apenas uma lanterna e um celular. O aparelho é totalmente útil ao game, já que serve para fazer ligações (duh, óbvio), tirar fotografias (principalmente de sombras), ver mensagens, tem um GPS embutido para você consultar o mapa e também para salvar o jogo a qualquer momento, sendo uma das inovações da série. E é por ele que você ouvirá mensagens de socorro, vozes de Cheryl e de outros personagens pelo Remote, colocando o controle próximo da orelha para escutar, como se fosse realmente um celular.

Silent Hill avalia o seu perfil psicológico e coloca tudo dentro do game. Claro que com toda essa mudança na série, algumas características foram perdidas. Uma delas é o fator exploração, que apesar de estar presente, há sempre um caminho linear para seguir, e também o combate, pois no game não há armas para se defender. E os zumbis não poderiam perder essa oportunidade: eles são os pesadelos que atrapalham na recordação do que houve e partem para cima do jogador, sem dó e nem piedade. Uma pena é saber a que momento eles vão aparecer, pois a cidade se congela e modifica totalmente, tirando o fator surpresa. E como não há armas, o jeito é correr, puxar os objetos com um movimento rápido dos controles para atrasar os inimigos, se esconder embaixo de camas e dentro de armários ou encontrar um incenso, que é temporário e afasta os zumbis. Só que eles estão mais espertos, abrem portas, pulam muros e sentem o cheiro de Harry, impedindo-o de ficar muito tempo escondido.

Você está sozinho nas ruas de Silent Hill. Se a solidão bater, é só pedir um abraço "amigo".


Se o combate não está presente, a sobrevivência está em jogo e é por isso que o jogo é perfeito para o Nintendo Wii. Caso um zumbi agarre Harry, você deve fazer um movimento com os controles para afastá-lo e é importante não exagerar nos movimentos ou você poderá perder o cursor do game, atrasando-o na fuga. Os controles correspondem bem, tudo é feito com movimentos seja para abrir portas, janelas, caixas e mexer em objetos. O cursor que é a lanterna de Harry é usado para encontrar itens que contribuem para trazer as memórias ao personagem, assim como mensagens e resolver enigmas.

Salve-se quem puder

Shattered Memories é divido entre consultas, explorar, resolver enigmas e fugir de zumbis. São poucos puzzles que envolvem escapar de zumbis para solucioná-los, mas a história intrigante e com múltiplas possibilidades o levará a jogar várias vezes. Como de praxe, Silent Hill tem quatro finais possíveis na primeira vez em que é jogado e após terminar o game uma vez, é possível fazer o final UFO, que sempre está em todos os episódios da série. O game traz alguns momentos de sustos, mas o que reina é a tensão para tentar sobreviver e encontrar o caminho correto. O áudio do game vai de surpreendente à incrível, com um primoroso e último trabalho de Akira Yamaoka, que deixou a Konami, além das vozes que saem pelo Wii Remote serem temerosas. Os gráficos são belos, com destaque para os efeitos de iluminação e os detalhes nos cenários. A jogabilidade se adaptou bem ao Wii, deixando-o na pele de Harry, mas é uma pena que o game é curto e não passa de 5 ou 6 horas para terminá-lo, possivelmete para agradar aos jogadores casuais, mas que o instigará a jogar novamente para descobrir outros caminhos e finais. Com enredo brilhante, um final surpreendente e desespero garantido, Silent Hil: Shattered Memories vai mexer literalmente com sua cabeça.

Harry pode escalar alguns muros, e para subir rapidamente chacoalhe o Wii Remote.

Silent Hill: Shattered Memories - Nintendo Wii - Nota: 9,0

Gráficos: 9,0 | Som: 9,5 | Jogabilidade: 9,0 | Diversão: 8,5