Estaria a vivência do jogador fora das críticas/ reviews de jogos?

Me desculpem abrir lugar aqui para algo tão pessoal, mas creio que essa discussão é importante e pode render opiniões relevantes para uma po... (por Gustavo Assumpção em 12/11/2010, via Nintendo Blast)

Me desculpem abrir lugar aqui para algo tão pessoal, mas creio que essa discussão é importante e pode render opiniões relevantes para uma possível (e porque não dizer provável) mudança na maneira como os reviews, análises e críticas relacionadas aos games são realizados/as por seus determinados responsáveis.
Primeiramente, cabe uma contextualização.
A ideia desse post surgiu como um dos resultados do meu Trabalho de Conclusão de Curso, entregue na última terça-feira e que será defendido no próximo dia 22. Durante a correção final do texto, meu orientador, Beto della Santa, leigo no assunto, pediu pra que eu detalhasse um pouco como era o papel do crítico de games, quais as particularidades e especificidades de quem escrevia sobre isso.

Após alguns comentários, nós chegamos a uma conclusão meio preocupante: as análises de games são quase que totalmente técnicas. Essa conclusão preliminar acabou frustrando meu orientador, um cara sempre muito preocupado em avaliar as possíveis relações sociais presentes e que não conhece lá muito da atividade laboral de quem escreve sobre games.

Pensando um pouco, é fácil perceber isso. Avaliamos a capacidade gráfica, nos preocupamos com o som, com a qualidade (também técnica) das trilhas, avaliamos a capacidade de programação, os controles com boa resposta, os modos de jogo bem acabados, os cenários bem trabalhados… e assim concedemos lá no fim uma pontuação, conseguida após se levar em consideração esses aspectos.
A sensação que dá é que damos mais crédito ao que o game parece ser do que o que realmente ele é. É estranho pensarmos isso, mas raramente os críticos escrevem sobre experiências mais profundas que tiveram com esse ou aquele game ou sobre os ganhos cognitivos, culturais ou subjetivos que foram alcançados pelo jogador. O que acaba sendo escondido pelos críticos é o sentido pessoal que o ato de jogar videogame possui. Assim, embora o jogar sempre tenha exercido papel importante na história humana- onde o homem foi vivendo as atividades lúdicas como um elemento importante do seu cotidiano – parece que na verdade os games estão presentes como um simples elemento para ocupar o tempo do lazer.
No meu TCC eu abordei um pouco do processo de identificação do jogador com o seu Avatar. Como conclusão, entendemos que o Avatar acaba tendo com o próprio ser humano uma relação para além da tela, nos revelando uma espécie de ser humano desencantado com sua própria imagem perante ao mundo, trabalhando assim, de forma decisiva, para a construção de uma nova imagem própria, que embora só possa ser vivida em um ambiente virtual, possui suas particularidades e “vida própria”. Assim, foi possível perceber um aspecto para além da parte técnica.
Agora, gostaria de saber a opinião de vocês. Será que não está na hora dos reviews procurarem responder aos questionamentos desse universo ao invés de se preocupar com questões estritamente técnicas? Será que já não é hora de pensarmos em novos mecanismos de análise e interpretação da produção da indústria dos videogames e, mais que isso, nos impactos que determinados lançamentos podem possuir na sociedade?
O que vocês pensam a respeito?

Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.


  1. Acho que uma análise desse nível exige um certo nível de leituras, vivências e maturidade pessoal que um jornalista comum não tem. E como o que impera como certo na sociedade é o discurso lógico e científico, as avaliações ficam só nesse aspecto analítico, como um cientista dissecando um sapo. Querer mais que isso fica muito além do repertório tanto dos jornalistas quanto do leitor mediano. É a minha opinião, pelo menos.

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  2. Acho que isso é algo ainda a ser modificado, conforme a evolução natural dos consoles. Apesar do ponto aonde chegamos, ainda existem limitações técnicas que atrapalham a experiência de jogo (como queda de framerate) e, assim, precisam ser relatados num texto. No entanto, já chegamos a um ponto que avaliar por nota o "som" de um jogo, por exemplo, se torna algo mais dispensável, já que os consoles permitem sonoridade na melhor qualidade possível, dependendo apenas do engenheiro sonoro e dos editores de como implementá-las no jogo - o que, por si só, já é um papo técnico e fútil demais para ser discutido num review, e que nem mesmo do qual a maioria dos críticos têm ciência para escrever a respeito.

    Por isso, acredito que uma análise crítica mais baseada na experiência de jogo do que nos aspectos técnicos virá com o tempo.

    Porém, eu acredito que, cada vez mais, estamos caminhando para o lado da subjetividade nas análises gamer. O problema é quando essa análise se torna muito egocêntrica - característica da qual esses textos "novos" padecem.

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  3. Quase nunca fico satisfeito com um review de um jogo.Videogames pra mim é experiência e diversão.Estou pouco me lixando para o que a IGN ou a Gamespot acham de um jogo.Prefiro compra-lo, jogar e sentir tudo o que o jogo tem a oferecer.Além do mais,poucas pessoas que fazem reviews são isentas, e isso torna o texto final "viciado".Quantos jogos que tiveram notas ruins pelos criticos que eu joguei e me diverti demais? Muitos.Eu sinceramente, nunca vou esquecer a sensação que tive jogando Pac-Man pela primeira vez,e o que sinto até hoje, pela nostalgia e lembranças que ele me traz de toda uma época.
    Prefiro deixar as criticas aos bits e pixels para os "experts" e "hardcore gamers".Eu quero me divertir e saber que aquele jogo mudou minha vida de alguma forma, ou no mínimo, deixou uma experiência marcante.

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  4. Acredito que todo review deve ser feito usando ambos os pontos de vista, tanto técnico quanto o da experiência que ele proporciona. Mas quando me deparo com um review, a minha primeira pergunta é se ele funciona ou não a partir de seu objetivo. O review deve ser muito mais uma referência.

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  5. Review DEVE ser tecnico. Falar sobre suas proprias experiencias com o jogo seria abordar um aspecto pessoal, coisa que nao interessa muito, ja que a experiencia com o jogo varia de pessoa pra pessoa.

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  6. Review é coisa pra quem não tem opinião própria. Cansei de dizer isso. Nenhum review, seja técnico ou não (se é que existe review "técnico"), fala a verdade. Porque sempre irão colocar gosto pessoal acima de tudo. Se não o fosse, reviews seriam iguais sempre, porque tecnicamente falando, os gráficos não mudam de avaliador pra avaliador, então, seria a mesma opinião independente de quem avalia, porque eles estão vendo a mesma coisa rodando na tela da sua TV. E por que será que NUNCA é e sempre parece que se está avaliando outra coisa totalmente diferente? Simples, porque eles SEMPRE vão colocar gosto pessoal.

    Sério, se você necessita da opinião alheia para se divertir, e pra isso coloca o nome nos reviews de "ténicos" porque DEVEM ser assim, sinto muito porque reviews NUNCA serão técnicos, mesmo avaliando coisas como "som", gráficos" e etc, sempre será imposto o gosto pessoal de quem avalia sobre fatores realmente técnicos em um game, e você por depender da opinião alheia para saber o que deve ou não comprar, é uma pessoa totalmente sem personalidade e dependente dessa opinião.

    As Demos são muito mais importantes do que os Reviews, porque elas caem diretamente nas mãos de quem realmente interessa na hora de comprar um game e é por essas pessoas que o game será avaliado, que é do jogador. E somente ele poderá dizer pra ele próprio o que é "10" e o que é 0 dentro daquilo que ele consideram bom ou ruim e não o que os outros acham que é baseado no seu gosto pessoal.

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  7. Primeiramente, boa sorte na tua defesa do TCC. Em relação a esse assunto, concordo com os colegas acima. A avaliação técnica é só uma primeira impressão do jogo, onde é abordado o básico para que os jogadores saibam o que os aguarda.
    Agora uma review mais aprofundada na experiência do jogador, no que adicionou pra ele enquanto jogava, é mais complicado, pois cada pessoa tem uma preferência, uma opinião. Cabe cada um dar sua opinião pessoal e não deixar uma review que dê notas baixas influenciar no gosto por determinados jogos. Pelo menos pra mim não influencia muito, pois é na hora que eu jogo que tiro minhas próprias conclusões. O review é somente pra eu ter uma noção do jogo que está sendo mostrado, se vale a pena jogá-lo, comprá-lo, ou não.
    Não sei se é isso mesmo que está sendo abordado neste post, mas fica aí minha opinião.

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  8. Acho que um review deve ter ambos os pontos de vista (técnico/pessoal). Focando demais na técnica, o analisador pode pular aspectos sentimentais que o jogo tem como objetivo causar ao jogador.

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  9. Os reviews estão muito mais associados à influenciar do que a informar. E é isso de fato que acontece... a maior parte da população acaba aderindo às idéias que certas mídias especializadas impõem. Seja se apegando a detalhes técnicos ou mesmo a sensações, eu acredito que os redatores (principalmente os "grandes" redatores) se preocupam muito mais em abaixar ou aumentar o nível do jogo pra isso pesar na balança geral
    E os leitores, que se esquecem que são apenas críticas pessoais, se deixam alienar pelas análises
    Acho que isso precisa ser mudado antes de tudo, afinal uma boa análise deve ter bom senso antes de tudo e aí conseguir reunir os aspectos que realmente importam naquele determinado jogo

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  10. O ideal é que um review aborde principalmente a parte técnica. Como já foi dito acima, a experiência varia muito de pessoa pra pessoa. Posso amar um jogo que outra pessoa vai odiar. E reviews acabam sim influenciando muita gente.

    Até mesmo quando se fala em gráficos, jogabilidade etc., muita gente acaba discordando em muitos pontos quando analisando um mesmo jogo. Review é uma coisa muito subjetiva, não deve ser lido e encarado como verdade absoluta. Não é porque eu gostei do jogo X que todos também vão gostar. E, sinceramente, acredito pouca gente realmente se importa em saber o que um redator sentiu ao jogar determinado jogo. O que importa é saber se o jogo em questão tem boa qualidade técnica.

    Quando leio um review, sempre foco na parte técnica mesmo. Mas não paro por aí, busco vídeos de gameplay, procuro me informar sobre o plot. Se o que eu leio/vejo me agrada, acabo jogando. Aí sim descubro se a experiência proporcionada é boa ou não.

    Não curto muito críticas parciais e/ou cheias de fanboyzismos. Claro, um toque pessoal é sempre interessante, e nada impede de o redator expressar sua opinião pessoal, de passar para o leitor quais sensações o jogo lhe proporcionou. Porém o foco é analisar o jogo, e ao levar muito pro lado pessoal você corre o risco de limitar a absorção e a aceitação das informações de seu texto.

    A menos que o objetivo da análise realmente seja passar seu sentimento em relação ao jogo, acho que ela deve se ater aos aspectos técnicos mesmo.

    (Escrevi esse comentário entre um atendimento e outro aqui no trabalho. Então talvez o texto tenha ficado meio confuso =P)

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  11. Tema muito interessante e pertinente Gustavo. É importante abordar os games não como simples objeto/produto de consumo imediato, não são como comida por exemplo, vão além do simples ato de consumir. Vários são os aspectos que em minha opinião definem os games como verdadeira arte moderna e portanto devem ser analisados como tal.

    Em um game você encontra muitos aspectos e gêneros que se convergem num mesmo pacote, games na minha opinião são obra de arte, viva e interativa, o novo game Zelda por exemplo tem seus gráficos inspirados no impressionismo, outros são como cartoons (Okami e o Wind Waker), outros exploram uma ambientação realística podendo quase serem chamados não de games, mas filmes interativos com enredos muitas vezes até melhores que os mesmos, no quesito áudio os games também se destacam com trilhas bem elaboradas e composições magistrais que perduram por décadas, que vão desde trilhas orquestradas em fantasias ou adventures ao heavy metal em games de ação, no quesito tecnologia os games são os grandes responsáveis por inovação, já que placas gráficas cada vez mais robustas são produzidas claramente para jogatina.

    Todos os aspectos que eu citei de uma forma ou de outra, uns menos outros mais são os culpados por nos fazerem gostar de games, e para cada pessoa eles tem valores diferentes e pesos diferentes, realmente uma análise técnica feita por outro indivíduo com experiência de vida diferente, opinião diferente, sentimentos diferentes dos meus, nunca irá corresponder de forma imparcial e verídica o sentimento que eu mesmo irei ter ao jogar o mesmo game, isso é impossível, então por que ''confiar'' em reviews?

    O Ghutto disse que quem vai atrás de reviews técnicos é porque não tem opinião própria, eu vou adiante e digo que também não sabe ou ainda não definiu do que gosta, e os games são na verdade algo como válvula de escape. Isso ocorre em pessoas mais novas que estão conhecendo o mundo dos games agora, e convenhamos hoje em dia a quantidade de informação do setor nem se compara com o que ocorria há 15 ou 20 anos atrás quando começamos a jogar, pra quem está começando é preciso se nortear por opiniões alheias, pra quem já está há mais de 15 anos jogando e amadureceu, hoje em dia tem conhecimento e opinião próprias sobre qualquer questão ou aspecto relacionado à games.

    Em minha opinião, reviews são importantes sim, mas não são prioridade ou expressam a verdade, são importantes no sentido de nortear pessoas que ainda estão começando sua experiência nos games, ou para dar um resumo de certos aspectos de um game que você ainda não teve oportunidade de jogar. Há exceções é claro em que uma opinião expressa realmente aspectos verdadeiros em um game, mas em casos assim, não haverá opinião divergente e no geral todos dirão a mesma coisa, mas se há divergência de opinião, não aceite um review como verdade, experimente o jogo e tenha sua própria opinião.

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  12. Hmmm, eu não sei até onde os reviews são realmente técnicos assim.

    Em relação às notas por quesito aí sim podemos claramente dizer que se dá valor a gráficos, som, controles, enfim, elementos mais racionais (mas nem sempre, diga-se de passagem).

    Porém todo bom review sempre está no texto, na opinião do indivíduo que escreveu e compartilhou sua experiência com o jogo.

    Existe um problema do lado do público: muitas pessoas simplesmente gostam de comparar números do Metacritic e não devemos achar que vamos mudar o comportamento do consumidor. Por isso mesmo os sites atribuem notas - além disso, muitas vezes você não se interessa tanto assim por um game e quer apenas ver quanto ele 'tirou' e não ler o texto completo (talvez apenas a conclusão do reviewer).

    Enfim, minha opinião é que se alguém analisa um jogo só por atributos técnicos e coloca isso no meio do texto não está fazendo o trabalho direito.

    Games são lúdicos, são experiências que envolvem diversão e emoções. A análise deve sempre se focar nisso, no que você viveu com tal jogo.

    Deixe os números para o final, tudo bem, pois vai ter gente que quer vê-los de qualquer maneira.

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  13. Lucas Vinícius:
    Nos reviews de Metroid-M por aí o povo desceu o pau falando q o jogo era bom mas q não merecia uma boa nota pq "os outros metroids eram melhores" "a Samus desse metroid não parece uma heroina" "ela tá diferente dos outros metroids pq ela era mais séria, determinada, etc" "mimimi,mimimi,mimimi", mais o jogo é foda, nota 10, um dos melhores jogos do ano [se não o melhor! outra crítica, o povo parece q fez isso tudo só pro jogo não ter uma boa nota pq é de wii*]. Brigado, prefiro reviews técnicas mesm!
    Sem contar q esses reviews são quase sempre meio mentirosos, vejo jogo bem foda tirar nota 6 no metacritic...

    * Tem uma artigo bem legal sobre isso aki:
    http://regames.wordpress.com/2010/09/14/start-metroid-other-m-wii/

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  14. acontece que são essas coisas técnicas que compõe a experiencia do jogo.

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  15. "...parece que na verdade os games estão presentes como um simples elemento para ocupar o tempo do lazer..."

    Mas é isso mesmo. O propósito primário dos video-games é entretenimento. Existem certos jogos que se preocupam em ser educativos, outros colocam o jogador em algum tipo de escolha moral que leva à reflexão, mas essas coisas são secundárias.

    Mas eu não tenho problema nenhum com isso. Também não acho que
    isso seja demérito. Do ponto de vista da computação, um jogo moderno é um software bastante complexo, que engloba diversas áreas: Computação Gráfica, Inteligência Artificial, Engenharia de Software, Redes de Computadores... e isso sem nem falar de outras grandes áreas que são responsáveis por compor um jogo: artes, som, simulação de física, narrativa...

    Por isso penso que "só" os aspectos técnicos já são admiráveis.

    Não sei se me interessaria por alguém escrevendo sobre os "ganhos cognitivos, culturais ou subjetivos" que um jogo trouxe, já que isso é tão particular para cada pessoa.

    Mas eu posso estar errado. Porque você não escreve um review
    "menos técnico" e posta para ver o que o pessoal pensa ?

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  16. "O que acaba sendo escondido pelos críticos é o sentido pessoal que o ato de jogar videogame possui."

    Acredito que a maioria dos games acaba passando longe de uma experiencia mais profunda, e entretenimento interativo em sua forma mais pura. SE não é divertido não interessa. Muitos deles acabam passando por esse tipo de reflexão cultural, e muitas vezes não são vistos como verdadeiras experiencias (como os filmes livros e outras formas de entretenimento) e sim como passatempos. Exatamente por isso que acho dificil esse tipo de otica mudar.

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  17. Poderia ter uma opção de review assim: Coloca o jogo em uma enquete e pergunta pra cada um dar nota pro jogo, depois faz uma média, ae acaba sendo um review só de jogadores.

    Eu mesmo nunca ligo pra review, porque sempre quando eu jogo acabo tendo uma opinião bem diferente sobre o jogo. Sonic 4 por exemplo, falam que é muito lento, travar a mira no inimigo é chato e etc, eu concordo que não é tão bom quanto os classicos, mas ainda assim eu achei o jogo ótimo.

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