Nintendo of America, Japão e a Insatisfação

O Nintendo 64 foi um videogame muito amado por diversos jogadores do mundo inteiro, em especial por nós, nintendistas. Boa p... (por Gustavo Rocha em 08/04/2012, via Nintendo Blast)


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O Nintendo 64 foi um videogame muito amado por diversos jogadores do mundo inteiro, em especial por nós, nintendistas. Boa parte dos jogos de N64 até hoje são muito bem lembrados - e jogados -, como Ocarina of Time e Super Mario 64. Mas um fator que não podemos negar que o console possuía um arsenal de games muito baixo (terminando com um pouco mais de 350 jogos). Não que a quantidade de jogos influencie na qualidade de um console, mas dentre estes 350 jogos, boa parte deles foram completamente exclusos do ocidente, ficando restritos apenas ao Japão, um dos principais países produtores de jogos para a plataforma.


Dos jogos que não jogamos na época, podemos citar alguns grandes como Sin & Punishment e Evangelion, entre outros que eram bons o suficiente para qualquer cidadão ocidental apreciar. Não jogamos. O motivo foi que a NoA, com suas restrições muitas vezes sem sentido, não deixou.

A Nintendo of America e suarelação com a Cultura Japonesa


A Nintendo of America, distribuidora responsável por toda a preparação para distribuição
de tudo referente à Nintendo Japonesa no mercado ocidental, sempre possuiu um histórico totalmente voltado aos lucros, e esteve sempre apta a cancelar ou modificar qualquer coisa vinda da Nintendo japonesa, desde que isso trouxesse mais dinheiro para a mesma. Com o tempo e evolução dos consoles desde a época do NES (Nintendo Entertainment System), tivemos diversas restrições, e muitos jogos sequer chegaram a alguma loja do ocidente, tudo por causa da falta de senso da NoA diante de seus fãs. Seria isso algo previsível? Claro, afinal o capitalismo sempre fala mais forte diante de qualquer empresa que visa lucros, ainda mais em uma gigante como essa.

O fato é que o Japão é um dos países com a cultura e arte mais apreciadas do mundo. Generalizando, ao mesmo tempo em que os europeus gostam de mangás, nós, residentes das Américas, adoramos animes e personagens carismáticos, que só os japoneses conseguem criar. E, obviamente, gostamos muito dos jogos de lá. Basta ver o sucesso que Final Fantasy faz até hoje por todo o ocidente. FF sempre possuiu, não apenas uma jogabilidade própria de RPGs japoneses, mas também personagens e histórias muito mais voltados a culturas orientais. The Legend of Zelda é uma série com inúmeros aspectos orientais. Até o nosso encanador Mario foi fruto de uma mente japonesa.
Então por que a NoA restringiu um jogo de ação como Sin & Punishment, ou o pouco conhecido Neon Genesis Evangelion para nós ocidentais?

De Evangelion a Xenoblade - NoA sempre na frente


Lançado na década de 90, Neon Genesis Evangelion é um anime/mangá extremamente cultuado no mundo inteiro. Claro, com uma história pra lá de interessante e com personagens de características tão humanas que só faltam saírem da tela para falar com você, não era para esperarmos menos. No ano de 1999, a Bandai, em conjunto com a Nintendo, desenvolveu um jogo bastante cinematográfico para o bom e velho Nintendo 64, chamado simplesmente de Neon Genesis Evangelion. O game possuía um enredo completamente voltado à história do anime, por isso possuia esse nome. Você chegou a jogar este jogo na época de seu lançamento? A não ser que você morasse no Japão, provavelmente não, pois ele sequer foi divulgado para o Ocidente.

Mesmo sabendo que o mundo já conhecia e amava o anime Evangelion naquela mesma
época, a indústria foi mais forte, e, por “motivos de segurança”, preferiu por não arriscar seu investimento em nossas terras. Mesmo sabendo que boa parte dos jogadores de N64 poderiam comprar o jogo. O mesmo aconteceu com o fantástico Sin & Punishment, rail-shooter criado pela Nintendo que jamais foi distribuído por nossas terras, por mais interessante que pudesse parecer para todos - fãs ea própria NoA - que ele fosse vendido pelo meridiano ocidental.


 E não podemos esquecer dos casos mais recentes, com os jogos Xenoblade, The Last Story e Pandora’s Tower, para Wii - os dois primeiros já foram lançados no Ocidente, e o terceiro foi confirmado também. Ué, mas pelo que sei, a Nintendo of America até o final do ano passado não estava com a pretensão de lançar estes games no Ocidente, certo? Claro, não estava, mas depois de todo o protesto feito pelos donos de Nintendo Wii, ainda mais no final da vida dele, a Nintendo of América abaixou as rédeas e atendeu aos pedidos dos fãs. E seu lucro aumentou também, já que é bem provável que a maioria dos donos de Wii já tenham comprado ao menos um destes jogos listados.


A propósito, o fantástico Sin & Punishment foi lançado por aqui, mas desta vez através do Virtual Console do Wii, no ano de 2007, época em que a chance de um game como esse dar qualquer tipo de prejuízo para a NoA era nula. E estes jogos demonstram apenas uma pequena parcela de todos que sofreram censura da distribuidora.

Viável, apenas quando não há risco de prejuízo


Independente se o Japão possui uma cultura e uma veia artística extremamente adorada no mundo inteiro, para a Nintendo of America isso não significa muita coisa, conforme podemos ver em seu histórico. Afinal, por que a empresa necessita de um protesto de jogadores para lançar algo que certamente daria lucro para a mesma? Porque o lucro talvez não fosse tão alto? E por que esperar que um videogame termine seus dias de vida para poder lançar o jogo o qual muita gente poderia ter conhecido há muito tempo? 


“É viável, apenas quando não há risco de prejuízo” -  essa filosofia talvez seja interessante para executivos de grandes corporações, mas não para nós fãs de uma das mais grandiosas artes de todos os tempos: o videogame. Posso estar errado, mas eu ainda espero que a NoA abra os olhos e perceba o nível de jogadores e fãs que a grande Nintendo ainda tem.
Concorda com a política da Nintendo of America? Discorda de algo que leu acima? Gostaria de compartilhar um game que não jogou mas gostaria de ter jogado? Dê também a sua opinião, e colabore para deixar o NBlast ainda melhor! 
Revisão: Leandro Freire

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Concordo com o que diz o texto, e penso que todas as empresas agem da mesma maneira quando o assunto são os lucros. Mas, como a Nintendo sempre é pioneira em tudo que faz, poderia também ser em mudar este sistema jurássico de lucratividade. O jeito é continuar protestando, fazer a voz dos gamers ser ouvida.

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  2. Foda-se !! Eu zerei o mii resgate hj.. Momento loucura HUAHAUHUAHAUAKKKEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

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  3. “É viável, apenas quando não há risco de prejuízo”..... será que jogos como "Glover" dariam mais lucro que Sins and Punishment na época do N64?

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  4. Ótimo texto, concordo com cada palavra escrita!! Felizmente a história com o Wii esta indo por um caminho diferente, afinal Xenoblade, Last Story e Pandora Towers estarão disponíveis em breve aqui nas Americas!!!
    Claro que isso não se deve a NoA e sim aos fãns destas series e a pequenas empresas como a Xseed, estas sim merecem todos os parabens!!!!
    Tomara que com o Wii U estes problemas venham ser corrigidos!!!

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  5. O problema acaba não sendo nem o fato de ser uma corporação grande e nem por questãoes de lucros, mas simplesmente porque são americanos! É a mesma coisa que a 4Kids e outras empresas americanas de dublagem fazem com animes! Empresas americanas não gostam do Japão, e nós não gostamos das empresas americanas! Oproblema é que moramos deste lado do globo... ¬¬

    Vai ter gente dizendo que meu comentário é muito extremista, mas quem já teve a oportunidade de ir para os EUA ou pelo menos conversar com alguns americanos vai entender a minha opinião.

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