Blast from the Trash

Blast from the Trash: Ultraman: Towards the Future (SNES)

Jogos de (super) heróis possuem, na maioria das vezes, uma qualidade questionável. De Superman 64 a X-Men: Destiny (Wii), raras são as exc... (por Jardeson Barbosa em 15/07/2012, via Nintendo Blast)

Jogos de (super) heróis possuem, na maioria das vezes, uma qualidade questionável. De Superman 64 a X-Men: Destiny (Wii), raras são as exceções. Infelizmente, a história às vezes se repete também com os heróis orientais. E esse é o caso de “Ultraman: Towards the Future”, jogo do famoso herói da série live-action que fez o maior sucesso dos anos 1960 aos anos 1990. Pois é, o pobre Ultraman ganhou um jogo que não faz jus à série e que deixa muita gente irritada até hoje. O “Blast from the Trash” traz de volta esse jogo tão odiado (e amado, quem sabe) e te dará uma visão geral, mostrando o porquê de ele ser considerado um dos piores jogos de luta de todos tempos.

A parte quase boa

Towards of the Future foi lançado em 1991 e é um jogo baseado na série homônima, de 1990. No jogo, Ultraman deve lutar contra nove criaturas malignas (onde muitas delas também estão presentes na série de TV) e salvar o mundo. Para os fãs da série, essa relação entre as duas mídias pode ser um grande atrativo, já que o jogo é uma adaptação bastante fiel.

Quem pega o jogo pela primeira vez com certeza vai notar que os gráficos e a trilha do jogo são bons (para 1991, lembre-se), mesmo que a quantidade de temas musicais seja extremamente limitada. Os sons dos personagens são irritantes, mas nada que atrapalhe o jogo em si. De fato, se gráficos fosse algo realmente importante, “Ultraman: Towards the Future” seria um jogo memorável.

Outro fator positivo se refere ao fato do game ser, na verdade, uma adaptação da versão para Arcades (intitulada Ultraman Kuusou Tokusatsu). Mas isso é algo positivo? A resposta é sim, quando essa adaptação é executada sem perdas notáveis.

As partes ruins

Ok, vamos parar de fingir que Towards the Future é um bom jogo, certo? De cara, ao iniciar o game, você perceberá a falta de tratamento dada ao título. Não há nenhum tipo de menu ou opção, nem mesmo um mapa das funções do controle ou um singelo “Press Start” (ou qualquer outro termo parecido), apenas uma imagem estática da tela-título. Ao adentrar no jogo em si, você perceberá que as coisas também não são muito diferentes. Não há praticamente nenhuma explicação a respeito da história. Como o gênero do game é luta, o objetivo é apenas lutar seguidamente contra monstros famosos (ou não tão famosos assim) da série Ultraman. As únicas informações dadas ao jogador – e os únicos “Press Start” do jogo – aparecerão antes de cada luta, quando o próximo monstro é apresentado numa breve cutscene. Mas isso tudo não chega a ser um grande problema, não é?

Você provavelmente verá o problema de verdade quando começar a pressionar os botões do controle. A jogabilidade é péssima, extremamente travada. Quem, por ventura, estiver pensando em jogar “Ultraman: Towards the Future” na esperança de encontrar algo no nível de “Street Fighter II” (lançado um ano depois no SNES) pode tirar o cavalinho da chuva. Em “Ultraman” tudo será mais difícil.

Vamos por partes aqui. Controlar o personagem é como controlar um tanque de guerra, não há precisão alguma e o personagem se move numa velocidade extremamente lenta, até mesmo pros padrões da época. Como os golpes devem ser dados a uma curta distância, às vezes fica difícil se aproximar corretamente do adversário e na maioria dessas vezes você é quem acabará levando um golpe. Para correr é necessário segurar o botão direcional durante algum tempo, o que torna essa opção inútil, já que se antes mesmo de você conseguir correr, Ultraman já estará ao lado do adversário. Os golpes são outra característica questionável. O jogo não disponibiliza nenhum mapa do controle, você deverá testar cada botão para saber o que eles fazem. Enquanto o ‘B’ dá socos, o ‘A’ dá chutes, o ‘X’ faz Ultraman pular e o ‘Y’ ativa um especial.

Depois de aprender o que cada botão faz e de conseguir superar a dificuldade dos controles (não dá pra superar, apenas se acostumar), você deverá então descobrir como derrotar os chefes. Eu pelo menos perdi meia hora (!) para descobrir isso, travado no primeiro chefe e quase quebrando o controle do meu (pobre) SNES. Está bem, eu posso ter algum problema, mas nas minhas pesquisas descobri que a maioria das pessoas realmente ficava perdida nessa parte. Vou explicar. Ao diminuir todo o life do adversário, você deve finalizá-lo com o golpe especial mais poderoso. Mas quem disse que o jogo avisa isso? A única dica é uma palavra “Finish”, que fica localizada na barra de life, nada além disso. De nada adiantará chutá-lo, dar socos ou utilizar os demais golpes especiais, apenas o mais forte dará cabo do monstro. E para selecionar esse golpe você também terá que descobrir que isso é feito pelos botões ‘L’ e ‘R’ do controle, algo que parece intuitivo, mas que não é. Os fãs da série logo sacarão que isso é uma referência direta às aventuras da TV, mas os leigos certamente sofrerão até descobrirem isso.

Por fim, o jogo é extremamente monótono (para não dizer chato) e dificilmente pode ser considerado divertido. É basicamente a mesma coisa, o tempo todo. Até mesmo os chefes – que possuem design variado – são “iguais” nas mecânicas, se diferenciando por pouquíssimos detalhes.

Confira aqui um longplay do game (isto não é um speedrun, o jogo todo dura apenas cerca de 20 minutos mesmo) e tire as suas próprias conclusões:

Vale a pena?

Veja bem, Ultraman: Towards the Future é um jogo ruim, mas ainda assim está longe de ser um dos piores títulos do SNES. Se você for fã da série Ultraman, acredito que ele é recomendado para você. Caso contrário a minha recomendação é ficar o mais longe possível.

Não dá pra dizer que o título possui grandes atrativos. É um péssimo jogo de luta, é um péssimo jogo para Ultraman, é um péssimo jogo para o SNES. Mas você pode ignorar tudo isso e encontrar um jogo cheio de referências a uma série e herói queridos e se sentir o próprio Ultraman salvando o mundo.

Ultraman: Towards the Future é um jogo que divide opiniões. Enquanto a maioria das pessoas o consideram um lixo em forma de cartucho, outras o considera um bom jogo. É difícil tirar alguma conclusão disso, já que cada um tem os seus próprios critérios para decidir algo desse tipo. Eu, particularmente, não tenho boas lembranças desse game. Mas agora é a sua vez de opinar. Gosta do jogo? Ou faz parte do time que o considera uma das piores coisas já lançadas para o SNES? Dê a sua opinião nos comentários.

Revisão: Leandro Freire


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Boa análise, porém é preciso prestar atenção a uma informação pouco destacada aqui! Este jogo é baseado na série Ultraman Towards The Future produzida em 1990 na Austrália entre uma parceria da produtora original japonesa com um estudio australiano. Esta série é inédita no Brasil, mas foi exibida com certo sucesso nos EUA, na época este jogo vendeu bem por lá! Na série os australianos fizeram o gigante se movimentar devagar (por causa da física) e o jogo meio que simula isso.
    Tem um jogo de 1990que a Bandai lançou quase junto com o Super Famicon que aí sim é baseada na primeiro Ultraman se 1966 que todos conhecem! Na época foi revolucionário pq um jogo que usava 6 botões e de luta em console era raro. estejogo é conhecido aqui como o ultraman Japonês e o pessoal pega este americano por causa do idioma do jogo sem saber que são séries bem diferentes. Em ambos, para ter acesso ao MENU é necessário segurar o SELECT e depois pressionar o START.
    Mesmo assim, o jogo Ultraman da Bandai de 1990 consegue ser pior que o Towards. Em 1993 a Bandai lançou Ultraseven que é mais fiel a série de 1967 com o menu na primeira tela e até opção de versus, mas com controles difíceis tb.
    PS.: Eu tb custei a entender como matar os chefes pq quando alugava este cartucho a locadora não tinha o manual que explicava tudo.

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