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Análise: ZombiU (Wii U)

Poucos jogos foram revelados quando o Wii U foi anunciado em 2011. Contudo, a Ubisoft fez questão de garantir que, assim como ocorreu co... (por Unknown em 23/02/2013, via Nintendo Blast)


Poucos jogos foram revelados quando o Wii U foi anunciado em 2011. Contudo, a Ubisoft fez questão de garantir que, assim como ocorreu com o Wii, ela seria uma das maiores parceiras da Nintendo em sua nova empreitada. Naquele mesmo ano, em uma mesa redonda realizada para um grupo muito seleto de jornalistas, a empresa revelou seu título de lançamento para o console: Killer Freaks from Outer Space. O título foi apresentado como um First Person Shooter com toques de survival horror em que o jogador deveria vagar por um mundo destruído por um ataque alienígena. Os aliens, no entanto, eram modelos modificados dos Rabbids, os hilários coelhos que surgiram como personagens secundários do universo de Rayman e terminaram como estrelas que protagonizaram diversos títulos no Wii. 



A "fofura" de Killer Freaks não foi bem aceita
A ideia não parecia muito boa, já que a intenção da Nintendo com o Wii U era aproximar novamente os jogadores hardcore ao universo nintendista e, um jogo que não se levava a sério, poderia prejudicar a imagem que a empresa desejava passar com seu novo produto. Um ano depois, na E3 2012, o projeto foi apresentado novamente. Contudo, praticamente todo o conceito inicial foi modificado, de maneira que o jogo deixava de ser sobre alienígenas adoráveis e adotava a já bastante utilizada temática de sobrevivência em um apocalipse zumbi. A Ubisoft prometeu que o título modificaria completamente a dinâmica de jogos do estilo, já que a jogabilidade seria totalmente voltada à sobrevivência, e não a um massacre de mortos vivos, como estamos acostumados a ver em games como Left 4 Dead. Além disso, o título tiraria proveito de todas as funcionalidades únicas do GamePad do Wii U para tornar a experiência ainda mais imersiva. ZombiU foi título de lançamento do novo console da Nintendo e também um dos mais antecipados. Será que a espera valeu a pena?

Caos em Londres

ZombiU se passa em uma Londres completamente destruída devido a um forte vírus que se espalhou pela cidade. A grande maioria dos cidadãos se transformaram em zumbis e, orientado por uma voz misteriosa, você deverá realizar uma série de missões para buscar a cura do da doença que possuiu a cidade. Como se pode perceber, a história não é nada inovadora, e nem precisava, já que o foco do título é apenas sobreviver em um mundo hostil e caótico como aquele. A grande sacada de ZombiU é que, assim como em Demon’s Souls, caso seu personagem morra durante uma tarefa, esta deverá ser recomeçada e todos os itens já conquistados serão perdidos. Além disso, não pense que o título possui um só protagonista: cada vez que o jogador for morto um novo sobrevivente entrará em cena e, para recuperar os itens de sobrevivente anterior, você terá que encontrar e matar o desafortunado, que se tornou um zumbi. A dinâmica de ZombiU exige que o jogador tenha cautela, e isso pode afastar diversas pessoas que podem pensar que o título se limita a um assassinato em massa de zumbis, pois aqui o que o ocorre é o contrário.

Você dificilmente sobreviverá a mais de dois inimigos ao mesmo tempo

O game possui um alto nível de dificuldade até em seu nível mais fácil. Por isso, prepare-se para morrer diversas vezes até pegar o jeito e entender a real proposta dos desenvolvedores com a experiência. Boa parte dos cenários são escuros, por isso você contará com uma lanterna durante a jornada. Não pense, no entanto, que isso resolverá seus problemas, pois a luz atrai os inimigos e, acredite, se você tiver que enfrentar mais de dois ao mesmo tempo, a probabilidade de morte é altíssima. Nesse jogo não se deve matar, mas sobreviver. Seus recursos são escassos e poucos golpes de um zumbi (em média três) já são o suficiente para dar fim a mais uma das poucas vidas restantes naquele lugar. Espere também encontrar zumbis de personagens controlados por seus amigos no console, o que torna tudo muito mais divertido (o Alex Sandro, revisor dessa matéria, tem como um de seus maiores hobbies, caçar meus pobres moribundos e matá-los mais uma vez, com direito a screenshots do ato compartilhadas no Miiverse).

A revolução do GamePad

Os itens são selecionados pelo GamePad
O título da Ubisoft é, certamente, o que melhor utiliza o novíssimo controle da Nintendo até o momento. Praticamente todas as funções exclusivas do controle são utilizadas em algum momento, o que aumenta de forma exponencial a imersão da experiência. Em se tratando dos movimentos comuns dos personagens como andar pelos cenários e atacar inimigos, o jogo não apresenta grandes novidades, tendo controles bastante parecidos com os de outros FPSs tradicionais, porém um pouco lentos e limitados. Seu personagem sempre iniciará sua pequena jornada (pois ele vai morrer) com uma espécie de bastão de madeira. Os ataques são muito lentos, a animação dos golpes é sempre idêntica e os zumbis custam a morrer com seus golpes. A jogabilidade com armas de fogo também não é das melhores, pois os controles não são muito precisos. Imagine a situação: você tem dez balas para matar dois inimigos, mas provavelmente errará metade dos tiros e os outros não serão o bastante para acabar de vez com a ameaça, isso porque os zumbis são extremamente resistentes, mais do que deveriam. A situação é um pouco frustrante e, várias mortes ocorrerão pela lentidão e baixa precisão da jogabilidade. Sendo assim, prepare-se para ter paciência.

O brilho de ZombiU está, além de seu conceito, no uso das funcionalidades exclusivas do GamePad. A tela do controle apresenta um mapa cheio de funcionalidades. Você pode utilizar um sonar que mostra a localização de formas de vida no cenário (que aponta desde zumbis até ratos) com um simples toque de seus dedos. Além disso, é possível analisar os ambientes com uma espécie de scanner bem parecido com o scan visor utilizado por Samus Aran em Metroid Prime. A diferença é que, para utilizá-lo, você deve olhar para a tela do GamePad e se virar para a direção que deseja investigar. A ação expande o universo do jogo para além da TV já que, em alguns momentos, se deve até ficar de costas para ela para examinar um ponto de interesse. Entre outras funcionalidades interessantes do GamePad estão a interação em tempo real com objetos nos cenários como armários, computadores e outros elementos que possam conter algo útil para seguir na missão. A grande sacada é que, para interagir com esses elementos, deve-se utilizar a touch screen do GamePad, enquanto a ação continua rolando na telona. Sendo assim, é necessário ter atenção redobrada para não permitir que um zumbi chegue de repente e acabe, em um passe de mágica, com todos os seus lindos sonhos de salvar o mundo.

Sinta medo, muito medo...

Apesar de ser um FPS, ZombiU é essencialmente um jogo de terror e, um dos fatores que deve ser mais considerado para o gênero, é a sua ambientação. Nesse aspecto, ZombiU apresenta uma certa dualidade. Enquanto que artisticamente o título é um primor, de forma que o clima criado em diversas situações consegue passar toda a sensação de medo desejada, os gráficos não são lá essas coisas. Alguns cenários são graficamente pobres, com diversas texturas em baixa resolução, enquanto que a movimentação dos inimigos é bastante travada e não passa muita credibilidade. Mesmo assim, o jogo transmite diversos sentimentos ao jogador, principalmente o medo. A excelente trilha sonora, que só aparece em momentos mais tensos, dá o toque final para criar todo o clima de tensão, desolamento e desespero. A Ubisoft conseguiu criar um universo sólido, crível e imersivo e, com uma temática já tão desgastada, isso é um feito e tanto. 

Londres foi maravilhosamente recriada

Para agradar ainda mais os jogadores hardcore, o game, que já é difícil, ainda oferece o modo Survival, em que o jogo termina assim que o primeiro sobrevivente for devorado pelos mortos vivos. Acredite, é um desafio e tanto! Por fim, o título ainda conta com um modo multiplayer que, apesar de ter sido uma boa ideia, é bastante superficial: um dos jogadores utiliza o GamePad, e deve espalhar zumbis pelo cenário para evitar que o segundo jogador, que utiliza um Pro Controller ou um Wiimote, chegue a seu destino. O uso da jogabilidade assimétrica é muito bom, contudo o modo se limita a dois jogadores e não possui funcionalidades online, o que o torna apenas uma diversão rápida, não aproveitando todo o enorme potencial da ideia.

Mal interpretado

ZombiU é um título de qualidade, mas muitos podem torcer o nariz por simplesmente não compreenderem a proposta do jogo. É claro que nem tudo é perfeito, mas a ousadia da Ubisoft em criar algo tão diferente para um console recém-lançado é admirável e devia servir de exemplo para todas as outras empresas que estão lançando ports preguiçosos para o console. Assim como Red Steel, que mesmo possuindo muitos defeitos, trouxe diversas inovações ao gênero quando foi lançado para Wii, ZombiU se consagra como o primeiro título lançado para Wii U por uma third party que tenta abraçar a nova ideia da Nintendo, e isso já é motivo o bastante para admirar o esforço da produtora.

Prós

  • Maravilhosa ambientação;
  • Sensação de medo;
  • Alta dificuldade e sentimento de recompensa;
  • Excelente uso do GamePad;
  • Trilha sonora assustadora;
  • Legendas em português;
  • Leaderboards nos modos mais difíceis.

Contras

  • Jogabilidade lenta e travada;
  • Multiplayer pouco explorado;
  • Gráficos aquém do esperado.

ZombiU – Wii U – Nota: 8.0
Revisão: Alex Sandro 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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