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Análise: Monster Hunter 3 Ultimate (3DS) nos convida mais uma vez a dilacerar monstros gigantes. Vale a pena a caçada?

Há pouco menos de três anos, a Capcom trouxe para o Ocidente Monster Hunter 3 Tri , um lançamento que conquistou muitos jogadores do Wi... (por Rafael Neves em 11/04/2013, via Nintendo Blast)


Há pouco menos de três anos, a Capcom trouxe para o Ocidente Monster Hunter 3 Tri, um lançamento que conquistou muitos jogadores do Wii. Agora, a empresa do Megaman aposta em uma versão melhorada e expandida do popular título de caça a monstros. Monster Hunter 3 Ultimate traz aos donos de 3DS uma imensidão de quests, monstros, armas e equipamentos que dá vazão a um complexo RPG de ação. Com um divertido modo multiplayer e um charme sem igual, Ultimate será capaz de convencer os caçadores a dar mais uma chance à terceira geração da série ou será melhor esperar por Monster Hunter 4? Afie suas armas, pois vamos caçar essa resposta!


Monster Hunter novo/de novo

É difícil dizer exatamente aonde se encaixa Monster Hunter 3 Ultimate. Ainda que qualquer jogador de Monster Hunter Tri sinta-se tão em casa que acabe achando tudo a mesma coisa, a vastidão do conteúdo inédito dá motivos de sobra para arriscar mais umas caçadas. O enredo (e toda apresentação ao jogo em si) é exatamente igual à versão para Wii: você, um caçador novato, ficará encarregado de degolar o monstruoso Lagiacrus, uma fera marinha que vem trazendo problemas para Moga Village.
Essa vila pesqueira será seu QG, fornecendo-lhe diversos serviços que irão prepará-lo até o confronto com o rei dos mares.

Até matar um Lagiacrus e criaturas ainda mais poderosas do que ele, você terá de aprender toda a arte da caça, ir degolando monstros menores, criando armas, aprimorando equipamentos e munindo-se do que melhor lhe garante uma vitória: experiência. Mas não falo de pontos de experiência, mas da mais pura experiência pessoal. Ultimate, assim como seus antecessores, não hierarquiza os personagens por níveis, não faz chover números de dano ao acertar uma criatura, muito menos disponibiliza o HP de suas presas (ou predadores, a depender de seu desempenho). Em vez disso, o aprendizado dos sutis sinais de seu progresso numa caçada é que comanda a aventura. E, para familiarizar-se com esse sistema, a prática vem em primeiro lugar. Esqueça guias ou cálculos matemáticos, pois, em Ultimate, arriscar-se é a melhor moeda.

À esquerda, a pacífica Mooga Village, para a campanha singleplayer.
Já à direita, o inédito Port Tanzia, voltado para caçadas multiplayer.

Atalhos na touchscreen são
uma grata melhoria
Obviamente, isso faz de Ultimate um game tão hostil para os jogadores quanto as criaturas que o habitam. Sim, é difícil pegar o jeito com Monster Hunter, ainda mais quando você se vê sem muitos dos elementos que parecem obrigatórios em um RPG de ação. Uma câmera inteligente? Nada disso, o controle da câmera em Monster Hunter sempre foi manual, por exemplo. Ultimate é justamente o primeiro a quebrar com essa tradição da série. Sabendo do quão frustrante era o controle da câmera sem dois analógicos nos games da série para PSP e sem querer obrigar os jogadores a comprar um Circle Pad Pro, a Capcom introduziu duas ferramentas à versão de 3DS.

A primeira delas é uma touchscreen repleta de atalhos e informações de fácil acesso, como mapas e itens. Dentre as opções disponíveis no customizável display da tela inferior, temos uma reprodução do D-Pad do 3DS, que permite um manuseio melhor da câmera. A segunda ferramente é um sistema de trava de mira. Ele não facilita tanto as coisas quanto o Z-Targeting da série Zelda, mas emparelha você e o inimigo ao toque de um botão. Com certeza, ambas as opções melhoram bastante a jogabilidade, mas, se o Classic Controller era praticamente obrigatório na versão de Wii, o Circle Pad Pro é altamente recomendado para jogadores de 3DS. Lutar em baixo d'água sem um segundo analógico é muito, muito frustrante.


Essa telinha é pequena demais para nós todos

Há um motivo para "Monster" estar estampado no título desse jogo. Ultimate traz uma seleção incrível de monstros para se caçar. Quem já estava saturado das criaturas enfrentadas na versão de Wii irá adorar saber que vários monstros novos estão inclusos em Ultimate. Temos, por exemplo, Arzuros, Duramboros, Lagombi e Plesioth. Eles e muitos outros são criaturas populares nas versões de PSP que vão apimentar as caçadas em Ultimate. Estava cansado de caçar o Lagiacrus no mapa Deserted Island? Que tal enfrentar um Abyssal Lagiacrus em Underwater Ruin?

Não só Lagiacrus, mas muitos outros com Diablos, Barroth, Rathian, Uragaan e Jhen Mohran receberam subespécies bem interessantes. Mas o destaque mesmo fica para Brachydios, um monstro totalmente inédito que estampa a linda boxart japonesa de Ultimate. Cada um deles tem hábitos próprios e são capazes de lhe surpreender por mais familiarizado que você esteja. Derrubar um desses monstrengos envolve entender seus padrões de ataque, saber adequar o timing e preparar-se adequadamente com armas e equipamentos que explorem as fraquezas deles. As batalhas por vezes ultrapassam trinta minutos de duração, o que pode ser cansativo para uma experiência portátil, mas são, ainda assim, viciantes e desafiadoras.

A partir de agora, é com esses monstros
que você terá pesadelos.
E, se, no catálogo de criaturas, Ultimate não deixa a desejar, o mesmo pode-se dizer das armas e equipamentos. Com novos monstros, é óbvio que uma infinidade de novos equipamentos virão à tona, dando margem a muita customização do seu caçador e ainda mais estratégias. Já as armas receberam uma grande melhoria: todos os doze tipos de armas vistas em Monster Hunter Portable 3rd (PSP) estão de volta, o que adiciona quatro novos esquemas de armamentos aos oito vistos em Tri originalmente. Isso mesmo, agora podemos usar as rápidas Dual Blades, o esquisito Hunting Horn e uma nova opção aos amantes de armas de longa distância: Bows. 

O resultado da junção dessa quantidade absurda de elementos é um RPG de ação pra lá de complexo e com uma longevidade altíssima. Chegar ao fim de Ultimate é tarefa para poucos, até por que é bem difícil discernir os limites que esse game traz, uma vez que, com o modo multiplayer, as caçadas ficam inesgotáveis. Na verdade, a verdadeira maravilha de Ultimate (e da série toda) são as caçadas cooperativas. Juntar mais três amigos para degolar monstros, procurar por minérios e encontrar materiais é absolutamente divertido e viciante. No 3DS, a conectividade local é bem funcional, pois o portátil fica constantemente procurando por caçadores próximos e há a opção de se jogar com quem tem a versão para Wii U.

O multiplayer garante horas
de incansáveis caçadas... haja bateria!
Infelizmente, a falta de um multiplayer online é um desagrado total aos jogadores ocidentais, que não tem a sorte dos japoneses de encontrar um jogador de Ultimate a cada esquina. Ainda assim, com um grupo de amigos ou na companhia de Cha-Cha e seu mais novo ajudante Kayamba, Ultimate oferta 339 quests para serem cumpridas, número que poderá aumentar com a chegada de DLCs gratuitos. E, em cada uma delas, o sentimento de satisfação ao derrubar aquele monstro que lhe fez ser derrotado incontáveis vezes é sensacional.

Beleza monstruosa

A Capcom já havia provado que sabe aproveitar o potencial gráfico do 3DS  ao máximo com Resident Evil: Revelations e Super Street Fighter IV: 3D Edition, mas fez questão de deixar isso claro mais uma vez com Monster Hunter 3 Ultimate. É fantástico ver um dos mais belos games do Wii rodando tão bem no 3DS, com loadings menores e o acréscimo do efeito 3D. Bem, se a versão do Wii U beneficia-se bastante dos visuais HD, o mesmo não pode-se dizer do ganho que o 3D dá à versão portátil.

O efeito visual garante mais profundidade aos ambientes, mas passa longe de melhorar a aparência do game e ainda é muito mal empregado nas CGs, que foram convertidas às coxas para a tela tridimensional. Ainda que belo em sua essência, Ultimate é visualmente copiado e colado de sua versão de Wii e, mesmo que isso seja justificado por se tratar apenas de uma expansão, é difícil não ficar com um pé atrás para comprar um game que se parece tanto com a versão que já temos em casa. E, sem a possibilidade de trazer para o 3DS o progresso salvo na versão de Wii, veteranos em Tri terão de enfrentar os enfadonhos tutoriais iniciais outra vez.


O mesmo podemos dizer da trilha sonora. As canções são bem acima da média, com excelentes sons da natureza que acompanham a exploração de cenários e músicas orquestradas que aumentam a tensão das batalhas contra os chefes. Mas a exagerada sensação de déjà-vu que permeia desde a mais bem trabalhada das melodias até o mais simples dos efeitos sonoros evidencia a falta de esmero artístico nessa releitura de Tri. Ainda assim, a trilha sonora é bem imersiva e muito melhor apreciada se na companhia de bons fones de ouvido.

O Monster Hunter supremo?

Desde que "Monster Hunter Tri G" (nome japonês) foi anunciado na Famitsu, eu fiquei com um pé atrás quanto ao título. Tanto por ser um grande defensor de que a série viva apenas nos consoles, quanto por entender que o 3DS é uma plataforma complicada para esse tipo de jogo. Depois de passar horas e horas caçando monstros no 3DS, Monster Hunter Ultimate não me fez voltar atrás em nenhuma crítica inicial minha, mas me mostrou que, apesar de tudo, Ultimate não deixa de ser um jogo muito viciante e complexo. O game traz quests demoradas demais para uma experiência portátil, além de evidenciar todos os problemas de sua conversão para o 3DS: falta de um segundo analógico nativo e ausência de multiplayer online.

Mas é a vastidão de conteúdo, o charme único de Monster Hunter, o alto nível de desafio e o absolutamente divertido multiplayer cooperativo que fazem desse título um grande acréscimo à biblioteca do 3DS. Sim, dentre todas as versões da terceira geração da franquia, Ultimate é a mais completa, mas muito melhor apreciada no Wii U. Se você dispõe apenas de um 3DS, não aguenta esperar por Monster Hunter 4 (3DS) e tem como aproveitar uma jogatina em grupo local, Monster Hunter 3 Ultimate deixará você vidrado na telinha do seu portátil 3D.

Prós

  • Centenas de quests trazem dezenas de monstros novos e subespécies ao já vasto catálogo de criaturas do jogo;
  • RPG tático que preza pela experiência pessoal através de um alto nível de desafio;
  • Graficamente muito acima da média para o 3DS;
  • Grande variedade de tipos e modelos de armas e equipamentos permite muita customização e estratégias;
  • Multiplayer local torna a jogatina muito mais divertida;
  • Tela de toque traz úteis atalhos e botões extras.

Contras

  • Ausência do multiplayer online visto na versão de Wii U;
  • Jogar sem o Circle Pad Pro pode ser desastroso, sobretudo em batalhas aquáticas;
  • Grande semelhança com a versão de Wii e impossibilidade de transferência do save original de Tri podem afastar veteranos;
  • Longas batalhas não combinam com uma plataforma portátil;
  • Efeito 3D mal empregado nas CGs.
Monster Hunter 3 Ultimate - Nintendo 3DS - Nota: 8.5
Revisão: Leandro Freire
Capa: Daniel Silva


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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