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Análise: O 3DS não é o melhor lugar para levar um piloto e um carro ao limite em F1 2011

Esporte e jogos para apaixonados Fórmula 1 é um esporte restrito para apaixonados por ele. É preciso ser muito apaixonado para ver gra... (por Lucas Palma Mistrello em 06/06/2013, via Nintendo Blast)


Esporte e jogos para apaixonados

Fórmula 1 é um esporte restrito para apaixonados por ele. É preciso ser muito apaixonado para ver graça nele, quem gosta de F1 gosta do carrossel, gosta até mesmo dos GPs na Hungria e Mônaco, gosta de ver os treinos de sábado e até os de sexta. Não digo isso para exaltar o esporte ou massagear meu gosto pessoal, mas porque é um esporte naturalmente chato. Ele depende da levar o carro ao limite, de explorar cada centímetro do circuito, pegar a tangência mais perfeita o possível da curva, e isso só ocorre com muita, mas muita repetição.

A abertura das versões para consoles de mesa e computadores pessoais é demais, e foi mantida, com as devidas limitações no 3DS.
Mas por que digo isto? Porque essa é a essência dos jogos sobre ele. No jogo é a mesma prática, você dará voltas e voltas buscando o melhor desempenho. Mesmo quando achar que estiver num tempo bom, você se surpreende e consegue baixar alguns milésimos de segundo, e aí quer continuar correndo para baixar mais ainda... esse é o chato e fantástico divertimento.

Infelizmente o 3DS não parece ser o lugar mais adequado a isso, entenda o porquê.

Jogabilidade exaustiva 

Logo de cara, ao explorar o jogo, já é sensível uma dificuldade com os controles. O problema mais óbvio é que o botão para abrir a asa móvel é o Y, sendo, naturalmente, o acelerador o A. Agora, eu quero ver como alguém consegue pressionar Y e A ao mesmo tempo, e sem apertar nem o B, freio, nem o X, que aciona o Kers, juntos. Impossível, apenas largando a outra mão do analógico nas retas.



Mas, além disso, como introduzi o texto, a jogabilidade de qualquer Fórmula 1 é exaustiva. É muita repetição e muita concentração milimétricas, e isso traz inúmeros problemas no 3DS. Primeiro que o efeito 3D, apesar de belo, é completamente inviável. Dado o nível de concentração que o jogo exige, rapidamente seus olhos conseguem desfazer a ilusão tridimensional, e é preciso ficar ajustando a posição do console novamente até enganar o cérebro mais uma vez, e, em minutos, a dor de cabeça já é fulminante.

E, aqui considerações mais particulares. Creio que os portáteis, o 3DS principalmente, são desconfortáveis para jogos de extrema ação onde não há descanso, é necessário estar apertando alguma coisa a todo o momento, como Fórmula 1. Os botões são pequenos demais, e o formado do console é pouco anatômico (tenho a versão XL), para o tanto que você se concentra e com a força que segura o console e aperta os botões (buscando o limite do carro), em meia hora de jogo já há bastante desconforto na ponta dos dedos e nas mãos. 

Corrida Mortal

No largada do Grande Prêmio da Bélgica de 1998, em Spa-Francorchamps, estava chovendo, como foi por toda a manhã, e na primeira curva, à direita, David Coulthard da McLaren perde o controle do carro e bate na mureta, levando consigo outros doze carros. Em segundos, 13 pilotos dos 22 que largaram estavam fora, confira na foto abaixo.  
Uma largada comum em F1 2011 para o 3DS
E é mais ou menos assim que funcionam as largadas de F1 2011. É uma missão impossível sobreviver a elas largando em uma posição intermediária. Os demais carros vão para cima de você sem o mínimo de pudor, é impressionante! As vezes é preciso reiniciar a prova 5 ou 6 vezes para conseguir continuar a corrida. É algo inacreditável: os carros controlados pelo computador se comportam como se o jogador não estivesse lá, eles aceleram levando seu carro na frente junto. É bizarro, falha gravíssima de programação. E mais bizarro ainda é que essa situação se repete na corrida: se um adversário estiver na sua cola virando mais rápido que você, é bom sair do caminho senão será atropelado. Nem adianta tentar defender a sua posição, é perder todo o trabalho da corrida.

Tudo isso é reflexo da péssima inteligência artificial do jogo, péssima mesmo. O jogo tem graça apenas no nível mais difícil, em todos os outros os adversários são muito lentos, mesmo com os carros mais fracos é fácil de fazer a Pole Position e liderar a prova de ponta a ponta. Ainda assim, no nível mais difícil, estou fazendo carreira com a HRT (Hispania) e conquistei pontos em quase todas as corridas, além de alguns pódios. Com um carro um pouco melhor vou me sentir um verdadeiro Nelson Piquet.


Jogo desperdiçado e incompatibilidade com o 3DS

Nos aspectos técnicos, fora a IA, o jogo é excelente, os gráficos são lindos para o 3DS, a recriação dos circuitos é a mais fiel o possível. O som não é nenhuma obra-prima, mas competente. E, como em todos os jogos da série desenvolvida pela Codemasters, há muitas possibilidades de customização da jogabilidade. São várias as ajudas que os pilotos podem ter para facilitar a pilotagem, como a linha de corrida com os pontos de aceleração e frenagem, assim como os inúmeros ajustes que podem ser feitos nos carros em cada corrida. O que, ao mesmo tempo, não é obrigatório; quem não quiser mexer nisso, pode se divertir igualmente.


No entanto, tudo isso é desperdiçado por dois motivos. O primeiro é uma (des)inteligência artificial terrível, digna de Blast from the Trash, minando quase que todo o potencial do jogo. E o segundo é a incompatibilidade do gênero com o 3DS. A jogabilidade extremamente exaustiva dos jogos de Fórmula 1 é a sua graça, mas para o portátil da Nintendo, é igualmente desconfortável. O formato pouco anatômico e os botões minúsculos são verdadeiras torturas para as mãos dos pilotos virtuais.

Uma pena, pois estava muito animado em poder correr na categoria máxima do automobilismo mundial em qualquer lugar. No entanto, não se leve totalmente pelas minhas palavras, o jogo ainda é divertido para os apaixonados que citei no início do texto, apenas tem um nível de desafio (em dificuldade e em jogabilidade) muito abaixo do esperado. 

Prós:

- Gráficos belíssimos na recriação dos circuitos;
- Recriação fiel das pistas;
- Mecânicas e físicas boas;
- Customização ampla da jogabilidade, característica da série da Codemasters.

Contras:

- Controles desconfortáveis;
- Difícil sobreviver às largadas;
- Inteligência artificial péssima;
- Jogo só tem graça no nível mais difícil, e ainda apenas com um carro ruim;
- Efeito 3D bonito mas inviável fisiologicamente para jogabilidade exaustiva do gênero.
- Uso nulo da touch-screen.

F1 2011 - Nintendo 3DS - Nota: 6,0
 Revisão: Vítor Tibério
Capa: Stefano Genachi

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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