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Análise: Viaje por um mundo de sonhos em NiGHTS: Journey of Dreams (Wii)!

Em 1996, o saudoso Sega Saturn recebia um dos que viriam a se tornar os mais marcantes títulos já lançado pela Sega em toda a sua histó... (por Unknown em 18/08/2013, via Nintendo Blast)


Em 1996, o saudoso Sega Saturn recebia um dos que viriam a se tornar os mais marcantes títulos já lançado pela Sega em toda a sua história. Não, não estamos falando de Sonic, tampouco Shenmue, mas de NiGHTS into Dreams, jogo de aventura no qual o jogador deveria guiar uma criatura que lembra um pierrô por um mundo de sonhos cheio de bizarrices, mas com uma beleza ímpar. Mesmo que muito elogiado, o título caiu no esquecimento de seus criadores, apesar de nunca ter saído dos corações daqueles que o jogaram, que sempre tiveram a esperança de que um dia uma sequência do clássico poderia ser lançada. 


Dez anos e duas gerações de consoles se passaram quando finalmente a Sega, em um movimento surpreendente, anunciou a produção de um novo jogo da franquia a ser lançado exclusivamente para o Wii. Os fãs de outrora ficaram extasiados e a empolgação tomou conta até mesmo dos que nunca tinham ouvido falar da franquia até então. Daí em diante a espera não foi muito longa e o jogo foi lançado ao final de 2007 e, apesar da empolgação, vários fatores fizeram com que o jogo não fosse o sonho que prometeu ser.

Nightopia, o mundo dos sonhos

Journey of Dreams conta a história de William Taylor e Helen Cartwright, duas crianças moradoras de Bellbridge, uma cidade parecida com Londres, que vêm tendo pesadelos todas as noites. Aspirante a jogador de futebol, William vê sua vida desmoronar, já que seu pai, ao qual é muito ligado, é obrigado a viajar para outra cidade devido ao trabalho. Helen, por sua vez, é uma talentosa violinista que, apesar de amar fazer música e treinar com sua mãe, começa a se afastar gradativamente de suas atividades para passar mais tempo com suas amigas.

Logo no inicio as crianças conhecem Owl
O distanciamento que as crianças passam a ter de seus pais começa a refletir em seus sonhos e, ao dormir, os dois acabam indo parar em Nightopia, um mundo psicodélico e surreal em que os sonhos de todas as pessoas são refletidos. Lá, Will e Helen conhecem Owl, uma coruja que os guiará durante sua jornada e NiGHTS, um estranho ser que possui o poder de se fundir com seres humanos para que eles recebam diversas habilidades especiais em Nightopia. Contudo, o lugar que inicialmente parece pacífico logo se revela um mundo cheio de perigos, já que Wizeman, um poderoso mago, criador de pesadelos, ao lado de Reala, ser que muito se assemelha a NiGHTS pretendem dominar Nightopia e, posteriormente, o mundo dos humanos com seus pesadelos e monstros assustadores. Com isso, caberá a NiGHTS e às duas crianças, salvar o mundo dos sonhos das trevas e, consequentemente, toda a humanidade.

O pesadelo da jogabilidade

NiGHTS: Journey of Dreams é dividido em duas campanhas distintas, uma com Helen e outra com Will. Inicialmente, as crianças não se conhecem, mas no decorrer da jornada seus destinos se cruzam e os dois se unem para destruir Wizeman de uma vez por todas. Cada um dos personagens possui fases exclusivas, que refletem os sonhos e anseios dos meninos, e isso torna a aventura algo muito único e prazeroso, já que exploramos os mais profundos pensamentos de duas crianças por meio de suas representações abstratas em um mundo de sonhos.

As fases em terra firme são arrastadas e sem graça
A ideia parece excelente e o mundo é realmente bem idealizado, mas certas decisões de design tiram boa parte do brilho que a aventura deveria ter. Em primeiro lugar, as campanhas possuem dois tipos de fases, sendo a primeira delas extremamente chata e mal executada. Estou falando de estágios em que o jogador deve controlar Helen e Will ao invés de NiGHTS. Nestas passagens, o jogador possui um limite de tempo para explorar o cenário e os controles são extremamente imprecisos e mal implementados, além de que as missões não são nada divertidas.

Para dualizar com Nights as crianças devem resgatá-lo!
Contudo, o jogo melhora bastante quando as crianças encontram o pierrô, se fundem a ele e devem voar pelos cenários cumprindo pequenas tarefas enquanto passam por dentro de argolas e coletam itens. Cada campanha possui quatro fases divididas em múltiplas missões e chefes que exigem muita estratégia e reflexos para serem derrotados. NiGHTS ainda é capaz de se transformar em diversas coisas, como um golfinho ou um carrinho de montanha russa, de acordo com itens que Helen e Will conquistam no decorrer de sua jornada. Apesar de ridiculamente divertidas, os controles também não são dos mais precisos, e inicialmente o jogador sentirá certa estranheza em controlar o personagem pelos caminhos pré-definidos do jogo.

No controle de Nights tudo é mais divertido
Para tentar facilitar, o Sonic Team implementou o suporte tanto ao Wiimote quanto ao Classic Controller e o controle do GameCube. O primeiro utiliza o sensor de movimentos para controlar o personagem, mas os movimentos são muito sensíveis tornando quase impossível um bom desempenho nas missões. Os outros controles, apesar de mais precisos que o Wiimote, ainda assim apresentam deficiências que atrapalham muito a jogatina, o que é uma pena, já que o título possui ideias excelentes e uma das melhores ambientações já vistas no limitado hardware do Wii.

A beleza de Nightopia

Apesar das falhas em sua jogabilidade, Journey of Dreams possui gráficos incríveis que, aliados a uma excelente direção artística, tornam o jogo um dos mais belos já vistos no Wii. A Sonic Team se esforçou muito para dar vida ao mundo de sonhos que idealizaram e cumpriram a tarefa com louvor. Todos os cenários e personagens são coloridos, bonitos e passam a todo o momento a sensação de estarmos em um lugar mágico em que tudo que desejarmos é possível.

Os cenários de Nightopia são belíssimos!
Aliada à belíssima direção artística do título, a trilha sonora complementa o clima de magia com composições solenes e deliciosas de serem ouvidas. O trabalho de dublagem também foi realizado com cuidado aos mínimos detalhes e todas as vozes combinam com seus respectivos personagens, além de expressarem emoções com perfeição.

Mesmo com tantos problemas, o jogo prende os jogadores até o fim!
O jogo ainda conta com belíssimas cutscenes, que conduzem a história de forma emocionante e ao mesmo tempo delicada. Neste momento, compreendemos os conflitos vividos por Helen e William e até nos identificamos com sentimentos que já tivemos durante nossas vidas. A inocência das duas crianças e sua vontade de salvar um mundo que acabaram de conhecer é algo comovente e prende os jogadores até o apoteótico final da jornada, que dura cerca de dez horas.

O sonho continua

Apesar da excelente ambientação e enredo, NiGHTS: Journey of Dreams falha miseravelmente em sua execução, com sua jogabilidade imprecisa e fases a pé nada divertidas. Contudo, ainda assim o jogo garante horas de diversão e é tão imersivo que você provavelmente deixará os problemas de lado e apreciará o que o título tem a oferecer. Torçamos para que da próxima vez, a Sonic Team consiga criar uma experiência de jogabilidade tão magnifica quanto a que o jogo oferece ao nosso imaginário.

Prós

  • Ambientação incrível;
  • História comovente;
  • Um dos jogos mais belos do Wii.

Contras

  • Jogabilidade problemática com qualquer um dos controles suportados;
  • Fases a pé chatas e sem sentido.


NiGHTS: Journey of Dreams – Wii – Nota 6.0
Revisão: Alex Sandro de Mattos
Capa: Hugo Henriques 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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