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Análise: Comemore o verão tropical do Reino do Cogumelo em Mario Party: Island Tour (3DS)

Depois de tantas confusões e aventuras, já era hora de Mario e sua turma do Reino do Cogumelo merecerem seu devido descanso. Voltando com ... (por Anônimo em 01/12/2013, via Nintendo Blast)

Depois de tantas confusões e aventuras, já era hora de Mario e sua turma do Reino do Cogumelo merecerem seu devido descanso. Voltando com a décima terceira festa da turma depois de Mario Party 9 para Wii, Mario Party: Island Tour promete reunir os amigos para partidas divertidas e descontraídas e também para disputar o sonhado título de “melhor opção multiplayer” para Nintendo 3DS contra títulos como Mario Kart 7 e Kid Icarus: Uprising. Mas será que existe chance desse título dos “sonhos” na verdade se tornar um pesadelo? Descubra em nossa análise.

Diversão ilhada

Dessa vez, sem muitas premissas, Mario e toda a sua turma foram simplesmente convidados a festejar nas ilhas flutuantes conhecidas como Party Islands. Mais nenhum aspecto de história é incluso a partir daí, e o jogo não conta com um modo “Story”.

As Party Islands oferecem algumas atrações conhecidas pelos fãs, como o modo Party com algumas opções de tabuleiros, o modo Minigames para jogatina livre e indiscriminada dos minigames e uma Gallery, onde é possível comprar e colecionar uma pequena variedade de "bolhas de recordação" com faixas de áudio do jogo. Além disso, no modo single-player, é possível desfrutar de uma série de minigames na Bowser’s Tower e, novo para a série em Island Tour, há também um modo de competição de recordes de minigames entre outros jogadores recebidos via StreetPass.

Será que teria sido melhor recusar o convite?
Os gráficos estão excepcionalmente bonitos e bem polidos para o Nintendo 3DS e o áudio inclui tanto faixas novas como remixes nostálgicos. O efeito 3D da tela superior desaparece em alguns minigames de acelerômetro, mas, enquanto ele está disponível, funciona muito bem nos tabuleiros, apesar de não fazer praticamente nenhuma diferença visual durante os minigames.

Que comecem as festividades

É arriscado dizer que o modo Party de Mario Party: Island Tour é “o que os fãs já imaginam que seria” porque, ao contrário dos outros jogos portáteis da franquia (que eram desenvolvidos pela Hudson Soft), Island Tour decide seguir os trilhos de Mario Party 9, a primeira experiência da série sob supervisão da subdivisão da Nintendo, a Nd Cube, também responsável por esta nova versão para 3DS.

Por esse mesmo motivo é que todos os tabuleiros de Mario Party: Island Tour são, para começar, invariavelmente em linha reta. Excedendo alguns casos onde você é transportado para o começo do jogo ou tem alguma opção simples de bifurcação, todos eles envolvem “ir do ponto A ao ponto B” realizando algum tipo diferente de objetivo no intervalo desse caminho, o que já limita muito a variação esperada de estilos de jogo entre os tabuleiros diferentes.

Não aguarde uma grande variedade entre os tabuleiros
É interessante notar que essa “regra implícita” existe desde Wii Party, também desenvolvido pela Nd Cube e do qual muito foi herdado para a franquia Mario Party quando a direção da série trocou entre as desenvolvedoras. Diferente de Wii Party, contudo, todos os tabuleiros de Mario Party: Island Tour desnecessariamente envolvem os fatores de sorte de dados, cartas e casas, e não existe nenhum modo diferente de tabuleiro como, por exemplo, o tabuleiro Globe Trot ou o modo Bingo, presentes em Wii Party.

Apesar de limitados em seu aspecto geral, os tabuleiros de Mario Party: Island Tour têm seus objetivos e regras particulares, que dão um toque um pouco diferente para cada cenário. Confira as mudanças e desafios oferecidos por cada um:
  • Perilous Palace Path carrega as regras mais tradicionais da série em um tabuleiro de 50 casas. Minigames são jogados a cada turno para premiar os ganhadores com dados extras, o que agiliza a corrida até o final. Além disso, esse é o único tabuleiro que conta com a presença de itens para ajudar no seu progresso ou atrapalhar o dos adversários. O primeiro jogador a chegar à última casa e superar o desafio final antes dos outros vence o tabuleiro.
  • Banzai Bill’s Mad Mountain é um curto tabuleiro que troca o número 6 do dado por um ícone de Banzai Bill. Quando alguém pega esse ícone, um Banzai Bill é disparado pelo caminho, lançando todos que estiverem em sua trajetória de volta ao começo. É possível optar por se abrigar da linha de fogo durante sua corrida até a ultima casa. Além disso, a metade do tabuleiro serve como checkpoint ao ser alcançada e os minigames são apenas competidos a cada 3 turnos, recompensando o vencedor com o avanço de algumas casas.
  • Star-Crossed Skyway é onde o jogador que obter mais Mini Stars se torna o campeão independentemente de quem chegar ao final primeiro, de forma similar aos tabuleiros de Mario Party 9. Mesmo assim, o tabuleiro é dividido em algumas seções, e quem chegar primeiro ao fim dessas seções leva a melhor (ou a pior, dependendo de quem estiver o esperando para presenteá-las). Minigames são disputados apenas ao cair em casas “VS” e concedem Mini Stars adicionais para os vencedores.
  • Rocket Road é o tabuleiro mais curto do jogo, baseado em Super Mario Galaxy, que consiste em uma corrida em linha reta até o final de um tabuleiro de 25 casas, contando com o auxílio de propulsores, que multiplicam os números do dado. A cada três turnos, um minigame é disputado para premiar os vencedores com propulsores adicionais. Esses propulsores podem ser usados de uma só vez em até cinco unidades para quintuplicar os números do dado.
  • Kamek’s Carpet Ride é um tabuleiro dividido por partes que só acaba quando algum jogador cair perfeitamente na casa final. Caso passe dessa casa, ele é trazido de volta para o começo da sessão do tabuleiro. Aqui, os jogadores usam cartas mágicas para decidir quantas casas irão andar. A cada turno, um minigame é disputado para definir a ordem de escolha das outras cartas mágicas que repõem as três cartas obrigatórias que cada jogador deve carregar consigo.
  • Shy Guy’s Shuffle City é um tabuleiro médio, exclusivo para três ou quatro jogadores “humanos” no modo multiplayer. Nele, cartas também são usadas para definir sua movimentação até o final, que classifica a vitória. A diferença é que, dentre as cartas distribuídas, uma é a carta do Bowser, que, depois de três turnos, irá ativar um efeito ruim para seu portador. Por esse motivo, os jogadores roubam cartas um dos outros no final de cada turno com o intuito de repassar a carta do Bowser e não sofrer a penalidade. A cada turno, um minigame também é disputado para decidir a ordem em que os jogadores escolherão novas cartas para repor suas mãos.
  • Bowser’s Peculiar Peak é o último (e único tabuleiro secreto) do jogo. Nele, os últimos serão os primeiros, já que o objetivo é ficar o mais distante possível da última casa, onde Bowser aguarda o azarado que chegar antes que os adversários. Minigames são disputados todo fim de turno para premiar os perdedores com dados extras. Rolar dois números iguais concede a sorte de ficar parado no lugar. O jogador que estiver mais distante da última casa quando o mais próximo dela perder o desafio de Bowser é o vencedor.
Mesmo com uma certa variação das regras, fica evidente que Island Tour oferece tabuleiros simplificados demais. Todos sempre consistem em uma linha reta e, dependendo do caso, a ordem de turnos, sempre definida no começo da partida, quase sempre influencia na vitória, já que a maioria delas envolve alcançar a última casa o mais rápido possível. Alguns outros tabuleiros como Rocket Road, podem ser facilmente concluídos depois de jogar apenas um minigame, devido ao desequilíbrio que a recompensa de vencê-lo causa na partida.

O tabuleiro Rocket Road, além de ser completamente linear, pode ser facilmente concluído em três turnos
Segundo as estimativas do próprio jogo, nenhum dos tabuleiros demora mais de 40 minutos para serem encerrados. Talvez pior que isso seja mesmo o fato que alguns deles tenham a duvidosa situação de sortearem minigames, que são as principais atrações de qualquer Mario Party, apenas a cada três turnos. E falando em minigames…

A alma da festa

Não é novidade que os minigames sejam o grande destaque de qualquer jogo da série Mario Party. Desde sua estreia no Nintendo 64, a série sempre foi conhecida por recriar situações divertidas e irreverentes a cada novo jogo, seja com os controles primitivos do Nintendo 64, os novos gatilhos e analógicos do GameCube, o sensor de movimento do Wii ou as telas do Nintendo DS. Com um novo Circle Pad, uma tela exclusivamente estereoscópica, microfone embutido, câmeras externas e interna e mais opções de acelerômetro, era de se esperar que Island Tour oferecesse uma das melhores variedades que a série poderia ter no Nintendo 3DS, certo? Não exatamente.

Mesmo com vários artifícios e tecnologias à disposição, a coleção de minigames incluída em Island Tour dificilmente atende as expectativas de quem gostaria de aproveitar igualmente todas as funções de seu portátil. Tirando quase metade dos minigames que envolvem controles simplórios como botões ou a combinação de Circle Pad com botões, os outros minigames fazem uso simples de decisão ou reflexos rápidos com a tela de toque, e alguns outros poucos usam o acelerômetro do sistema para controlar a câmera em jogos de perspectiva em primeira pessoa ou equilibrar o personagem sobre bolas.

Um dos piores tipos de minigames são os que usam a tela de toque como um simples bloco de anotações
Os tão divulgados minigames de Realidade Aumentada somam apenas dois minigames a mais na coleção e não respondem adequadamente à imagem do cartão AR. Já o microfone também é utilizado em apenas dois minigames, sendo um deles apenas acessível no modo multiplayer, para outros jogadores “de verdade”. Vale notar que esses últimos tipos de minigames não fazem parte do pacote normal de variedades, isto é, você nunca poderá vê-los em nenhum outro modo, como em uma partida de tabuleiro ou no modo Bowser’s Tower. Outros três minigames de puzzle exclusivos para o Free Play do modo Minigames também completam a pobre variedade de minigames do jogo juntamente com mais cinco minigames de “chefões” que podem ser habilitados durante sua escalada single-player à Bowser’s Tower.

É provável que você tenha alguns problemas para fazer os minigames de realidade aumentada funcionarem devidamente
Não é difícil dizer que a biblioteca de minigames de Mario Party: Island Tour perde feio até mesmo para a do seu antecessor portátil, Mario Party DS, não apenas por não incluir minigames 3 vs 1 ou 2 vs 2 (outra herança ruim de Mario Party 9) mas por não fazer usos criativos do microfone, das capacidades de toque da tela inferior e da dinâmica entre as duas telas do portátil.

Levando a festa a um novo nível

Como já havia sido divulgado há muito tempo antes de seu lançamento, Mario Party: Island Tour não oferece um modo de jogatina online para outros três jogadores ou amigos em nenhum tipo de modo de jogo. Mas, se pararmos para pensar, será que um jogo da espécie Mario Party se adequaria em um ambiente assim?

Não necessariamente, na verdade. Mesmo com os menores tabuleiros que a série já teve, jogos online tem a característica de serem facilmente evasivos (isto é, você pode desistir e desligar o console sem ter que confrontar seus amigos, já que nem ao seu alcance eles estão). Isso se torna visível se tomarmos por base que, em Mario Party, diferente de jogos mais esportivos como Mario Kart, as reviravoltas são difíceis de alcançar e qualquer vantagem já seria motivo para desistência do que esperar a derrota inevitável por mais 20 minutos. Apesar de tudo isso, é justificável que o jogo não inclua sequer a função SpotPass?

Também não. Em plena era da conectividade, ficar sequer sem uma conexão com a internet já torna o produto obsoleto e atrasado. E os jogadores de Nintendo 3DS já estão bem acostumados com essa conectividade, com a lista de amigos constantemente atualizada, a rede social Miiverse e outras funcionalidades instantâneas que as facilidades da internet podem oferecer. Mario Kart 7 já usava essa função brevemente ao distribuir dados de Ghost Data aos jogadores, e Kid Icarus: Uprising ofereceu Weapon Gems diariamente aos jogadores por mais de um ano. Até mesmo a última versão de Pokémon se deu ao luxo de manter os jogadores conectados o tempo todo para trocarem informações e dados com outros amigos através dessa capacidade do portátil.

O jogo oferece funcionalidade simples com StreetPass, mas isso é o bastante para esquecer do SpotPass?
Mesmo que o estilo de Mario Party não se adeque à partidas online, isso não significa que a função SpotPass deveria ter ficado de fora por completo. Com ela, poderia ter sido possível a disputa de recordes de minigames para aqueles jogadores que não podem se encontrar com outros por StreetPass (o que é particularmente acentuado no Brasil), ou quem sabe mesmo DLCs futuros que, com alguma sorte, supririam a falta de variedade da biblioteca de minigames do jogo. Não usar o SpotPass soa como um desperdício por parte da Nd Cube nesse aspecto, e as várias desistências de aquisição do título por parte dos fãs “apenas pela falta de um modo online” acabam se tornando justificáveis diante disso.
Seguindo a moda da “simplificação portátil” que aflige títulos como Mario Tennis Open e Paper Mario: Sticker Star, Mario Party: Island Tour dificilmente consegue competir entre as melhores alternativas de multiplayer no 3DS por oferecer pouca variedade de minigames, tabuleiros e modos de jogo, enquanto insiste em seguir as piores decisões do antecessor Mario Party 9. Você ainda pode encontrar alguns curtos momentos de diversão nas poucas horas de jogo que Mario Party: Island Tour oferece, mas esteja ciente de chamar seus amigos para não sucumbir à inevitável aleatoriedade do modo single-player.

Prós

  • Gráficos e áudio no nível da era GameCube;
  • Remixes de temas e músicas clássicas da série principal de Mario;
  • Compartilhamento de multiplayer completo apenas com um cartão de jogo;
  • Uso criativo da função StreetPass para competição de minigames.

Contras

  • Minigames e tabuleiros pouco variados, curtos e altamente dependentes de sorte;
  • Poucos modos de jogo tanto no single-player quanto no multiplayer;
  • Modos restritos a dois ou mais jogadores “humanos” limitam ainda mais o pouco conteúdo;
  • Os jogos de Realidade Aumentada e de microfone custam a funcionar corretamente.
Mario Party: Island Tour - Nintendo 3DS - Nota: 6.0

Revisão: Ramon Oliveira de Souza 
Capa: Igor Silva

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Tinha tudo pra ser um excelente game, mas parece muito limitado.

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  2. Eu estava até empolgado em enfim pode jogar o divertido party no meu 3ds com o pessoal, mas agora fiquei #chateado :/

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