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Análise: Gaste centenas de horas derrotando monstros gigantes em Monster Hunter 3 Ultimate (Wii U)

A cada geração de consoles que passa, remakes e ports de jogos se tornam mais e mais evidentes, auto-nominando-se a "versão defini... (por HugoH2P em 30/12/2013, via Nintendo Blast)


A cada geração de consoles que passa, remakes e ports de jogos se tornam mais e mais evidentes, auto-nominando-se a "versão definitiva" quando lançados. Monster Hunter 3 Ultimate, lançado para Wii U e 3DS em março de 2013, é mais um jogo que se encaixa em tal descrição. Ultimate trata-se de uma edição HD e com mais conteúdo do jogo original de Wii: Monster Hunter Tri. Mas não se deixe enganar: esse "port em HD" está longe de ser um jogo ruim e, ao menos na época de seu lançamento, tratava-se de um dos principais títulos  disponíveis na biblioteca do console.

Um "Pokémon de gente de grande"

Antes de tudo, vamos deixar claro que Monster Hunter é uma franquia exigente - em termos de dificuldade e tempo gasto - e que nem todos se adaptam à ela. É uma relação amor ou ódio, onde raramente você encontrará alguém que experimentou o título e se sentiu indiferente perante à ele. Isso se dá devido às mecânicas do jogo, o lento (porém gratificante) processo de evolução do personagem (que se dá somente através da qualidade de seu equipamento) e das longas batalhas, podendo beirar cinquenta minutos para derrotar um único monstro, em missões mais avançadas.

A melhor analogia para fazer alguém entender do que se trata monster hunter é "Pokémon de gente grande". Não, aqui o foco não é capturar monstros para usá-los em batalhas e também não nos preocupamos com cálculos de IVs ou EVs. Aqui nós simplesmente escalpelamos as criaturas que nos cercam e reviramos as suas entranhas em busca de algo que seja útil. Simpático, não? Apesar da mecânica principal ser um tanto diferente, ambos os jogos têm o mesmo teor viciante e que te atrai para jogar constantemente. Enquanto em Pokémon você consegue, em poucas horas, vencer a liga, mas acaba passando outras centenas em busca dos pokémon perfeitos, em Monster Hunter você gastará centenas de horas para montar as armaduras e armas perfeitas.

Monstros novos, velhos, de outros jogos e subespécies dão as caras em Ultimate

Em Monster Hunter você não evolui o personagem: o personagem evolui você!

A curva de aprendizado, de dificuldade e de recompensa em Monster Hunter 3 Ultimate é bem íngrime, entretanto ele é menor que seu predecessor, dada a quantidade absurdamente maior de missões e criaturas disponíveis para serem abatidas, criando níveis de dificuldade menos gritantes entre si. Em Monster Hunter não há experiência recebida ao derrotar uma criatura. Isto é, ao menos não há diretamente. A grande sacada da franquia é que o seu personagem não evolui; quem evolui é você, o jogador. A cada embate contra a mesma criatura, ou até criaturas maiores e mais difíceis, a sua agilidade e sua percepção de combate e do que te cerca vão ficando mais aguçadas.

Você começa a perceber os padrões de ataque ("Se aquele Royal Ludroth balançou a juba então ele deve rolar pra cima de mim!") e hábitos dos seus inimigos ("Agora que ele já está mancando, o Royal Ludroth vai se retirar para seu esconderijo na caverna ao norte de Moga!"). A única coisa que o jogo concede que evolua tradicionalmente são seus equipamentos. Cada grande monstro possui uma armadura e diversas armas que podem ser montadas usando minérios, alguns itens aleatórios e, principalmente, partes do monstro em questão. Conforme você parte para desafios maiores, é necessária a troca constante de armaduras e armas por outras mais resistentes e poderosas. Afinal, de nada adianta toda sua percepção se você mal consegue resistir a primeira investida de um Barroth.

É indescritível a sensação de não somente dar cabo de um monstro, mas também ao completar toda a armadura baseada nele e saber que foi tudo graças a você e não ao seu personagem que passou horas upando e lutando contra criaturas fracas.
Um dos grandes diferenciais entre Ultimate e Tri está na quantidade de conteúdo. Enquanto Tri oferecia alguns poucos monstros para serem derrotados, Ultimate expande o bestiário incluindo dezenas de criaturas novas, diversas sub-espécies ainda mais fortes de monstros novos e outros já existentes. Além disso, o HUB que serve para a jogatina online, a antiga Loc Lac city, foi trocado por Port Tanzia. Embora estruturalmente as diferenças entre os dois sejam mínimas, visto que ambas contêm praticamente os mesmos serviços, Tanzia conta com muito menos burocracia para se jogar online.

Além disso, uma novidade muito bem vinda é a possibilidade de jogar tais missões mesmo sem conexão de internet. Claro que serão mais difíceis que o normal, visto que são criaturas mais resistentes cuja intenção original era que fossem enfrentadas por dois a quatro jogadores simultaneamente, mas ainda sim é uma ótima opção para aqueles sem Wi-Fi ou acesso constante à internet. Alie o renovado modo online à possibilidade de Cross-Play entre a versão de Wii U e a versão de 3DS e as horas de jogatina multiplayer podem rivalizar com as dos futuros Mario Kart 8 e Super Smash Bros.

As diversas opções de controle possibilitam que qualquer um encontre uma forma de desfrutar o jogo. Isto é, se não se frustrar com o nível de dificuldade.

Conteúdo para dar e vender, mas falta polimento

Mas se as melhorias ao modo online e a vasta adição de conteúdo foram muito bem vindas, a Capcom deixou passar diversos detalhes que fazem com que os jogadores fiquem com a impressão de que MH:3U não passou de um caça-níqueis para se aproveitar da escassez de jogos do Wii U. A impossibilidade de importar itens e informações do save file do jogo de Wii é bastante frustrante, principalmente para aqueles que contam com centenas de horas no jogo anterior. Apesar de ser em HD, as texturas borradas e em baixa qualidade fazem o jogo se distanciar muito pouco da sua versão original, salvo por modelos menos serrilhados e alguns poucos filtros adicionados em certos ambientes.

A história, idêntica a da versão de Wii, torna o trabalho da campanha principal ainda mais entediante para caçadores experientes da geração passada. E o que dizer então do GamePad? Pode-se até dizer que houve um certo esforço por parte da empresa de tentar tornar o jogo mais dinâmico ao poder usar a tela de toque para criar atalhos customizáveis para diversas ações (de ângulos de câmera e mini-mapa até combinação e consumo de itens). Entretanto, tal opção se torna pouco prática e, em combates mais acelarados, muito pouco viável. Além disso, vale lembrar que originalmente o jogo não contava com off-TV play, recurso que foi disponibilizado via update alguns meses após o lançamento do mesmo.

Entretanto, apesar de algumas falhas que demonstram uma certa pressa ou desleixo por parte da Capcom na intenção de acelerar a produção do port HD, as principais qualidades que fizeram de Tri um "must have" na biblioteca do Wii ainda estão presentes - e talvez até intensificadas - em Monster Hunter 3 Ultimate. A coleta das armas e armaduras foi exponenciada dada a grande quantidade de monstros adicionados, mais um companheiro além de Cha-Cha nas aventuras solo proporciona maior dinamismo nas partidas e missões na forma de DLCs gratuitos aumentam ainda mais a duração deste já longevo título.

Fora as dimensões e a taxa de paginação elevada, todo o resto da versão de Wii continua aí: os serrilhados, modelos com menos polígonos e texturas borradas.

Essência da série e satisfação do jogador mantêm-se intactas 

E não podemos esquecer do principal: a sensação de vitória e o prazer ao derrotar aquele monstro gigante. É uma sensação sem par; inigualável. Monster Hunter conta com o nível de dificuldade exato entre "difícil" e "impossível", fazendo com que o jogador fique bravo consigo mesmo e nunca culpe o jogo de ser injusto. E saber lidar com essa dificuldade, se adaptar à interação do ecossistema e conseguir extrair de um monstro justamente aquele item que faltava pra completar o set da armadura são sensações indescritíveis.

Tal qual "Pokémon" é algo tão simples e comum nos dias de hoje que fica difícil explicar o porquê de ser tão popular e viciante, Monster Hunter traça o mesmo caminho. Monster Hunter 3 Ultimate trata-se definitivamente de uma versão melhorada e incrívelmente robusta de Tri, mas certas falhas simples e decisões mal pensadas impedem o jogo de brilhar com todo o seu explendor. Caçadores que se aventuraram pelo título de Wii passaram por mais de 50 horas com uma sensação constante de “déjà vu”, enquanto os novatos - devido à lenta curva de aprendizado - só sentirão a experiência de Monster Hunter 3 Ultimate em sua essência após as primeiras vinte horas. Ainda sim, dada a atual biblioteca do Wii U, Ultimate trata-se de uma das melhores opções para quem busca um título desafiante, longo (eu mesmo já passei de duzentas horas) e com um ótimo modo online.

Prós

  • A quantidade de criaturas disponíveis para serem caçadas mais que triplicou;
  • Modo online menos burocrático;
  • Missões antes exclusivas do modo online agora podem ser jogadas offline;
  • A sensação de vitória e sucesso após matar certos monstros pela primeira vez continua inigualável.

Contras

  • Impossibilidade de coletar informações dos Save Files de Tri;
  • Apesar de ser HD, pouco mudou gráficamente em comparação com o jogo de Wii;
  • Lenta curva de aprendizado, aliado ao modo história repetido, pode repelir tanto jogadores novos quanto antigos.
Monster Hunter 3 Ultimate - Wii U - Nota 8.5
Revisão: Marcos Vargas Silveira
Capa: Igor Silva


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Eu tinha pra 3DS mas não curti a jogabilidade no portátil. Acabei trocando meu Heroes of Ruins no MH3 do WiiU e digo, o jogo é MUITO bom, mas tem que aguentar o começo dele, pois ew difícil para caramba.

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  2. Eu tinha pra 3DS mas não curti a jogabilidade no portátil. Acabei trocando meu Heroes of Ruins no MH3 do WiiU e digo, o jogo é MUITO bom, mas tem que aguentar o começo dele, pois ew difícil para caramba.

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  3. O grafico desse jogo devia ser um pouco mais melhor no Wii U,a Capcom devia ter explorado mais o Hardware do console,espero que o Monster Hunter Frontier G use bastante do Hardware do aparelho.

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  4. Ainda acho que o MH4 deveria ter saido no wiiu e depois para 3ds, não desmerecendo o jogo já lançado mas seria um dínamo nas vendas do console.

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