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Análise: The Amazing Spider-Man 2 (Wii U) é mais uma bola fora da Beenox

O novo título da Beenox é divertido, mas fica devendo com seu enredo pobre e sem sentido.

O Homem-Aranha nunca foi consistente no mundo dos videogames. Com alguns jogos excelentes, como os clássicos de PlayStation e o lendário título baseado no segundo filme estrelado por Tobey Maguire e outros péssimos tal como Spider-Man 3 (Multi), a franquia sempre deixou os jogadores um pouco perdidos por não saberem o que esperar de algum novo lançamento. Há pouco mais de dois anos, com a estreia do reboot cinematográfico do cabeça de teia, a Beenox, estúdio da Activision lançou um título de qualidade que, com alguns poucos ajustes, poderia se tornar o jogo definitivo do herói. Infelizmente, não foi isso que aconteceu com o lançamento do segundo título da desenvolvedora.

Homem-Aranha contra o mundo

Um dos maiores erros cometidos pelo terceiro filme estrelado por Maguire, foi encher o longa de vilões de maneira que não houve um bom desenvolvimento para nenhum deles. E é justamente o que acontece com este novo título da franquia. Com seis vilões espalhados por apenas 14 missões, a impressão que temos é de que a desenvolvedora foi muito ambiciosa com um enredo que deveria apenas acompanhar o que o Aranha de Andrew Garfield estava fazendo nas telonas.


Assim como acontece no primeiro título da franquia, The Amazing Spider-Man 2 se passa paralelamente à história do filme, o que poderia ser uma excelente ideia para expandir ainda mais o novo universo que está sendo desenvolvido nos cinemas. No título, estranhos assassinatos estão acontecendo por Manhattan e caberá ao nosso herói descobrir o que está havendo. Conhecido como Carnage Killer por toda a força policial da cidade, o criminoso é um tipo de justiceiro que está tentando acabar com o crime na cidade eliminando cada um dos bandidos presentes no local.

A história seria bem interessante se seguisse por esse caminho o tempo todo, mas infelizmente em boa parte dela você estará se desviando para outros vilões que parecem surgir apenas para dar mais consistência à campanha, mas falhando miseravelmente, já que ela dura apenas cerca de seis horas. Contudo, não se pode dizer que nada disso é divertido, já que, mesmo inconsistente, a aventura deixará os fãs do herói felizes ao verem personagens icônicos como Kraven e o Rei do Crime darem as caras na jornada.

Passeando por Nova Iorque

Uma das coisas mais legais desta nova abordagem da Beenox ao universo do Homem-Aranha, é o fato de que o jogo tem um mundo aberto para ser explorado pelos jogadores. E não há nada mais legal do que poder se balançar pelos prédios de Manhattan a toda velocidade, enquanto aprecia a linda vista de uma cidade extremamente dinâmica e movimentada. Ao contrário do jogo de 2012, em The Amazing Spider-Man 2 não é possível pendurar teias no céu, o que torna as viagens pela cidade mais realistas, mas também mais complicadas. Podendo grudar teias apenas em prédios, se acostumar com a jogabilidade é um pouco difícil nos momentos iniciais, mas acaba se tornando gratificante com o tempo, já que o jogador deve aprender a usar seus poderes para fazê-lo de maneira efetiva.


O Web Rush, modo em primeira pessoa que permite ao jogador visualizar pontos de escalada possíveis, está de volta e faz com que a locomoção pela cidade seja ainda mais rápida e cinematográfica. A cada novo ponto selecionado, o Homem-Aranha realizará movimentos belíssimos pelos céus de Manhattan para chegar ao seu destino, e isto, utilizado em conjunto com as teias convencionais, lhe farão sentir-se como o Homem-Aranha em pessoa!


Infelizmente, isso não dura por muito tempo, graças à problemática mecânica incorporada pela Beenox ao gameplay. Assim como no primeiro jogo da desenvolvedora, uma série de crimes acontecem pela cidade e o jogador pode optar por combatê-los ou não. Não muito variados, os crimes se limitam a alguns resgates de civis, ou mesmo espancar alguns criminosos. Os mais legais são os de perseguição, em que o jogador deve subir em um carro em movimento e dar cabo dos bandidos a bordo dele, além de salvar um refém. O grande problema destas missões é que elas possuem tempo limitado para serem cumpridas e, caso o jogador opte por não fazê-las, sua barra de heroísmo diminuirá, e fará com que a força policial da cidade persiga o herói. Como diversos crimes acontecem pela cidade o tempo todo, não leva muito tempo para que o Aranha se torne mal falado na cidade e se sinta obrigado a combater alguns crimes para se ver livre para explorar a cidade.

Além de forçar o jogador a ficar realizando missões que não deseja, a mecânica ainda inibe a exploração da cidade, que está cheia de histórias em quadrinhos e pontos de experiência para serem coletados. É como se a desenvolvedora tivesse criado uma das mais espetaculares formas de exploração na pele do Homem-Aranha desde Spider-Man 2 (Multi) e jogasse tudo no lixo em prol de uma mecânica nada divertida ou gratificante. Para piorar a situação, mesmo que o jogador resolva combater algum crime, outros cinco estão sendo ignorados, fazendo com que você seja perseguido de qualquer maneira.

Lutando com estilo

The Amazing Spider-Man 2 utiliza o mesmo sistema de combate de seu predecessor, o que é muito bom. Com controles muito parecidos com os introduzidos na franquia Arkham, do Homem Morcego, as lutas são ágeis, divertidas e muito estilosas. Durante a campanha, o Homem-Aranha deverá invadir instalações da Oscorp sem ser notado ou combater hordas de vilões que podem ser letais ao herói, mas o sistema de combate e até mesmo as habilidades stealth do protagonista são boas o bastante para tornar tudo muito divertido.

Além disso, cada missão fornece pontos de experiência que podem ser trocados por novas habilidades ainda mais letais contra os criminosos, que também se tornam cada vez mais poderosos no decorrer da campanha. Para completar a lista de movimentos, ainda é possível conquistar novos trajes para o herói, sendo que cada um deles possui habilidades únicas para cada tipo de situação. As roupas são conquistadas ao se invadir esconderijos de criminosos espalhados pela cidade. Nestes momentos, o jogador deverá derrotar todos os inimigos sem ser notado para que consiga conquistar sua nova roupa.

O carma dos jogos baseados em filmes

The Amazing Spider-Man 2 tinha tudo para ser um jogo excelente, mas é apenas mediano com alguns pontos fortes que fazem com que o jogo mereça ser jogado pelos fãs das HQs. Contando com gráficos bastante simplórios e músicas repetitivas, o jogo nem ao menos teve a participação dos atores da série de filmes para realizar a dublagem dos personagens, o que já é bastante frustrante por si só. Com uma campanha curta e de enredo confuso, uma mecânica de crimes que inibe a exploração e uma jogabilidade extremamente divertida, o jogo vale um aluguel, principalmente para os fãs do herói que curtem simplesmente o fato de se sentirem na sua pele. A Beenox tinha uma grande responsabilidade, infelizmente não o grande poder que precisava para exercê-la.

Prós


  • Controlar o Homem-Aranha nunca foi tão divertido;
  • Sistema de combate divertido e cinematográfico;
  • Centenas de colecionáveis.

  • Contras


  • Campanha curta e enredo confuso;
  • Mecânicas de combate ao crime inibem a exploração;
  • Produção às pressas com gráficos e sons medianos;
  • Ausência dos atores da série cinematográfica.

  • The Amazing Spider-Man 2 – Wii U – Nota 6.5
    Revisão: Bruno Nominato
    Capa: Daniel Silva

    Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
    Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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