Análise: Pokémon Shuffle (eShop/3DS): diversão e frustração na medida certa

A Nintendo lança para a eShop do 3DS Pokémon Shuffle, um jogo freemium que mistura mecânicas de Pokémon com gênero Match-3.

em 28/02/2015
Os jogos mobile conseguem ter uma boa abrangência por causa do sistema hoje conhecido como freemium. Este sistema, uma junção das palavras free (grátis) e premium,  significa que você encontrará um jogo gratuito, porém precisará gastar dinheiro real para obter algum benefício ou tempo extra de jogatina. Nas plataformas móveis isso já acontece há algum tempo, e por isso a maioria das desenvolvedoras já sabem administrar este sistema inovador com maestria. Mas será que a Nintendo estava preparada?

A moda dos jogos mobile

Jogos do estilo “junte três peças” têm feito muito sucesso ultimamente, embora o sistema de formar sequências seja uma herança dos antigos jogos de carta. Considerando a tendência de lançamento de jogos casuais, o mercado tem se voltado para este tipo específico, seja a Marvel em seu Marvel Puzzle Quest ou até mesmo a 2K Games em seu Evolve: Hunters Quest.

E a Nintendo não poderia ficar de fora. Na verdade, Pokémon Battle Trozei, lançado no ano passado, foi uma proposta extremamente semelhante ao novo Pokémon Shuffle. Entretanto, os jogos têm bastantes diferenças notáveis entre si, especialmente na jogabilidade, o que os que estão familiarizados com o jogo irão perceber ao longo da jogatina.

Um funcionamento divertido

Em um tabuleiro com diversos ícones de variados monstrinhos de bolso, o objetivo principal é o de juntar três ou mais Pokémon em uma sequência vertical ou horizontal. Quando formada uma sequência, um certo dano é causado ao Pokémon “selvagem” da fase, diretamente proporcional ao número de ícones iguais conectados. 
Cada estágio da linha principal de Pokémon Shuffle tem um número limite de movimentos a serem feitos. Vale salientar que ao contrário de outros jogos, as peças deste não são fixas, ou seja, você pode movimentar uma peça por todo tabuleiro para poder formar a sequência.

De acordo com a sua estratégia (ou sorte), dano em sequência pode ser causado por combos. Caso o jogador seja vitorioso, o Pokémon da fase poderá ser capturado ao final da partida, e mais uma vez o jogador terá que se valer de sorte, mas também de sua habilidade. Fazer os movimentos certos é imprescindível, pois a chance de captura depende, além de uma base para cada Pokémon, do número de movimentos que restar ao término da partida.
Como o jogo é mais atual, há também um sistema de Mega Evoluções. O Pokémon que lidera a equipe geralmente deverá ser o que é capaz de mega evoluir (e que o jogador já tenha a Mega Stone correspondente). De acordo com o número de vezes que este Pokémon é eliminado da tela, uma barra ao lado do tabuleiro vai sendo preenchida. Quando cheia, o Pokémon da vez mega evolui - cada um apresenta uma habilidade, geralmente muito útil, que é liberada quando isso ocorre.
Mega Evoluções fazendo a diferença!
Como na série original, cada Pokémon tem suas fraquezas e resistências, assim como habilidades especiais a serem analisadas para serem utilizadas positivamente durante o duelo. Caso esteja indeciso quanto a quais escolher, o sistema de optimização do jogo ajuda a selecionar a melhor equipe possível.
A linha principal dos estágios ocorre com limite de movimentos. Já na seção Expert, com Pokémon mais fortes e resistentes, o tempo é o inimigo. Na parte reservada a eventos, periodicamente são liberados novas oportunidades de pegar Pokémon raros ou exclusivos pela Nintendo.

Tudo ótimo até aqui, certo? Mas tem um revés enorme.

Insuficiência cardíaca

Neste jogo, um sistema de Hearts (corações) regula a frequência de partidas, ou seja, para jogar uma vez é necessário dispor de um coração. Inicialmente, o jogador dispõe de apenas 5 corações. Caso sejam utilizados, será necessário aguardar 30 minutos para cada um deles recarregar.
Se levado em conta o tempo médio de duração de cada partida (em geral, em torno de três minutos), seria aguardar duas horas e meia para jogar quinze minutos, o que não deve ser viável para a maioria dos jogadores. Claro, aos pacientes, este não deverá ser um problema tão grande. Mas aos impacientes, há uma solução...

Uma “micro-solução”

Se for o caso de não conseguir esperar, é possível comprar mais Hearts com Jewels dentro do jogo. Estas jóias são adquiridas periodicamente com certas batalhas na linha principal do game, mas muito raramente. Por isso, a maneira mais efetiva de consegui-las é com dinheiro real, e aí vem o aspecto freemium do jogo.
O dinheiro é o da balança da eShop, que pode ser recarregada com seletos cartões internacionais na eShop brasileira, o que já gera bastante problema. Infelizmente, além de dar mais oportunidades de jogar, com dinheiro real é relativamente mais fácil e rápido de se conseguir outros benefícios como Great Balls para aumentar as chances de captura para o dobro e aumentar a experiência adquirida pelos Pokémon em cada partida.
Em reais, o preço está variando de aproximadamente R$1,99 a R$81,99.
O fato de ter que pagar para jogar por mais tempo, especialmente, pesa bastante para os jogadores, que acabam por deixar de jogar. De qualquer forma, é importante lembrar de que é possível jogar todo o jogo sem utilizar dinheiro real, embora este possa facilitar bastante durante a jogatina.

Uma boa alternativa casual

A falta de uma alternativa definitiva para que não se precise depender de um sistema de limitação de partidas é um dos maiores reveses do jogo, algo que ainda é necessário ser aprimorado. Pokémon Shuffle pode não chegar perto de ser ideal, mas sua proposta é muito interessante e jogabilidade bastante divertida. 

Prós

  • Gráficos de acordo com a proposta do jogo;
  • Jogabilidade interessante;
  • Bom número de Pokémon disponíveis.
  • Eventos diários trazem ainda mais monstrinhos de bolso para serem colecionados.

Contras

  • Partidas acabam muito rápido;
  • Demora para recarregar os corações;
  • Microtransações invasivas.
Pokémon Shuffle – Nintendo 3DS – Nota 5.0
Colaboração: Robson Júnior
Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Stefano Genachi

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