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Análise: The Escapists 2 (Switch) transforma fuga de prisão em diversão

Título surpreende com inúmeras opções de customização e possibilidades de escapar de presídios, mas exige paciência e persistência.


Apesar do primeiro The Escapists não ter sido lançado em nenhuma plataforma da Nintendo, a sua sequência repleta de melhorias e novos recursos é boa adição à biblioteca digital do Switch. O principal objetivo do jogo é escapar de diferentes prisões, mas a forma de realizá-lo fica por conta do jogador.


The Escapists 2 apresenta um breve tutorial que ensina as principais ações para interagir com os personagens não-controláveis, o sistema de criação de itens e a utilização dos mesmos para fugir da prisão. Na prática, é apenas um exemplo do que é possível fazer no game, pois cada presídio possui peculiaridades que alteram a forma de progredir.

Vamos fugir deste lugar, baby!

Trazendo mecânicas de sandbox e estratégia em perspectiva top-down, The Escapists 2 é um jogo para quem tem paciência e persistência. Por cada prisão trazer aspectos próprios, o sistema de tentativa e erro é algo presente. Você precisa compreender o funcionamento do presídio e aprender o que deve ou não fazer. Muitas cadeias possuem um cronograma no qual o jogador deve acompanhar: chamada matinal, café da manhã, almoço, realizar trabalhos, praticar exercícios, tomar banho e voltar para a cela. Há sempre um indicador amarelo para você não ficar perdido.

Entre esses momentos, o jogador possui alguns tempos livres para fazer o que bem entender e conhecer melhor o presídio. É possível xeretar outras celas para coletar itens, conversar com prisioneiros para realizar missões ou acompanhar os movimentos dos NPCs. E aqui começa a liberdade criativa do jogador para explorar a forma de escapar do local, pois você pode fazer o que quer e quando quiser.


Há inúmeras formas de fugir dos dez presídios disponíveis no jogo. Reunindo itens específicos, dá para criar uma pá e cavar buracos, montar uma espécie de alicate para cortar grades, fazer moldes de chaves da prisão e até replicar uniformes de policiais ou de membros da equipe de filmagem. As possibilidades surpreendem e o fator replay é altíssimo. Vale a pena jogar novamente os mapas superados para explorar outras formas de escapar.

Mas é claro que, antes de conseguir tal feito, é necessário desenvolver seu personagem. O protagonista possui atributos como saúde, energia, força e intelecto que precisam ser melhorados para realizar determinadas ações. Por exemplo, o sistema de criação de itens é divididos em abas com pontos de inteligência exigidos para construir algo. Para criar um gancho, além dos itens necessários, o personagem precisa ter um intelecto superior a 70 e tem que praticar a leitura de livros na cadeia para melhorá-lo. Para atordoar rivais mais facilmente, você pode se exercitar para ficar forte. Todas essas ações envolvem um minigame simples de apertar ZR e ZL que gastam energia.

Ao fugir da prisão, o jogo exibe um ranking avaliando seu desempenho. Quanto mais rápida e eficiente a fuga, melhor sua classificação. Explorar a prisão em busca de itens é a forma mais ágil de cumprir seu objetivo, mas jogadores mais pacientes podem completar missões e comprar itens de outros prisioneiros para realizar uma fuga mais complexa.

Injusta justiça

Como disse acima, The Escapists 2 é um jogo de tentativa e erro, e a frustração de ver seu progresso ser destruído é ruim, mas faz parte da mecânica do jogo. O problema é a imprevisibilidade de como isso acontece. Por exemplo, após todo o trabalho para criar uma pá, inesperadamente fui atacado por um detento e os policiais me perseguiram. Fui parar na solitária e perdi meu item. Em uma prisão com detectores de itens suspeitos, fui castigado por carregar um pincel, item utilizado para cumprir o trabalho de pintar as pichações das paredes. A ironia é que passar pelo detector carregando um esfregão, item equipado como arma, não ativa o alarme. Em outro momento, fiquei vigiando um policial que possuía uma chave e o atordoei em uma sala fechada. Peguei a chave e a escondi numa caixa, mas assim que fui para área externa, fui atacado por snipers e a chave foi descoberta instantaneamente.

Apesar de, nesses momentos, a inteligência artificial ser um pouco injusta, ela também surpreende em outras ocasiões. Policiais ficam em alerta se você colocar lençóis na grade de sua cela, coletam armas que você esconde nos cantos da cadeia ou em baús, lhe perseguem caso desconfiem de suas atitudes ou esteja em lugares indevidos e até descobrem buracos que você cava. O ideal é evitar suspeitas, participando do cronograma do presídio e ocultando buracos, como, por exemplo, colocando uma mesa sobre ele.


O jogo também apresenta mapas que envolvem stealth. Nessas fases, além de possuírem tempo limite, há formas limitadas de escapar da prisão e o objetivo é evitar ser descoberto pelos policiais ao se esconder em armários. Ainda assim, o foco é explorar o local e encontrar os objetos necessários para criar itens essenciais para fuga. The Escapists 2 possui modo multiplayer online e local, sendo possível jogar com amigos ou desconhecidos, seja trabalhando em equipe para escapar da prisão ou disputando quem é o primeiro a conquistar a fuga.

Fuga portátil

A versão para Switch traz a possibilidade de compartilhar o Joy-Con com um amigo no multiplayer competitivo em tela dividida. Apesar de ser interessante, a falta de botões ao jogar com um Joy-Con prejudica os movimentos de ataque e defesa, pois compartilham a mesma função da troca rápida de itens. Além disso, o jogo flui bem no modo portátil, mas não faz uso da tela de toque durante a jogatina, que seria um facilitador para agilizar a navegação e interação nos menus de criação de itens e do inventário.

Tive apenas duas dificuldades durante a jogatina de The Escapists 2 no Switch. A primeira é o tamanho da fonte das instruções e informações na tela da TV. Enquanto no modo portátil o tamanho da fonte é proporcional, durante o modo TV as letras ficam minúsculas e dificultam a leitura. Também enfrentei alguns problemas ocasionais ao tentar jogar partidas no modo online. O jogo travou em telas de loading e fui obrigado a fechar o jogo e reiniciá-lo.

The Escapists 2 é muito agradável no Switch. Seu visual retrô inspirado na era 16-bit e uma trilha sonora animada acompanham bem a mecânica de descoberta e liberdade criativa dentro das limitações das prisões. Seu maior rival certamente será a impaciência, mas com um bom comportamento e esperteza, você passará mais tempo planejando sua fuga do que descascando batatas na solitária.

Prós

  • Diversas possibilidades para fugir das prisões;
  • Customização de personagens;
  • Fator replay alto.

Contras

  • Algumas ações são prejudicadas no multiplayer local ao jogar com o Joy-Con na horizontal;
  • Informações e instruções em fonte minúscula no modo TV;
  • Ausência de uso da touchscreen no modo portátil para agilizar a navegação no inventário;
  • Jogo trava ocasionalmente ao tentar entrar em partidas online.
The Escapists 2 — Switch/PS4/Xbox One/PC — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Luigi Santana


Desde que aprendeu a jogar videogames com Yoshi's Island e Donkey Kong Country 2, sempre é visto com um controle ou portátil da Nintendo na mão. Descobriu o amor por The Legend of Zelda com Ocarina of Time e sempre está querendo mais Zeldas. Gosta de escrever notícias, análises e bobagens aqui enquanto não está sonhando com um novo Silent Hill.
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