Jogamos

Análise: Kamiko, uma mini aventura para Switch

Mesmo influenciado por grandes títulos, simplicidade é a característica principal deste pequeno jogo.


Ação vista de cima, proteger o mundo de um mal antigo, quebrar potes atrás de itens que recuperam a vida... Sim, na superfície Kamiko, este pequeno jogo da produtora indie japonesa Flyhigh Works, pode até lembrar as entradas 2D da lendária série Zelda da Nintendo, mas por baixo desta bela capa está um jogo mais simples e direto, com pretensões muito menores. Tão menores que a aventura pode tranquilamente ser terminada em menos de 30 minutos, deixando um sentimento de que este parece apenas um capítulo de um jogo muito maior.

“É perigoso lá fora. Pegue isto. Ou isto. Ou isto.”

Apertando start, Kamiko já mostra suas armas, literalmente. Antes de qualquer introdução, o jogo oferece três opções de personagens: Yamato, Uzume e Hinome. Apesar das cores e sprites distintos, as três heroínas são apenas uma desculpa para apresentar ao jogador as três mecânicas de combate representadas por suas respectivas armas. Yamato é a guerreira e usa uma espada (curta distância); Uzume é a ranger verde e usa um arco (longa distância); e Hinome é uma mistura das duas anteriores por contar com uma adaga e um escudo-bumerangue que pode ser lançado (longa e curta distância). Todo o resto do jogo é exatamente igual, independente da personagem escolhida. O foco da história é uma pequena deusa guerreira (Kamiko) escolhida por um anjo ancião para empunhar a arma sagrada Imperial Regalia a fim de derrotar os demônios que estão invadindo o mundo.


O cerne de Kamiko é tão simples quanto seu enredo de fachada. Há apenas um modo de jogo e sem qualquer tipo de tutorial somos largados no primeiro estágio. Mas rapidamente se percebe a missão: ativar quatro pequenos templos espalhados pela fase, que ao serem acionados liberam o portal para o chefe. Os puzzles se limitam a pequenas tarefas como empurrar blocos, encontrar botões escondidos e carregar itens de um ponto a outro. E é exatamente assim nos níveis subsequentes. O design é seriamente limitado, fazendo com que cada fase do jogo pareça apenas uma versão ligeiramente maior da anterior.

A simplicidade também está nos comandos: um botão para o ataque e outro para correr. Aperte o botão de ataque repetidamente para uma sequência de ataques, segure para um golpe especial que usa pontos de magia. Estes pontos de magia também são fundamentais para abrir baús e portas, mas são facilmente recarregáveis eliminando inimigos. E quanto maior o número de inimigos mortos em sequência, mais pontos de magia você recebe – ou seja, hack ‘n’ slash sem frescuras. Para recuperar vida, basta quebrar potes e arbustos espalhados pelos cenários como nosso bom e velho Link.



A ação do jogo é rápida e precisa, mas algumas escolhas de design se mostram um tanto duvidosas. Os inimigos nascem infinitamente e de forma aleatória pelos cenários – o que é ótimo quando você precisa juntar aqueles preciosos pontos de magia para seguir adiante. O problema é que o jogo encoraja o jogador a abusar do botão de correr para passar voando pelos ambientes, mas os inimigos têm a irritante mania de surgir exatamente na sua frente, sem tempo para desviar. Isso é especialmente irritante quando a heroína está carregando um item, o que torna lenta a sua movimentação e a impede de atacar – dá para imaginar a frustração ao ser tocado por um monstro que acabou de surgir em cima de você, fazendo o item sumir. Pode ser o inferno ou o céu para os apreciadores dos Speed Runs, depende do seu grau de paciência com estas opções de design.

Hey, escute! E veja!

Não tenho dúvidas, o melhor desta aventura está na exploração dos belíssimos cenários em busca de passagens escondidas e itens secretos. Os inimigos podem até ser um pouco irritantes, mas rapidamente me adaptei ao estilo de jogo e percebi que a diversão não se encontrava exatamente em um combate envolvente, mas em usar da velocidade e facilidade do jogo – acredite, trucidar os inimigos é um passeio no parque – para explorar todos os cantos deste pequeno mundo atrás dos baús escondidos e itens secretos. Os baús guardam itens que podem aumentar permanentemente vida ou magia, e ao terminar cada fase o jogador também tem a opção de escolher entre aumentar uma destas duas características. Cada um dos quatro estágios esconde um item secreto, ao coletar os quatro revela-se a última opção do menu principal do jogo – antes coberta por pontos de interrogação – como uma singela recompensa pelo esforço do jogador.

Cada fase apresenta uma ambientação levemente distinta, mas todas contam com gráficos em pixel art moderno, com cores chapadas e absurdamente vibrantes que deixam ainda mais evidente a qualidade da tela do Nintendo Switch, principalmente quando explosões de pixels se espalham ao acertar belos combos nos inimigos. E curtir tudo isso ao som de uma trilha sonora inspirada nos saudosos chiptunes de Nintendinho e Super Nintendo, com melodias ricas e cativantes durante todo o jogo, é ainda melhor.

Heroínas do tempo

Assisti aos créditos de Kamiko três vezes, uma vez para cada guerreira. Também recolhi todos os itens secretos. E mesmo na primeira vez que joguei, ainda sem pressa, não levei mais que 50 minutos para ver os créditos finais. No total, foram menos de duas horas para completar 100% deste pequeno jogo. Por mais que tenha apreciado cada segundo das belas melodias e dos gráficos estilosos de Kamiko, fica difícil recomendar sem antes evidenciar que parece que faltou algo. É um jogo curto e barato, e pode ser divertido ou frustrante dependendo do que você espera dele. Definitivamente não espere a profundidade da história e os puzzles intrincados daquela famosa série da Nintendo da qual Kamiko claramente se inspira.

Prós:

  • Gráficos super coloridos e vibrantes;
  • Músicas que homenageiam a era de ouro dos chiptunes;
  • Jogabilidade rápida e precisa;
  • Não custa muito.

Contras:

  • Muito curto e muito fácil;
  • Puzzles simplórios;
  • Ritmo frequentemente interrompido pelo sistema de nascimento dos inimigos.
Kamiko - Nintendo Switch - Nota: 6.5
Revisão: Farley Santos
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo redator

Comunicador e colecionador. Já foi Sega kid e Nintendo kid, agora é retro "kid". Está no Twitter em @carloscirne e faz vídeos no YouTube no canal CirneStuff.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google