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Análise: Assault Gunners HD Edition (Switch) atira muito mas erra o alvo

Customize seu robô gigante e prepare-se para a chuva de balas e lasers desse jogo de ação repetitivo e sem inspiração no Switch.


Lembro como se fosse ontem da minha empolgação ao folhear as antigas revistas de games da década de 90, e ver imagens de jogos como Virtual On, da Sega, e Armored Core, da FromSoftware (que depois veio a produzir um tal de Dark Souls). A ideia de controlar aqueles robôs gigantes (mechas) em um mundo 3D, com propulsores, armas de vários tipos e socos superpoderosos, era demais!


Assault Gunners HD Edition chega ao Nintendo Switch trazendo um pouco dessas memórias de volta, mas de um jeito agridoce. Nunca pude experimentar o cultuado Virtual On, mas Armored Core era divertido e desafiante no antigo Playstation. Por outro lado, o jogo em questão parece um dos muitos títulos genéricos daquela época, o que para os padrões de 2018 definitivamente não é um elogio.

Alta definição, baixa qualidade

Por falar em “genérico”, essa pode ser a palavra definidora de Assault Gunners HD Edition: absolutamente tudo no game da produtora japonesa SHADE Inc. é comum e sem inspiração alguma. Lançado originalmente apenas no Japão para o portátil PS Vita, da Sony, o jogo ganhou localização parcial em inglês e tratamento HD antes de chegar no Nintendo Switch. Mas acredite, isso só demonstra com ainda mais clareza a pobreza visual dos gráficos à la Playstation 2 do título.

E o pior é que não estamos falando dos belíssimos gráficos de games do final da vida do PS2, como God of War e Resident Evil 4. Não, infelizmente a comparação é com os títulos mais sem graça daquela era. Mesmo em alta definição, Assault Gunners apresenta modelos 3D super básicos, texturas horrendas e efeitos visuais — explosões, partículas, fumaça, etc — de dar vergonha até em joguinhos antigos para smartphones. Salvam-se dessa lambança toda apenas os mechas principais, que contam com um pouco mais de capricho e detalhes em seus designs.

Haja munição

Mas o grande pecado do título é a falta de variedade em seu gameplay. Tudo bem que a inspiração principal vem daquela jogabilidade mais arcade de outros tempos, mas mesmo as máquinas dos “fliperamas” dos anos 90, em algum momento, lançavam um ou outro elemento novo na tela para o jogador continuar engajado. Aqui, a impressão que fica após horas de tiroteio, é que dois ou três modelos de missões foram repetidos à exaustão.

Há, basicamente, três tipos de tarefas: eliminar todos os inimigos, ativar alguns satélites pré-determinados — aguardando alguns segundos enquanto o tiroteio rola solto — e atravessar o cenário até um ponto indicado no mapa. Solte aí nessa mistura um chefe ocasional ou um limite de tempo de vez em quando e pronto, isso é tudo o que o game oferece em termos de diversidade. Até o Robot Kit do Nintendo Labo parece ter mais variedade. 

Mexa no seu mecha

A repetição em Assault Gunners HD Edition se faz presente até mesmo na hora de evoluir seu mecha. A ideia é destruir os inimigos das fases para coletar as “peças” que eles deixam pelo cenário. Com elas, é possível melhorar seu robô com diversas opções de customização, que vão desde armas com estilos diferentes, até estruturas corporais que modificam atributos de defesa, ataque, velocidade, etc. Parece interessante, eu sei, mas por mais que se tente um pouco de estratégia nos combates, no final das contas, o esmagamento de botões impera.

Tudo isso seria um pouco mais prazeroso se a apresentação fosse mais simples e acessível, porém a interface de usuário é ridiculamente confusa, deixando as opções realmente importantes soterradas em meio a menus sem sentido — e com letras minúsculas em inglês. Soma-se a isso um HUD (informações na tela de jogo) poluído, e opções de controle pouco intuitivas para manejar seu gigante de metal em meio a chuva de balas, e o caos está montado.

É tão ruim quanto parece?

Sim! Mas isso não significa que um pouco de diversão não possa ser extraída desse carnaval de defeitos. Não encontrei motivos para focar na história dispensável de Assault Gunners HD Edition, então aproveitei meus momentos com o game de uma forma bem diferente da de costume: coloquei minha música preferida e atirei incessantemente nas hordas de inimigos, sem preocupações. Foi quase uma meditação.

Tivesse sido lançado no final dos anos 90, ainda assim o título da Shade Inc. seria medíocre. Imagine em pleno 2018! O jogo é feio no modo portátil e no dock, ligado à TV. O som é sem graça e a narração é, pasmem, em japonês e sem legendas. Portanto, se você, como eu, tratar o game do mesmo jeito despretensioso com que foi produzido, pode acabar tendo algumas boas horas de distração sem compromisso. Mas se espera mais do que isso, prepare-se para uma bela decepção.


Prós

  • Customização e evolução dos mechas;
  • Pode ser divertido quando jogado sem compromisso.

Contras

  • Missões e inimigos repetitivos e desinteressantes;
  • Interface de usuário tão confusa quanto a narração em japonês sem legendas;
  • Visual parece ter saído de um jogo feio de Playstation 2;
  • Já falei que é repetitivo? Pois é. 
Assault Gunners HD Edition — Switch/PS4/PC — Nota: 4.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Rutes 
Análise produzida com cópia digital cedida pela Marvelous

Comunicador e colecionador. Já foi Sega kid e Nintendo kid, agora é retro "kid". Está no Twitter em @carloscirne e faz vídeos no YouTube no canal CirneStuff.
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