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Análise: Bomb Chicken (Switch) traz visual refinado e desafios variados ao gênero plataforma

Pense rápido ou morra tentando na pele de uma galinha poedeira de bombas e seu plano de fuga.

Depois de anos de experiência no desenvolvimento de games de browser com alta qualidade, a Nitrome passou a elaborar jogos para dispositivos móveis e até um jogo para lançamento no Steam, o Flightless. Apesar de Flightless não ter sido lançado até hoje, Bomb Chicken (Switch) é uma nova tentativa da Nitrome de adentrar o mercado de games para consoles, e conta com o charme típico da desenvolvedora. O jogo foi disponibilizado na eShop ontem, e chega ao Nintendo Switch com prioridade de lançamento.

No título, o jogador assume o controle de uma galinha botadeira de bombas em um plano de fuga de uma fábrica de “trash food” cheia de perigos. Como se não bastassem os seguranças e as máquinas da fábrica, a galinha controlada pelo jogador não pode pular ou voar. Desta forma, o jogador deve empilhar suas bombas o mais rápido possível para alcançar alturas maiores, além de prestar atenção em projéteis e serras que forcem a explosão em cadeia das bombas.

Desvendando o caso BFC

O começo do jogo acontece em algum ponto das profundezas de uma pirâmide que serve como uma fábrica de alimentos artificiais (denominada BFC) em uma ilha afastada. No local trabalham desde operários esverdeados e preguiçosos até guardas tribais empenhados, que cultivam vegetais letais ao toque da galinha.

Conforme avança, o jogador esbarra com várias propagandas que idealizam o consumo dos produtos fabricados na empresa e ofuscam aquilo que realmente acontece lá dentro. O título oferece três chefões e 29 andares em que o jogador desbloqueia acesso linearmente conforme utiliza os elevadores no final de cada fase.


Não existe mais de um final no jogo, e assim como a maioria dos jogos da desenvolvedora, a história é simplória e sem muitas explicações. Isto é, detalhes como o motivo pelo qual tudo acontece ou a origem dos personagens não são revelados. A trilha sonora do título é um pouco repetitiva, mas a atenção dos artistas aos detalhes do cenário e as animações refinadas dão um charme especial para Bomb Chicken.

Explodindo de raiva

A maioria dos desafios de Bomb Chicken surgem em situações em que o jogador precisa realizar ações rápidas, precisas e ainda assim, cautelosas. Enquanto os controles do jogo são bem simples, o fato das bombas serem empurradas automaticamente ao encostar do lado delas causa alguns problemas como suicídios inesperados.

Essas frustrações parecem fazer parte do jogo, mas se tornam irritantes quando mecânicas mais específicas começam a aparecer e deveriam ser o verdadeiro teste de habilidade. Existem também corredores em que se o jogador entrar em um momento específico, ele pode acabar frequentemente encurralado por projéteis.
Você provavelmente verá essa tela muitas vezes
Quando o jogador morre, um de seus corações é utilizado. Na prática, o número de corações representa quantas tentativas o jogador tem naquela fase antes de, ao invés de começar do início da tela, ter de começar do começo da fase. Isso pode soar desesperador em alguns momentos, mas moedas coletadas e portas ou baús abertos não voltam para o seu estado anterior.

Para conseguir mais corações, o jogador deve coletar gemas azuis (o único coletável do jogo) que ficam escondidas pelas fases, para então trocá-las em totens espalhados pelo jogo. O preço varia em cada totem.

Já que estamos falando das gemas azuis, existe um outro fator que não se trata propriamente de um erro, mas me irrita tanto quanto um. Não existem indicadores prévios de que um caminho específico descoberto é o secreto, e na maioria das bifurcações não é possível retornar e tomar outro caminho. Isso faz com que o jogador seja obrigado a jogar a fase mais uma vez se quiser coletar todas as gemas azuis.

Diversidade de perigo

Um dos pontos fortes de Bomb Chicken é a forma com que novos desafios funcionam e são introduzidos. Mesmo com poucas opções de ações, o jogador constantemente encontra novos tipos de desafios, até que esbarra com uma situação em que tem de combinar várias coisas que aprendeu. Isso acontece frequentemente em jogos da franquia Super Mario, e originam um bom ritmo de jogabilidade.

Um dos exemplos são os rastros de refrigerante. Toda vez que uma bomba explode em um desses rastros, uma onda mortal de uma bomba de altura é produzida. Assim, o jogador precisa colocar uma bomba para escapar, produzindo mais ondas e sendo obrigado a se movimentar cada vez mais.

Esse tipo de diversidade se repete nos três chefes do jogo. Cada um deles oferece um tipo diferente de desafio, e exigem que o jogador bole uma estratégia específica para cada situação.

Sensação de "quero mais"

A Nitrome conseguiu mostrar sua capacidade através de Bomb Chicken. A desenvolvedora sempre apresentou conceitos criativos através de seus jogos de browser, e poder contar com esse fator em novos jogos de plataformas maiores é um bom sinal.

Apesar do título entreter enquanto dura, o final deixa o jogador com uma sensação de “quero mais”. O fato das gemas azuis serem os únicos coletáveis do jogo não contribui para o valor de rejogabilidade do game, e atualizações ou expansões com novas fases seriam mais do que interessantes. Em relação custo-benefício, Bomb Chicken é uma ótima adição ao Nintendo Switch, e reforça que é possível ter boas experiências com o portátil gastando quantias menores de dinheiro.

Se você já jogou algo da Nitrome anteriormente e conhece o estilo de trabalho da desenvolvedora, vai encontrar boa dose de nostalgia e desafio em Bomb Chicken. Por enquanto, resta coletarmos todas as gemas azuis espalhadas pela BFC e torcermos por novidades relacionadas ao título.

Prós

  • Conceito inovador;
  • Controles simples;
  • Visual bem trabalhado;
  • Boa diversidade de inimigos e desafios;
  • Apresentação gradual de mecânicas;
  • Ótimo uso do HD rumble dos Joy-Con;
  • Uso criativo das limitações do personagem em perigos e truques.

Contras

  • Trilha sonora repetitiva;
  • Pouco desafio para quem não pretende coletar todas as gemas azuis;
  • Número pequeno de chefes;
  • Necessário repetir fases para coletar gemas azuis após tomar o caminho errado;
  • Acidentes durante certas mecânicas podem se tornar irritantes.
Bomb Chicken — Switch — Nota: 8.0
 Revisão: Vinícius Fernandes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nitrome

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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