Hands-on

BGS 2018: Mônica e a Guarda dos Coelhos (Switch) coloca turma dos gibis em ambiente medieval

Parceria entre Mauricio de Sousa Produções e Mad Mimic Interactive traz personagens dos quadrinhos para os consoles pela primeira vez desde os anos 90.


É difícil encontrar alguém que não tenha uma conexão especial com a Turma da Mônica. Os gibis de Mauricio de Sousa fizeram e fazem parte da infância de muitos. Nos últimos anos, vemos Mônica e companhia aparecendo em uma série de produtos diferentes, de graphic novels a filmes live-action, atingindo pessoas de várias idades. Com os games, não podia ser diferente. A turminha esteve presente na Brasil Game Show 2018 com uma demo do jogo Mônica e a Guarda dos Coelhos, a qual nossa equipe teve acesso.


O título está sendo desenvolvido em uma parceria entre a Mauricio de Sousa Produções e o estúdio brasileiro Mad Mimic Interactive, criadores de No Heroes Here. Quem já experimentou este aclamado jogo, se sentirá em casa aqui, pois as mecânicas de Mônica são iguais: junte quatro amigos para defender um castelo usando disparos de canhão. As semelhanças são tão grandes que podemos dizer que o game é praticamente uma skin de No Heroes Here usando personagens do Bairro do Limoeiro.

De um lado, isso é algo positivo, pois o multiplayer cooperativo continua caótico e divertido. As únicas diferenças são os personagens jogáveis e alguns itens, que remetem ao universo das HQs. Ao invés de bolas de canhão, temos coelhos. No lugar de cavaleiros e princesas, temos Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e Chico Bento em interpretações 8-bit muito bem feitas. Apesar de a demo só possuir esses cinco personagens, a tela de escolha de personagens mostrava que muitos outros serão jogáveis no futuro. Pela maioria de nós já termos uma relação de carinho com os personagens, será divertido acompanhar quais deles entrarão no game.



No entanto, muito da estética medieval de No Heroes Here se manteve aqui. Isso faz com que a Turma seja colocada em um cenário que destoa bastante do clima dos quadrinhos. A demonstração não deixou claro como que a turminha foi acabar dentro de um castelo tendo que se defender de inimigos verdes gosmentos. Mesmo se, na história do game, as crianças estivessem brincando de faz de conta, seria interessante uma caracterização maior dos sprites dos personagens, como é feito nas histórias especiais dos gibis.

Em termos de gameplay, há um certo desbalanceamento de itens. A demo possuía três tipos de coelhos: Sansão, que dá dano aos inimigos; Dalila, que desacelera os monstros em direção ao castelo; e Hércules, que os paralisa. Dos três, a única que parece ser menos útil nos momentos de tensão é a Dalila, pois há alguns inimigos que atiram flechas em direção ao castelo mesmo desacelerados. Com o Hércules, além de eles não se mexerem, também são impedidos de usar ataques de longo alcance.



Outro recurso que poderia ser implementado são habilidades especiais para os diferentes personagens. Cada um deles se comportava exatamente da mesma maneira, com diferenças somente estéticas, como Cascão segurando um guarda-chuva, ou Magali transformando carvão em pólvora com uma melancia. Os personagens da Turma da Mônica tem características bastante marcantes e seria interessante vê-las sendo melhor representadas em habilidades exclusivas para cada um deles.

Vale lembrar que, apesar de o jogo ter sido claramente desenvolvimento com foco no multiplayer, também é possível aproveitá-lo sozinho. Nesse caso, escolhemos dois personagens e precisamos ficar alternando entre eles para defender o castelo dos invasores. Enquanto se controla um integrante da turminha, o outro fica imóvel. A experiência perde bastante de seu brilho nessa situação, já que todo o fator cooperação acaba sendo excluído. Por esse motivo, será bem interessante e importante existir um modo online, principalmente porque cada nível possui missões especiais ー como vencer a fase sem levar dano, ou destruir todos os soldados ー que se tornam muito mais complexas com somente uma pessoa.



No geral, o game parece ser uma boa pedida para uma sessão descompromissada com os amigos e familiares, principalmente crianças, que foram o público mais fiel ao jogo durante a BGS 2018. No entanto, assim como nos clássicos jogos da Turma da Mônica lançados pela Tec Toy para o Sega Master System ー que foram versões reprogramadas da série Wonder Boy ー, a turminha volta aos consoles por meio de uma adaptação de um game já existente que, apesar de bom, coloca os personagens em cenários e situações que nada combinam com o ambiente dos gibis. Essa é uma franquia que merece seu jogo 100% original.

Mônica e a Guarda dos Coelhos chega em 2018 para Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One e PC.

Colaboração: Vinícius Veloso

Jornalista, analista de mídias, PcD e entusiasta de games desde que jogou Pokémon Azul no Game Boy Color nos anos 90. De lá para cá, tenta aproveitar ao máximo todos os consoles no pouco tempo que a vida adulta permite. Se não está escrevendo para o Blast ou demorando anos para zerar um jogo, está no Twitter (@DanielMorbi) e no Instagram (@danielmorbi_)
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