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Prévia: Sid Meier's Civilization VI quer conquistar o Nintendo Switch

A consagrada série de estratégia volta a um console da Nintendo prometendo uma experiência completa e diversas opções de controle.

Lá se vão dez longos anos desde a última vez que os fãs da Nintendo puderam ver um título da série Civilization rodando em um console da gigante japonesa. O último, Civilization Revolution, aterrissou no Nintendo DS no longínquo ano de 2008. Pulamos para 2018 e, finalmente, podemos comemorar: Sid Meier's Civilization VI está prestes a desembarcar no Switch em toda sua glória, numa versão que promete ser fiel à original dos PC's — e contando com algumas surpresas. Mas antes de falarmos do novo jogo para o console híbrido da Nintendo, vamos lembrar da origem dessa consagrada franquia.

Explorando o passado

Civilization está prestes a completar 28 anos, uma marca significativa para uma linha de jogos marcando presença em um estilo com público limitado e extremamente exigente. Os dois primeiros foram produzidos pelo game designer Sid Meier enquanto ainda estava na MicroProse. Os games seguintes foram lançados pelo selo Firaxis Games, estúdio criado por Meier após sua saída da antiga companhia.
O próprio Sid Meier marcou presença no primeiro jogo da série
Civilization representa bem o gênero chamado de 4X: eXplore (explorar), eXpand (expandir), eXploit (explorar/tirar proveito) e eXterminate (exterminar). Essa mistura de exploração, administração, diplomacia e combate foi revolucionária em 1991, quando o primeiro jogo chegou aos PC's, e segue fazendo sucesso até hoje na série em questão e em diversas outras que tentam replicar a fórmula — como Endless Legend e Age of Wonders, por exemplo.

São seis os títulos principais com a marca Civilization, todos contando com expansões oficiais e conteúdo criado por fãs que expandem a experiência. A franquia também conta com os spin-off Alpha Centauri e Beyond Earth, que levam a exploração para outros planetas. Nos consoles, além de algumas tentativas de ports de Civ 1 e Civ 2 — no Super Nintendo e Playstation, respectivamente —, a série recebeu um spin-off especial em Civilization Revolution, que readaptou a fórmula principal ao diminuir a complexidade dos originais, deixando tudo muito mais simplificado e fácil de jogar apenas com um controle.
Civilization Revolution simplificou a jogabilidade para os consoles
Todos os títulos compartilham dos mesmos sistemas profundos e extremamente viciantes: o jogador escolhe a sua nação preferida (e seu respectivo líder) e começa a explorar os arredores de sua capital. A cada turno é possível avançar um pouco mais pelo mapa, descobrindo novos caminhos, segredos e outras civilizações, sem nunca esquecer de cuidar da felicidade do seu povo.

Nesse processo, coleta-se recursos para continuar crescendo e construindo outras cidades, unidades e novas tecnologias, que podem ser desenvolvidas para fornecer uma constante evolução. Isso tudo enquanto nutre os relacionamentos com os outros líderes espalhados pelo mundo, formando uma intrincada teia de comércio e diplomacia. Ou, se a coisa ficar complicada, partir para a guerra mesmo.
Seja defendendo ou atacando, batalhas são inevitáveis

Civilizando nos consoles da Nintendo

Nem sempre games de estratégia se adaptam de forma satisfatória nos consoles domésticos, mas alguns tiveram bastante destaque nos aparelhos da Nintendo. Sim City, por exemplo, foi um dos títulos de lançamento do Super Nintendo, em uma edição exclusiva e extremamente charmosa. Fez enorme sucesso nos primeiros anos do console 16-bit da Big N.

O outro grande nome dos jogos de estratégia da época era, claro, Sid Meier's Civilization.  Porém, ao contrário do clássico simulador de construir cidades de Will Wright, o primeiro Civilization ganhou uma versão bastante deficiente no Super Nintendo pelas mãos da Koei, em 1991. Lamentavelmente, a jogabilidade muito dependente da agilidade de um mouse ficou prejudicada no lento controle do SNES.
A versão capenga de Civ para Super Nintendo
Posteriormente, já no ano de 2008, um port de Civilization Revolution aterrissou no Nintendo DS com um pouco mais de sucesso. Civ Revolution, por si só, já era uma variante descomplicada do clássico dos PC's. Os gráficos, controles e menus simplificados do game deixavam tudo muito mais propício para jogar com um direcional tradicional. A adição da caneta stylus e da tela de toque do DS ajudaram a fazer desta uma ótima alternativa portátil de Civilization.

Um port de Civilization Revolution para Wii chegou a ser anunciado, mas o projeto nunca saiu do papel.

Características marcantes de Civilization VI

Civilization VI fez sua estreia nos PC's em outubro de 2016 e teve uma recepção calorosa por parte da crítica especializada, ganhando ótimas avaliações e muitos elogios — incluindo uma excelente nota 9.5 do nosso redator. Por outro lado, os fãs de longa data não ficaram muito satisfeitos com o visual mais cartunesco e com algumas das novidades (e problemas) do game.
O visual mais cartunesco não agradou a todos

Inteligência artificial precária

Uma das principais reclamações de quem já vinha acompanhando os títulos da série foi a inteligência artificial inconsistente dos inimigos. As civilizações concorrentes em Civ 6 apresentam uma tendência irritante de declarar guerra sem motivos aparentes, o que deixa a experiência completamente desbalanceada. Além disso, em meio às batalhas, a IA não parece muito esperta ao escolher suas tropas para atacar, deixando tudo menos estratégico e mais caótico.

Distritos exigem cuidados

Outra novidade polêmica da sexta edição foi a adição dos distritos em cada uma das cidades construídas. Agora, o jogador não somente precisa cuidar do centro urbano como também administrar cada um dos hexes dos arredores, com distritos que possuem características individuais. Por um lado, esse elemento adiciona um tempero ainda maior ao aspecto administrativo do jogo, mas por outro deixa os cenários ainda mais poluídos e diminui o número de terrenos que poderiam ter seus recursos explorados.
Os arredores das cidades também precisam de cuidados

Líderes cheios de personalidade

Em Civilization VI, cada um dos líderes controlados pela IA tem sua própria agenda de preferências de vitória e prioridades. Por exemplo: Dom Pedro II prefere civilizações que não estão competindo por Great People (pessoas importantes que trazem vantagens e podem ser adquiridas pela civilização) e não gosta de perder uma pessoa importante para outra civilização. Já Gandhi nunca declara uma guerra sem motivos e sempre tenta ser amistoso com quem mantém a paz — e odeia quem declara guerra sem motivação justa. Essas agendas conferem ao título um carisma único na franquia, agregando muito mais personalidade aos líderes.

Desenvolvimento tecnológico e cívico

Uma das características mais bacanas de Civ sempre foi a quantidade de possibilidades de desenvolvimento. Nesta edição, a corrida tecnológica ficou ainda mais complexa e contou com a adição de uma nova árvore de desenvolvimento cívico, onde as descobertas e avanços políticos e sociais são feitos. Por outro lado, as unidades de campo perderam muitas de suas evoluções, pulando alguns momentos marcantes da história da humanidade — como cavaleiros medievais, por exemplo.
Escolher o governo certo é estratégico para as vitórias

Os desafios técnicos da versão Switch

Quando a 2K Games anunciou que Civilization VI estava a caminho do Nintendo Switch, a nossa expectativa foi às alturas. Mas também surgiram diversas dúvidas com relação a qualidade do port, que chegará ao console da Nintendo no próximo dia 16 de novembro. Será uma versão completa e fiel ao título lançado nos PC's ou uma edição simplificada, seguindo a linha mais casual de Civilization Revolution?

Como em qualquer jogo da franquia, mais importante do que um visual estonteante é seu gameplay, sua interface de usuário e seu desempenho. São esses os quesitos que realmente podem gerar preocupação com relação à Civ 6 no Switch. Vamos ao que sabemos até o momento:

Jogabilidade e interface de usuário

Civilization sempre foi pensado para utilizar a agilidade de um mouse, o que facilita a navegação através da infinidade de informações e botões de sua IU. Exatamente por conta dessa complexidade, a Firaxis criou o spin-off Civilization Revolution, simplificando a interface e a jogabilidade da linha principal. A série Revolution favorecia o uso de controles dos consoles domésticos e das telas de toque dos dispositivos portáteis, mas perdia muito em qualidade e quantidade de conteúdo em comparação aos jogos principais da franquia. A notícia boa é que a 2K Games garante que Civilization VI chega sem cortes ao Switch.
A 2K Games promete a experiência completa de Civ 6 no Switch

Desempenho

É claro que não podemos esperar um visual idêntico ao original. Afinal, o console híbrido da Nintendo está longe do poder de processamento de um PC que roda Civilization VI em suas configurações normais. Mas além do visual menos detalhado e com menos efeitos — como pode ser visto nos trailers de divulgação —, o que realmente queremos ver é como o console vai reagir nos momentos finais de uma partida, quando o mapa está tomado por cidades e unidades animadas. Nessas horas, até alguns PC's mais parrudos têm dificuldades de processar a bagunça.
Civilization costuma exigir muito do hardware na metade final das partidas

Versão (quase) completa no Switch

Ao que tudo indica, a 2K Games e a Firaxis não vão poupar o hardware do pequeno notável da Nintendo. No material de divulgação de Civ 6 para Switch, podemos perceber todas as características marcantes do game: mapas expansivos e recortados em hexágonos, líderes famosos e suas motivações particulares, diplomacia e comércio, várias formas de desenvolvimento cultural e político, cenários especiais, muitas batalhas, etc. Tudo isso com uma apresentação muito parecida com a original.

Pacote robusto

Segundo a produtora, Civilizaton VI vai chegar ao Nintendo Switch contando com todas as atualizações e melhoramentos mais recentes disponíveis no original de PC, além de quatro pacotes de conteúdo extra que adicionam novas civilizações, líderes e cenários especiais (Vikings, Poland, Australia e Persia/Macedon). No entanto, a expansão Rise & Fall não fará parte do lançamento — essa, muito provavelmente, será vendida separadamente no futuro.



No total, 24 líderes estarão presentes no jogo: Jadwiga (Polônia), Harald Hardrada (Noruega), Alexander (Macedônia), Cyrus (Pérsia), John Curtin (Austrália), Pedro II (Brasil), Qin Shi Huang (China), Cleopatra (Egito), Montezuma (Asteca), Gilgamesh (Suméria), Catherine de Medici (França), Peter (Rússia), Gorgo (Rússia), Gandhi (Índia), Saladin (Arábia), Pericles (Grécia), Trajan (Roma), Hojo Tokimune (Japão), Mvemba a Nzinga (Congo), Victoria (Inglaterra), Tomyris (Cítia), Philip II (Espanha), Frederic Barbarossa (Alemanha) e Teddy Roosevelt (América).

Acessibilidade

O título promete chegar ao console da Nintendo com algumas funcionalidades bem interessantes e que podem ser o grande destaque dessa versão. Uma delas é a possibilidade de jogar utilizando a tela tátil, tanto de forma exclusiva quanto combinado com os controles tradicionais. Levando em consideração que teremos um port completo do original de PC, poder alternar entre as formas de interação no meio da jogatina pode deixar tudo mais ágil e prático.

Ausência de multiplayer online

Não há dúvidas de que uma das características mais marcantes do Switch é a importância dada pela Nintendo aos jogos multiplayer, tanto local como online. Segundos as informações liberadas até o momento, Civilization VI contará com modo multijogador cooperativo/competitivo local para até quatro pessoas, mas sem o componente online. O que está confirmado é que será possível montar partidas através de servidores em LAN sem fio. Agora resta saber se teremos um modo no estilo do famoso hotseat dos PC's, com a possibilidade de alternar os turnos no mesmo console, apenas passando o controle.



Apesar da lamentável ausência de um modo online, se a Firaxis Games conseguir entregar um port completo e estável do jogo base, agregando com sucesso o uso da tela de toque e o multiplayer local (principalmente o hotseat), com certeza teremos uma versão memorável de Sid Meier's Civilization VI no Switch. Se este for o caso, prepare-se para repetir a frase "só mais um turno" muitas e muitas vezes.
Sid Meier's Civilization VI — Switch
Desenvolvimento: Firaxis Games
Gênero: Estratégia em turno
Lançamento: 16 de novembro de 2018
Expectativa: 3/5

Comunicador e colecionador. Já foi Sega kid e Nintendo kid, agora é retro "kid". Está no Twitter em @carloscirne e faz vídeos no YouTube no canal CirneStuff.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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