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Análise: Elli (Switch) é uma carismática e repetitiva aventura

Disponível na eShop do console híbrido, o game de plataforma e puzzle oferece desafios acessíveis, mas peca pela pouca variedade.



Elli é uma guardiã dos Cristais do Tempo, tesouros que trazem o equilíbrio para a terra dos pequenos seres conhecidos como Mandrágoras. Entretanto, justamente no dia do seu 600º aniversário, e bem na hora em que os habitantes do local realizavam uma festa surpresa, Ghasti apareceu e roubou os cinco cristais. A guardiã precisa recuperá-los antes de seu aniversário acabar, pois, caso contrário, os Mandrágoras estarão condenados.

Desenvolvido pelo estúdio BandanaKid, Elli é um título independente exclusivo do Nintendo Switch que mistura plataforma e puzzles. Podemos dizer, de certa forma, que ele une os trechos de plataforma dos jogos 3D do Mario com os enigmas de The Legend of Zelda, mas com uma diferença: o jogador não controla a câmera do jogo.


Um mundo colorido de enigmas repetitivos

A câmera fixa de Elli não é um problema, já que em boa parte da jogatina ela é isométrica, mas também não permite explorar um dos destaques do game: o visual. A aventura traz cenários extremamente coloridos e detalhados, repleto de efeitos de iluminação. Acompanhado de uma trilha sonora agradável, aventurar-se pelos ambientes de Elli com o Nintendo Switch no Dock ou no modo portátil não apresenta diferenças visuais.

Elli possui poucas habilidades, mas são essenciais em sua jornada. Ela pode saltar, carregar e arremessar objetos, e utilizar o seu cajado. Este último apresenta utilidades interessantes como criar uma onda para quebrar vasos, revelar plataformas invisíveis a olho nu e repelir bolas de fogo. Como não há inimigos, as habilidades da guardiã são exigidas exclusivamente para solucionar puzzles. E ironicamente, o que deveria ser um dos pontos altos do game, é o que apresenta pouca variedade.



A maior parte dos enigmas de Elli traz as mesmas mecânicas: coletar orbes de quatro cores diferentes para ativar plataformas ou abrir portas e carregar blocos até um botão. No início são até interessantes, mas com o tempo os puzzles acabam se tornando previsíveis. Após recuperar o segundo cristal, o game apresenta mais variedade de exploração, como labirintos e cenários escuros, mas os enigmas sempre seguem a mesma estrutura, apenas com variações de blocos, como, por exemplo, de madeira e pedra, queimando ao passar por labaredas de fogo e impedindo Elli de saltar, respectivamente.

Aniversário incompleto

Os calabouços de Elli são divididos em várias seções e a existência de saves automáticos e diversos checkpoints tornam o jogo bastante acessível. Isso permite explorar os cenários e até abusar de tentativas e erros. Digo isso principalmente porque é muito difícil distinguir partes que não são exploráveis e é comum saltar para um andar inferior e ver a protagonista morrer. Isso acontece até mesmo em trechos em que a área inferior já foi explorada e Elli morre só por cair de alturas.

A presença de bugs nos cenários também causa irritação. Durante a jogatina, deparei-me com uma parede invisível (que felizmente foi corrigido via patch, disponibilizado na semana seguinte após o lançamento) e até com blocos que se movimentavam em ordem incorreta, impedindo o progresso pela fase. Nesse segundo caso, a solução foi reiniciar o jogo e refazer o todo caminho desde o último ponto de salvamento.


Além disso, cada vez que Elli está prestes a coletar um cristal, ela entra em um portal do tempo. Nesses momentos, o jogo assume a perspectiva 2D e a guardiã precisa atravessar o cenário para voltar no tempo, que vai sumindo gradativamente, e impedir que o cristal se quebre. Ela até ganha novas habilidades, como saltos duplos e a possibilidade de realizar um dash horizontal, mas esses trechos são extremamente vazios e pouco inspirados.

O jogo até possui colecionáveis, como a “Moeda de Chapéu” e os cristais, mas somente têm a função de serem utilizados como moeda para comprar chapéus, roupas e cajados para Elli. Infelizmente esses itens das lojas são apenas cosméticos, não oferecendo nenhuma variação ou efeitos no jogo, podendo ser facilmente ignorados. Coletá-los vale a pena somente pelo apelo de conquista pessoal.


Apesar de todas as limitações, Elli consegue entreter os jogadores que gostam de puzzles por algumas horas. É um jogo bastante carismático, acessível e indicado para todas as idades, mas que poderia oferecer mais variedade. Se compararmos com um bolo de aniversário, Elli poderia ter um pouco mais de recheio para torná-lo memorável. No fim, sua diversão é como a massa culinária em festas: acaba rapidinho.



Prós

  • Visual colorido e bastante carismático;
  • Trilha sonora agradável;
  • O jogo em si é bastante acessível.

Contras

  • Apesar de bem construídos, os puzzles são repetitivos;
  • Alguns bugs nos cenários podem irritar os jogadores;
  • Os itens de customização não justificam a procura pelos colecionáveis.
  • Os trechos 2D são pouco inspirados.
Elli — Switch — Nota: 6.5
Revisão: André Carvalho
Análise produzida com cópia digital cedida pela BandanaKid


Desde que aprendeu a jogar videogames com Yoshi's Island e Donkey Kong Country 2, sempre é visto com um controle ou portátil da Nintendo na mão. Descobriu o amor por The Legend of Zelda com Ocarina of Time e sempre está querendo mais Zeldas. Gosta de escrever notícias, análises e bobagens aqui enquanto não está sonhando com um novo Silent Hill.
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