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Análise: When Ski Lifts Go Wrong (Switch) é um cômico duelo entre o homem e a gravidade

Um desafiante puzzle de construção baseado em física, em que antes de obter o sucesso, é normal que muita coisa dê errado...


Existe uma questão interessante sobre a indústria independente de jogos, que é o quanto os desenvolvedores conseguem reinventar ideias previamente introduzidas em outros títulos do mercado. World of Goo (Multi), lançado em 2008, trouxe um interessante conceito de puzzle em que é necessário criar estruturas com os “goo” que obedecem às leis da física, considerando peso e a gravidade. Recentemente, Poly Bridge (Multi) reaproveitou essas mecânicas para criar um simpático construtor de pontes. Já em When Ski Lifts Go Wrong, o jogador assume não só o cargo de construtor de ascensores e rampas em montanhas onde são praticados esportes radicais, como também consegue controlar os pilotos. Como o título já indica, alguns muitos erros serão necessários para se alcançar a perfeição…

O objetivo principal do game é basicamente levar pessoas de um ponto ao outro, mas não pense que isso é uma tarefa simples. Para se dar bem no mundo da engenharia e não colocar em risco os clientes, é necessário considerar fatores como: a geografia do terreno, objetos e árvores no caminho, o custo do projeto, a falta de alguns materiais e o peso das pessoas com cada tipo de equipamento diferente. Isso tudo visando criar estruturas resistentes o suficiente para permitir uma travessia segura.


As centenas de missões disponíveis são divididas em oito montanhas, sendo a primeira delas um tutorial que ensina todas as funções do jogo. Para abrir uma nova área, basta realizar alguns pontos nas fases disponíveis. O jogo não é muito exigente neste quesito e é bem fácil alcançar os últimos locais, mesmo pulando alguns objetivos. Existem quatro níveis de dificuldade que estão intercaladas entre as fases. Neste caso, é possível terminar uma fase fácil, logo depois entrar em outra mais difícil e em seguida a dificuldade diminuir novamente.


Para começar a construir, basta selecionar os recursos em uma barra inferior e ligar os pontos de acordo com as características de cada um deles. Há materiais como tábuas e toras de madeira, cordas, rampas e pontos de fixação, de onde geralmente começa tudo. Após finalizar as estruturas básicas e colocar as roldanas, realizamos a ligação do cabo de teleférico entre as estações e torcemos para que tudo dê certo. Se a estrutura desmoronar ou o cliente se espatifar você falha, mas se ele alcançar o objetivo do outro lado a missão é cumprida. São fornecidas ferramentas para verificar a estabilidade das estruturas e seus pontos fracos, além de uma opção para facilitar a construção de seções triangulares, que de acordo com as dicas que aparecem na tela, são mais estáveis.

No entanto, as situações podem variar bastante. Em alguns casos é obrigatório que os esquis encostem no chão. Em outros, uma gôndola com três pessoas dentro será um peso extra a se considerar. Há também missões em que não construímos teleféricos, e sim rampas e pontes para saltar de esqui ou snowmobile, controlando o piloto de forma semelhante a jogos como Trials Rising (Multi). Além das montanhas nevadas, há eventos de verão. Neste caso os esquis são substituídos por bicicletas e as motoneves por motocicletas, mas o conceito principal permanece.


O jogo também insere objetivos secundários e obstáculos artificiais. Coletar medalhas no caminho, um número mínimo de pessoas alcançando o outro lado ou mesmo um orçamento apertado podem transformar uma estrutura simples em uma construção complicada, mas administrar tudo isso é necessário para obter o troféu da fase. Por outro lado, além das dificuldades geográficas e dos materiais contados ou com opções específicas, algumas fases terão arcos ou alguns malditos canhões de vento que devem ser considerados ao projetar os percursos, pois podem abalar as estruturas, derrubar passageiros ou dificultar os saltos.

Se existe um ponto que me incomodou um pouco foi o controle na hora de construir. Há diversos comandos distribuídos pelos botões, que apesar de terem cada um seu próprio ícone na tela, não são acessíveis pelo cursor. Ao tentar selecionar sessões específicas da estrutura para corrigi-las, o game nem sempre responde com precisão ao movimento do analógico, ficando preso onde está ou passando direto para um pedaço que não é o que você quer. Após a seleção correta o movimento flui normalmente e o controle livre dos pilotos também é ótimo. No modo portátil é possível usar o touch screen, mas acaba não sendo tão preciso também, devido aos objetos pequenos. A utilização do zoom nas duas formas de jogar acaba sendo necessária não somente para melhorar a visualização, mas também a precisão do controle.


A trilha sonora é composta por belas músicas, que são super tranquilizantes. Eu também já me considero um fã do estilo gráfico usado — low poly, com modelos 3D simplificados propositalmente —, que combina muito com games com propostas mais simples e minimalistas. Há ainda a possibilidade de diminuir ou remover o sangue, que pode interessar a alguns pais que queiram jogar com os filhos. Há ainda um modo de criação de fases, com todos os objetos disponíveis na campanha e ferramentas exclusivas para modelar o terreno, mas que infelizmente não permite compartilhar com outras pessoas. Por fim, há também um ranking de pontuação online em cada missão, que pode ser mundial ou filtrado para os amigos que possuem o game.

Apesar de o objetivo ser basicamente o mesmo, o fato da experiência entre uma fase e outra variar bastante torna o aprendizado constante. Enquanto em alguns momentos eu me sentia relaxado e empolgado com as construções, e até brincava tentando realizar manobras diferentes, em outros a frustração bateu forte. Porém, bastava pular e aprender algo novo mais pra frente que se tornou um costume voltar com uma nova ideia naquela missão que anteriormente me deixou empacado. O jogo salva a estrutura montada, então voltar depois não significa começar do zero. Uma mistura empolgante de repetição, variação e desastres que podem ser trágicos ou cômicos fazem de When Ski Lifts Go Wrong um puzzle game charmoso, desafiador e bastante divertido!

Prós:

  • Ótima variação de desafios, obstáculos e situações;
  • Possibilidade de controlar veículos e personagens;
  • Textos completamente em português brasileiro.

Contras:

  • Controles às vezes são imprecisos nos momentos de construção;
  • Não é possível compartilhar cenários criados na caixa de areia.
When Ski Lifts Go Wrong — PC/Switch — Nota: 8
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Pedro Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Curve Digital

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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