A história da franquia Mortal Kombat nos consoles da Nintendo

A brutal e sanguinária batalha entre kombatentes divertiu os fãs e causou polêmicas por gerações, mas ainda está longe de um Fatality!


Após um hiato de mais de dez anos, o recente anúncio de Mortal Kombat 11 marcou o retorno da franquia a um console da Nintendo. Uma ótima notícia após as ausências de Mortal Kombat (Multi) de 2011 e Mortal Kombat X (Multi) lançado em 2015. Jogos que sintetizam um retorno da jogabilidade original da série em 2D e o início de uma nova linha do tempo na história principal. Após ignorar o Wii U, a Warner Bros. trará a sequência para o Switch no dia 23 de abril de 2019, e nós não podemos mais esperar...

Round One… Fight!

Mortal Kombat foi criado por Ed Boon e John Tobias, e nasceu em resposta ao crescente avanço de Street Fighter II (Multi), da Capcom, que dominava os arcades no início dos anos 90. Mas a Midway Games tomou um caminho próprio na criação de seu game — após a falência da Midway, a Warner Games adquiriu os direitos da franquia e o desenvolvimento ficou a cargo do NetherRealm Studios, dirigido pelo co-criador do game Ed Boon —. Ao invés de gráficos em pixel art, foram utilizadas capturas de movimento com atores reais, que eram digitalizadas e transformadas em sprites, deixando o resultado final bastante realista e impressionante para a época. Os primeiros títulos eram frequentemente distribuídos pela Acclaim ou pela Williams Entertainment.

Por conta de todo o sangue jorrando e a brutalidade envolvida nas lutas ou nas finalizações com corpos em pedaços e membros decepados, a franquia sempre esteve no centro de discussões sobre a exposição de crianças a violência nos games. Isso somado ao aumento de jogos com apelo sexual como Night Trap (Multi), forçou o congresso americano a intervir, culminando na criação do ESRB: órgão que avalia e classifica os games, indicando-os de acordo com a faixa etária adequada. Essas polêmicas só aumentaram a exposição e serviram como propaganda gratuita, contribuindo para o crescimento da base de jogadores. Sua fórmula foi repetidamente copiada por novos games que vieram a seguir.

Fatalities desse tipo foram alterados na versão do Super Nintendo 

No Super Nintendo os primeiros jogos da série sofreram com diversas censuras por parte da Big N, que era bastante protetora com seu público alvo, formado geralmente por crianças na época. Por outro lado, o console possuía a melhor versão caseira dos títulos, com gráficos e sons muito superiores em comparação às versões mais violentas da concorrência. Diferente do jogo da Capcom, o controle de quatro botões principais somados a dois gatilhos de ombro era bastante confortável para o Mortal Kombat, que se tornou muito popular entre os fãs da Nintendo.

O caso de amor seguiu firme até a conclusão do primeiro arco da franquia, em Mortal Kombat: Armaggedon (Multi), lançado para o Wii em 2006. Vamos falar sobre os jogos, destacando os principais e relembrando algumas curiosidades:

Mortal Kombat (1992) — Super Nintendo

O primeiro game da série definiu os rumos de toda a franquia, já começando pelo uso da letra K em palavras iniciadas com C. Além dos controles mais simples e amigáveis para jogadores casuais, o jogo não se focava apenas na busca da vitória de um jogador contra o outro. A novidade em relação aos games de luta da época estava na possibilidade de finalizar o adversário com uma morte dolorosa e humilhante após ganhar dois rounds: o Fatality! O roster de lutadores trouxe algumas das figuras mais icônicas da franquia, que são importantíssimas até hoje: Johnny Cage, Liu Kang, Sub-Zero, Scorpion, Raiden, Sonya Blade e Kano. Goro, um gigante de quatro braços é o subchefe e, após derrotá-lo, o jogador finalmente pode lutar contra o chefe Shang Tsung.

Na história, o torneio Mortal Kombat ocorre a cada 50 anos e trata-se de uma condição imposta pelos Deuses Antigos que uma sequência de dez vitórias seja o critério para que um mundo possa dominar e absorver o outro. Goro, campeão do reino de Outworld, estava no momento com nove vitórias. Por isso Raiden, o guardião do plano terreno, recrutou o monge Shao Lin Liu Kang para participar da décima primeira competição — a primeira foi vencida por Kung Lao, não o atual, mas um parente distante dele. Outros participantes chegaram na ilha a convite, por motivos próprios ou até mesmo por engano. No fim, Liu Kang vence Shang Tsung e salva a terra por pelo menos mais 500 anos.

Outras curiosidades: o jogo possui um mini-game chamado Test Your Might, em que é preciso apertar repetidamente o botão do controle para preencher uma barra e quebrar blocos com as mãos, como em um treino de kung fu. MK1 também foi um dos primeiros games da história a contar com um personagem secreto. Reptile era inicialmente uma mistura de Sub-Zero e Scorpion, que aparecia em uma coloração verde para desafiar jogadores que cumprissem condições específicas. No Super Nintendo o game possui censuras no sangue e no fatality de Kano, além de mudanças nas finalizações de Cage, Raiden e Sub-Zero, que se tornaram menos violentos. Há uma versão para Game Boy, que não possui o lutador Johnny Cage, mas é possível desbloquear Goro, diferentemente da versão principal.


Mortal Kombat II (1993) — Super Nintendo

A sequência do game chegou um ano depois, levando o torneio que antes acontecia no Earth Realm (Terra ou Plano Terreno) para Outworld, por condições adversas que os heróis foram obrigados a aceitar. Além das melhorias gráficas, o número de fatalities para cada personagem foi aumentado. Foram introduzidos o Babality, que permite transformar o oponente em uma versão bebê, e também o Friendship, que é apenas uma zoação saudável. Duas saídas não violentas para quem se horrorizava com os fatalities, sendo uma amigável e outra ainda humilhante. O jogo também marca a primeira aparição do “Toasty!”, uma piada interna dos desenvolvedores que foi parar no gameplay e consiste na aparição do rosto do designer de som Dan Forden no canto inferior da tela ao executar um forte uppercut no oponente, além do áudio com a voz dele mencionando a icônica palavra.

Por conta de questões da história, Sonya Blade e Kano não figuraram entre os personagens selecionáveis, mas o time de lutadores cresceu com a adição de Reptile, agora com movimentos próprios, Shang Tsung, em uma versão mais jovem e os novatos Baraka, Jax Briggs, Kitana, Kung Lao e Mileena. Por curiosidade, o Sub-Zero desse game é o irmão mais novo do anterior, que foi morto por Scorpion. Jade, Smoke e Noob Saibot são os personagens secretos e Kintaro substitui Goro como subchefe. Por fim, temos a primeira aparição do verdadeiro “manda-chuva” de Outworld e grande antagonista da série: O imperador Shao Khan.

A versão de Super Nintendo do game possui uma introdução extra com Kintaro e Shao Khan destruindo a logo da Acclaim, além de incluir o modo Endurance, que possibilita a escolha de quatro personagens para uma única partida. Também há melhorias ao jogar da ponte um adversário no cenário Pit II, proporcionadas pela tecnologia Mode 7. Na versão japonesa do game, presente no Super Famicon, o game foi censurado com sangue verde e uma mudança na coloração do cenário após a execução de um Fatality. O Game Boy também recebeu sua versão, novamente com o corte de alguns personagens.


Mortal Kombat 3 (1995) — Super Nintendo

Após perder dois Mortal Kombat seguidos e ter frustrados os seus planos de dominação, Shao Khan não vê outra opção que não mandar seu exército atacar a terra. Além de mais golpes especiais, o terceiro título introduziu um botão de corrida, um sistema de combos mais elaborado, diversas opções de códigos e formas de modificar o gameplay ou desbloquear personagens secretos, uma maneira de recuperar um pouco de vida após o personagem tontear no final do último round e um nova finalização: o Animality, em que os lutadores se transformam em animais antes de destroçar o oponente.

Além do retorno de personagens conhecidos, Noob Saibot e Smoke se tornaram jogáveis a partir da execução de códigos secretos. Os estreantes foram Cyrax, Kabal, Nightwolf, Sektor, Sheeva, Sindel e Kurtis Stryker, além do subchefe Motaro. Shao Khan permaneceu como chefe, e as curiosidades ficaram por conta da primeira aparição de Sub-Zero sem sua máscara e a ausência de Scorpion. Além da versão de Game Boy com menos personagens, o terceiro título contou com relançamentos mais completos posteriormente:

Ultimate Mortal Kombat 3 (SNES) trouxe os retornos de Jade, Smoke, Kitana, Scorpion, Reptile, Mileena, Classic Sub-Zero, Ermac, Noob Saibot e Rain selecionáveis desde o início, além de . Human Smoke, Motaro e Shao Khan desbloqueáveis por códigos. Mais um estilo de finalização foi introduzido, o Brutality, que consistia em explodir o adversário após um longo e complicado combo. Em 2001 o Game Boy Advance recebeu um port, batizado de Mortal Kombat Advance. Já Mortal Kombat Trilogy (Nintendo 64) foi um sonho realizado para os fãs, por trazer de volta todos os personagens criados até o momento. Exceto os fãs da Big N, pois a versão do 64 possui algumas perdas, devido ao limitado espaço do cartucho. Felizmente, o título possui uma personagem que até hoje é exclusiva da Nintendo: Khameleon (personagem secreta) é uma ninja de coloração cinza. Em outras versões Chameleon, um ninja masculino, é o novo lutador.


Mortal Kombat 4 (1997) — Nintendo 64

O quarto game da franquia deixou de lado os sprites criados a partir da aparência dos atores e passou a ser modelado em 3D, permanecendo com a captura de movimentos. O game também introduziu um sistema de armas para todos os personagens e a possibilidade de desviar dando passos laterais, que não agradaram a todos os jogadores. A versão do 64 trouxe os retornos de Raiden, Liu Kang, Reptile, Scorpion, Jax, Johnny Cage, Sub-Zero, Sonya, além de Goro e Noob Saibot como personagens desbloqueáveis. Os novos desafiantes foram Kai, Reiko, Jarek, Tanya, Fujin e Meat desbloqueável. O subchefe é Quan Chi e o novo boss o Shinnok. O game recebeu uma versão para o Game Boy Color, com um número reduzido de personagens.

Mortal Kombat Mythologies: Sub Zero (1997) — Nintendo 64

Esse criticado título de plataforma coloca o Sub-Zero original em uma missão que se passa antes dos eventos do primeiro game. Foi desenvolvido pela Avalanche Software e apenas publicado pela Midway. Apesar do gameplay estranho e gráficos considerados datados para a época de seu lançamento, possui grande importância narrativa, esclarecendo fatos sobre Shinnok, seu amuleto místico e batalhas contra Raiden, a importância de Quan Chi e também sobre os Elder Gods.

Mortal Kombat: Deadly Alliance (2002) — Gamecube

Deadly Alliance apresenta os eventos de uma perigosa aliança forjada entre os feiticeiros Quan Chi e Shang Tsung, que colaboraram para reviver um poderoso exército adormecido e com ele tomar o controle de Outworld. Para isso, eles se prepararam, iniciando o plano com a eliminação covarde daqueles que consideraram as maiores ameaças a seus objetivos: Shao Khan e Liu Kang. Raiden então desiste do recém conquistado status de Elder God e retorna a terra para reunir aliados para combatê-los.

O game trouxe modelos 3D e cenários muito superiores aos vistos em Mortal Kombat 4, diferentes estilos de luta para cada personagem e pela primeira vez uma Kripta, para que os jogadores pudessem adquirir novas roupas e extras com as moedas adquiridas no game. Muitos personagens novos foram introduzidos: Blaze (secreto), Bo’ Rai Cho, Drahmin, Frost, Hsu Hao, Kenshi, Li Mei, Mavado, Mokap (secreto), Nitara e Moloch (subchefe). Uma versão do game chamada de Mortal Kombat: Tournament Edition foi lançada no Game Boy Advance, com algumas mudanças no elenco.


Mortal Kombat: Deception (2005) — Gamecube

Lançado em outubro de 2004 no PS2 e Xbox, Deception chegou apenas em fevereiro de 2005 no Gamecube, e é uma sequência direta de Deadly Alliance. A história é contada em dois modos diferentes. Um deles apresenta Shujinko, um jovem prodígio que passou a vida toda enganado, coletando as Kamidogu para Onaga — antigo imperador de Outworld que foi traído por Shao Kahn no passado —, pensando que estava trabalhando para um emissário dos deuses antigos.

O outro modo mostra as consequências da vitória da aliança entre Quan Chi e Shang Tsung no jogo anterior, a última resistência dos combatentes ainda vivos após a ressurreição de Onaga e algumas péssimas decisões de Raiden, que acabou ressuscitando Liu Kang como um zumbi sem alma. Os novos lutadores são: Ashrah, Dairou, Darrius, Havik, Hotaru, Kira, Kobra e os já citados Onaga e Shujinko. Shao Kahn e Goro também são jogáveis na versão do Gamecube.


Mortal Kombat: Armageddon (2007) — Wii

O sétimo título da franquia também chegou atrasado no console da Nintendo em relação a outras plataformas, que tiveram seu lançamento ainda em 2006. Com o crescente número de lutadores poderosos e corrompidos, era de se esperar que as numerosas batalhas uma hora se transformassem no apocalipse. A esposa de Argus, guardião do paraíso, já havia profetizado o fim dos tempos, e os deuses antigos fizeram suas preparações para o momento. Uma pirâmide foi erguida em Edenia, e Blaze, a criatura em chamas que apareceu como personagem secreto em Deadly Alliance, estava no topo dela, cumprindo o destino para o qual foi criado.

A profecia dizia que quem derrotasse o gigante de fogo receberia um prêmio divino. Porém, o que a maioria dos lutadores não sabia era que o elemental só poderia ser morto por quem tivesse usando uma armadura ou uma espada criada por Argus e sua esposa, e apenas os seus filhos Taven e Daegon, que foram colocados para hibernar até que o momento chegasse, teriam acesso a essas ferramentas. Se Blaze fosse destruído com a armadura, todos os kombatentes perderiam seus poderes, mas se ao invés disso fosse usada a espada, todos os lutadores corrompidos morreriam. No dia da profecia, todas as alianças se quebraram e os guerreiros lutaram entre si enquanto buscavam alcançar o topo da pirâmide. No fim, Taven derrota Blaze com as espadas e assim ocorre o Armaggedon. Ao menos deveria ser, já que novos desdobramentos ocorreram em Mortal Kombat (Multi), o reboot da franquia que foi lançado em 2011.

A versão de Wii do game contou com controles adaptados para movimento, e além dos 62 personagens disponíveis — a segunda vez que todos os já criados foram reunidos —, a segunda aparição da ninja Khameleon, que até o momento continua exclusiva da Nintendo. Outras curiosidades são um modo que possibilita aos jogadores a criação de seus próprios lutadores e o divertido minigame de kart Motor Kombat.


Mortal Kombat 11 (2019) — Switch

Revelado durante o evento de premiação The Game Awards em 2018, o novo capítulo da saga Mortal Kombat está para chegar, trazendo um novo sistema de customização para os personagens, semelhante ao introduzido em Injustice 2 (Multi). Após os eventos de Mortal Kombat X, Raiden tornou-se cruel e sem misericórdia, e diz que agora vai parar de apenas defender o plano terreno e ir atrás de seus inimigos. O deus do trovão estava torturando Shinnok, que responde que nem ele é poderoso o suficiente para matar um deus antigo. Raiden então, respondendo que há destinos piores que a morte, o decapitou e prometeu entregá-lo ao novo líder do submundo: Liu Kang. Após deixar a cabeça de Shinnok sangrando no local, a guardiã do tempo Kronika aparece, faz o sangue regressar e diz a Shinnok que esse não era o destino dele. Precisamos aguardar o lançamento para saber mais sobre essa história.

Os personagens mostrados ou citados até o momento são Shinnok, Baraka, Cassie Cage, D’Vorah, Kabal, Kano, Kitana, Kung Lao, Liu Kang, Raiden, Scorpion, Skarlet, Sonya Blade, Sub-Zero, Jade, Johnny Cage, Geras (novato), Shao Kahn (bônus de pré-venda) e Kronika, que deve ser a primeira chefe feminina da franquia. Vale observar que nem todos possuem gameplay. Alguns apenas foram referenciados ou apareceram em cutscenes.


E você leitor, está animado para a próxima página na história de Mortal Kombat? Qual o game da franquia que mais lhe divertiu? Participe nos comentários!

Revisão: Vinícius Rutes

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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