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Análise: Jack Quest: Tale Of The Sword (Switch) — o herói, a espada e a garota raptada

Para quem não cansa de metroidvanias, Jack Quest é definitivamente uma opção.



Sabe aquela noite tranquila que você chama o grande amor da sua vida para um "encontro inesquecível" (palavras do próprio jogo, em português) no parque? Pois é, o protagonista de Jack Quest (habilmente nomeado de Jack) não pôde nem curtir um momento descontraído em volta da fogueira com sua amada, porque Korg, o temível orc gigante, decidiu aparecer de repente e levar a donzela, chamada Nara, para o seu calabouço secreto nos confins da terra. Encabido com a missão de resgatar a jovem das garras do cruel orc, Jack logo encontra uma espada falante que, coincidentemente, possui a mesma missão de derrotar Korg de uma vez por todas. Kuro, a nova companheira afiada e com aquele look estilo espada do Cloud em Final Fantasy VII, logo ocupa o papel de principal aliada de Jack nesta curta, porém intensa aventura da Blowfish Studios.

O conto da espada (e do garoto de cachecol vermelho)

Sem qualquer tipo de conhecimento de batalha, pelo menos Jack consegue espantar os vários slimes, aranhas, morcegos e esqueletos da base de Korg com a ajuda de Kuro como seu ataque básico. Por meio do botão Y, Jack desfere um simples ataque, ou combo de até 2 hits, com a espada tagarela. Os outros comandos também vão direto ao ponto: o B faz Jack pular — pulo duplo e walljump inclusos —, o A solta um tipo de ataque especial — que além de causar dano, deixa Jack invulnerável por um segundo — e o X serve para você trocar de arma — em pouco tempo, um arco e flecha é disponibilizado para (fracos) ataques de longa distância.

Quanto ao gameplay, Jack Quest: Tale Of The Sword é uma plataforma bem clássica, com aquele "pezinho" no metroidvania. Por algum tempo, preferi não encaixar Jack Quest no gênero, principalmente pela ausência de um mapa geral do local, e pela ausência desse sentimento de exploração de uma grande área que Metroid, Hollow Knight ou Momodora nunca deixam de passar ao jogador — a sensação mais presente é a de que você passa pelas mesmas salas diversas vezes. No entanto, você pode ter certeza que o mapa está lá e, eventualmente, essa mecânica também dá as caras. Existe sim uma grande área contida para ser explorada, só que Jack Quest é um jogo tão curto que simplesmente não há tanto backtrack (quando o jogador volta para um local explorado anteriormente).





Por sinal, backtracking é dos grandes problemas do título. Jack Quest é difícil do começo ao fim: você tem apenas 2 corações que valem como 4 metades (cada hit representa uma metade) e uma espada, basicamente. Todo o resto precisa ser encontrado pelo mapa: arco e flecha, pulo duplo, mapa, tochas para salvar, poções para recuperar vida, mais corações totais e mais cristais para o especial. Se mover por esse mundo pode ser bastante doloroso: são vários os pequenos inimigos com padrões de ataque bem chatos, e são inúmeros os pulos na parede com timing certo que você terá que realizar em meio a espinhos, armadilhas e monstros. Naturalmente, a morte há de ser esperada e ela está bastante presente no jogo — prepare-se para salvar o jogo com apenas metade de um coração de vida, e ter que refazer o mesmo trecho, muitas e muitas vezes.

Para completar esse pacote, a movimentação e a jogabilidade em Jack Quest definitivamente ficam um pouco a desejar. Jack se move um pouco rápido demais e os hitboxes dos ataques são esquisitos e inconsistentes — é muito comum pular e atacar o inimigo, tomando dano ao mesmo tempo, por exemplo. O que não quer dizer que o personagem seja ruim ou estranho de se controlar, na verdade, a parte de exploração, com sua infinitude de pulos duplos e wall jumps, é um dos aspectos mais agradáveis do jogo. Dentro da sua mecânica, saltar pelas paredes e evitar inimigos em Jack Quest é bastante satisfatório, inclusive, vencer todo tipo de obstáculo em Jack Quest, seja um salto mais complexo ou uma intrincada batalha de chefe, tende a ser recompensador e difícil da maneira certa. 



Mesmo com o visual retrô cartunesco definitivamente adorável, algumas coisas atrapalham Jack Quest em ser um jogo fluido, funcional — e divertido, principalmente. Por exemplo, apesar das acirradas e emocionantes boss battles, todos os encontros passageiros com pequenos inimigos (slimes, morcegos e, o pior de todos, aranhas) são meio irritantes e repetitivos. Palavras que por acaso caem como uma luva para descrever a trilha sonora, ou melhor, a mesma musiquinha medieval genérica em loop que vai, certamente, ficar na sua cabeça para sempre.

Dificilmente você está esperando muita coisa da história de Jack Quest e, realmente, há pouco a ser explorado quanto a isso. Este é um jogo bastante curto e simples, apesar da dificuldade mais alta e de alguns momentos mais complexos — como navegar pelo mapa e "se encontrar" mais para o final do jogo, por exemplo. Se você quiser jogar um pequeno jogo de ação e plataforma de vez em quando, enquanto leva seu o Switch por aí sem compromissos, Jack Quest pode até ser uma boa pedida, mas existem opções melhores e mais duradouras no momento. 

Prós

  • Agradável mecânica de pulos e walljumps
  • Batalhas de chefe divertidas;
  • Visual retrô agradável.

Contras

  • Duração bem curta;
  • Gameplay pode ser bem esquisito às vezes;
  • Trilha sonora repetitiva;
  • Poucos recursos, certa dificuldade: muitas mortes acontecem.
Jack Quest: Tale Of The Sword — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 7.0

Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: Vinícius Fernandes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Blowfish Studios

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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