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Análise: Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy (Switch) revive as hilárias aventuras de um advogado novato

Remasterização dos três primeiros jogos da série traz as aventuras do advogado Phoenix Wright em suas melhores formas para o híbrido da Nintendo.

Já faz algum tempo que Phoenix Wright: Ace Attorney conquistou o seu espaço como uma das melhores franquias que incluem o estilo visual novel. O primeiro jogo foi um lançamento exclusivo de Game Boy Advance no mercado japonês, chegando em 2001 com o nome Gyakuten Saiban. Porém, uma nova versão localizada em inglês chegou para o Nintendo DS em 2005, permitindo que o público ocidental também se apaixonasse pelas épicas batalhas nos tribunais. Posteriormente, os dois títulos seguintes também receberam versões para o portátil da Nintendo fora das terras nipônicas.




Desde então, várias sequências e spin-offs contribuíram para o sucesso da franquia da Capcom. Os três primeiros capítulos da saga do advogado Phoenix Wright acabam de chegar ao Switch na coletânea Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy — a oportunidade perfeita para os donos do híbrido da Nintendo usarem suas habilidades de raciocínio e investigação para entender quais são as razões que tornam a série tão cativante.

Em um tribunal de justiça, evidência é tudo

Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy é um pacote que traz as remasterizações dos três primeiros jogos: Phoenix Wright: Ace Attorney, Phoenix Wright: Ace Attorney: Justice For All e Phoenix Wright: Ace Attorney: Trials and Tribulations — a mesma trilogia que foi lançada no Nintendo 3DS em 2014. Embora os três títulos sejam independentes entre si, eles podem ser considerados como partes separadas de um arco maior da história, relacionado à família de Mia Fey, advogada e mentora do protagonista.

Você é o personagem que dá nome à série: Phoenix Wright, um advogado de defesa de terno azul e cabelo espetado. Ainda um novato na advocacia, Phoenix precisa defender seus clientes nos tribunais, enfrentando os implacáveis promotores com o objetivo de conseguir o veredicto not guilty (inocente). Além das sessões dentro das salas de audiência, Phoenix também deverá realizar suas investigações, coletar evidências e conversar com testemunhas, reunindo assim informações úteis para sua defesa.



Os primeiros casos de cada jogo funcionam como um tutorial, apresentando um desafio menor e introduzindo o gameplay durante as fases de julgamento. As sessões acontecem na presença do juiz, além do promotor responsável, do réu e dos membros da audiência. Em um determinado momento, testemunhas serão convocadas pela promotoria para prestar declarações sobre o caso, e é aqui onde a verdadeira batalha acontece: o jogador deverá interrogar as testemunhas na Cross-Examination, revendo cada frase que foi dita e prestando atenção para encontrar contradições. Se acredita que alguma parte do depoimento é uma mentira, apresente uma evidência para atestar sua argumentação.



É neste ponto em que está a maior parte do carisma de Phoenix Wright: Ace Attorney. As sessões na corte parecem verdadeiras batalhas entre defesa e promotoria, e cada argumento quebrado é sentido pelos personagens como se tivessem recebido um golpe fatal. A sensação chega a ser de total desespero quando Phoenix apresenta uma evidência e desenvolve uma linha de raciocínio complexa para provar uma contradição, apenas para ter toda sua argumentação quebrada por uma curta frase da promotoria logo depois.



O juiz segue os procedimentos com um sistema de credibilidade, representado por uma barra de vida. Em algumas situações, como a apresentação de evidências incorretas, o juiz poderá penalizar o jogador em alguns pontos. A perda de toda a barra significa um veredicto guilty (culpado), obrigando-o a retornar ao último ponto de jogo salvo. Felizmente, é possível salvar a partir de qualquer momento do julgamento.



Outro recurso valioso é o de pressionar as testemunhas. Phoenix vai perguntar mais detalhes sobre o que foi mencionado, o que pode revelar novas mentiras ou inconsistências. Nos casos mais avançados, é bem mais difícil descobrir onde existem as contradições — às vezes, é necessário pressionar as declarações das testemunhas em uma ordem específica antes de apresentar alguma evidência válida. Quando não há mais ideias, o único recurso disponível se torna a tentativa e erro — o que existe um certo nível de paciência. No fim das contas, o sentimento de descobrir a verdade e destruir completamente testemunhas mentirosas é muito gratificante.



Os controles são extremamente simples. O botão A é usado para avançar os diálogos. Já o botão R é um dos mais importantes, pois serve para acessar o Court Record (registros do tribunal). É aqui onde as informações relevantes podem ser consultadas, incluindo as evidências e perfis de pessoas ligadas ao caso. O botão L é dedicado à ação de pressionar testemunhas. Durante a Cross-Examination, pressionar o botão X quando o Court Record estiver aberto dispara o famoso “Objection!”, apresentando a evidência selecionada. Caso o Switch esteja em modo portátil, também é possível recorrer à touchscreen para interagir com o jogo.


Descubra o culpado em até três dias

De acordo com o sistema legal apresentado pelo jogo, os julgamentos devem ser concluídos em até três dias — exceto os primeiros casos, os outros duram este tempo máximo. Entre cada sessão da corte, existem as partes onde Phoenix deve ir às ruas e investigar o crime do qual seu cliente é acusado. O gameplay nesses momentos inclui mover-se entre diferentes localidades, conversar com pessoas envolvidas no caso e procurar por pistas.



A opção Move permite se deslocar para um outro local pelos arredores. Escolher Examine ativa o uso de uma lupa para investigar os elementos do cenário, que podem se tornar evidências para o Court Record. Uma marcação na lupa sinaliza o que já foi investigado antes. O uso da touchscreen no modo portátil é muito útil nesses momentos de gameplay. Se houver alguma outra pessoa no local, é possível conversar com ela usando a opção Talk, enquanto escolher Present permite exibir uma evidência a ela. Algumas testemunhas só concordam em falar depois que um determinado item é mostrado.



Às vezes, a progressão nesses momentos depende de alguma ação (como retornar a algum local ou apresentar uma evidência alguém) que não fica muito clara ao jogador, travando o avanço. Porém, embora não sejam tão divertidas quanto as partes nos julgamentos, as investigações são fundamentais para que o jogador possa aprender tudo sobre o caso — inclusive, descobrindo quem é o verdadeiro culpado. Os dois últimos jogos contam com mecânicas únicas, como a existência dos Psyche-Locks: cadeados que representam barreiras mentais quando alguém está mentindo. Com o uso de evidências, Phoenix pode ser capaz de abrir os cadeados.



Todos os personagens são extremamente carismáticos e memoráveis, com traços e manias bem engraçados que rendem momentos muito hilários. Por exemplo, o detetive Dick Gumshoe é atrapalhado e costuma deixar escapar várias informações sigilosas. Alguns são tão exóticos que conferem um tom bizarro, mas ao mesmo tempo interessante ao enredo. É o caso da ajudante de Phoenix, Maya Fey: uma médium em treinamento com a habilidade de se comunicar com espíritos. Essa habilidade é útil para o andamento de vários casos, e até serve de base para alguns deles. Isso sem falar no rol das testemunhas que passam pelo tribunal, o que inclui até mesmo um papagaio em um determinado caso.



Os promotores dão um show à parte no elenco do jogo. Todos são firmes em sua busca pelo veredicto de culpado, e agem à sua maneira para que atingir esse objetivo. Desde o elegante e pomposo Edgeworth, passando pela durona e impiedosa Franziska von Karma até o excêntrico Godot, todos são incrivelmente carismáticos e é sempre divertido desafiá-los na corte. As histórias de cada um enriquecem o enredo e estão ligadas à trama de maneira muito bem executada.



Os diálogos e a progressão da história também são pontos-chave para o sucesso do jogo. Há diversos tipos de situações cuja atmosfera é passada perfeitamente ao jogador, como momentos engraçados, tensos e a tristes. A condução das testemunhas no tribunal é incrivelmente envolvente, embora os acontecimentos sejam muito distantes do que veríamos na realidade. Em outras palavras, os casos julgados em Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy quase sempre beiram o absurdo, mas ainda se baseiam no senso lógico para que sejam resolvidos. O resultado é uma experiência muito divertida de acompanhar.

O único ponto negativo é que ainda não há uma tradução para português feita pela Capcom, portanto, é necessário ter conhecimentos de inglês para usufruir do jogo.

Remasterização definitiva

Quem jogou as versões antigas da série no Nintendo DS terá um bom motivo para retornar ao jogo em sua nova forma no Switch. Os gráficos mais simples e pixelizados deram lugar a desenhos em alta definição, todos feitos à mão. As animações estão muito mais fluídas e belas, com mais cores e mais efeitos. É realmente impressionante ver a evolução do aspecto visual do jogo, principalmente ao jogar com o Switch na dock.



O mesmo pode ser dito sobre sua trilha sonora. Marcante desde suas versões antigas, ela continua tendo bastante impacto no jogo e foi totalmente retrabalhada.

Infelizmente, não há nenhum conteúdo inédito em relação às versões de DS — a remasterização segue à risca o conteúdo dos jogos antigos e não acrescenta nada, da mesma forma quando o pacote dos três jogos chegou ao Nintendo 3DS.



Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy retorna em sua melhor forma, trazendo de volta tudo o que consagrou a série em todos esses anos. Todos os aspectos relevantes foram repaginados para ser uma experiência definitiva, maravilhando aqueles que já o conhecem e se tornando ainda melhor para novos jogadores. Mesmo já conhecendo todos os três episódios da coletânea, reviver as aventuras e as batalhas na corte foi uma experiência gratificante. No fim das contas, é uma franquia que vai demorar mais algum tempo para ser tornar obsoleta.



Prós

  • Gráficos belíssimos desenhados à mão;
  • Trilha sonora envolvente;
  • Diálogos bem construídos;
  • Personagens carismáticos;
  • Situações hilárias nos tribunais e nas investigações;
  • Coletânea traz três jogos completos remasterizados.

Contras

  • Alguns momentos de investigação podem travar o jogador;
  • Ausência de legendas em português.

Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy - 3DS/ Switch/ PS4/ XBO/ PC - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: André Carvalho
Análise produzida com cópia digital cedida pela Capcom

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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