Mario Party (N64) e como alguns minigames quase custaram 80 milhões à Nintendo

O primeiro Mario Party trouxe grandes momentos de diversão aos jogadores, porém seus minigames renderam uma ação judicial e um prejuízo orçado em milhões de dólares.



O ano era 1999, ano véspera da virada do milênio, e neste ano fomos agraciados com um dos verdadeiros clássicos da Nintendo, Mario Party (N64). Esse jogo colocou o espírito de competição e estratégia de vários jogadores à tona, além de abrir o caminho para uma longeva série que nos diverte até hoje, apesar de um percalço ou outro.

A cereja do bolo de Mario Party sempre foram seus minigames, claro que não estamos descontando o valor dos tabuleiros cheios de surpresas, mas depois de cada rodada a tensão e atenção dos jogadores dobrava para ver quem seria o vitorioso do minigame aleatório.

E como o game instiga um certo espírito de vitória dos jogadores, pode-se dizer que muitos acabavam dando muito de si para garantir a vitória. Pois bem, todos devem se lembrar dos minigames Paddle Battle, Tug O'War, Pedal Power, Cast Aways e Deep Sea Divers; todos são minigames que exigem que o jogador rode continuamente o direcional do controle, simulando a ação dos personagens.

E como você faria essa ação de rotação? Provavelmente colocando a palma de sua mão sobre o direcional, correto? Muitos dirão que sim, inclusive eu, e esse movimento, feito com muita força, resultou em cerca de noventa casos de crianças com a palma da mão lacerada, machucada e com bolhas.


Durante o primeiro ano de lançamento do game, 90 casos de crianças machucadas foram recebidos pelo Escritório Geral de Advogados de Nova York, o que resultou em uma ação de 75 mil dólares [350 mil reais* hoje em dia, aproximadamente] movida contra a Nintendo.

E, como ação reparatória, a Big N anunciou que doaria um conjunto de quatro luvas almofadadas para cada jogador que possuísse o game. Até abril de 2000, o jogo já havia vendido cerca de 1,2 milhão de unidades, o que resultou em um orçamento de 80 milhões de dólares [cerca de 370 milhões de reais* atualmente] caso cada um dos donos do cartucho manifestasse interesse pelas luvas.

Não há informações acerca da quantidade de compradores que adquiriram as ditas luvas, e, nas reportagens da época, foi alegado que nenhum caso foi considerado alarmante de nenhuma das partes. Há até mesmo o comentário do editor da revista britânica do N64 dizendo “isso só poderia acontecer nos Estados Unidos.”

Se pararmos para pensar, seria esse o motivo de não termos Mario Party (N64) em nenhum Virtual Console? Bem, pode ser, talvez a Nintendo não quis trazer uma possível dor de cabeça de volta à tona. Se bem que Mario Party 3 (N64) também não foi relançado, mesmo não possuindo “polêmicas” em seu histórico.

E você, rodava o controle do seu Nintendo 64 daquela forma? Gostava dos minigames de rotação do joystick? Chegou a machucar a sua mão jogando esse ou qualquer outro game?

*Os valores convertidos levam em conta a inflação da moeda e a cotação do dólar em 22/04/2019.

Revisão: Luigi Santana
Fontes:
LEMOS, Robert. Nintendo Issues Game Gloves. GameSpot. 2000. Acessado em 22 de abril de 2019.
Nintendo to hand out gaming gloves. BBC News. 2000. Acessado em 22 de abril de 2019. 

Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
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