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Análise: Automachef (Switch) — puzzles complexos e sem cobertura

Ao lado de um robô carismático, domine a (raça humana) concorrência construindo inúmeros restaurantes automatizados.


Cansado de correr que nem um louco e gritar com os seus amiguinhos em Overcooked para fazer um mero hambúrguer? Então, o que acha de automatizar todo o processo, retirando totalmente o risco humano de fazer algo errado, enquanto eleva os lucros da sua cozinha ao máximo? Adicionando uma pitada de insanidade robótica, Automachef nos apresenta exatamente essa temática.

Indústria alimentícia

Guiado por um robô que quer dominar o “mercado alimentício”, o jogador é convidado a montar várias cozinhas automatizadas para entregar diferentes alimentos aos consumidores. É claro, tudo tem um custo físico da cozinha, monetário, elétrico e dos ingredientes em si, logo, o jogador deve equilibrar tudo isso enquanto monta a sua cozinha.

Pronto, em um parágrafo está descrito o objetivo geral das várias horas de jogatina de Automachef. Em toda fase, além de saber quais máquinas colocar para fazer as comidas solicitadas (que pode ser desafiante por si só), é necessário planejar a posição de cada maquinaria, de forma a otimizar tudo para conseguir as estrelas necessárias para passar de nível, não gastando energia ou ingredientes em excesso.

Ao contrário de outros jogos de puzzle, os requerimentos para se atingir a pontuação máxima são extremamente precisos, fazendo com que o jogador que queira ter o melhor desempenho tenha que passar muito tempo (re)planejando os seus layouts, mesmo nas primeiras fases que, normalmente, seriam mais café com leite.

Sabendo disso, já é possível separar os dois tipos de jogadores e, com base nisso, a recomendação do jogo fica bem evidente: para pessoas que não curtem jogos de puzzle em geral, principalmente os mais difíceis, recomendo que deixe Automachef de lado; porém, para os que adoram complexidade e desafios lógicos bem recompensadores, aqui está um jogaço.

Logo no começo o robozinho que acompanha toda a história nos ensina sobre uma máquina que controla pedidos, podendo se basear neles para iniciar, pausar e executar alguma(s) vez(es) todas as outras máquinas. Aí já se encontra uma grande complexidade, pois essa é a chave para otimizar o seu consumo de energia e ingredientes. Porém, ao longo do jogo, muitas novas mecânicas são otimizadas e, assim, o jogo se torna cada vez mais próximo de um “simulador de programações de máquinas que fazem comida”.

Os passos do mestre cuca

Pode não ser uma comparação totalmente justa, mas ainda assim trago o exemplo de como Overcooked introduz os jogadores às novas mecânicas e receitas. Acredito que todos concordem que, de forma geral, Overcooked é um jogo consideravelmente difícil, porém, nunca parece ser injusto ou que está escondendo informações do jogador. Há uma curva de aprendizado, mesmo que ela seja irregular, e me parece que a dificuldade é muito mais balanceada.

Já em Automachef, depois das primeiras fases, é fácil ser sobrecarregado pela complexidade dos ingredientes e, principalmente, das máquinas que você vai adquirindo. A ideia é que há uma certa liberdade na progressão de máquinas, e é até fácil perceber quais você precisa ter para poder passar de uma fase, porém, em nenhum momento o jogo te explica como ela funciona, o que pode ser problemático.

Através de várias tentativas (que são incentivadas pela forma como o jogo funciona, bastando apertar o botão “-” para ver se as máquinas funcionam do jeito que você quer) é possível, naturalmente, passar por todos os desafios. Porém, todo o processo de replanejar e refazer os seus layouts pode ser frustrante, ainda mais quando isso ocorre pela falta de claridade sobre como uma mecânica específica funciona.

Isso é ainda mais frustrante por causa da interface do jogo. Automachef também está disponível para PC e, ao contrário de outros casos, parece-me que pouquíssima coisa foi adaptada. O principal exemplo poderia ser a falta de suporte ao touch do Switch, porém, as próprias interfaces internas de cada máquina são ainda mais incômodas, com várias caixas de seleção e sem um botão único para confirmar as alterações feitas. Não consigo indicar exatamente tudo que poderia ter sido feito para melhorar esse aspecto, mas vejo que isso é um problema bem significativo considerando o gênero de Automachef.

Por fim, há de se elogiar a temática do jogo, que é muito bem explorada pelo contato com o robô que nos acompanha ao longo da campanha. Para jogadores fãs do gênero e que estiverem dispostos a passar uns 20 minutos para entregar uns tantos hambúrgueres com queijo, prometo que há muito desafio a se ter aqui. Quanto a mim, gostaria que Automachef fosse mais para o lado de Factorio. Quem sabe um dia...

Prós:

  • Temática muito interessante e digna de ser explorada;
  • Ferramentas extremamente complexas para puzzles bem desenvolvidos;
  • Várias horas de desafios para fãs do gênero.

Contras:

  • Escassez de tutoriais;
  • Interface mal adaptada.
Automachef - Switch/PC - Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Team17

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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