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Análise: Streets of Rogue (Switch) é uma divertida mistura de influências

Streets of Rogue combina várias influências para compor uma bizarra e divertida experiência.


Produzido por Matt Dabrowski e publicado pelo estúdio Tiny Build, o jogo Streets of Rogue recentemente saiu do acesso antecipado e foi lançado de forma definitiva no Switch, PC, Xbox One e PS4. O resultado é um jogo bem otimizado que deixa evidente o empenho e criatividade utilizados na sua produção.


Pegando influências de vários jogos de diferentes gêneros e mesclando-as perfeitamente, Streets of Rogue parece uma fusão de The Binding of Isaac e Grand Theft Auto, com um belo toque de personalidade própria.

Golpe de estado

A história começa com o relato de que um candidato a prefeito da cidade onde o jogo se passa prometeu acabar com os impostos e facilitar o acesso a bebidas alcoólicas para a população. Para a surpresa de todos,ao ser eleito ele não só aumenta ainda mais os impostos já existentes como também confisca todas as bebidas da cidade para si . Eis  que surge o objetivo principal do jogador: subir todos os níveis da cidade e assassinar o prefeito corrupto.

Começa então o tutorial do jogo, onde o jogador irá aprender seus vários conceitos básicos do , que podem parecer um pouco complexos de início mas logo mostram se encaixar de forma fluida e natural na gameplay. Tudo isso é apresentado de forma bem humorística, com uma gama de piadas que se aproveitam do contexto absurdo em que o jogo se passa para provocar boas risadas com diálogos inusitados.

Streets of Rogue é um jogo no estilo rogue-lite, ou seja, os mapas são gerados de forma aleatória a cada gameplay. Quando o jogador morre ele volta a uma área inicial  permanente e separada do mapa em si, onde pode gastar seus recursos acumulados, que neste caso são chicken nuggets, para comprar novas habilidades e itens. Liberar tais recursos não significa que você começa com eles, e sim que ao adquiri-los existe a possibilidade de eles aparecerem de forma aleatória nas futuras gameplays.


Mistura doida

A câmera do jogo traz uma visão de cima, onde o jogador consegue ver dentro das várias casas e estruturas em um nível. Se a jogabilidade lembra um pouco The Binding of Isaac, o mundo onde o jogo acontece é bem influenciado pelos primeiros GTA.

A cidade principal é composta por vários níveis, começando nas favelas e progressivamente subindo até as áreas mais chiques. Ao chegar a um novo nível, o jogador recebe uma série de objetivos aleatórios, como assassinar um cientista para pegar um documento e arrombar um cofre. É nesse aspecto que o jogo mais brilha, pois ele te oferece uma infinidade de métodos para resolver qualquer problema.Precisa entrar em um lugar de acesso restrito para assassinar o tal cientista? Suborne o segurança da porta com uma cerveja. Não tem cerveja? Sem problemas, é só bater na janela e surpreender o cientista com um tiro quando ele vier investigar o barulho.

Pensando fora da caixa

A fase funciona como uma comunidade no seu dia-a-dia. Enquanto o jogador vaga por aí cumprindo seus objetivos, os médicos trabalham, algumas pessoas vão ao bar, policiais patrulham as ruas. Isso faz com que o nível de interação com o ambiente seja muito amplo e divertido. Você pode, por exemplo, atrair um membro de gangue para tentar te matar e fazer com que em vez disso ele acerte um policial ou alguma outra gangue, criando uma confusão enorme que só acaba quando alguma das partes envolvidas for completamente obliterada. Esse tipo de interação não só enriquece os detalhes do mundo do jogo como também é uma estratégia válida para cumprir seus objetivos, recompensando o jogador por pensar de forma criativa.

Além das possibilidades já mencionadas, o jogo conta com uma infinidade de itens com os mais variados efeitos. É possível colocar um cigarro no sistema de ventilação de um esconderijo para esvaziá-lo e ainda intoxicar quem estava dentro, ou então comer uma banana e jogar a casca em um policial que te persegue para fazê-lo escorregar.

Seja quem você quiser

Antes de entrar no elevador e começar uma nova tentativa de subir até o topo, deve-se escolher o seu personagem. Cada personagem tem seus próprios atributos e habilidades especiais, além de ter um arsenal inicial, como o Soldado, que começa com metralhadora, pistola, granadas e detonadores. Além dessas particularidades, cada personagem tem uma Big Quest, que é uma missão que deve ser cumprida em todos os andares da campanha para ser completada. A Big Quest do personagem Gorila, por exemplo, é soltar todos os gorilas enjaulados em cada andar.



Assim como em um RPG, o personagem também sobe de nível ao acumular experiência, que pode ser ganha completando quests e matando inimigos. Algumas interações específicas dão mais experiência. Um gorila, por exemplo, ganha mais experiência ao matar um cientista em vez de um cidadão comum, por ser seu inimigo natural.

Existe uma grande variedade de personagens para serem liberados, como um metamorfo ou um simples bartender. O jogo encoraja o usode  personagens diferentes ao estabelecer conquistas como liberar a possibilidade de já pular os primeiros andares direto se o jogador completá-los previamente usando cinco personagens diferentes. 

Hackeando o sistema

Na zona inicial do jogo, existe um NPC que te oferece a possibilidade de ativar os mutators, que seriam o equivalente aos cheat codes de antigamente. É possível ligar mais de um ao mesmo tempo,com efeitos variados. Existe um código para maior impacto nos socos, um código para remover os zumbis do jogo, códigos para aumentar ou diminuir a vida, e por aí  vai. Me encontrei usando apenas o mutator chamado “Continue?”, que te dá três vidas em vez de uma só, simplesmente  para  liberar conteúdo novo com mais frequência.

A presença desses recursos torna a dificuldade do jogo bem customizável, sendo possível dificultar a experiência,facilitá-la ou simplesmente deixá-la mais caótica e interessante, dependendo da combinação de mutators usada.

Subindo na vida

Toda vez que o jogador consegue finalizar um nível e pega o elevador para ir ao próximo, ele pode  escolher um trait para seu personagem. Esses traits são habilidades ou características que somem após a morte do jogador.

Alguns traits melhoram o desempenho do seu personagem. Outros impactam diretamente no jogo, como um trait que permite quebrar paredes usando armas brancas em vez de explosivos.



Sempre que é oferecida a chance de pegar um trait, o jogo disponibiliza de forma aleatória três opções dos traits que o jogador já desbloqueou. Para adicionar novas possibilidades, é necessário comprar mais traits com um vendedor que fica na zona inicial do mapa, que só pode ser acessada depois de morrer e antes de iniciar uma nova subida, utilizando os chicken nuggets. Existe uma grande variedade a ser liberada que dá um toque a mais de profundidade à experiência.

Confusão com amigos

É possível jogar Streets of Rogue com até quatro amigos localmente ou online,o que certamente torna a experiência  mais divertida. Com mais de um personagem diferente na jogada, existem mais quests a serem cumpridas e mais mecânicas a serem exploradas em conjunto. 

Ao mesmo tempo que a diversão aumenta no co-op, a dificuldade também, e não por um bom motivo. Por padrão, o jogo conta com um fogo amigo bem inconveniente. Como as lutas são caóticas com muito tiro, porrada e bomba, é muito fácil matar seu colega, e me encontrei morrendo muito mais frequentemente jogando o multiplayer exatamente por conta deste problema

Seria de se esperar que um dos mutators oferecesse a possibilidade de desligar o fogo amigo, mas não. Um jeito de contornar a situação é equipando um trait específico. O problema é que não só é necessário liberar esse trait com chicken nuggets, como também precisa-se ter a sorte de que o jogo  o disponibilize  aleatoriamente entre um andar e outro.Mesmo que um jogador consiga equipar essa habilidade entre um nível e outro do jogo e dessa forma pare de acertar seu companheiro, o mesmo não acontece de volta. Para remover completamente a chance de matar o jogador amigo, é necessário que os dois consigam equipar o trait naquela vida, o que é muito improvável de acontecer.



Vale lembrar que para jogar em conjunto localmente no Switch é necessário um par de joy-cons para cada jogador no mínimo. Seria bom poder dividir o par, mas em vista do funcionamento dos controles do jogo é entendível que seja dessa forma.

Matem o prefeito

Repleto de piadas e com uma ambientação que encoraja a exploração e experimentação, quem gosta de liberdade e confusão há de aproveitar bastante a experiência de Streets of Rogue, e caso tenha amigos para convidar, a diversão é maior ainda. Só lembre de olhar o menu de opções para garantir que seu amigo não te mate por acidente caso o fogo amigo esteja atrapalhando.

Ao todo, Streets of Rogue é um jogo divertido e lotado de possibilidades, e a portabilidade para o Switch faz com que esta seja uma fantástica opção  casual para sessões curtas. Isso não significa que não seja possível o jogador se aprofundar por mais tempo, já que o gameplay conta com itens e mecânicas de sobra para conhecer a todo momento!

Prós

  • Muitas possibilidades de interações diferentes;
  • Humor a quase todo momento;
  • Jogo encoraja a exploração e uso de vários personagens;
  • Portabilidade do Switch enriquece a experiência.

Contras

  • Um pouco repetitivo depois de certo tempo;
  • Visual levemente cansativo.
Streets of Rogue - Switch/PC/Xbox One/PS4 - Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela TinyBuild 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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