A Nintendo e o Brasil: uma relação conturbada

Da icônica Playtronic e do encerramento das atividades da Nintendo em território nacional até o lento retorno da empresa, conheça um pouco dessa história e saiba da atual situação da Nintendo no país.

Falar sobre a relação entre a Nintendo e o Brasil é um assunto que sempre gerou certa polêmica. Entre muitas idas e vindas, em 2015 a empresa anunciou oficialmente o cancelamento de meios oficiais de distribuição e venda dos seus produtos no Brasil. Ocasionalmente, entretanto,  a Big N acaba por trazer algumas novidades voltadas ao país como os cartões pré-pagos que podem ser utilizados em compras na Loja Nintendo. Conheça melhor, então, a trajetória dessa relação que foi muito importante na história dos jogos eletrônicos no país.


Origens: a chegada da marca no Brasil

A Nintendo foi fundada no dia 23 de setembro de 1889. Obviamente, na época, ela ainda não produzia jogos eletrônicos e sim baralhos de Hanafuda: jogo de cartas tradicional japonês. Foi só em 1993 que a Big N veio ao Brasil, por meio de uma parceria entre a Gradiente e a Estrela — sim, aquela empresa de brinquedos — em que as duas acabaram fundando a Playtronic. Dessa forma, a Playtronic atuou como representante oficial da Nintendo no país, abrindo uma concorrência de peso contra a TecToy, que atuava como representante oficial da Sega por aqui, durante o mesmo período.
Um exemplo de cartas dos baralhos de Hanafuda

Entre os consoles lançados por intermédio da Playtronic no Brasil, estão o NES, SNES, Nintendo 64 e Game Boy, além de centenas (ou talvez até milhares) de jogos importados para esses consoles, e alguns até mesmo traduzidos para o português, algo relativamente raro na época. Em 1996, a Estrela acabou por vender sua parte da empresa, que agora deixava de se chamar Playtronic e passava a se chamar apenas Gradiente.

Essa parceria entre a Gradiente e a Nintendo trouxe, entre outros produtos, o GameCube para o país e durou até o começo de 2003, quando a Gradiente abandonou oficialmente o mercado de jogos eletrônicos, por motivos nunca anunciados oficialmente. Com o fim da parceria, quem ficou responsável, durante algum tempo, por publicar os produtos da Nintendo no Brasil foi a Latamel, empresa responsável por distribuir e comercializar os jogos da Big N na América Latina. A Latamel foi responsável por lançar, entre outros, o Nintendo DS e o Nintendo Wii no Brasil.
Super Mario World (SNES), distribuído pela Playtronic
Em 2011, no mesmo ano de lançamento do 3DS, o serviço passou a ficar por responsabilidade da Gaming do Brasil, uma subsidiária da Latamel em território nacional. A estratégia de montar operações locais gerenciadas por uma empresa maior não foi exatamente algo novo no processo de distribuição e comercialização dos jogos da Nintendo: esse modelo de negócios já havia sido posto em prática no México e no Chile, antes de vir efetivamente ao país. Foi, portanto, por meio da Gaming do Brasil que o Nintendo 3DS foi distribuído em território nacional.

A despedida e o tímido retorno

Quatro anos depois, no dia 9 de janeiro de 2015, surgiu a triste notícia: a Nintendo oficialmente abandonou a distribuição e a comercialização dos consoles e jogos no Brasil. Durante o anúncio, deixaram claro que o motivo para tal decisão foi, principalmente, a alta taxa de impostos aplicada pelo governo, o que inviabilizava o modelo de negócios da Big N no país. Apesar de tudo, afirmaram o quanto o mercado brasileiro é relevante para a Nintendo e como eles gostariam de voltar a atuar por aqui.

Em outras palavras, isso foi o que a Nintendo quis nos dizer com o anúncio de 2015
 Ao longo desses anos sem um distribuidor oficial da Nintendo no país, eles realmente procuraram implementar diversos métodos para encurtar essa distância entre os produtos da empresa e o mercado nacional.

A reaproximação com o mercado brasileiro teve início em junho de 2018, quando lançaram — sem nenhum anúncio prévio — a versão brasileira da Loja Nintendo na internet, onde os usuários poderiam comprar as mídias digitais com a moeda nacional. Alguns meses mais tarde, em outubro, a Nintendo anunciou oficialmente sua presença na BGS 2018 — considerada por muitos como a maior conferência de jogos eletrônicos da América Latina —, evento este que a empresa não frequentava desde 2012, quando utilizaram o espaço para apresentar o Nintendo Wii U.

Outra aproximação da Nintendo aconteceu na própria BGS 2018, quando foram anunciados os cartões pré-pagos da Loja Nintendo, que podem ser comprados nas Lojas Americanas e utilizados na loja online da Big N. Os cartões proporcionaram mais uma opção para a compra das mídias digitais em território brasileiro e fizeram com que até aqueles que não possuíam um cartão de crédito pudessem, facilmente, comprar os jogos pela internet.

Cartões pré-pagos para a loja do Nintendo Switch, a última novidade da empresa para tentar uma reaproximação com o território nacional
Em resumo, a Nintendo teve uma duradoura história em nosso país, ocorrendo, porém, uma breve interrupção no ano de 2015. Apesar disso, em passos curtos, a empresa está sempre visando a novos modelos de negócios e procedimentos que tornem sua operação em território brasileiro economicamente sustentável e suas atitudes no ano de 2018 claramente demonstram isso. Ainda não temos uma Nintendo World Store como Manhattan, mas quem sabe no futuro?

Revisão: Jhonatan Rodrigues

Apaixonado por JRPGs e pela arte de traduzir. SMT e Disgaea são algumas das suas franquias favoritas.
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