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Análise: Ittle Dew (Switch) é um clone de Zelda que deixa a desejar

Mas pode ser um bom passatempo para quem não aguenta mais esperar pelo remake de Link's Awakening.


O primeiro Ittle Dew foi lançado originalmente em 2013 para o finado Wii U e não demorou a atrair alguma atenção graças ao visual e gameplay claramente inspirados em The Legend of Zelda — pense em um Zelda 2D estilo dungeon crawler, como A Link to the Past e Link's Awakening. Jogos parecidos com Zelda geralmente são recebidos de braços abertos pela maioria dos jogadores. Afinal, a fórmula da épica história de Link e Zelda parece nunca perder o gás e continua a entreter milhares de pessoas (vide o lançamento iminente do remake do Zelda de Game Boy). Pensando assim, um game fofo e com uma pegada "zeldística" tem tudo para dar certo, certo?

No caso de Ittle Dew, sua sequência, Ittle Dew 2+, já está disponível no console híbrido da Nintendo desde 2017. Fãs da franquia não perdem tempo em colocar o segundo jogo consideravelmente acima do original, tanto no quesito de qualidade geral do gameplay quanto na quantidade de conteúdo disponível. Será que realmente vale a pena voltar no tempo e relembrar a origem da série Ittle Dew?

Sempre de volta ao castelo

Assim como em Link's Awakening, Ittle Dew começa com um naufrágio em uma ilha aparentemente deserta. A protagonista com sede de aventura, Ittle, e seu ajudante piadista, a raposa Tippsie, não perdem tempo em começar a explorar o novo lugar e logo encontram um vendedor que promete ajudá-los em troca de dinheiro e um artefato especial, que está escondido em algum lugar da misteriosa ilha. O artefato serve para comprar uma jangada e sair da ilha (finalizando o jogo no processo), mas o dinheiro também possui utilidade durante vários momentos da jornada.

Ao contrário de Zelda e outro jogos, você não coleta moedas toda hora por meio de tarefas como matar um inimigo ou destruir algum pote ou arbusto, não mesmo. Em Ittle Dew, moedas de ouro são raras e tratadas como um item especial. É preciso completar puzzles em salas específicas para coletar algum dinheiro e, em geral, você irá saber precisamente como gastá-lo. Itan, o dono do único estabelecimento comercial de toda ilha, oferece os três itens especiais necessários para se completar a jornada desde o início: a espada flamejante, a varinha que gera e transporta blocos verdes e o bastão de gelo.



Em contraste ao item inicial, um simples e frágil graveto, as armas adicionais realmente preenchem as possibilidades de jogo em Ittle Dew. O graveto até possui alguma utilidade durante os primeiros minutos de jogo, como atacar inimigos e levar fogo de um lado ao outro para completar certos puzzles, no entanto, assim que você compra o primeiro item, a espada de fogo, o graveto desaparece completamente de vista. As possibilidades aumentam consideravelmente com os novos itens: a espada de fogo, por exemplo, além de dar mais dano aos inimigos também serve para queimar algumas coisas e ativar as bombas; Já a portal wand consegue criar um bloco do zero e trocar esse bloco de posição com qualquer inimigo, o que cria um número agradável de novas possibilidades na hora de resolver os quebra-cabeças.

No entanto, quebrando um pouco a comparação com Zelda, Ittle Dew definitivamente não alcança o padrão de qualidade da famosa franquia da Nintendo em relação aos dois principais pontos da jogabilidade: o combate e os puzzles. Ao contrários dos limitados, porém altamente satisfatórios movimentos de Link em um Zelda isométrico, o combate em Ittle Dew é frustrante e nada divertido. O timing dos ataques é estranho, assim como a hurtbox dos inimigos, o que acaba criando aquela clássica situação em que o confronto é difícil apenas porque sua estrutura é mal feita. 



Já em relação aos puzzles, o trabalho de resolução infelizmente é muito mais cerebral e repetitivo do que na série Legend of Zelda, provavelmente graças à quantidade bastante limitada de itens únicos. Muitas vezes tudo se resume a nada mais nada menos do que puxar e arrastar blocos — talvez a forma mais simplória de se construir um puzzle de todos os tempos. Os quebra-cabeças que aparecem no caminho de Link raramente são difíceis ou muito desafiadores, no entanto, em contraste, são charmosos, variados e divertidos – assim como o combate. A exploração, os conflitos e resolução de problemas em Ittle Dew, por sua vez, falham em prender o jogador por muito tempo.

Pelo menos, não é preciso muito tempo para resolver tudo que Ittle Dew tem a oferecer. O mundo não é tão grande e são poucas dungeons "secundárias" aliadas à uma grande dungeon meio hub world que representa a melhor parte do jogo: o castelo. Outras coisas acontecem ao redor da ilha, mas o castelo sempre retorna ao foco. Toda vez que você compra um item novo, por exemplo, Ittle é automaticamente transportada para um calabouço exclusivo, pronto para ensiná-la como usar a arma específica que foi comprada — e após a resolução dessa parte, é preciso andar até o castelo novamente (e explorar tudo que tiver no caminho, claro).



Os gráficos ficam em um meio termo entre fofo e maroto beirando o genérico. Em muitos momentos, Ittle Dew se assemelha a um Adventure Time (o desenho do Cartoon Network) "pirata", incluindo não só o visual, mas também o humor característico. O resultado, de fato, é um mix um tanto sem sal de Zelda com Adventure Time que, embora definitivamente possua algumas falhas, até que consegue divertir durante suas cinco a seis horas de duração. Muitos concordam que a sequência melhora a experiência em praticamente todos os aspectos, então talvez a solução seja pular diretamente para Ittle Dew 2+. Entretanto, se você realmente quiser jogar toda a série e acompanhar a história do início, agora é possível fazê-lo no Switch — e tenho certeza que muita gente vai acabar curtindo.

Prós

  • Visual cartunesco bacana;
  • Senso de humor agradável;
  • Apesar das falhas, é possível se divertir. 

Contras

  • Combate falho e não muito agradável;
  • Puzzles desinteressantes e um tanto repetitivos;
  • Curta duração e pouco conteúdo em geral.
Ittle Dew - Switch/PC/Wii U/Android/iOS - Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Icaro Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela  Ludosity 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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