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Análise: Destiny Connect: Tick-Tock Travelers (Switch): um RPG em que passado, presente e futuro se cruzam

Novo RPG da NIS America se mostra uma experiência sólida apesar de ter vários erros em sua execução.


Desenvolvido pela SYUPRO-DX (The Longest Five Minutes), Destiny Connect: Tick-Tock Travelers é um RPG sobre destino e viagens temporais. Estrelando um grupo de crianças e um robô que funciona como uma máquina do tempo, o jogo apresenta uma jornada simples pela história de uma charmosa cidade, cujo destino foi roubado pelas máquinas.

Um grupo de crianças


Em meio às comemorações da chegada do ano 2000, os moradores de Clocknee foram congelados no tempo. Máquinas que antes serviam para facilitar a vida das pessoas deixaram de cumprir suas tarefas e passaram a causar confusão na cidade.

Em meio a essa situação caótica, algumas pessoas não foram afetadas. Sherry é uma delas. Energética e curiosa, a garota não fica parada e encontra um robô de nome Isaac. Junto com ele e seu amigo Pegreo, ela parte em uma jornada para descobrir o que está acontecendo e restaurar Clocknee.


A causa de tudo não está no período atual, e logo o grupo se vê viajando entre passado, presente e futuro. O roteiro de forma geral funciona bem, mas há alguns momentos em que o enredo apresenta erros de lógica e tradução.

Ainda no quesito história, é interessante destacar que Destiny Connect conta mais uma jornada pessoal e diminuta do que um grande épico. Esse tom combina com o escopo reduzido de exploração, que se resume a Clocknee e seu entorno.

O que mais chama a atenção é certamente o visual 3D cartunesco. A inspiração para tal foi menos em animes e mais em obras ocidentais, o que dá um charme bem particular aos habitantes da cidade.

Entre humanos e robôs


Esse charme na arte do jogo também fica evidente no design dos inimigos. Baseados em eletrodomésticos variados, muitos têm uma aparência engraçada. Em alguns casos, há também uma fácil associação entre design e fraquezas (uma geladeira fraca a calor, por exemplo).

Os chefes em particular têm aspectos visuais complexos e chamativos. No entanto, existem muitas repetições dos inimigos comuns, cuja aparência é igual, mas com cores diferentes (o bom e velho pallette swap).


Em termos estratégicos, as batalhas em turno são básicas. Você tem o controle de até três personagens: duas crianças e Isaac. Se o robô for destruído, ocorre um game over, mas é possível recomeçar a batalha.

Além de ser mais forte que os outros personagens, é Isaac quem dá mais variedade ao sistema de batalha com suas Forms. Ao longo do jogo, é possível obter novas "classes" para o personagem. Ele pode se transformar em um bombeiro que cura a equipe, em um samurai com alta capacidade de ataque, entre outros.


Alternar entre formas durante a batalha é importante para aproveitar bem suas habilidades e se adequar às condições de combate. Os outros heróis têm menos maleabilidade, mas o jogo faz a excelente escolha de utilizar uma barra de SP recarregada com o tempo. Graças a isso, é interessante explorar as possibilidades ao invés de economizar recursos para batalhas mais complicadas.

A dificuldade do jogo é bem moderada. Ao invés de forçar desafios exageradamente difíceis, Destiny Connect apenas exige um bom uso de seus sistemas. Isso é  particularmente perceptível na última área e em chefes opcionais.

O jogo não oferece muita coisa para explorar além da história principal, e é muito fácil chegar no nível máximo dos personagens (lv50) antes da reta final mesmo sem ficar lutando em excesso. O balanceamento da área leva isso em conta e oferece um bom desafio para o jogador.

Infelizmente, a última área  acaba sendo mais longa do que o necessário. Ao invés de aumentar a sensação de que o final é épico, isso acaba sendo apenas cansativo, sem oferecer nada que justifique essa enrolação.


Outro problema é o fato de que a versão para Switch tem uma aparência visivelmente borrada. Tanto a exploração quanto as cutscenes parecem estar em uma resolução mais baixa do que deveriam, e isso chega a ser incômodo a princípio.

Com o passar do tempo é possível se acostumar. Há opções diferentes de distância de câmera, que podem nos ajudar a perceber menos esse borrão, e a performance (frames por segundo) não é um problema.

Por outro lado, no aspecto sonoro, o jogo é impecável. A trilha sonora é muito bem colocada e tem um aspecto único que chama a atenção e fica na cabeça mesmo depois de jogar.


De forma geral, Destiny Connect é um bom RPG com um charme peculiar. Apesar de seus erros, é uma experiência sólida com uma história enxuta e um gameplay que, apesar de simples, utiliza bem seus elementos de estratégia.

Prós

  • O design de personagens e inimigos é bastante charmoso;
  • Mesmo sem níveis de dificuldade, tem um bom balanceamento;
  • As transformações de Isaac são chamativas e adicionam bastante estratégia aos turnos;
  • SP que recarrega durante a batalha valoriza o bom uso das habilidades dos personagens;
  • A trilha sonora chama a atenção.

Contras

  • Visual borrado no Switch;
  • Inimigos muito repetidos;
  • A área final é esticada de forma artificial e desnecessária;
  • O enredo tem alguns problemas de lógica.
Destiny Connect: Tick-Tock Travelers —Switch/PS4 — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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