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Análise: Killer Queen Black (Switch) até que diverte, mas sofre pela repetição

O eSport indie que teve sua origem nos fliperamas chega ao Switch de cara nova.



O Killer Queen original foi lançado em 2013 na quarta exibição anual para jogos indie de arcade da Universidade de Nova York (NYU), a "No Quarter". Desenvolvido pela dupla Josh Debonis e Nikita Mikros, o título foi feito para ser jogado no fliperama em dois times de cinco contra cinco. Enquanto um dos jogadores atua como a rainha da estranha "colmeia" alienígena, o restante assume o papel dos trabalhadores, que podem "evoluir" de diferentes formas (ganhando mais velocidade ou o acesso a algumas armas).

A nova versão, Black, lançada em Outubro de 2019 para Switch e PC (e que estará disponível ano que vem no Xbox) diminui o número de jogadores para oito (quatro em cada lado), mas mantém a mesma dinâmica de jogo de estratégia/plataforma e o foco no competitivo. Killer Queen Black promete ser algo como um novo Tetris 99 para o Switch, uma experiência online rápida, intensa e divertida para você pegar e jogar por alguns minutos — no entanto, até momento o jogo funciona melhor como um multiplayer local descontraído com os amigos.

Rainha matadora versão dark

Killer Queen Black não possui nenhum tipo de modo história, algo mais voltado para o single player ou modos adicionais que alteram a jogabilidade básica. O jogo é bem direto no seu objetivo de entregar uma experiência e explorá-la ao máximo, o que não é necessariamente algo ruim. O título acredita no potencial do seu gameplay como um eSport e parece levar isso a sério. É possível jogar com até oito amigos ao mesmo tempo em um Switch, mas a ideia é que você jogue sempre online, sozinho ou não. Nada impede que você forme um time com até três amigos na sua casa para as partidas pela internet — e, na verdade, é isso que acontece maioria das vezes.


O jogo funciona assim: dois times de quatro pessoas, cada um composto por três workers e liderado por uma rainha, se enfrentam em um mapa estilo plataforma. O objetivo, naturalmente, é ganhar o jogo, e existem três formas diferentes para se alcançar a vitória:
  1. Os trabalhadores podem colher frutinhas roxas pelo mapa e tentar completar uma "colmeia" cheia de espaços vazios para esses berries (a vitória econômica);
  2. Você pode matar a rainha adversária três vezes, o que é provavelmente o jeito mais comum de se acabar a partida (a vitória militar);
  3. E, por fim, a forma mais aleatória de levar o troféu para casa é por meio da snail victory, ou a "vitória do caracol". Basicamente, há um caracol no meio do mapa e os times brigam para ver quem consegue levá-lo para o seu lado primeiro.
As partidas geralmente são bem rápidas, mesmo com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, e o time que ganhar três vezes primeiro é o campeão. Cada round é realizado em um mapa ligeiramente distinto, que altera fatores como a posição do caracol, das colmeias, dos spawn points, dos frutos roxos e dos portais de transformação. Os portais, principalmente, afetam a movimentação da rainha e o comportamento dos trabalhadores de forma drástica, portanto é importante parar um pouco e falar sobre eles.


Os berries, que podem ser coletados pelo mapa, também possuem outra importante serventia além de ajudar na vitória econômica, que é "evoluir" os trabalhadores. Em vez de coletar um fruto roxo e jogar na colmeia, você pode optar por usar um portal de transformação e mudar as habilidades do seu worker. Assim, um simples trabalhador, antes limitado a ações simples como pular, coletar e jogar berries, consegue ter um impacto ainda maior no campo de batalha, podendo até mesmo matar a rainha adversária. Maioria das transformações são focadas em infligir dano por meio de armas, como uma espada, uma pistola e até um tipo de maça giratória — uma das transformações, no entanto, simplesmente faz com que o worker ande mais rápido, o que pode ser bem útil para a vitória econômica.

Já a participação da rainha nos portais de transformação funciona da seguinte maneira: todos os portais são neutros no início da partida (representados na cor cinza) e só a rainha pode conquistar um portal para o seu time (simplesmente tocando nele), alterando sua cor para azul ou dourado. Trabalhadores não podem usar portais de outros times para se transformar, e eles morrem com bastante frequência, portanto controlar os portais é parte essencial do estilo de jogo da rainha. Além disso, ela possui alguns truques a mais na manga, como a habilidade de voar e atacar para baixo. Infelizmente, a relevância da unidade pelo mapa é um pouco exagerada e não é incomum que uma partida se transforme em um "x1" de rainhas tentando se matar o mais rápido possível.


Os hábitos de uma colmeia alienígena

O gameplay certamente é dinâmico, afinal, é preciso sempre ficar alerta à economia dos oponentes, à quantidade de vidas das rainhas e ao progresso do caracol até a linha de chegada. Às vezes você pode se perder um pouco focado em um dos objetivos e acabar sendo derrotado porque não viu onde estava o caracol, por exemplo. As três formas diferentes de ganhar com certeza acrescentam muito à fórmula simples do gameplay, porém, ainda assim não salvam a experiência de ser um pouco repetitiva.

Killer Queen Black é divertido, certamente inovador e interessante de se jogar, porém, a fórmula cansa meio rápido. São apenas dois botões, por exemplo. Jogando de rainha você pode pular (que na verdade é voar) e atacar, e jogando com os trabalhadores é possível pular e coletar berries (ou atacar enquanto transformado). Há pouca variedade de mapas e em pouco tempo você já conhece todos de cor. Além disso, nenhum deles é muito grande ou oferece algum tipo de desafio diferente do padrão. Por fim, um dos principais aspectos negativos é a falta de equilíbrio entre as ações dos trabalhadores e as da líder da colméia.



O papel da rainha parece importante demais e muito determinante durante praticamente todas as partidas. Se a rainha perder as três vidas (o que às vezes acontece bem cedo), pode esquecer todo o seu trabalho movendo o caracol ou as várias bolinhas coletadas para a vitória econômica. Ou se a rainha não conquistar portais de transformação constantemente, por exemplo, pode dizer adeus às transformações dos trabalhadores — o que impede o resto da sua equipe de tentar atacar as unidades inimigas e criar pressão no time adversário.

Não é fácil ser a rainha, afinal, ela é constantemente caçada pelo time adversário. Só que jogando como um worker você precisa não só prestar atenção ao comportamento da líder da colméia, mas também se esforçar ao máximo para trabalhar e se coordenar junto com o resto do time. Já deu pra ver que, por mais que a fórmula não se mantenha tão fresca com o tempo, Killer Queen Black inova e coloca umas ideias bastante interessantes na mesa. Além disso, a apresentação do jogo é ótima: gráficos retrô bem maneiros e que combinam com a proposta, uma trilha sonora meio engraçada que puxa um rock pesado em alguns momentos e uma personalidade e senso de humor que tem tudo a ver com a atmosfera geral. O maior problema, no final das contas, acaba sendo o diminuto número de jogadores ativos.


Tem alguém aí?

Infelizmente, é muito difícil conseguir jogar Killer Queen Black online — pelo menos com oponentes humanos, porque com bots é bem simples. Nas minhas primeiras tentativas era normal esperar dez minutos até o time out cancelar a procura automaticamente, tornando impossível simplesmente jogar o jogo sozinho. Após alguns dias, até consegui encontrar alguns oponentes, mas sempre naquele mix saudável de máquinas com várias pessoas jogando na mesma casa (com o mesmo nick, seguido por um número de 1 a 3). 100% das vezes eram sempre as mesmas pessoas, partida após partida, mesmo se eu saia do jogo ou desligava o console. 


Acaba que a melhor forma de apreciar Killer Queen Black realmente é jogando com os amigos localmente. Não consegui testar, mas com certeza deve ser bastante divertido reunir 8 pessoas e fechar dois times completos (imagino que até mais divertido que alguns clássicos multiplayer do Switch, como Mario Party ou Mario Kart). Outra boa pedida é entrar na fila online com o seu próprio time já em casa, do seu lado (como maioria dos meus oponentes) e torcer para encontrar mais pessoas em vez dos mesmos bots de sempre. O mais estranho é que aparentemente há cross-play entre a versão de Switch e a do Steam, mas isso não faz sentido nenhum com a quantidade de pessoas que aparecem na fila. 



Dificilmente você irá querer se tornar um grande jogador de Killer Queen Black, virando noites no modo ranqueado e pensando na melhor estratégia possível, assim como a desenvolvedora Liquid Bit Games parece aspirar — até porque é impossível encontrar algum oponente. Porém, é inegável que o jogo possui o seu carisma. Se a premissa for o bastante para intrigar você, vale a pena dar uma conferida. Qualquer coisa, o título é um party game bem promissor para aquela eventual reunião de amigos em casa.

Prós

  • Premissa diferente e interessante;
  • Boa apresentação: gráficos e trilha sonora bem legais
  • Ótimo para se jogar com os amigos em multiplayer local. 

Contras

  • Só há um modo de jogo e ele é basicamente multiplayer
  • Realmente muito difícil encontrar oponentes no modo online;
  • A fórmula se torna repetitiva e cansa rápido.
Killer Queen Black - Switch/PC - Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Kiefer Kawakami
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
Killer Queen Black está disponível na Loja Nintendo

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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