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Análise: Mekabolt (Switch) passa longe de ser uma experiência completa

O jogo publicado pela Ratalaika Games até que diverte, mas, como de costume, deixa bastante a desejar.

Para quem não conhece, a publicadora Ratalaika Games é especializada em um tipo de jogo bastante específico: experiências curtas, focadas no gameplay (que pode até ser bastante simples) e que geralmente não possuem nenhum tipo de conteúdo adicional. Tudo isso tem um preço – baixo, é claro. Mekabolt, por exemplo, se encontra na faixa dos cinco dólares no momento, o que seria aproximadamente uns 20 reais. O problema é que, muitas vezes, é possível comprar jogos indies incríveis e lotados de conteúdo nessa mesma faixa de preço. Já Mekabolt, por sua vez, pode ser zerado 100% sem grandes problemas em menos de uma hora. O barato acaba saindo caro, e fica difícil encontrar qualquer motivo mais forte para se comprar e jogar Mekabolt — por mais que o jogo em si não seja ruim.

Aventuras no Mekapark

"Bem-vindo ao Mekapark! Aventura em uma terra de selvas tropicais e tórridos desertos! Nossos gentis robôs irão ajudá-lo a explorar o parque com segurança, portanto não há nada a temer! Uma série de Ultra Baterias gera energia para todo nosso centro de comando… mas, espere! ONDE ESTÃO AS BATERIAS?!"
O texto acima, acompanhado por um número ínfimo de imagens ilustrativas, é basicamente toda a história e contexto que Mekabolt nos entrega, logo antes da primeira fase do mundo inicial. Sem as baterias, o parque entra em caos por causa dos robôs que agora não são mais tão gentis assim, o que faz com que a protagonista sem nome pegue sua Mekabolt (uma pistola especial) e vá em frente para resolver a situação. Nas próprias palavras dela, "mais um dia, mais uma encrenca para resolver".



Mekabolt é um puzzle platformer, ou melhor, um plataforma focado na resolução de pequenos quebra-cabeças em forma de obstáculos e inimigos com o objetivo de partir do ponto A e chegar até o B — a bateria de cada estágio. Comentários da própria protagonista, a dona da arma do título, ensinam o básico, como o pulo no botão B e o uso da arma no Y ou no A, e, subsequentemente, avisam sobre os inimigos diferentes de cada estágio.

O diferencial da Mekabolt, e toda a premissa do gameplay do jogo, é que, além de apertar botões fora do alcance e destruir obstáculos, a arma consegue paralisar os robôs descontrolados, permitindo que você os desative, pare seus ataques e/ou desloque-os pelo cenário — para que seja mais fácil ou vantajoso pular em cima deles e avançar pela fase. 
 


São 24 fases em cada um dos quatro mundos temáticos (a selva, o deserto, as cavernas e o centro de comando), totalizando 96 estágios que até são divertidos, porém incrivelmente curtos. Chega a ser difícil passar mais do que três minutos em algumas fases e o desafio é raro, seja na hora de deduzir o puzzle ou na hora de acertar o pulo certo no momento certo. A experiência não é exatamente desagradável, só que ela simplesmente acaba muito rápido. Mekabolt faz um esforço válido em apresentar novos desafios aos poucos e separar algumas surpresas para cada mundo, mas logo quando começa a ficar interessante, acaba.

Os gráficos e as animações estilo pixel art são bem fluidos e agradáveis e o gameplay é simples, mas funciona. Novas mecânicas aparecem com certa frequência, então o desafio nunca chega a ficar chato (até porque é sempre tão rápido). Terminar a fase e encontrar a bateria em cada fase tende a ser satisfatório, mesmo quando fácil demais. Os desafios são limitados a atirar em robôs e pular na hora certa, mas pelo menos a variedade de inimigos mantém a aventura interessante até o final. O problema maior realmente é que esse final fica muito próximo.

Outro aspecto negativo é que as fases não conseguem ser memoráveis por si só e logo se juntam em um emaranhado de mesmice. Nem mesmo o último estágio de cada mundo é mais difícil ou "personalizado" do que os outros — é apenas uma fase como qualquer outra, sem a presença de algum boss, de um inimigo ou até de um obstáculo diferenciado.





É difícil recomendar uma experiência tão curta e que também não é necessariamente tão memorável. Após coletar as 96 baterias, é isso aí, só resta olhar para o menu principal com três opções: play, music on/off e sound effects on/off. A música inclusive não é das melhores e pode ficar bem repetitiva, portanto ao menos uma das opções "adicionais" do menu pode ser bem útil. 

Mekabolt dá a impressão de que funcionaria melhor como um mobile game, feito para sessões rápidas de jogo, talvez com algumas microtransações para manter o negócio e novos estágios sendo adicionados com o tempo. Sendo uma experiência tão curta no Switch, e pelo preço oferecido, é melhor só passar longe e procurar uma opção alternativa.

Prós

  • Gráficos e animações adoráveis;
  • Gameplay sólido e escolhas competentes de level design;
  • Experiência de jogo até que agradável.

Contras

  • Muito curto, talvez no máximo uma hora de jogo;
  • Nenhum tipo de conteúdo adicional além da campanha principal;
  • Fácil demais para um jogo focado em puzzles;
  • Pouca polidez em aspectos como os menus e a trilha sonora.
Mekabolt - Switch/PC/PS4/XBO - Nota: 5.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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