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Análise: Stay Cool, Kobayashi-san!: A River City Ransom Story (Switch) diverte e confunde

Stay Cool, Kobayashi-san!: A River City Ransom Story chega ao Switch com pouco a oferecer.

A década de 80 foi um período estranho porém empolgante para os jogos. Os produtores já começavam a ficar mais ambiciosos mas ainda sofriam com significativas limitações tecnológicas. Foi nesse contexto que nasceu a franquia River City Ransom, com a proposta de unir o conceito de um jogo mundo aberto com a pancadaria beat em’ up do dia a dia de um jovem delinquente japonês.


Ao longo das três décadas que passaram desde então, River City Ransom teve alguns remakes e spin-offs. O mais recente é Stay Cool, Kobayashi-san!: A River City Ransom Story, protagonizado pelo próprio Kobayashi-san, ex-antagonista da série. O jogo é cheio de referências aos títulos passados da franquia, contando inclusive com a opção de jogar com Kunio, o protagonista dos jogos originais.

O game começa com a criação de um personagem, e a escolha de quatro itens que o fazem se lembrar de Kobayashi. A importância dessas escolhas não é muito clara, e logo após criar seu personagem o jogador recebe uma mensagem de que ele foi sequestrado e agora cabe a Kobayashi-san resgatá-lo. Assim começa Stay Cool, Kobayashi-san!: A River City Ransom Story, definindo o tom do resto do jogo que é de pancadaria e confusão em vários sentidos.

Guerra de gangues

O jogo acontece em um mundo aberto, e o objetivo parece simples. Existem cinco gangues de inimigos, cada qual com uma cor, e ao matar trinta inimigos no total de cada cor, o jogador faz com que o chefe daquela gangue apareça em algum local da cidade para lutar. Diferentemente dos inimigos que são todos genéricos, o design dos chefes é bem interessante com um estilo de anime.


Mas realizar esse objetivo pode parecer mais simples do que realmente é. Os inimigos vão nascendo aleatoriamente conforme Kobayashi-san vaga pela cidade, e não existe nenhum tipo de progressão planejada aparente. O ritmo do jogo consiste em transitar incessantemente entre as áreas do mundo aberto forçando os inimigos a renascerem em ordem aleatória, para que o jogador possa derrotar o número suficiente e progredir.

Isso pode se tornar problemático. No meu caso, passei grande parte do tempo de jogo rodando o mapa atrás de um único tipo de inimigo que se recusava a aparecer, enquanto literalmente todas as outras cores nasciam a todo momento. O ritmo de aparição não aparenta ser planejado.

Em contrapartida, combater tais inimigos é a melhor parte do jogo. Há um botão para os golpes, um para pular e um para golpes especiais. Conforme o jogador mantém o botão de golpes especiais pressionado, o personagem vai carregando sua energia, e essa vai mudando de cor de acordo com o grau atual da habilidade. Cada personagem conta com três graus dessas habilidades, e as animações para os golpes são bem satisfatórias e exageradas, principalmente no grau mais elevado.


Pancadaria estilo anime

Stay Cool, Kobayashi-san!: A River City Ransom Story conta com mais de um personagem jogável, e cada um deles tem um estilo de luta característico, nunca desapontando. Os combates são repletos de teletransportes e surras na velocidade da luz ao melhor estilo Dragon Ball.

Há um sistema de habilidades especiais e itens aqui, mas toda a explicação sobre isso é despejada de uma só vez no jogador logo ao começar a aventura, junto das demais explicações a respeito do jogo. Ao matar inimigos, uma barra central de habilidade vai enchendo, e pode ser usada de diferentes maneiras. Curar a si e aos seus aliados gasta um terço da barra, enquanto chamar mais dois amigos para ajudar na briga gasta dois terços. Por último é possível gastar a barra inteira para deixar Kobayashi mais forte por algum tempo.

Os chefões do jogo têm boa dificuldade, e cada um se movimenta e ataca de uma forma distinta. As lutas são bem legais de se assistir e participar, com movimentações exageradas lembrando animes. Felizmente, é possível fugir ao entrar em uma área e se deparar com um boss, permitindo que o jogador cace inimigos para aumentar sua barra de especial e chame os dois capangas extras, o que dá uma boa diferença na hora da luta.

O que está acontecendo?

Já em relação à história, Stay Cool, Kobayashi-san!: A River City Ransom Story é uma completa bagunça. O jogo gira em torno de resgatar o personagem desnecessariamente criado no início, que foi sequestrado por uma organização futurista. Os diferentes líderes das gangues têm diferentes motivações, mas nunca fica muito claro o contexto completo. Esporadicamente ao adentrar uma área algum personagem aparece com algum diálogo expondo mais sobre o mundo e trama do jogo, mas isso só contribui para aumentar a confusão.


Um dos personagens da história do jogo é um clone praticamente exato do Kakashi de Naruto, a ponto de provavelmente permitir um processo por plágio caso os donos dos direitos autorais se interessassem. Toda vez que ele aparece fala uma frase a respeito de como “eles nunca aprendem” e te coloca em um disco voador para destruir outros discos voadores. Essa sensação de não saber direito o que está acontecendo prevalece a cada momento do curto tempo de jogo.

Melhor com amigos

Stay Cool, Kobayashi-san!: A River City Ransom Story é um jogo melhor aproveitado junto de um amigo já que é possível jogá-lo do começo ao fim com um outro jogador. Por algum motivo os chefões insistem em focar exclusivamente em Kobayashi, praticamente ignorando o outro jogador. Isso faz com que a estratégia mais válida para essas lutas seja que o jogador responsável por Kobayashi fuja e foque em sobreviver enquanto o outro espanca o chefão. É uma dinâmica de jogo peculiar mas que acaba sendo divertida, mesmo não sendo claro se isso é intencional.

O jogo pode ser zerado em questão de duas horas, fazendo com que seja uma boa opção para uma jogatina de uma única sentada com amigos. Em contrapartida, o preço do jogo pode não ser condizente com a sua duração para muitos jogadores.

A trilha sonora é bem feita e animada, combinando bem com o jogo como um todo. As falas do jogo vem dubladas em japonês, novamente reforçando a sensação de estar jogando um anime. Um aspecto divertido e inusitado são os gritos bizarros dos inimigos, que dão um tom de comédia as lutas menos sérias.

Aventura estranha

Ao todo, Stay Cool, Kobayashi-san!: A River City Ransom Story é uma experiência confusa que não deixa de ser divertida por isso. A história do jogo pode não fazer nenhum tipo de sentido para quem não conhece a franquia, e mesmo para quem conhece a trama não é das mais bem realizadas. A jogabilidade é agradável tanto mecanicamente como visualmente, com golpes rápidos mas se torna repetitiva rapidamente, tendo variações no ritmo apenas nas lutas contra chefões. Se os aspectos além da jogabilidade fossem melhor implementados esse poderia ser um ótimo jogo, mas no seu estado atual ele serve apenas para aproveitar a pancadaria com amigos sem pensar muito a respeito do que está acontecendo.

Prós

  • Combate divertido;
  • Bom visual.

Contras

  • História muito confusa;
  • Progressão do jogo acontece de forma aleatória;
  • Curta duração.
Stay Cool Kobayashi-san: A River City Ransom Story - Switch/PS4/XBO/PC - Nota: 5.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: André Carvalho
Análise produzida cópia digital cedida pela Arc System Works 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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